Teiú? Que bicho é esse? Uma ave? |
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)
EPISÓDIO Nº 61
- Teiú? Que bicho é
esse? Uma ave?
- Um lagarto.
- E se come?
- Delícia. Mais gostoso do que capão. Daqui
a pouco você vai ver.
Dona Milú chega da cozinha, onde comanda:
- A carne-de-sol está quase pronta, o pirão de leite também. A
frigideira de maturi já está dourando no forno.
Leonora recorda-se de outra conversa e cobra:
- Por falar em comida, Mãezinha, como se chama aquele doce de banana de
casa de dona Aída, você ficou de me dizer…
Risos gaiatos, Ascânio encabulado, Perpétua fecha a cara, quem explica
é dona Milú, a idade lhe concede privilégios:
- Doce de puta, minha filha. Dizem que tem doce desse em tudo que é
casa de rapariga.
- Não é Osnar?
- A senhora pergunta logo a mim, Marechala? Eu que não sou chegado a
doces e não frequento essas casas… pergunte ao Tenente Seixas que é freguês… -
além de debochado, cínico.
Jantar de muitos convidados: afora as homenageadas, Perpétua, Elisa e
Astério, Barbosinha, Ascânio, a malta do bilhar. O Comandante e dona Laura
estão em Mangue
Seco.
Devidas a Osnar e a Aminthas, a propósito da
lírica melancolia em que se consomem Leonora e Ascânio: ela sonhadora, ele
ansioso.
Retiraram-se para a varanda, querem estar a sós. Dona Carmosina,
enternecida, adora alcovitar um namoro, torcendo pelo sucesso, pelo casamento –
festa rara em Agreste.
- Não fiquem aí a fofocar, seus cretinos. Não acham um quadro lindo?
Ela é tão mimosa! – dona Carmosina aponta o casal isolado, mastigando teiú e
maturi entre suspiros – Ascânio tirou o prémio grande na lotaria do amor.
- Lotaria do amor, vulgarmente conhecida como golpe do baú – goza Osnar
– em troca perdemos nosso futuro prefeito.
- Não vejo porquê.
- Coronela, por amor de Deus… Onde está o tutu? Em São Paulo.
- Diz isso agora, na influência do rabicho. Depois passa. Aminthas é cépt ico como compete a um humorista. – Namoro sem
futuro, Carmosina. Não vai adiante.
- Sem falar que a Generala não vai deixar a enteada ficar aqui , mesmo que ela peça. Se Ascânio qui ser tem de ir para São Paulo – retorna Osnar. – E
quem vai ser prefeito, me diga? Só se for você, Coronela. Tem meu voto.
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