DEIXEM O PAPA FALAR !
Parece que Bento XVI se esqueceu das suas funções de Papa, 1º pastor da Igreja Católica e resolveu regressar à sua anterior condição de Professor e proferiu uma lição, na última 3ª feira, na Universidade de Ratisbona, no sul da Alemanha.
Com o título “Fé, Razão e Universidade. Memórias e Reflexões”, a palestra, caso tenha sido bem entendida pelos alunos a que foi destinada não o terá sido pela generalidade da comunidade islâmica, especialmente, como era de esperar, pela facção religiosa fundamentalista que reagindo com a violência do costume acabou por dar razão ao Imperador de Constantinopla, citado por Bento XVI, quando em diálogo dizia: “Mostra-me, então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o de defender pela espada a fé que ele pregava”.
As repercussões dessa palestra no mundo islâmico, acossado pelos radicais extremistas para quem o Islamismo deixou de ser uma religião para passar a ideologia, foram aquilo que todos nós tivemos oportunidade de ler na imprensa e que deram lugar a muitos artigos escritos por entendidos e especialistas em assuntos desta natureza quer relacionados com a doutrina da Igreja de Cristo quer com o Corão e Maomé.
Textos sérios, profundos, próprios de quem, pelos seus conhecimentos, nos pode ajudar a compreender esta polémica na sua essência e princípios e, neste aspecto, ela teve até essa vantagem mas, sinceramente, bastava que os seguidores de Maomé se tivessem limitado a recordar o que a religião Católica fez por esse mundo fora em nome de Deus, desde o triste episódio das Cruzadas, à Inquisição, às Evangelizações levadas a cabo por portugueses e espanhóis junto dos povos ditos primitivos em África e nas Américas e o assunto teria ficado arrumado.
Por isso, de todas esses textos, transcrevo aqui no meu blog uma passagem de um humor saudável que Fonseca Fernandes, jornalista que apresenta as suas crónicas no Correio da Manhã, e da qual se lembrou a propósito das reacções dos “barbudos” ao discurso do Papa.
Recorda um livro de Crónicas de um escritor e jornalista brasileiro de seu nome Fernando Sabino que tem escrito na sua lápide, no Rio de Janeiro: “Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino”.
De Fernando Sabino, F.F. conta-nos de cor uma passagem de um dos seus livros que não conseguiu encontrar e cujo título é: “Deixa o Alfredo Falar”.
Numa das crónicas desse livro havia dois amigos, o Alfredo e o Dagoberto que conversam e agora dou a palavra a F.F… Na verdade batem papo. Para Sabino, o pretexto da crónica “Deixa o Alfredo Falar” é o inalienável direito de as pessoas dizerem coisas, falar por falar e Fernando Sabino dá dois exemplos de viciados bate-papistas:
Um estava lançado numa discussão sobre energia atómica quando se deu conta que o outro era um engenheiro nuclear. Uma boa conversa pede um mínimo de equidade, não pode ser combate de sábio contra ignorante, então ele deu um golpe de rins.
Quando o outro ia embalado com protões e neutrões, interrompeu-o: “você é presidencialista ou parlamentarista?” O outro, confuso respondeu: “parlamentarista”e o que gostava de conversar apenas por conversar: “Pois eu sou presidencialista”e a conversa pode ser relançada entre iguais.
A segunda história era sobre um fanático que também adorava polémicas.
Quando havia discussão à volta, entre amigos, simples conhecidos ou mesmo caras nunca vistas, noutra mesa do café, ele metia-se. Os outros discutiam e ele dizia: “Desculpem, posso dar a minha opinião?” Quase sempre deixavam, calando-se. Então ele perguntava: “Qual é mesmo o assunto?”
Voltando, pois, a Alfredo e a Dagoberto. Estavam os dois numa rua pacata e cortavam o silêncio da madrugada com a sua conversa. Alfredo falava qualquer coisa assim (invento os clubes mas julgo que respeito o espírito de Fernando Sabino):
-Se não tivessem adiado o primeiro jogo do Benfica no campeonato…
- Ora, Alfredo, deixa-te disso.
- Não me deixaste acabar, Dagoberto. Eu só queria dizer que o Benfica…
- Qual quê e o ano passado…
- Dagoberto, não me deixas falar, pá!
-E não quer dizer que o Gil Vicente perdesse.
-Eu não falei do Gil Vicente.
-Com o Belenenses era a mesma coisa. Ganhavas ao Belenenses, é, Alfredo?
-Tu não me deixas falar, Dagoberto.
Aí, abriu-se uma janela de uma das casas da rua até há pouco silenciosa, e ouviu-se uma voz: Ó Dagoberto! Deixa o Alfredo falar!”
Pois, eu também, como fiz como foi dos “cartoons” abro a janela e defendo o direito de não sermos amordaçados: “ Ó barbudos! Deixem o Papa falar”
Quero dizer, rebatam-no na conversa, se quiserem, mas desamparem-me a rua.
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