segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Aristides Sousa Mendes


Aristides Sousa Mendes

A Dimensão Humanista


Ao premiarem Aristides Sousa Mendes colocando-o entre os 10 Portugueses mais Importantes os participantes no Concurso da RTP1 corresponderam ao que esperava deles mostrando sensibilidade e maturidade.

É apenas um Concurso e, como tal, vale o que vale mas olhando para os portugueses que aparecem entre os 10 mais votados dá para entender que os votantes, na sua maioria, mostraram seriedade e convicção.

Não temos, que eu saiba, votos na Floribela, na Lili Caneças ou na Cinda Jardim o que mostra que os portugueses não gostam de brincar e não se tiram do sério com facilidade.

O voto em Aristides é, talvez, o mais surpreendente pois não sendo, propriamente, uma figura histórica, nem muito divulgada, significa que eles estão atentos e não esquecem os actos de grande altruísmo.

Afirmou à data, Aristides, que entre desobedecer a Deus ou a Salazar ele não hesitava na opção a fazer com todas as consequências que daí pudessem advir e que o levaram a morrer na mais completa pobreza embrulhado numa túnica de franciscano por não ter, sequer, de seu, um simples fato.

Para além de grande humanismo revelou, por isso, igualmente, uma enorme coragem e os portugueses, mais de meio século depois de ele ter morrido, prestam-lhe esta homenagem anónima, um exercício de afirmação de uma memória que se manifesta a favor de alguém para quem a vida dos outros, mais de 30000 vistos passados, dos quais 1/3 eram judeus (muito mais do que os da lista de Schindler) foi mais importante que a sua própria vida e da sua vasta família constituída pela esposa e 14 filhos.

Salazar, também ele, um dos dez portugueses votados no Concurso, felicitou-se em 1945, perante a Europa vencedora, por terem sido salvos tantos refugiados através do seu país mas não retirou nenhum castigo que impôs a Aristides.

Uns, lembrados pela bondade e a coragem outros, pelo cinismo, hipocrisia e ausência de valores que repetiria mais tarde a propósito dos seus compatriotas que ele quis que morressem pela defesa impossível dos territórios de Goa, Damão e Diu e mais tarde ainda, “contra os ventos da História”, na luta contra “os terroristas” em Angola, Guiné e Moçambique.



Com posições opostas ambos ficaram na História e na memória dos portugueses e de ambos nos devemos lembrar, sem fantasmas, com sentido crítico que nos permita aprender tendo em vista o futuro que é aquilo que interessa quando se faz funcionar a memória.

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