quarta-feira, maio 17, 2006

O Gene egoísta


Tal como referi há dias temos que estar sempre a inventar palavras novas, para além das “socorrências”, como resultado dos tempos em que vivemos, não só o “blogar” como também o “frangar”, quando um jovem, antes de um jogo do europeu, dizia para o Ricardo, guarda redes do Sporting e da Selecção: vê lá se não “frangas”, está bem pá, respondeu o Ricardo, vou fazer o possível por não “frangar.” Mas continuando, fui adquirir O GENE EGOISTA, não divertido como por engano lhe chamei, de Richard Dawkins, não tendo, por outro lado, encontrado o S. Judas Iscariotes de Fátima Pinto Ferreira mas que já mandei vir pela livraria Caminho.

“Egoísta” não é um adjectivo posto ao acaso ao Gene mas antes procura traduzir um mundo de competição selvagem e exploração impiedosa mas não só, também é subtil, dando lugar a comportamentos de grande altruísmo indo até ao sacrifício da própria vida para a salvaguarda da dos outros, como é o caso das abelhas relativamente à colmeia ou dos pássaros que arriscam a vida para avisar os outros da aproximação de um falcão, já para não falar dos heroísmos do “bicho” homem que se contrapõem aos crimes e atrocidades…capazes de tudo, como bem sabemos, do melhor e do pior.

Mas deixa-me dizer-te, que Richard Dawkins não é um escritor qualquer, tendo sido premiado com o Nobel em 1973 pelos estudos que desenvolveu a partir do comportamento dos animais tendo mesmo criado um novo ramo da Ciência, a Etologia e no ano passado foi-lhe atribuído o Prémio Shakespeare como reconhecimento da sua “apresentação concisa e acessível do conhecimento científico” para além de ter sido considerado em 2004, pela Revista Prospect, o primeiro intelectual Britânico numa lista em que obteve mais do dobro dos votos do candidato que ficou em 2º lugar para além, ainda de outras distinções.

Ele é um continuador de Charles Darwin que considerava, como se sabe, que a selecção natural se baseia na sobrevivência do organismo mais adaptado, considerado este organismo como um todo. Ele próprio afirma no seu livro:

“ A teoria do Gene Egoísta é a teoria de Darwin aplicada de um modo que não foi escolhido por Darwin, mas cuja aptidão, como gosto de pensar, seria prontamente reconhecida por ele e o encantaria de imediato”…

Pois bem, relativamente a Darwin, Dawkins considera mais dois aspectos muito importantes:

1º- Que essa luta pela sobrevivência radica-se nos genes sendo que o genoma não é mais do que o palco onde essa luta se desenrola e, sendo assim, são eles os verdadeiros propulsores da evolução e o resultado da sua luta individual determinaria a sobrevivência dos corpos que eles próprios constroem.

2º- Acrescenta ainda uma outra ideia para além daquela que consiste no facto da selecção natural estar focada nos “genes” que é a de existirem “memes” que estariam para a herança cultural da mesma forma que os genes estão para a herança biológica.

E o que são os “memes”, perguntam os mais leigos?

-São ideias, costumes, comportamentos que podem cooperar e competir entre si dando corpo à tal Etologia. Genes e Memes podem agir juntos influenciando a sobrevivência e, consequentemente, os caminhos da evolução e isto porque eles são REPLICADORES - são passados à geração seguinte, corpos e mentes, por cópias que fazem de si próprios, nem sempre fieis o que permite mutações.

Realmente, quando pensamos numa ave ou num castor, não vemos como poderiam eles sobreviver sem fazerem ninhos ou as suas construções debaixo de água e assim podemos concluir que os organismos são organizados para terem corpos e comportamentos determinados, largamente, pela sua herança genética.

A primeira edição deste livro é de 1976 e a 2ª, a que me estou a referir, de 1989 sendo uma leitura muito interessante e acessível a justificar o Prémio Shakespeare que lhe foi atribuído.

Um dia enquadraremos aqui outra questão: Porque Existem as Pessoas?

“ A vida inteligente de um planeta atinge a maioridade quando pela primeira vez compreende a razão da sua existência”.

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