quarta-feira, julho 13, 2016

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)






Episódio Nº 40




















A verdade que a possuíra e seria deselegante não se sentir grato, arruinando a tórrida noite com perguntas inconvenientes.

Zaida era bela e dona de um corpo glorioso, dos melhores que lhe haviam passado pelas mãos, e adorou tê-la tomado, finalmente, por inteiro.

No passado tinham estado juntos, mas sempre a três, na presença de Zulmira. Respeitando o seu papel secundário, Zaida deixara-o sempre para a mãe.

Havia-o beijado e sido beijada por ele, mas o almocreve nunca se metera dentro dela, como fizera com Zulmira.

Sentia saudades daquela mulher bem mais velha do que ele e ainda se castigava por não ter conseguido evitar a sua morte às mãos do maldito assassin enviado por Ali Yusuf.

Mas os três anos já passaram sobre esse fatídico dia haviam minorado o sofrimento da perda de Zulmira, e Mem estava contente por Zaida o querer.

Sendo assim limitou-se a tentar entender o truque intencional dela e a conclusão a que chegou foi simples: ela enganara-o para ressuscitar a amizade.

Já à porta do seu casão agrícola, Mem recordou o que se passara nessa tarde, quando Zaida ali chegara, afogueada pelo calor.

- Meu querido, é bom ver-vos!

Aquelas palavras encantaram-no. Mem querido era a expressão usada no passado por Zulmira, o subtil convite para entrar numa terra prometida.

Quando ouvira Zaida repetir esse código, ficara com a absoluta certeza de que, naquele dia, iria tê-la pela primeira vez.

Primeiro dia, exige sabedoria...

Convidara-a a entrar no casão agrícola, mas ela não conseguira. Aflita, olhara para a porta e justificara-se: era-lhe insuportável a visão do local onde a mãe fora degolada.

Mem respeitara esse impedimento da alma dela e sugerira um passeio aos banhos públicos.

A certa altura, Mem sentira-se triste, quando verificara que ninguém, nem ele, faria Zaida ficar em Coimbra, tal era a vontade dela em regressar a Córdova.

Sem revelar tal sentimento, escutara o pedido de ajuda para ir a Lisboa procurar Sohba.

O almocreve já estivera naquela cidade algumas vezes e podia trazer de lá mel, frutas, vinho e queijadas, abastecendo a sua carroça de requintados produtos que depois venderia em Coimbra ou Santarém.

A viagem seria fácil, a sua maior preocupação era o fossado de Peres Cativo.

- É mau para os almocreves, o comércio diminui com as guerras. Por isso a urgência, declarara Zaida! Sohba ou Zakharia tinham de encontrar a relíquia antes da região se transformar num inferno.

Apesar da crença entusiasta da princesa, Mem duvidara da execução do plano, pois Sohba seria difícil de encontrar em pouco tempo.


Zakharia devia ir já para Sellium – sugerira.

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