(Domingos Amaral)
Episódio Nº 40
A verdade que a possuíra e
seria deselegante não se sentir grato, arruinando a tórrida noite com perguntas
inconvenientes.
Zaida era bela e dona de um
corpo glorioso, dos melhores que lhe haviam passado pelas mãos, e adorou tê-la
tomado, finalmente, por inteiro.
No passado tinham estado
juntos, mas sempre a três, na presença de Zulmira. Respeitando o seu papel
secundário, Zaida deixara-o sempre para a mãe.
Havia-o beijado e sido
beijada por ele, mas o almocreve nunca se metera dentro dela, como fizera com
Zulmira.
Sentia saudades daquela
mulher bem mais velha do que ele e ainda se castigava por não ter conseguido
evitar a sua morte às mãos do maldito assassin
enviado por Ali Yusuf.
Mas os três anos já passaram
sobre esse fatídico dia haviam minorado o sofrimento da perda de Zulmira, e Mem
estava contente por Zaida o querer.
Sendo assim limitou-se a
tentar entender o truque intencional dela e a conclusão a que chegou foi
simples: ela enganara-o para ressuscitar a amizade.
Já à porta do seu casão
agrícola, Mem recordou o que se passara nessa tarde, quando Zaida ali chegara,
afogueada pelo calor.
- Meu querido, é bom
ver-vos!
Aquelas palavras
encantaram-no. Mem querido era a
expressão usada no passado por Zulmira, o subtil convite para entrar numa terra
prometida.
Quando ouvira Zaida repetir
esse código, ficara com a absoluta certeza de que, naquele dia, iria tê-la pela
primeira vez.
Primeiro dia, exige sabedoria...
Convidara-a a entrar no
casão agrícola, mas ela não conseguira. Aflita, olhara para a porta e
justificara-se: era-lhe insuportável a visão do local onde a mãe fora degolada.
Mem respeitara esse
impedimento da alma dela e sugerira um passeio aos banhos públicos.
A certa altura, Mem
sentira-se triste, quando verificara que ninguém, nem ele, faria Zaida ficar em
Coimbra, tal era a vontade dela em regressar a Córdova.
Sem revelar tal sentimento,
escutara o pedido de ajuda para ir a Lisboa procurar Sohba.
O almocreve já estivera
naquela cidade algumas vezes e podia trazer de lá mel, frutas, vinho e
queijadas, abastecendo a sua carroça de requi ntados
produtos que depois venderia em Coimbra ou Santarém.
A viagem seria fácil, a sua
maior preocupação era o fossado de Peres Cativo.
- É mau para os almocreves,
o comércio diminui com as guerras. Por isso a urgência, declarara Zaida! Sohba
ou Zakharia tinham de encontrar a relíqui a
antes da região se transformar num inferno.
Apesar da crença entusiasta
da princesa, Mem duvidara da execução do plano, pois Sohba seria difícil de
encontrar em pouco tempo.
Zakharia devia ir já para
Sellium – sugerira.
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