(Domingos Amaral)
Episódio nº 44
No final da missa, Fernão
Peres de Trava veio ter com ele. O alto e bem parecido galego continuava
sombrio e Afonso VII concluiu que ele nunca recuperara totalmente da morte da
sua grande paixão, Dona Teresa de Portugal, a mãe de Afonso Henriques.
- O meu homem de Soure já
chegou. Trouxe-me isto...
O Trava entregou ao rei de
Leão um bonito punhal, com uma pérola no topo do cabo e a palavra Sellium
gravada de lado. A sua companhia de galegos morrera junto ao rio Nabão e a arma
fora roubada pelo seu fiel espião, que vivera vários anos integrado, em
segredo, na Ordem do Templário de Salomão, em Soure.
- E a relíqui a? – perguntou Afonso VII.
O Trava abanou a cabeça
desconsolado. Os seus homens não tinham encontrado o sagrado artefacto do conde
Henrique.
- Não há maneira! – irritou-se
Afonso VII.
Fora por não ter conseguido
extrair ao conde Henrique o esconderijo da famosa relíqui a
que Dona Urraca o mandara envenenar, coisa que Afonso Henriques jamais
esquecera.
- De quem era este punhal? –
perguntou o monarca.
A arma pertencera ao já
falecido Paio Soares, antigo alferes do conde Henrique, que o acompanhou até ao
esconderijo do tesouro.
- Paio Soares – suspirou
Afonso VII – Minha mãe estimava-o mas ele nunca lhe revelou esse segredo.
Dito isto, o rei de Leão qui s saber quais seriam os próximos passos do Trava.
Desejava fortemente a relíqui a, pois
queria oferecê-la ao antipapa Anacleto, para que este o apoiasse no desejo de
se coroar imperador das Hispânias, sucedendo ao seu avô Afonso VII.
Enviarei o meu homem
sozinho. Dará menos nas vistas. Mas antes devíamos atacar Celmes! – Propôs
Fernão Peres.
Afonso VII reflectiu em silêncio. As lutas
mais ferozes contra Afonso I de Aragão, travam-se sempre no verão, tal como as
que o opunham aos almorávidas. Talvez fosse possível cercar Celmes um pouco
antes do final do próximo inverno. Porém, não podia dispensar demasiadas tropas
para essa aventura.
Só há qui nhentos
portucalenses por lá, serão fáceis de derrotar – garantiu Fernão Peres de
Trava.
Afonso Henriques, perdido o
castelo de Celmes, certamente atacaria Tui ou Límia em retaliação. Como
o príncipe de Portugal não tinha vastas tropas, teria de trazer as que se
encontravam em Coimbra ou mais a sul no fossado liderado por Peres Cativo.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home