sexta-feira, julho 15, 2016

Mortos em Nice
Um dia Não


















Hoje é um dia Não. Para mim e para uma imensidade de pessoas, franceses ou sem serem franceses, e aquilo que eu pergunto, é se este é o preço que temos de pagar para viver em sociedade. Se for, então, o melhor será arranjar uma casinha isolada no cimo de um monte...

Anteontem em Paris, ontem em Nice, dezenas de pessoas foram mortas por jovens criminosos desequilibrados, que roubam a vida a pessoas anónimas, simples transeuntes, a troco das suas próprias vidas, numa espécie de jogo em que eles tiram a vida a uns para outros tirarem as deles.

Eu li, aqui há dias, a opinião de um especialista que, relativamente a estes jovens, avançava a ideia de que eles seriam indivíduos desmotivados, sentindo-se inúteis, incapazes de aceitar o desenrolar normal das suas vidas, impotentes para alterar seja o que for.

Entram nestas associações de objectivos ambiciosos de pseudo liderança da sociedade pelo terror, assassínio e suicídio, deixando atrás de si rastos de sangue, único sinal das fracassadas passagens das suas vidas por este mundo, para desespero dos familiares e amigos das suas vítimas.

Sinto-me deprimido perante a impotência das autoridades para lutarem contra este inimigo que vive nas redes sociais, refugiando-se a coberto das leis como se fossem cidadãos normais, muitas vezes já identificados, assinalados pela sua potencial perigosidade, mas que, enquanto não matarem, nada se lhes pode fazer...

François Hollande, fala agora em mexer nas leis porque é óbvio que, senão o fizerem, as autoridades a quem compete defender os cidadãos, estarão indefesas, manietadas, ao sabor da iniciativa destes jovens criminosos, porque é necessário actuar antes deles matarem, desrespeitando a actual lei...

São casos e situações de carácter excepcional que deverão ter, também, um tratamento excepcional.

Já lã vão os tempos do Zé do Telhado que, dizem, roubava aos ricos para dar aos pobres. Jaz em Angola para onde foi desterrado, e os tempos dos gangsters americanos, do Alcapone, que sendo um reconhecido assassino foi preso por motivos fiscais...

Depois, chegarem os crimes de colarinho branco, praticados por pessoas incapazes de fazerem mal a uma mosca.

Agora, aparece esta gente, estranha, que mata por atacado, mata por matar, quantos mais melhor, sem que se perceba por quê e para quê, desprendidos das suas próprias vidas, desinteressados de bens materiais e que baralham a nossa capacidade de entendimento.

- Vamos continuar à sua mercê? – Parece que sim. A simples vigilância e desconfiança não permite à polícia actuar e quando os prendem ou matam, já eles, primeiro, fizeram as suas matanças.

Vamos, pois, simplesmente, continuar a reagir enterrando e chorando os mortos... e eu vou continuar deprimido.

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