Mortos em Nice |
Um dia Não
Hoje é um dia Não. Para mim e para uma
imensidade de pessoas, franceses ou sem serem franceses, e aqui lo que eu pergunto, é se este é o preço que temos
de pagar para viver em
sociedade. Se for, então, o melhor será arranjar uma casinha
isolada no cimo de um monte...
Anteontem em Paris, ontem em Nice,
dezenas de pessoas foram mortas por jovens criminosos desequi librados, que roubam a vida a pessoas anónimas,
simples transeuntes, a troco das suas próprias vidas, numa espécie de jogo em
que eles tiram a vida a uns para outros tirarem as deles.
Eu li, aqui
há dias, a opinião de um especialista que, relativamente a estes jovens,
avançava a ideia de que eles seriam indivíduos desmotivados, sentindo-se
inúteis, incapazes de aceitar o desenrolar normal das suas vidas, impotentes
para alterar seja o que for.
Entram nestas associações de objectivos
ambiciosos de pseudo liderança da sociedade pelo terror, assassínio e
suicídio, deixando atrás de si rastos de sangue, único sinal das fracassadas
passagens das suas vidas por este mundo, para desespero dos familiares e amigos
das suas vítimas.
Sinto-me deprimido perante a impotência
das autoridades para lutarem contra este inimigo que vive nas redes sociais,
refugiando-se a coberto das leis como se fossem cidadãos normais, muitas vezes
já identificados, assinalados pela sua potencial perigosidade, mas que,
enquanto não matarem, nada se lhes pode fazer...
François Hollande, fala agora em mexer
nas leis porque é óbvio que, senão o fizerem, as autoridades a quem compete
defender os cidadãos, estarão indefesas, manietadas, ao sabor da iniciativa
destes jovens criminosos, porque é necessário actuar antes deles matarem,
desrespeitando a actual lei...
São casos e situações de carácter excepcional
que deverão ter, também, um tratamento excepcional.
Já lã vão os tempos do Zé do Telhado
que, dizem, roubava aos ricos para dar aos pobres. Jaz em Angola para onde foi
desterrado, e os tempos dos gangsters americanos, do Alcapone, que sendo um reconhecido
assassino foi preso por motivos fiscais...
Depois, chegarem os crimes de colarinho
branco, praticados por pessoas incapazes de fazerem mal a uma mosca.
Agora, aparece esta gente, estranha, que
mata por atacado, mata por matar, quantos mais melhor, sem que se perceba por
quê e para quê, desprendidos das suas próprias vidas, desinteressados de bens
materiais e que baralham a nossa capacidade de entendimento.
- Vamos continuar à sua mercê? – Parece
que sim. A simples vigilância e desconfiança não permite à polícia actuar e
quando os prendem ou matam, já eles, primeiro, fizeram as suas matanças.
Vamos, pois, simplesmente, continuar a
reagir enterrando e chorando os mortos... e eu vou continuar deprimido.
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