sábado, dezembro 06, 2008


CRENÇAS RUINS




Por que razão é tão difícil erradicar crenças ruins?

- A razão tem a ver com a natureza das próprias crenças que estão biologicamente preparadas para serem resistentes à mudança porque foram designadas para aumentar a nossa habilidade de sobreviver.

Para mudar as crenças os cépticos devem aceder às habilidades de sobrevivência do cérebro discutindo os significados e as implicações para além dos dados.

Uma noção básica do espírito crítico e científico é de que as crenças estão erradas e por isso, é muitas vezes confuso e irritante para cientistas e cépticos que as crenças de tantas pessoas não mudem diante de evidências contraditórias.

Perguntamo-nos como é que as pessoas acreditam em coisas que contradizem os factos?

Essa confusão pode criar uma terrível tendência da parte dos pensadores cépticos de diminuir e menosprezar as pessoas cujas crenças não mudam face às evidências.

Elas podem ser olhadas como inferiores, estúpidas ou até malucas. Esta atitude, resulta de uma falha dos cépticos ao não compreenderem o propósito biológico das crenças e a necessidade neurológica de que elas sejam resistentes à mudança.

A verdade é que, por causa do seu pensamento rigoroso, muitos cépticos não têm uma compreensão clara ou racional do que são as crenças e por que, mesmo as mais erradas, não desaparecem facilmente.

Entender o propósito biológico das convicções pode ajudar os cépticos a serem muito mais eficientes no desafio às crenças irracionais e na divulgação de conclusões científicas.

Embora faça muito mais do que isso a finalidade primária dos nossos cérebros é manter-nos vivos e a sobrevivência irá ser sempre o seu principal propósito e virá sempre em primeiro lugar.

Se formos ameaçados ao ponto dos nossos corpos ficarem apenas com energia suficiente para suportar a consciência ou o coração a bater mas não as duas coisas em simultâneo, o cérebro não tem problema em “apagar-se” e colocar-nos em coma (sobrevivência à frente da consciência) em vez de ficar alerta até à morte (consciência à frente da sobrevivência).

Como cada actividade do cérebro serve fundamentalmente para isso, a única maneira de entender precisamente qualquer função cerebral é examinar o seu valor como instrumento de sobrevivência.

Mesmo a dificuldade de tratar desordens comportamentais como a obesidade e vícios pode ser entendida examinando a sua relação com a sobrevivência.

Qualquer redução no consumo calórico ou na disponibilidade de uma substância na qual um indivíduo é viciado é sempre interpretada pelo cérebro como uma ameaça à sobrevivência e o resultado disso é que o cérebro defende-se criando aquelas reacções típicas da síndrome da abstinência.

As ferramentas primárias do cérebro para garantir a nossa sobrevivência são os sentidos. Obviamente, devemos ser hábeis em perceber com precisão o perigo para podermos tomar atitudes que nos mantenham em segurança.

Para sobreviver temos que ver o leão à saída da caverna e ouvir o intruso invadindo a nossa casa a meio da noite.

Apesar disso, os sentidos sozinhos são inadequados como detectores do perigo porque são limitados no alcance e na área. Nós só podemos ter contacto sensorial directo com uma pequena porção do mundo de cada vez.

O cérebro considera esse um problema significativo porque, mesmo o dia-a-dia, requer que estejamos constantemente em movimento, dentro e fora do nosso campo de percepção do mundo como é agora.

Entrar num território que nós nunca vimos ou ouvimos coloca-nos na perigosa posição de não termos nenhuma noção dos perigos possíveis. Se entrar num prédio desconhecido ou numa parte perigosa da cidade, as minhas chances de sobrevivência diminuem porque não tenho como saber se o teto está para cair na minha cabeça ou se um atirador está escondido atrás da porta.

É aqui que entra a crença. Crença é o nome que damos à ferramenta de sobrevivência do cérebro que existe para aumentar a função de identificação de perigos dos nossos sentidos.

As crenças estendem o alcance dos nossos sentidos de maneira que podemos detectar melhor o perigo e aumentar as nossas chances de sobrevivência em território desconhecido. Em essência, elas servem-nos como detectores de perigo de longo alcance.

Do ponto de vista funcional, os nossos cérebros tratam as crenças como “mapas” da parte do mundo que não podemos ver no momento.

Enquanto estou sentado na minha sala de estar não posso ver o meu carro. Apesar de o ter estacionado na minha garagem há algum tempo, se eu usar os dados sensoriais imediatos, eu não sei se ele ainda lá está, por isso, neste momento os dados sensoriais não são de grande utilidade para encontrar o meu carro.

Para que eu encontre o meu carro com algum grau de eficiência, o meu cérebro deve ignorar a informação sensorial actual e voltar-se para o seu “mapa” interno do local do meu carro.

Esta é a minha crença de que o carro ainda está no local onde o deixei. Se me referir à minha crença em vez de aos dados sensoriais, o meu cérebro pode “saber” alguma coisa sobre o mundo com o qual não tenho contacto imediato.

Esta faculdade “estende” o conhecimento e o contacto do cérebro com o mundo para além do alcance dos nossos sentidos imediatos aumentando as nossas possibilidades de sobrevivência.

Um homem das cavernas tem mais hipóteses de sobreviver se acreditar que o perigo existe na floresta embora ele não o veja, da mesma forma que um polícia estará mais seguro se acreditar que alguém parado por infracção de trânsito pode ser um psicopata armado embora tenha aparência de boa pessoa.

Tanto os sentidos como as crenças são ferramentas para a sobrevivência e evoluíram para se alimentarem um ao outro e, por isso, o nosso cérebro considera-os separados mas igualmente importantes como fontes de informação para a sobrevivência.

A perda de qualquer um deles coloca-nos em perigo. Sem os nossos sentidos não poderíamos conhecer o mundo perceptível e sem as nossas crenças nada poderíamos saber do que está fora dos nossos sentidos, nem sobre significado, razões e causas.

Isto significa que as crenças existem para operar independentemente dos dados sensoriais.

Na verdade, todo o valor das crenças para a sobrevivência baseia-se na sua capacidade de persistirem não obstante as evidências em contrário.

As crenças não devem mudar facilmente ou simplesmente por causa de evidências que as neguem. Se elas o fizessem não tinham nenhuma utilidade para a sobrevivência. O nosso homem das cavernas não duraria muito se a sua crença em perigos potenciais na floresta se evaporasse toda a vez que ele não visse esses perigos.

Para o cérebro não há absolutamente nenhuma necessidade que os dados e as crenças concordem entre si. Cada um delas evoluiu para aumentar e melhorar a outra pelo contacto com diferentes secções do mundo.

Foram preparadas para poderem discordar e por isso é que cientistas podem acreditar em Deus e pessoas que são geralmente razoáveis e racionais podem acreditar em coisas sem evidências dignas de crédito como discos voadores, telepatia ou psicocinese.

Quando dados e crenças entram em conflito o cérebro não dá preferência aos dados e é por isso que crenças, mesmo disparatadas, ruins, irracionais ou loucas, raramente desaparecem diante de evidências contraditórias.

O cérebro não se importa se a crença concorda com os dados, ele apenas se preocupa se a crença ajuda à sobrevivência e ponto final.

Então, enquanto a parte racional e científica do nosso cérebro pode pensar que os dados deviam confirmar a crença, a um nível mais profundo ele nem liga a isso. Ele é extraordinariamente reticente em reavaliar as suas convicções.

E como um velho soldado com o seu revólver que não acredita que a guerra acabou, também o cérebro se recusa a entregar as armas mesmo que os factos desmintam aquilo em que ele crê.

Mesmo as crenças que não parecem, estão intimamente ligadas á sobrevivência porque as crenças não ocorrem individualmente ou no vácuo. Elas relacionam-se umas com as outras formando uma rede que cria a visão do mundo fundamental do cérebro e daqui a importância de manter intacta essa rede.

Pequenas que sejam e aparentemente sem importância, qualquer pequena convicção é defendida até ao fim.

Por exemplo, um criacionista não pode tolerar a precisão dos dados que indicam a realidade da evolução, não por causa dos dados em si mas porque mudar qualquer crença relacionada com a Bíblia e a natureza da criação, quebrará todo um sistema, uma visão do mundo e, em última análise, a experiência de sobrevivência do seu cérebro.

O que está em causa, portanto, é uma questão de valor da sobrevivência da credibilidade e, perante ela, as evidências negativas são insuficientes para mudar as crenças mesmo em pessoas inteligentes em outros assuntos.

Em primeiro lugar, os cépticos não devem esperar mudanças de crença simplesmente como resultado dos dados ou pensar que as pessoas são estúpidas porque não mudam de ideias.

Devem evitar tornarem-se críticos ou arrogantes como resposta à resistência à mudança. Os dados são sempre necessários mas raramente suficientes.

Em segundo lugar, os cépticos devem aprender a nunca ficarem só pelos dados mas discutirem também as implicações que a mudança dessas crenças podem ter na visão do mundo e no sistema de convicções das pessoas envolvidas.

Os cépticos devem acostumar-se a discutir a filosofia fundamental e a ansiedade existencial que se estabelece quando crenças profundas são abaladas.

A tarefa é tão filosófica e psicológica quanto científica.

Em terceiro lugar, e talvez a mais importante, os cépticos devem perceber quanto difícil é para as pessoas verem as suas convicções abaladas. É, quase literalmente, uma ameaça ao senso de sobrevivência dos seus cérebros.

É perfeitamente normal que as pessoas fiquem na defensiva em situações como essas. O cérebro acha que está lutando pela sua própria vida.

A lição que os cépticos devem aprender é que as pessoas, geralmente, não têm a intenção de serem teimosas, irracionais, nervosas, grosseiras ou estúpidas, quando as suas convicções são ameaçadas.

É uma luta pela sobrevivência e a única maneira de lidar, efectivamente, com esse tipo de comportamento defensivo é amenizar a luta em vez de inflamá-la.

Os cépticos só podem pensar em ganhar a guerra pelas convicções racionais se continuarem, mesmo contra respostas defensivas, mantendo um comportamento digno e respeitoso que demonstre respeito e sabedoria. Para que os argumentos científicos se imponham, os cépticos devem manter sempre o controle e não se irritarem.

Finalmente, o que deve servir de consolo é que a parte realmente fantástica disto, não é que somente algumas crenças se modifiquem ou que as pessoas sejam tão irracionais, mas sim que as crenças de qualquer um podem modificar-se.

A habilidade que os cépticos demonstraram em alterar as suas próprias convicções a partir das descobertas científicas, constituiu um verdadeiro dom; uma capacidade poderosa, única e preciosa, só possível por uma alta função do cérebro na medida em que vai contra algumas das urgências biológicas mais fundamentais.

Eles possuem uma aptidão que pode ser assustadora, modificadora e que causa dor. Ao projectarem nos outros essa habilidade devem ser cuidadosos e sábios.

As convicções devem ser desafiadas com cuidado e compaixão.

Os cépticos não devem perder de vista os seus objectivos, devem adoptar uma visão de longo prazo, tentarem vencer a guerra pelas crenças racionais, não entrarem numa luta até à morte.

Não são só os dados e os métodos dos cépticos que têm que ser limpos, directos e puros, mas também a sua conduta e comportamento.


(Este texto é da autoria de Gregory W. Lester, Professor de Psicologia da Unversidade de St. Thomas em Houston nos EUA)



Los del Rio -- Macarena

Kaoma -- Lambada

Gipsy Kings -- Bomboleo

Lionel Ritchie -- Goodbye

Phil Colins - You 'll Be In My Heart

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Luigi Tenco - Mi Sono Innamorato di Te

Luigi Tenco - Ciao Amore Ciao

Julio Iglesias & Dalida - La Vie en Rose

Celine Dion -- All By Myself


Uma Lacuna Muito Necessária?




“Haverá alguma coisa que nos toque mais a alma do que espreitar uma galáxia distante por um telescópio de 100 polegadas, segurar na mão um fóssil com 100 milhões de anos ou um utensílio de pedra com 500.000 anos, contemplar de pé o imenso abismo de espaço e tempo que é o grande Canyon, ou escutar um cientista que olhou cara a cara a criação do universo e não pestanejou? É isso a profunda e sagrada ciência.”
(Michael Shermer)



Será que a religião preenche uma lacuna muito necessária?
Diz-se frequentemente existir no cérebro uma lacuna que tem a forma de Deus e que é preciso preencher: temos uma necessidade psicológica de Deus – amigo imaginário, pai, big brother, confessor, confidente – e a necessidade tem de ser satisfeita quer Deus exista de facto, quer não.

Mas não será que Deus vem atravancar um espaço que melhor seria que preenchêssemos com outra coisa? Talvez a ciência? A arte? A amizade humana? O humanismo? O amor por esta vida, vivida no mundo concreto, sem dar crédito a eventuais vidas para além da morte? Um amor pela natureza – aquilo a que o grande entomólogo E.O. Wilson chamou Biofilia?

Já se apontaram à religião quatro grandes funções na vida humana: explicação, exortação, consolo e inspiração.

Historicamente, a religião aspirou a explicar a nossa existência e a natureza do universo em que nos inserimos. Nesta função ela foi, entretanto, completamente ultrapassada pela ciência.

Por exortação pretendo dizer a orientação moral sobre o modo como nos devemos comportar.

Quanto ao consolo e inspiração abordaremos de seguida mas, à laia de preâmbulo, começaremos com o fenómeno do «amigo imaginário» da nossa infância que julgo ter semelhanças com a crença religiosa.


O Urso de Peluche chamado Binker


“Na vida tenho um segredo que guardo com muito carinho, Binker lhe chamo e com ele nunca me sinto sozinho.

Quando brinco no meu quarto ou me sento no patamar, esteja eu onde estiver, sempre o Binker há-de estar.

O papá é muito esperto, de uma esperteza sem fim,
E a mamã é a melhor mãe do mundo inteiro para mim,
E a ama
é a Nana – gosto de chamar-lhe assim –
Mas eles não vêm o Binker.

O Binker está sempre a falar, porque eu ando a ensiná-lo. Põe-se às vezes a guinchar, mas com isso não me ralo. Gosta às vezes de rugir, tão alto que assarapanta e eu tenho de o substituir porque lhe dói a garganta.

O papá é muito esperto, de uma esperteza sem fim,
E a mamã sabe tudo, tudo timtim por tintim.
E a ama é a Nana – gosto de chamar-lhe assim –
Mas eles não sabem do Binker.

Se corremos pelo parque, o Binker é bravo – um leão
E bravo é como o tigre, quando nos cerca a escuridão;
Bravo é como o elefante, pois não chora nunca, não…
Excepto se, ao lavar-se, lhe entra para os olhos o sabão.

O papá é um papá, como são todos, enfim,
E a mamã esforça-se para ser a melhor mãe para mim;
E a ama é a Nana – gosto de chamar-lhe assim…
Mas eles não são como o Binker.

O Binker não é guloso, mas há coisas que adora comer,
Por isso, se me dão doces, eu lá tenho de dizer:
O Binker quer um chocolate. Será que me podem dar dois? E como ele tem dentes fracos eu papo tudo depois.

Gosto muito do papá, mas para brincar não tem tempo, e gosto também da mamã, mas às vezes está ausente,
E fico zangado com a Nana, por me querer bem penteado…

Mas o Binker é sempre o Binker, e está sempre ao meu lado.
(A. A. Milne, escritor ingles)



Será o fenómeno do amigo imaginário uma ilusão de tipo superior, numa categoria diferente do comum faz-de-conta da infância?

Suspeito que o fenómeno do Binker da infância pode ser um bom modelo para compreender a crença teísta dos adultos. Não sei se os psicólogos já estudaram a questão deste ponto de vista mas seria digna de investigação.

Companheiro e confidente, um Binker para a vida: esse é, seguramente, um papel que Deus desempenha – uma lacuna que perduraria se Deus desaparecesse.

Outra criança, uma menina, tinha um “homenzinho púrpura” que lhe parecia uma presença real e visível e que se materializava no ar com uma cintilação e um suave tinido.

Visitava-a com regularidade, especialmente quando se sentia sozinha, mas com menor frequência à medida que ela foi crescendo.

Um certo dia, mesmo antes de ir para a escola, o “homenzinho púrpura” apareceu-lhe, anunciado pelo habitual tinir das campainhas, para lhe dizer que não voltaria a visitá-la.

Isto entristeceu a menina, mas o homenzinho púrpura disse-lhe que ela estava a crescer e que no futuro não iria precisar mais dele. Agora tinha de deixá-la para poder ir cuidar de outras crianças. Prometeu-lhe, no entanto, que voltaria se ela precisasse dele a sério.

Voltou, de facto, muitos anos mais tarde, num sonho, numa altura em que ela estava a atravessar uma crise pessoal e a tentar decidir o que fazer à vida.

A porta do quarto abriu-se e apareceu uma carrada de livros, empurrada, quarto dentro… pelo “homenzinho de púrpura”.

Ela interpretou isto como sendo um conselho no sentido de ir para a universidade – conselho que ela seguiu e mais tarde considerou bom.

É uma história enternecedora que consegue, melhor do que qualquer outro exemplo, acercar-nos da compreensão do papel consolador e aconselhador que os deuses imaginários têm na vida das pessoas.

Um ser pode existir apenas na imaginação e, ainda assim, parecer completamente real à criança, dando-lhe verdadeiro consolo e bons conselhos.

Mas melhor ainda, os amigos – e os deuses imaginários - têm tempo e paciência para dedicar toda a atenção a quem sofre. E são muito mais baratos do que os psiquiatras ou os conselheiros profissionais.

Terão os deuses, nesse seu papel de consoladores e conselheiros evoluído a partir de Binkers por meio de uma espécie de “pedomorfose” psicológica.

A “pedomorfose” é a manutenção na idade adulta, de características da infância.

Terão as religiões, originariamente evoluído, ao longo de gerações, através de um adiamento gradual do momento da vida em que as crianças põem de parte os “Binkers” – do mesmo modo que fomos abrandando, ao longo da evolução, o achatamento da testa e a protrusão (projecção para a frente) dos maxilares?

Para completar o quadro, consideremos a possibilidade inversa. Em vez de serem os deuses a evoluir a partir de Brinkers ancestrais, será possível os Brinkers terem evoluído de deuses antigos?

Esta ideia parece menos provável.

O psicólogo norte-americano Julien Jaynes observou que muitas pessoas têm a percepção que os seus próprios processos de pensamento são como uma espécie de diálogo entre o “eu” e outro protagonista interno, situado dentro da cabeça.

Hoje em dia compreendemos que ambas as vozes são nossas e senão o compreendermos somos tratados como doentes mentais.

Foi o que aconteceu, durante um breve período, com Evelyn Waugh, escritor inglês de personalidade difícil.

Sem papas na língua, como era seu timbre, comentou com um amigo: «Não te vejo há muito tempo, mas também tenho visto tão pouca gente porque – não sei se sabias – enlouqueci.»

Depois de recuperar, Evelyn escreveu um romance, “As Desventuras do Senhor Pinfold”, em que descreve o seu período alucinatório e as vozes que então ouvia.

O que Jaynes sugere é que antes do ano 1.000 a.c. a generalidade das pessoas desconhecia que a segunda voz – a que o Sr Pinfold ouvia – vinha de dentro de si.

Julgavam-na a voz de um deus.

Jaynes vai mesmo ao ponto de localizar a “voz dos deuses no hemisfério do cérebro oposto ao que controla a linguagem.

Terá sido o momento em que as pessoas se deram conta de que as vozes exteriores que lhes parecia ouvir vinham, efectivamente, de dentro de si mesmas.

Jaynes considera esta transição histórica como o alvor da consciência humana.

Os deuses seriam, então, vozes alucinadas que falavam dentro das cabeças das pessoas.

Assim, e numa espécie de inversão da hipótese da pedomorfose, os deuses alucinados começaram, primeiro, por desaparecer das mentes adultas e foram, depois, puxados para trás, para fases cada vez mais recuadas da infância, até às suas actuais sobrevivências sob a forma de fenómenos como o Binker ou o “homenzinho púrpura”. O problema desta versão é que não explica a persistência dos deuses, hoje, na idade adulta.

Talvez seja melhor não tratar os deuses como antepassados dos Brinkers ou vice-versa, mas antes encarar ambos como sub-produtos da mesma predisposição psicológica que têm em comum o poder de confortar.


Richard Dawkins



Nota – Michael Sermer, psicólogo americano que há vários anos se dedica a uma cruzada em defesa do pensamento científico contra as superestições.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Joe Dassin -- L ' Amour S' en Va

Eros Ramazotti -- Otra Como Tu

Mireille Mathieu -- Toi et Moi

Neil Diamond - Holy Holy Live (1971)

FOTOGRAFIAS HISTÒRICAS QUE FICARAM NA HISTÒRIA

Ansel Adams - Snake River 1942. Converteu a fotografia numa arte.


Neil Armstrong - 1969 - Apolo 11. Os primeiros passos do homem na lua.


Fotografia da Nebulosa "Eagle" realizada pelo telescópio Hubble


A mais célebre fotografia da Guerra Civil espanola (1936) Robert Capa


Linchamento de dois negros que tinham fugido do cárcere (1930)


Famoso Retrato da "Grande Depressão" (1936)


1º Vôo (1903) Irmãos Wrigth


1ª Fotografia Colorida - 1861 - James Clerk Maxwel Ribbon


Bombas de Napalm no Vietnam - (1972) - Todos conhecemos a Kim Phuc


Ecologia Urgente - 1969 - Caça às Focas Bebés - Duncan Cameron


Planeta Terra - 1968 William Anders


Uganda (1980) - A imagem da miséria, da vergonha, do racismo...e da injustiça.


Prémio Pulitzer 1994 - Kevin Carter


Foto da National Geographic (1984) - Há muito que estes impressionantes olhos verdes estão tapados por uma burka


Execução de Um Guerrilheiro Viet-Cong. Ganhou o Prémio Pullitzer contra a Guerra do Vietnam


Gandhi - Ícono da Não Violência (1946) Margaret Bourke - White


Tiananmen - Nada se sabe sobre o que aconteceu depois a esta pessoa


Che Guevara (1960) "Hasta La Victória Siempre" Alberto Korda


BIAFRA (1969) Fixe o olhar na criança que se apoia no joelho. Aos meus olhos parece tremer por não conseguir equilíbrio para se ter de pé


Desembarque na Normandia - 1944 -Robert Capa - Omaha Beach


Primeira Fotografia documentando a Pobreza nas cidades ( Glasgow - Higt Street ) 1868


"Trabalho Infantil" Denunciado pelo Comité Nacional do Trabalho Infantil (1910)


Guerra Civil Americana - Os primeiros mortos no campo da batalha (1863)


Chefe Sioux Ogala visto pelos novos emigrantes (1905)


Içar da Bandeira em Ywo Jima (1945) A fotografia que deu a volta ao mundo


1ª Fotografia Impressa num Diário (New York 'The Daily Graphic) 1873


Primeira Fotografia tirada a Pessoas (1838) Bulevar du Temple


segunda-feira, dezembro 01, 2008

Pat Condel - A Maldição da Fé

Pat Condel - O Desafio da Blasfémia


A Volúpia da Morte





Estranhos tempos, estes, em que vivemos.

Jovens possuídos de uma serena determinação, matam com um sorriso de felicidade nos lábios pessoas inocentes, estranhas a qualquer conflito, cujo único crime foi estarem ali, naquele local e momento.

Como é isto possível? Como se transformam jovens que nasceram normais, crianças iguais a tantas outras, que amaram pais mães e restante família, que brincaram como todas as crianças brincam, que choraram e riram por razões em tudo idênticas àquelas que também a nós nos fizeram rir e chorar, em autenticas “máquinas” de matar?

Quem são os mentores que conseguiram transformar jovens em monstros?

Como actuam, onde actuam, às ordens de quem e com que objectivos?

O único sobrevivente do grupo de jovens que na cidade de Bombaim, através de uma autentica acção de carácter militar, provocou 172 mortos e 282 feridos, confessou ter sido treinado pelo grupo radical islâmico Lashkar-e-Taiba (LeT), que em urdu significa Exército de Deus, que foi ilegalizado após os atentados do 11 de Setembro.

Mais uma vez o problema foi formulado com perspicácia e frontalidade por Sam Harris ao referir o exemplo do líder da Al-Qaida, Osama bin Laden.

Por que razão haverá alguém de querer destruir as Torres do World Trade Center e todas as pessoas que lá estão dentro, as que viajam no metro de Londres e de Madrid e as que se encontravam nos Hotéis e em outros locais da cidade de Bombaim?

Só a força da fé religiosa é capaz de motivar loucuras extremas em pessoas que em tudo o mais dão mostras de sanidade e compostura.

Chamar de “mau” a um homem como Bin Laden é fugir à nossa responsabilidade de dar uma resposta adequada a tão importante pergunta.

A resposta a esta questão é óbvia – quanto mais não seja porque foi pacientemente repetida “ad nauseam” pelo próprio Bin Laden.

Homens como ele acreditam efectivamente naquilo em que dizem que acreditam. Acreditam na verdade literal do Corão.

Por que motivo jovens instruídos, pertencentes à classe média, trocam as suas vidas neste mundo pelo privilégio de matar milhares dos nossos semelhantes?

- Por que acreditavam que iriam direitos ao paraíso se o fizessem.

É raro encontrar comportamentos humanos explicados de forma tão completa e satisfatória.

Por que temos nós demonstrado tanta relutância em aceitar esta explicação?

O jornalista Muril Gray, no Herald (de Glasgow) a 24 de Julho de 2005, a propósito das bombas de Londres, propunha idêntica conclusão:

“Culpa-se toda a gente desde o óbvio duo de vilões, Geoge Bush / Tony Blair, até à inacção das “comunidades muçulmanas”. Mas nunca terá sido tão claro que existe apenas um culpado e que sempre assim foi e continuará a ser.

A causa de toda esta desgraça, do caos, da violência, do terror e da ignorância é, evidentemente, a própria religião; e, embora pareça ridículo ter de afirmar uma verdade tão óbvia, o facto é que o governo e os media se esforçam ao máximo para fingir que assim não é.”

Os nossos políticos ocidentais evitam mencionar a palavra religião. Preferem chamar à batalha que vêm travando de guerra contra o “terrorismo” como se este fosse uma espécie de força ou espírito dotado de vontade e mente próprias.

Ou então caracterizam os terroristas dizendo que eles são motivados por “puro mal”.

Mas não é o mal que lhes dá a motivação. Por muito transviados que possamos pensar que eles andam, aquilo que os motiva, tal como aos cristãos que assassinam os médicos das clínicas abortistas, é o que julgam ser rectidão, seguindo fielmente aquilo que a religião lhes diz.

Não se trata de mentes afectadas por doenças psiquiátricas, são idealistas religiosos, que de acordo com o seu ponto de vista, são racionais.

Consideram bons os actos que praticam, não devido a uma qualquer idiossincrasia pessoal distorcida ou porque estejam possuídos por Satanás, mas porque desde o berço foram educados a ter uma fé total e inquestionante.

Sam Harris cita um bombista-suicida que falhou os seus intentos e que afirmou que aquilo que o levava a matar israelitas foi “o amor pelo martírio…não queria vingar-me de nada, só queria ser mártir”.

A revista New Yorker publicou uma entrevista realizada por Nasra a outro bombista suicida capturado, um jovem palestiniano de 27 anos, educado, conhecido por “S”.

Esta entrevista é tão poeticamente eloquente quanto aos atractivos do paraíso, tal como este é pregado por professores e líderes religiosos moderados, que vale a pena transcrever para se perceber melhor este magno problema:


“…Qual é o motivo da atracção do martírio? – perguntei.

- O poder do espírito puxa-nos para cima, enquanto o poder das coisas puxa-nos para baixo – respondeu. –
- Uma pessoa que opta pelo martírio torna-se imune às forças materiais. O nosso Controlador perguntou: «E se a operação falhar?» Nós dissemos-lhe: «Seja como for, sempre vamos conhecer o Profeta e os seus companheiros, In Sha’Allah».

- Nós flutuávamos, pairávamos naquele sentimento de que estávamos prestes a entrar na eternidade. Não tínhamos dúvidas. Fizemos, sob juramento, sobre o Corão, na presença de Alá, a promessa de que não iríamos vacilar.

- Esta promessa da “jihad” chama-se “bayt al-ridwan” nome que tem origem no jardim do Paraíso, reservado aos profetas e aos mártires.

- Sei que existem outras formas de travar a “jihad” mas esta forma é doce, a mais doce. As operações de martírio todas juntas, se executadas por amor a Alá magoam menos que a picada de um mosquito!”


“S” mostrou-me um vídeo que documentava os planos finais da operação. Nas imagens vi-o a ele e a mais dois jovens envolvidos num diálogo ritualista de perguntas e respostas acerca da glória do martírio…

Jovens e Controlador ajoelharam-se então e colocaram a mão direita sobre o Corão. O Controlador disse: «Estais prontos? Amanhã estareis no Paraíso.»

Se eu fosse “S”, sentir-me ia tentado a dizer ao Controlador:
«Bem, nesse caso, porque não arriscas tu o pescoço? Porque não desempenhas tu a missão de suicídio e vais já direito para o Paraíso?»

Mas o que para nós se torna tão difícil de compreender é que, e vamos repetir o ponto essencial da questão: «esta gente acredita efectivamente naquilo em que diz que acredita» e, por isso, é que devemos culpar a própria religião e não o extremismo religioso que dela é, apenas, uma consequência.

Voltaire acertou quando, há muito tempo, escreveu:

«Quem vos fizer acreditar em absurdos, conseguirá fazer-vos cometer atrocidades»

Bertrand Russel, por sua vez, afirmou:

«Muitos há que mais depressa aceitam morrer do que pensar e assim fazem de facto.»


Richard Dawkins no seu livro “A Desilusão de Deus” escreve:

«Enquanto aceitarmos o princípio de que a fé religiosa deve ser respeitada pelo simples facto de ser religiosa, será difícil negar o respeito à fé de Osama bin Laden e dos bombistas suicidas.

A alternativa, tão óbvia que não devia ser preciso insistirmos nela, é abandonar o princípio do respeito automático pela fé religiosa.

Esta é uma das razões pelas quais eu faço tudo o que está ao meu alcance para alertar as pessoas contra a fé em si mesma, e não apenas contra a chamada fé extremista porque, embora em si mesmos não sejam extremistas, os ensinamentos da religião moderada são um convite aberto ao extremismo.

Não há, neste aspecto, nada que faça da fé religiosa um caso à parte. O amor patriótico pelo país ou pelo grupo étnico a que se pertence também pode levar a querer afeiçoar o mundo a esta ou àquela versão de extremismo.

Não foi isso que aconteceu com os Kamikazes no Japão ou os Tigres Tamil no Siri Lanka?

A fé religiosa é um silenciador especialmente potente da reflexão racional, tendendo normalmente a sobrepor-se às outras filiações talvez por causa da fácil e enganadora promessa de que a morte não é o fim.»

Difundir, mais uma vez, estas reflexões enquanto ainda estão quentes os cadáveres das vítimas de mais um tresloucado acto de extremismo religioso, talvez mobilize melhor a nossa concentração para a verdadeira raiz do problema.

Dr. Jivago

domingo, novembro 30, 2008

Eça de Queirós

Eça de Queirós, 1871



"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.

Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada,

Os carácteres corrompidos.

A prática da vida tem por única direcção a conveniência.

Não há princípio que não seja desmentido.

Não há instituição que não seja escarnecida.

Ninguém se respeita.

Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.

Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.

Alguns agiotas felizes exploram.

A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.

O povo está na miséria.

Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.

O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.

A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.

Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"



Eça de Queirós, 1871


Obs - O paralelismo não é total...mas quase.





Perícia ao serviço da Condução

Ken Block Gymkhana Practice








Ken Block Auto Cross Demo in Gymkhana Car





CBR 1100 A 300KMH



Suzuky hayabusa acceleration




Porsche 911 Carrera 4S vs Hayabusa




Hayabusa - 400kmh - Turbo


19 VERDADES ABSOLUTAS

1 . Para evitar filhos, faça amor com a cunhada. Só nascem sobrinhos ...

2. Todos os cogumelos são comestíveis. Alguns só uma vez...

3. Seja bom com os seus filhos. São eles que vão escolher o seu asilo.

4. Nasci careca, nu e sem dentes. O que vier, é lucro!

5. Amigos vêm e vão, inimigos acumulam ...

6. Se o amor é cego, o que é preciso é apalpar...

7. Se a mulher fosse boa, Deus tinha uma. E se fosse de confiança, o Diabo não tinha cornos...

8. Sabem porque é o pão se queima, o leite entorna, e a mulher engravida? Porque não se tira a tempo...

9. Alguns homens amam tanto as suas mulheres, que para não as gastarem, preferem usar as dos amigos...

10. Pior que uma pedra no sapato só um grão de areia no preservativo...

11. E se um dia te sentires inútil ou deprimido, lembra-te só disto: Já houve um dia em que foste o espermatozóide mais rápido do grupo!!!

12. Os trabalhadores mais incapazes são sistematicamente promovidos para o lugar onde possam causar menos danos: a chefia...

13. Os chefes são como as nuvens, quando desaparecem fica um dia lindo...

14. O que leva os homens a perseguir mulheres com quem não tencionam casar? O mesmo impulso que leva os cães a perseguir carros que não tencionam conduzir...

15. É MELHOR ABRIR UM E-MAIL COM VÍRUS, DO QUE UMA CARTA COM ANTRAX!

16. As hierarquias são como as prateleiras, quanto mais altas mais inúteis!

17. O teu futuro depende dos teus sonhos. Não percas tempo... Vai dormir!

18. O amor é como a gripe, apanha-se na rua, resolve-se na cama...

19. Os Homens mentiam bem menos, se as Mulheres não perguntassem tanto!

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