sábado, julho 12, 2008


O ESTADO da NAÇÃO

Acompanhei, como qualquer outro cidadão interessado, aquilo que se disse e escreveu sobre o debate no Parlamento do estado da Nação e que tinha, como motivo de maior curiosidade, a prestação do novo líder da bancada do PSD, Paulo Rangel, no seu embate com José Sócrates.

Surpresas, nenhumas. Todas as questões foram mais de estilo do que de substância e, nesse aspecto, todos continuaram a ser fiéis a si próprios.

O próprio Paulo Rangel, que se percebe, gosta de dar dignidade ao discurso, é o seu estilo, em termos de substância não trouxe nada de novo a não ser, talvez, querer salvar a presidente do seu partido que afirmou aos portugueses, dos quais pretende ser primeiro ministro, de “que não temos dinheiro para nada” o que constituiu a afirmação mais deprimente que se poderia ter ouvido mais a mais vinda de quem veio.

Afinal, o PSD não está nem deixa de estar contra nenhuma das obras públicas em concreto apenas pretende saber quanto custam em termos de encargos futuros, curiosidade que lhe saiu cara porque Sócrates, adivinhando-lhe as intenções, pespegou-lhe no regaço, não com a folha A4 que ele pedia, mas com os próprios estudos de 2003 e 2004 sobre o TGV efectuados pelo seu próprio partido e que, naturalmente, tinham toda essa informação.

De diferente, apenas as duas linhas de Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto em vez das cinco que o governo de então do PSD se comprometeu a construir, e o preço do petróleo que hoje está, por enquanto, ao dobro do que estava nessa data o que mais ajuda a viabilizar qualquer investimento na ferro via, como é óbvio.

Sócrates, como se esperava, aproveitou para anunciar uma série de medidas, todas elas para ajudar as pessoas em maiores dificuldades financeiras as quais, independentemente dos seus montantes, vão na direcção certa razão pela qual a oposição nem a elas se referiu.

Quanto ao fundamental da questão as alternativas são poucas ou nenhumas: continuar e aprofundar as reformas em curso, adoptar medidas de poupança em todas as despesas correntes que o Estado tenha que fazer, melhorar a justiça que continua a ser o grande “calcanhar de Aquiles” embora haja medidas acertadas em curso no sentido de aliviar os tribunais de dezenas de milhar de acções para pagamento de dívidas e que afogam os juízes, cada um deles, em centenas de processos para resolver.

A parte de leão no que há a fazer, hoje como ontem, pertence à sociedade civil, ao tecido económico, ao conjunto dos empresários portugueses, aos trabalhadores, aos sindicatos, a todos nós e as coisas, na verdade, não estão fáceis perante as várias crises que se estão abater sobre os países do mundo ocidental que não sendo donos de reservas de petróleo se deixaram adormecer ao sabor de um preço do combustível que de um momento para o outro, aparentemente sem aviso, disparou para uma subida em espiral.

O nosso país tem problemas estruturais graves que se prendem, fundamentalmente, com uma herança cultural plena de vícios e preconceitos que se transmitem de geração para geração e não são fáceis de erradicar, muito embora a classe política na ânsia de responsabilizar aqueles que estão no poder, os desvalorize como se os portugueses deixassem de ser quem são só porque os partidos do costume se alternam no poder.

Infelizmente, parece que as dificuldades na produção da riqueza agravam ainda mais os problemas relacionados com a sua distribuição e o escândalo acontece quando o número de milionários aumenta precisamente com o agravar das dificuldades da generalidade das pessoas.

Cometeram-se autênticos crimes na concessão do crédito à habitação nos EUA para satisfazer a ambição desmedida e irresponsável de certos banqueiros sem que nenhuma autoridade do sector tenha intervido e agora, na impossibilidade de recuperar esses créditos, e tal como uma bola de neve, a falência, o desemprego, a incapacidade de continuarem a desempenharem as suas funções no sistema financeiro, é o resultado que deixa bem à vista a necessidade dos Estados intervirem no funcionamento das economias que deixadas à solta às vezes dão naquilo que neste momento está a acontecer.

E estas coisas quando acontecem à escala dos grandes países não podiam deixar de atingir um país como o nosso, pequeno, dependente, comprador de petróleo, que estava agora a obter algum êxito na via certa das exportações.

Claro que toda esta situação repercute-se, inevitavelmente, nos indicadores de natureza económica do país afectando metas e comprometendo objectivos que o governo tinha traçado o que leva a oposição a embandeirar em arco como se de uma vitória sua se tratasse…

Mas se alguma dúvida houvesse sobre a autenticidade e gravidade das dificuldades porque estamos e vamos continuar a passar, as declarações do banqueiro Fernando Ulritch, do BPI, votante confesso do PSD há 30 anos dissipá-las-iam.

Fernando Ulritch propõe que o governo aumente os impostos daqueles que mais ganhem, onde ele se inclui, naturalmente, e aumente também os impostos sobre o lucro dos bancos, novamente com prejuízo para ele que também ganha por objectivos.

Como este distinto banqueiro da nossa praça não endoidou nem pensa deixar de ser o que é profissionalmente, as suas propostas demonstram bem a gravidade da situação porque o que ele está a defender é o seu banco, a sua própria actividade que deixará de ser viável se os seus clientes, em grande número, não conseguirem pagar-lhes as prestações relativas aos empréstimos que lhes foram concedidos.

E vale a pena repetir a pergunta que Fernando Madrinha faz a este propósito no Expresso:

-Haverá discurso mais dramático e concludente do que este sobre o estado da nação?

quinta-feira, julho 10, 2008


Os Mitos e a Ciência





Os mitos e as religiões permitiram durante muito tempo respostas à questão angustiante sobre as origens do homem e o sentido da sua existência mas, em contrapartida, pela sua própria natureza, elas fecharam-se a qualquer tentativa de questionar essas mesmas respostas.

Foi preciso passar muito tempo, até ao séc. VII A.C., na Grécia, para que fosse possível explorar mais uma via de conhecimento, a via da ciência, que propõe uma verdade que, pela 1ª vez, se deve demonstrar e pode ser sempre objecto de discussões.

Antes disso, primeiro na Mesopotâmia e no Egipto e de seguida no Ocidente, os homens convencidos da realidade de um Criador supremo sentiram necessidade de encontrar uma imagem correspondente nas leis do universo.

Voltaram-se, então, para a observação dos astros e não obstante o peso terrível dos mitos transformados em dogmas das religiões na liberdade de pensamento, mesmo assim, foram possíveis descobertas notáveis em astronomia e por vezes a intuições fulgurantes da natureza da vida mas, no essencial, os resultados dessas observações foram desviados em proveito da astrologia, da adivinhação e da magia.

No Oriente, onde a noção da criação é muito difusa e a gestão do mundo não depende de uma entidade divina não se sentiu logo a necessidade de procurar racionalmente uma causa exacta para as leis que regem o universo e é então, na Grécia, que se desenvolverá pela primeira vez um verdadeiro pensamento científico e aparecem as primeiras propostas racionais sobre a origem do Universo, da Terra, da Vida e do próprio Homem, e é interessante verificar que isto acontece num contexto geográfico e histórico privilegiado: na encruzilhada das civilizações da Ásia e do Médio Oriente.

Pouco se sabe das populações que viveram na Grécia 2.000 anos A.C. já que a civilização helénica começa com os povos denominados Acádios, de origem indo-europeia que, por aquela data, penetram na Grécia e ali se instalam desenvolvendo uma civilização homogénea que se distingue pelas suas tradições próprias, em si muito antigas, mas que levam em consideração as crenças dos habitantes autóctones e que posteriormente se enriquecem com as influencias de Creta, que lhe está muito próxima, da Ásia e mesmo do Egipto.

Esta civilização, denominada Micénica, estabelecida pelos Acádios, sofre grandes perturbações pelos consideráveis movimentos de populações e estas circunstâncias dão lugar a que a Grécia, no Séc.XII A.C., invente um novo tipo de sociedade baseado na síntese das tradições da Ásia e do Médio Oriente.

Em comunhão constante com a natureza, os gregos desenvolvem uma religião alegremente politeísta que lhes deixa uma liberdade de espírito total e por isso, num contexto religioso pouco constrangedor, foi junto dos poetas e dos filósofos que os Gregos da idade de ouro do helenismo clássico, procuraram modelos de sabedoria e de virtude que lhes permitiu desenvolver um pensamento realmente moderno e inovador baseado na observação e na experimentação.

Será um princípio de ciência sobrecarregada de erros enormes mas não deixa de ser, pela primeira vez, «a Ciência».

Tales de Mileto, por exemplo, já não aceita que a origem do mundo esteja nos deuses: ele imagina que uma substância primordial, a água, se encontra na origem da infinita diversidade das coisas da natureza, a qual deve também servir para as regenerar.

Anaximandro de Mileto é o primeiro a imaginar a existência de uma espécie de hierarquia dos seres vivos que conduziria ao Homem.

Hipócrates sugere que as mudanças do meio natural são, na origem, transformações do mundo dos seres vivos, conceito este que não é muito diferente do “transformismo” que será desenvolvido por Lamarck dois mil anos mais tarde.

Anaxágoras de Clazomenea tem a intuição de que a matéria é constituída por partículas infinitamente pequenas capazes de se agruparem em categorias semelhantes a fim de produzirem a ordem da natureza.

Demócrito, considera que o mundo é formado por partículas extremamente pequenas, duras e numerosas a que ele chama átomos, isto é, indivisíveis e que se movimentam incessantemente no vazio absoluto que os rodeia o que os leva a encontrarem-se e a agregarem-se uns aos outros produzindo novas formas.

Epicuro desenvolverá este conceito numa visão que faz do universo uma reunião de átomos descontínuos, inalteráveis e eternos.

Não vale a pena continuar com a descrição exaustiva do que foram os contributos dos sábios da antiga Grécia porque o meu objectivo, em termos de conclusão, é de que a inteligência do homem manifesta-se em todo o seu esplendor quando beneficia do contributo de influencias de várias culturas e se desenvolve num quadro religioso que não seja castrador da liberdade de pensamento.

Por estas razões, o período compreendido entre os séculos VI e II A.C. pode considerar-se «chave» na história da humanidade, marcado por uma autêntica explosão do pensamento.

A partir do século II A.C.com a progressão espectacular da «ordem romana» baseada essencialmente em valores militares e mercantis, o mundo ocidental inicia um longo período de estagnação científica.

No século VII, a conquista árabe coloca o essencial da tradição científica do Médio Oriente nas mãos de um povo que até então ignorava a ciência mas os sábios do Islão saberão conservar e desenvolver essa herança.

A partir do século XIII os eruditos árabes da África do Norte, da Sicília e da Espanha transmitirão essa herança ao Ocidente com a qual será iniciado o Renascimento científico.

Durante a primeira parte da Idade Média os verdadeiros sábios, capazes de observar e experimentar são poucos, mal vistos, têm falta de meios e na maior parte das vezes são considerados heréticos e feiticeiros.

O conjunto dos teólogos cristãos dessa época têm como referência as ideias de Platão e Aristóteles que lhes chegam mal traduzidas e das quais só conservam aquilo que é susceptível de apoiar o dogma da criação divina.

As obras de Aristóteles, revistas pelos teólogos cristãos, são a base do ensino escolástico em que só os mestres têm acesso aos textos comentados por eles e para os seus alunos e que culmina com Tomás de Aquino.

Mas homens como Roger Bacon e Guilherme de Ockham, o primeiro ainda contemporâneo de Aquino, mostram-se rebeldes contra o argumento da autoridade que consiste em pretender que uma coisa é necessariamente verdadeira porque Aristóteles o afirma!

Apoiando-se em observações cada vez mais numerosas e experimentações mais exactas, aperfeiçoando os métodos e os instrumentos de pesquisa e pondo, sobretudo, continuamente em causa os resultados obtidos, a Ciência, entre os Séculos XIV e XVIII, teimosamente, irá minar a estrutura autoritária do pensamento escolástico guiado e comandado pela Igreja Católica.

quarta-feira, julho 09, 2008


A Bíblia

John Hartung

(físico e antropólogo evolucionista americano)





A Bíblia é um guia da moralidade entre membros do mesmo grupo, contendo instruções para o genocídio, para a escravização de forasteiros e para a dominação do mundo.

Mas a Bíblia não é malévola devido aos seus objectivos ou à glorificação do assassinato, da crueldade e do estupro. Muitas obras antigas fazem a mesma coisa:
a Ilíada, as sagas islandesas, as lendas dos sírios da Antiguidade ou as inscrições dos Maias, por exemplo.

Mas ninguém vende a Ilíada como base da moralidade e é aqui que está o problema. A Bíblia é vendida e comprada para orientar a vida das pessoas e é, de longe, o maior best seller de todos os tempos.

terça-feira, julho 08, 2008


A MINHA PRÓXIMA VIDA
Woody Allen




Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente.

Começar morto para despachar logo esse assunto.

Depois, acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.

Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma.

Divertir-me, embebedar-me e ser, de uma forma geral, promíscuo e depois estar pronto para o liceu.

Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se.

Não temos responsabilidades e ficamos um bebé até nascermos.

Por fim, passados nove meses a flutuar num “spa” de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois… Voila! Acaba com um orgasmo!

segunda-feira, julho 07, 2008


OBAMÉRICA


Barack Obama transporta hoje, para muitos milhares de americanos, a mesma onda de sonho e de esperança com que nos anos sessenta, Martin Luter King, pretendeu sensibilizar os americanos e o mundo para as questões do racismo e que resultou no seu assassínio por aquele sector poderoso da sociedade americana que responde com violência e morte contra quem ameaça pôr em causa os seus interesses e os fundamentos das suas crenças e preconceitos.

Por motivos idênticos e pelos mesmos sectores da população americana, reaccionária, fundamentalista, criminosa, cultores do ódio e da intolerância e defensores dos seus interesses até às últimas consequências, foram mortos o Presidente dos E.U., John Kennedy e pouco tempo depois o seu irmão, Secretário de Estado da Justiça, Robert Kennedy.

À data, as pessoas da minha geração eram jovens de vinte e poucos anos e estas mortes, brutais e inesperadas, atingiram-nos naquilo que de mais puro tem a juventude: a ingenuidade e a esperança num mundo liderado por pessoas de bem que garantam um futuro melhor e mais justo do que o anterior.

A esperança é característica da juventude e um poderoso motor para o evoluir da sociedade e por isso, com excessos ou sem eles, aí temos os jovens em todas as manifestações por esse mundo fora defendendo causas relacionadas com a justiça, liberdade, independência, defesa do ambiente, dos animais selvagens, etc.

Mas a esperança e o sonho, sendo mais próprias da juventude, não são uma reserva exclusiva sua porque a capacidade para ter esperança e sonhar só desaparece com a nossa própria morte.

Como que adormecem e perdem força ao longo da vida mas mantêm o seu potencial quando alguma coisa ou alguém tem a força necessária para as mobilizarem.

Patrícia Fonseca é uma jornalista que escreve para a revista Visão e que na linha do Cáceres Monteiro se interessa por assuntos ou talvez melhor, por histórias, como ela diz: “por uma boa história largo tudo e vou até ao fim do mundo”.

Desta vez foi até Nova Yorque e relata-nos uma história que comprova que a esperança e o sonho estão longe de ser um exclusivo dos jovens.

E o que viu ela?

- Neste momento, milhares de americanos andam na rua, apaixonadamente envolvidos na campanha de Barack Obama num movimento civil comparado ao dos anos sessenta, quando Luther King pregava o seu sonho.

Berard Jones tem 59 anos, é afro-americano, nasceu e foi criado em Nova Yorque, veterano do Vietname e passava os dias afundado no sofá com a cerveja na mão e a dizer mal do que via no ecrã da televisão.

Sensibilizado por Andrew Yong (um histórico do activismo dos direitos civis) que se insurgia contra a campanha para denegrir Obama em que uns diziam que ele era muçulmano, outros que não era bem negro porque tinha mãe branca…etc, Jones, que nunca tinha dado um tostão para um político, foi ao “site” dele e doou 25 dólares e hoje anda na rua a tentar sacar mais velhotes do sofá.

Veste, orgulhoso, uma T-shirt dos “Veteranos por Obama” e passa as manhãs na rua distribuindo sorrisos a quem passa perguntando se já decidiram em quem vão votar.

“Até Novembro, farei o que puder para ajudar este homem a mudar o país. Ele fez tudo por mim: “fez-me voltar a acreditar”.

Diz Patrícia Fonseca que o Sr. Jones é apenas um dos milhares de cidadãos que depois de anos sem acção cívica ou política, estão agora activamente empenhados na eleição de Barack Obama para a Casa Branca.

Os movimentos civis estão a ser o principal motor da campanha do democrata que, na passada semana, anunciou que iria recusar 88 milhões de dólares de fundos federais, tal como já tinha rejeitado as contribuições dos grandes “lóbis” que, diz, “minam o sistema político americano”

Obama, torna-se assim, no primeiro candidato presidencial da história dos EUA a financiar a sua eleição apenas com donativos dos cidadãos que ascendem já a 300 milhões de dólares.

O segredo de tamanha mobilização parece residir apenas na mensagem de apelo à mudança na forma de fazer política que recupera os ideais básicos do sonho americano de que todos são iguais e todos podem vencer na vida.

Se pensarmos no autêntico “desastre” que tem sido a Administração Bush em que se fez uma guerra de consequências imprevisíveis com base em mentiras para satisfazer interesses económicos de sectores privados da sociedade americana, compreende-se bem a genuinidade da reacção anónima do povo americano a um homem que teve o condão de lhes devolver a esperança num momento de grande e fundada descrença e pessimismo. Como dizia Deshundra Jefferson, 32 anos: “…a situação é de tal forma má que não é mais possível ficar em casa à espera”.

Não me parece que esteja definitivamente excluída a hipótese de Hillary Clinton vir a ser a personalidade escolhida por Barack Obama para sua vice-presidente.

Durante a campanha em que disputou a candidatura pelo partido democrata Hillary demonstrou ser “um animal político” de grande qualidade e o seu discurso de reconhecimento da vitória do adversário constituiu uma peça notável de oratória política que de certo não passou despercebida a Barack Obama como, de resto, toda a sua intervenção ao longo da campanha.

O comício que ambos fizeram numa vila rural denominada Unity, três semanas após a Senadora ter reconhecido a derrota, correu bem.

Neste comício, os apoiantes de Hillary, que ganhou as primárias neste Estado, estavam em destaque e sempre que Obama falava no plural explicando, não as suas ideias, mas as ideias de ambos para o país as pessoas vibravam.

Não podemos esquecer que 18 milhões de americanos votaram em Hillary e que muitos deles não estão dispostos a trocarem de camisola.

Unity foi apenas a primeira experiência a testar a popularidade da dupla e mais de 500 jornalistas estiveram atentos às mensagens escondidas nos discursos, nos gestos e nos olhares de ambos e no fim do show saíram de cena ao som de Stevie Wonder, Signed, Sealed, Delivered, I’mYours.

Será que este “casamento” é para durar?

Obama, entretanto, vai dizendo:

“ As nossas causas são comuns. A América deve muito aos Clinton e continua a precisar deles”.

Não creio que sobre este assunto haja uma decisão já tomada em definitivo por parte de Obama e do seu “staf” porque a intervenção dos eleitores nestas eleições está a assumir uma tal importância que os seus sinais não deixarão de ser levados em linha de conta e ainda haverá muitos sinais por receber.

De qualquer maneira, perante as várias crises com que o mundo actualmente se debate, o aparecimento de um líder político de excepção num país suficientemente grande e poderoso para que a sua voz seja efectivamente ouvida e seguida constitui a necessidade mais urgente da humanidade.

António Vitorino, o nosso político mais esclarecido e competente que infelizmente se dedicou, ainda que em parte “time”, a comentador, afirma e reafirma com toda a insistência que é tudo uma questão de qualidade de liderança como neste momento se perceberá na actual reunião de um G 8 que deveria ser, pelo menos, um G 12 e na qual, mais uma vez, irá faltar a coragem suficiente para se ir ao cerne das questões tendo em vista a sua resolução. Como ele diz, enquanto “a bota não bater com a perdigota” nada feito.

Barack Obama pode ser, tem todas as características para que o seja, o grande líder político que o mundo espera, porque se o seu antecessor teve a força e a capacidade para desencadear uma guerra que destabilizou uma região e agravou todos os problemas do mundo, por que não aquele que se lhe vai seguir fazer exactamente o contrário?

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