sábado, dezembro 06, 2014

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Fotografia Surrealista...



Mixórdia de Temáticas - Retalhos da vida de um Guarda Nocturno


O GÉNIO da LÂMPADA











Um homem caminhava pela praia de Cascais e tropeçou numa velha lâmpada.
Pegou nela, esfregou-a e... um génio saltou lá de dentro, que disse:


- OK. Libertaste-me da lâmpada, blá, blá, blá! Esquece aquela história dos 3 desejos! Tens direito a um desejo apenas e ponto final!

O homem disse:
- Eu sempre quis ir aos Açores, mas tenho um medo enorme de voar... e no mar costumo ficar enjoado. Podes construir uma ponte até aos Açores, para eu poder ir de carro?

O génio riu muito e disse:

- Impossível. Pensa na logística do assunto. Como é que os pilares chegavam ao fundo do Oceano Atlântico? Pensa em quanto betão armado, em quanto aço, em quanta mão-de-obra... Não, de maneira nenhuma! Pensa noutro desejo.

O homem compreendeu e tentou pensar num desejo realmente possível.
- Fui casado e divorciado 4 vezes. As minhas mulheres disseram sempre que eu não me importava com elas e que era um insensível. Então, é meu desejo compreender as mulheres; saber como se sentem por dentro e o que estão a pensar quando não falam connosco; saber porque estão a chorar... saber realmente o que querem quando não dizem nada... saber como fazê-las realmente felizes!

O génio respondeu:
- Queres a porcaria da ponte com duas, ou quatro faixas???!!!!

SANTARÉM



E porque a minha cidade é Santarém vamos contar em pormenor  a partir de um relato de Alexandre Herculano -  a aventura que foi a sua conquista por D. Afonso Henriques que ocorreu na madrugada de 15 de Março de 1147, sob o comando de próprio Afonso Henriques, não só numa estratégia de reconquista cristã rumo ao sul, encetada logo após a criação do Condado Portucalense, mas também porque era uma cidade muito rica.

Um escritor árabe, Razi de seu nome, escreveu: "... os campos podem dar, querendo-se,duas sementeiras por ano, tão boa é a terra de sua natureza".

Antes de atacar e conquistar Santarém, Afonso Henriques enviou Men Ramires à cidade com o fim secreto de estudar o local e ver por onde seria mais fácil escalar os muros. E ele assim fez: disfarçou-se de homem de negócios e observou tudo tal como o rei lhe tinha mandado. Desempenhada a missão fez ao Rei o relato do que tinha visto e ofereceu-se para ser o primeiro cavaleiro a trepar os muros e a levar o estandarte real.

Com o plano bem estudado, o rei saiu de Coimbra numa 2ª feira dia 10 de Março de 1147 na companhia dos seus cavaleiros Fernando Peres, Gonçalo Gonçalves, Pero Pais e Gonçalo Sousa.

Com dois dias de marcha mandou seguir à frente Martim Mohab para anunciar aos mouros que as trevas ficavam suspensas por três dias e na madrugada de 6ª feira acampou em Pernes com a sua pequena hoste e falou assim aos seus cavaleiros:

- "Combatei por vossos filhos e descendentes que convosco eu próprio estarei e nada haverá, na vida e na morte, que de vós me fará apartar."

E de seguida explicou-lhes o plano mas quando eles perceberam que a intenção do Rei era acompanhá-los no ataque tentaram dissuadi-lo. Em vão, o Rei respondeu que preferia morrer a não tomar Santarém mas para os descansar lembrou-lhes que em Coimbra os monges de Santa Cruz rezavam pela vitória.

Mandou então escolher 120 homens e construir 10 escadas e entregou cada uma delas a uma dúzia de homens. Esperavam assim, com as escadas, que a escalada seria mais rápida e segura e ao anoitecer puseram-se em marcha rumo a Santarém.

Já junto à cidade ouviram as vozes de dois mouros que eram os que estavam de atalaia e por isso a hoste escondeu-se numa ceara à espera que os vigias adormecessem. Logo que tal aconteceu, o Mem Ramires utilizou a ponta de uma lança para prender uma escada ao topo do muro mas ela caiu com grande estrondo sobre o telhado de uma casa.

Reagindo rapidamente, Mem Martins ordenou a Moqueime, que era um moço alto que lhe trepasse para os ombros e amarrasse a escada nas ameias e logo que ela ficou presa subiram sem hesitar e um deles hasteou o pendão real.

Entretanto, com o barulho os mouros acordaram e perguntaram: "Manhu? Manhu? (Quem é? Quem está aí?) e quando perceberam que estavam a ser atacados gritaram: "Anaçara! Anaçara! (Nazarenos, Nazarenos!) e logo respondeu Mem Ramires: - "Santiago e Rei Afonso!"

Fora dos muros, ouvia-se a voz do Rei invocando Santiago e a Virgem Maria, dando ordens de matança. "Matai-os a todos! Que nenhum escape ao ferro!"

Os que já tinham subido as escadas tentaram arrombar as portas mas sem o conseguirem pelo que os que estavam do lado de fora atiraram-lhes um malho de ferro por cima dos muros com o qual, os que estavam do lado de dentro, partiram os ferrolhos e todos entraram correndo.

Logo que passou a porta o Rei ajoelhou-se por um instante, agradecendo a Deus aquela vitória.

Muitos mouros morreram nessa noite e outros foram feitos cativos. Quando se fez dia, na manhã de Sábado, 15 de Março, já o Rei D. Afonso Henriques era senhor de Santarém que não mais deixou de estar na posse dos portugueses não obstante uma tentativa de reconquista em 1171 e, 10 anos mais tarde, em 1881, os mouros, terem feito uma 2ª tentativa que foi rechaçada pelas tropas de D. Sancho que estavam acantonadas na cidade.

Assim, com a nova designação de Santa Herene, antes era Shantarîm, a povoação medieval e o seu castelo ficaram para sempre para os portugueses com o nome actual de Santarém e as vistas maravilhosas das Portas do Sol - conquistada por Mem Ramires com a ajuda da escada, não se esqueçam -  sobre a planície ribatejana e que hoje é visita obrigatória com os seus lindos jardins. 


Aqui pode ver-se bem a escada conforme descrição feita.

E nunca aprendi a roubar, não sei porquê.
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 117



















Para gáudio de uns, espanto de outros, quem desatou o nó e resolveu o problema, quem enfrentou a responsabilidade e assumiu a pesada carga foi - imagine-se! — a velha Jacinta Coroca.

Voltara de Taquaras com a tropa de Zé Raimundo, escanchada na cangalha de Lua Cheia, repicando guizos, no dia seguinte ao do saque, a tempo de constatar a depredação e medir o prejuízo.

Balançou a cabeça em silêncio, não foi apoquentar Fadul com perguntas e palpites.

Ao sentir, certa noite, a aflição do turco, tão grande a ponto de silenciá-lo durante a trajectória da fornicação habitualmente ruidosa e festiva, Coroca se ofereceu enquanto o asseava com delicadeza e zelo.

 - Se quiser, seu Fadu, vá sua viagem descansado que eu do tomo conta do negócio. Deixe comigo, faço suas vezes. Pode ir sem cuidado.

De pé, enorme e nu, pingando água da caceta desmarcada, o turco olhou estupefacto para Jacinta, que segurava um pedaço de sabão curvada em frente à pequena bacia de flandre comprada a prazo ao próprio Fadul.

Ele demorou-se a medi-la e a pesá-la como se nunca a tivesse visto.

- Tu tá propondo que eu viaje deixando o armazém aberto e tu respondendo por tudo, vendendo, recebendo, dando troco?

Depositando o peso de sabão junto à bacia, Coroca tomou de um trapo limpo, enxugou com cuidado o imponente saco e a notável estrovenga:

- E só me dar os preços por escrito, sei de uma porção. Vou dormir em riba do balcão até vancê chegar.

Ergueu o busto: à luz do fifó o corpo encarquilhado e frágil se alteou, os olhos cintilavam.

- Tu? - Fadul a encarava pasmo, boca aberta.

Uma brincadeira de mau gosto do Senhor Deus dos maronitas que mais uma vez o abandonava à sorte ingrata. Revoltado, fulo de raiva, elevou o pensamento aos céus: nesta hora adversa em que, desesperado, busco o auxílio de um homem macho competente e sério, o adjutório que me ofertais, Senhor, é essa puta velha e descarnada?

Então, uma luz brilhou no juízo de Fadul Abdala e ele entendeu que bravura, sabedoria e decência não são privilégios dos machos, dos ricos e dos fortes; são apanágio de qualquer mortal, mesmo em se tratando de uma puta velha e descarnada.

 Não era Coroca boa de cama e de conselho?

- Tu? - Repetiu com outro acento.

- Eu sim senhor. Maria Jacinta da Imaculada Conceição, que vancês trata de Coroca. Sei ler, assinar o nome e fazer conta e já cuidei de uma quitanda no Rio do Braço.

 Medo, só senti uma vez quando gostei de um homem, foi ele que me ensinou a ler.

Colocou o trapo ao lado do sabão e da bacia. Sorrindo, concluiu:

 - E nunca aprendi a roubar, nem sei por quê.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

A expressão de surpresa de um dos jurados diz tudo...


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Depois de uma "mulher anafada" simplesmente mulheres...


Zorba


Música imortalizada no filme Zorba O Grego de 1964. Anthony Quinn que fazia de grego era mexicano mas ia sendo nomeado para um Óscar pela sua representação considerada, no entanto, demasiado curta. O autor da música, Mikis Theodorakis é um compositor e político mundialmente conhecido e a quem foi atribuído o Prémio Lenin da Paz. Nasceu em 1925. Uma música genial, ao ouvi-la somos todos gregos...


Camada de Nervos - Cantando e Rindo


Medicina Privada



Diz um médico para outro:


- Esse paciente deve ser operado imediatamente!

- Ai sim...? Então o que tem?

- Dinheiro!!! Montes dele!!!

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O paciente está deitado na cama, no mesmo quarto estão o seu médico, advogado, esposa e filhos.

Todos eles esperam pelo último suspiro, quando de repente, o paciente senta-se, olha em volta e grita:

- Assassinos, ladrões, traidores, canalhas!!!.

Volta a deitar-se na cama e então o médico, confuso, diz:

Acho que o paciente apresenta melhoras....

- Por que diz isso, doutor? - pergunta a esposa.

- Porque ele reconheceu-nos a todos...

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O médico para o paciente de um modo muito firme:

- Nos próximos meses, não pode fumar, não pode beber, não pode ter encontros com mulheres, nem comer em restaurantes caros e deve desistir de quaisquer viagens ou férias!...

- Isso até que me recupere, Senhor doutor...?

- Não. Até pagar o que me deve!



Portugal 2014

Pior do que ter um ex-Primeiro-Ministro preso é ter o actual à solta!


Voltara a ser o mesmo Fadu
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)




Episódio Nº 116















Iluminaram-se os olhos do turco, nasceu-lhe o riso na boca, sentiu ao mesmo tempo vontade de chorar, quis contudo confirmar:

- Os três, Capitão?

- Os três, na mesma cova. Até mais ver, compadre.

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Retornaram o riso fácil, a gargalhada estrepitosa, a zombaria, o madrigal, o gosto de narrar e o de discutir, a tesão e o apetite, o desfrute da vida.

 Novamente ouviu-se em Tocaia Grande o vozeirão de Fadul Abdala em deboche e parolagem e quando, por fim, em troca de algumas moedas de vintém, Pedro Cigano assumiu a harmónica, convocou as damas e armou o fovoco, quem mais se exibiu nos ademãs da quadrilha foi o dono do cacete armado.

Voltara a ser o mesmo seu Fadu de antes, o coração liberto da sede de vingança.

Não se libertou, porém, da preocupação. Obrigado a viajar periodicamente para refazer o sortimento, pagar aos credores, assuntar as novidades do comércio e dedicar-se ao que se sabe, deixaria o armazém fechado, na mira dos passantes, gente de toda a laia, à disposição de salteadores e ladrões, de grupos de jagunços.

É bem verdade que a negra sorte dos três clavinoteiros corria mundo: invencionices de monta, detalhes de arrepiar.

Circulavam ao menos cinco versões totalmente diversas mas todas tétricas a respeito da morte dos cabras, e os bisbilhoteiros garantiam ser o capitão Natário da Fonseca sócio do turco nos lucros do armazém, nada mais nada menos.

Quando perguntado, seu Fadu não desmentia: mais do que qualquer arma de fogo aquele sacrossanto zunzum defendia as portas do negócio.

Ainda assim, à proporção que o volume de mercadorias minguava no depósito, tornavam-se evidentes os sinais de intranquilidade no rosto e nas maneiras de Fadul.

Ah, se descobrisse cristão capaz, disposto e digno de fé a quem pudesse confiar o balcão, a caixa e o revólver – partiria bem mais sossegado e satisfeito.

O atendimento aos fregueses manter-se-ia ininterrupto, as vendas não sofreriam paralisação e a presença de um tipo destemido à frente da bodega, dormindo na casa, talvez bastasse para impedir outra tentativa de assalto; a presença do topetudo e a sombra amiga do capitão Natário da Fonseca.

Infelizmente, não enxergava nos ermos de Tocaia Grande cidadão portador de tantas e tão assinaladas qualidades.

As visitas de Sócrates
As Visitas de Sócrates









O Supremo Tribunal validou os indícios e a decisão de prender José Sócrates preventivamente. Mais, os dados enviados pelo juiz Carlos Alexandre para aquele Tribunal no âmbito da apreciação do pedido de “Habeas Corpus” “afastam liminarmente todos os juízos e dúvidas que possam existir sobre esses indícios e os motivos que levaram à aplicação da prisão preventiva.
Enquanto isto, José Sócrates escreve uma carta aos portugueses através do Jornal de Notícias na qual se revolta quanto à sua prisão e de caminho ataca políticos cobardes, juízes, mestres de Direito e jornalistas. Na sua qualidade de “animal político feroz” vai tudo raso.
Entretanto, é visitado por figuras proeminentes do seu Partido e da história política do país como Mário Soares, António Guterres e Almeida Santos, visitas que têm junto da opinião pública o valor de fichas a favor da inocência de Sócrates nuns casos afirmadas abertamente como Mário Soares e Almeida Santos.
Na sua coluna diária do DN o respeitado jornalista Ferreira Fernandes mostra-se crítico porque, se por lado, concorda que José Sócrates se defenda publicamente para contrabalançar as fugas de informação do seu processo que o incriminam, já não acha bem que 0 ex- 1º ministro transforme a cadeia de Évora onde está detido numa Tribuna política. Apenas factos contra factos.
Finalmente, Ricardo Araújo Pereira, diz aquilo que começa a parecer óbvio: “Se José Sócrates for culpado do que o acusam é o maior génio do crime desde o professor Moriarty. Um mestre da dissimulação."
Inevitavelmente, esta questão de Sócrates com a justiça está transformada num caso político mais do que judicial e como se vai arrastar no tempo e as visitas à prisão de Évora de pessoas gradas do Partido irão continuar, o PS, por muito que isso custe e desagrade a António Costa que conseguiu calar o seu nome no Congresso que o elegeu esmagadoramente, vai perturbar e muito esta fase que segue até às eleições legislativas.
Passos Coelho, embora a corrupção seja um fenómeno que respeita a toda a classe política da direita, centro e centro-esquerda que passou pelo poder, que não a todos os políticos, longe disso, de uma forma sorrateira e manhosa vai metendo farpas como se ele e o PSD não fizessem parte daquele mundo.
António Costa vai ter que se confrontar, não com uma oposição a si próprio mas com permanentes ataques à “tralha socrática responsável por ter levado o país em 2011 a uma situação de pré banca rota responsável pela vinda da troyka”, que o atinge indirectamente porque ele foi número 2 de Sócrates o que, com este na prisão a fazer política paralela ainda atrapalha mais.
Vamos, assim, passar o ano de 2015 até às eleições numa campanha confusa e difamatória que nada vai ajudar os eleitores no momento do voto e, como disse ontem Pacheco Pereira, depois delas tudo pode continuar na mesma a exigir entendimentos políticos especiais.

quinta-feira, dezembro 04, 2014

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Mulher Anafada

(imagem de "mulher anafada" apanhada por uma estudante no ecrã do computador de um deputado aquando da sua visita ao Parlamento e denunciado à nação pelo comentador político Marcelo R. de Sousa no último Domingo)



Mixórdia de Temáticas


MIRIAM MAKEBA - PATA PATA (1967)

Nasceu em 1932 e faleceu em 2008 e para além de uma cantora Sul-Africana foi uma grande activista pelos Direitos Humanos contra o apartheid na sua terra natal. A sua acção política de denúncia das condições de vida no seu país foi de tal maneira contundente e teve como testemunha veemente contra o apartheid nas Nações Unidas que as suas canções foram banidas na África do Sul e a nacionalidade retirada tornando-se apátrida. Esta canção, Pata-Pata tornou-se sucesso mundial ganhando o Prémio Grammy na categoria Folk


                

Uma Distinção que

primou pela ausência.








Na mesma semana, o cantor teve duas alegrias: recebeu um prémio internacional pela sua carreira e não recebeu os parabéns do Presidente da República. Isto, para mim, é a definição de prestígio

Ricardo Araújo Pereira



A comoção que provocou o facto de Cavaco Silva não ter endereçado votos de parabéns a Carlos do Carmo é injustificada. Que se lixe Carlos do Carmo, esse sortudo. Na mesma semana, o cantor teve duas alegrias: recebeu um prémio internacional pela sua carreira e não recebeu os parabéns do Presidente da República.

Isto, para mim, é a definição de prestígio. Desconfiamos que alguma coisa está mal na nossa vida quando Cavaco Silva nos distingue. Recordo que Cavaco distinguiu Dias Loureiro com a sua amizade e Oliveira e Costa com o lugar de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. A recusa de fazer chegar um parabém a Carlos do Carmo acrescenta honra à semana já honrosa do fadista. 
Foi dos mais belos ultrajes que já vi, uma das mais dignificantes desconsiderações que o Presidente já concedeu.

Há um poema de Bertolt Brecht (que também nunca foi felicitado por Cavaco Silva) em que um escritor descobre, horrorizado, que as suas obras não constam da lista de livros que os nazis pretendem queimar em público, e escreve uma carta indignada ao governo a exigir que o queimem também. 
Suponho que haja, neste momento, várias pessoas condecoradas ou parabenteadas por Cavaco a passar por uma indignação semelhante. Porque é que Carlos do Carmo e José Saramago merecem o menosprezo do Presidente e elas não? Que mal fizeram elas ao País para terem caído nas boas graças de Cavaco?

O que nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o mérito de Carlos do Carmo. Sim, é um excelente cantor e um nome cimeiro do fado. Mas fez assim tanto para ser abominado por Cavaco? Cristiano Ronaldo e o ciclista Rui Costa também parecem ser pessoas decentes, e no entanto foram felicitados pelo Presidente, quando ganharam, respectivamente, uma Bola de Ouro e uma Volta à Suíça. Há filhos e enteados, nisto dos desdéns que enobrecem?

Talvez Cavaco não tenha agraciado Carlos do Carmo com o seu desprezo propositadamente. Há outros factores que podem ter levado o Presidente a distinguir o fadista com esta ausência de congratulações.

Uma chamada local custa 0,0861€ no primeiro minuto e 0,0391€ por minuto nos minutos seguintes, já com o IVA incluído. A factura de um telefonema de felicitações a Carlos do Carmo poderia ascender a cerca de um euro, porque todos sabemos como são estes fadistas quando a gente os saúda pelo telefone: nunca mais se calam.

É isto, e aquilo, e os tempos da Severa, e quando damos por ela estamos ao telefone há mais de cinco minutos. Um telegrama tem a vantagem de não fazer falar o fadista, mas custa à volta de três euros. Ora, Cavaco já disse que o dinheiro não lhe chega para as despesas, - em conversa com jornalista no Porto em 2012 - e no fim do ano passado já felicitou o tenista João Sousa pela vitória no torneio de Kuala Lumpur:

-  "Não posso deixar de dirigir uma felicitação muito, muito sincera e com um grande sublinhado porque projecta o nome de Portugal para o 'top' daqueles que se destacam na prática do ténis". 

Deve ter sido uma felicitação dispendiosa, porque era muito, muito sincera e incluía um grande sublinhado. Até 2015, não deve ter orçamento para mais parabéns.

Humor subtil e pedagógico...
Uma história de Hodja
















Roubaram o burro ao Hodja. Os seus vizinhos vão ajudá-lo. Um deles pergunta:

- Hodja, porque não substituis esta porta frágil por uma mais sólida?

Outro vizinho diz:

- Olha, tu esqueceste-te de fechar a porta.

Diz outro:

- O ladrão entrou em tua casa, roubou-te o burro e tu dormiste a noite toda?

- Hodja, como é que conseguiste dormir a noite toda sem acordar?

Em suma, toda a gente critica o Hodja e ele já não suporta mais.

- Então, meus vizinhos, diz ele. Sejam justos. Devo ser criticado por tudo?


E o ladrão não fez nada de errado?

Cavaco não o condecorou
Cavaco deu uma medalha

a Carlos do Carmo...















As melhores condecorações dadas pelo Cavaco são as suas recusas em felicitar ou em condecorar, é como se os visados recebessem um atestado de integridade e uma prova de que nunca estiveram envolvidos, não beneficiaram nem participaram nessa desgraça nacional que é o chamado cavaquismo. Carlos do Carmo está de parabéns pode dizer orgulhosamente "o Cavaco não me felicitou nem condecorou!".

“ANJOS” E “ARCANJOS” 













Uma Crença Muito Antiga

- A palavra “angel” vem do grego e significa mensageiro. Em muitas religiões antigas existem estes seres que estabelecem a ligação com um Deus distante dos humanos através de mensagens. Nos livros da Bíblia abundam os anjos. No mundo da Bíblia abundam os reis com as suas cortes cheias de cortesãos e servidores indispensáveis para o governo do rei funcionar.

Nesse mundo, Deus foi concebido pelos humanos como um rei e os anjos como seus cortesãos. Os israelitas foram um povo monoteísta mas viveram sempre rodeados de povos de tradição religiosa politeísta, com crenças que encerram uma forte influência sobre o judaísmo e que se expressam na Bíblia de muitas maneiras.


Os anjos da “corte celestial” do Deus-Rei converteram-se numa espécie de seres semi-divinos aos quais se podia recorrer permanentemente para “se chegar” a um Deus inacessível.



Nas religiões com anjos eles são sempre os intermediários entre deuses e humanos. Entre os persas, um anjo revelou “a verdade” a Zoroastro. Entre os judeus, um anjo deteve Abraão para que entendesse que Deus não queria que ele matasse o próprio filho, Isaac. No cristianismo, o anjo Gabriel anunciou a Maria que teria um filho maravilhoso. No islamismo, esse mesmo anjo Gabriel chama Maomé para lhe ditar o Corão, revelação de Deus.



Anjos: Varões com Asas


Como os israelitas estiveram cativos na Babilónia seiscentos anos antes de Jesus, provavelmente por influência Mesopotâmica começaram a representar os anjos com asas, tal como os babilónicos representavam os seres divinos. Com asas os deuses podiam mover-se com facilidade entre o “céu de cima” onde reina Deus e a terra habitada pelos humanos. Tal como Deus, os anjos são sempre varões: a corte de um Deus masculino formou-se, naturalmente, com servidores masculinos.



Uma Crença Oficial

Esta antiga crença mítica é hoje mantida pela doutrina oficial da igreja católica. O catecismo católico fala sobre os anjos em números que variam entre os 328 e 336, nestes termos:


- “A existência de seres espirituais, não corporais a que a sagrada escritura habitualmente chama anjos é uma verdade de fé. O testemunho das Escrituras é tão claro como a unanimidade da Tradição… Não obstante, sendo criaturas pessoais e imortais, superam em perfeição a todas as criaturas visíveis… Toda a vida de igreja beneficia com a ajuda misteriosa e poderosa dos anjos…”

Três cabras ruins, compadre Fadul
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 115














9

Pouco mais de uma semana havia transcorrido desde a volta de Fadul Abdala, já andava ele farto de ouvir pilhérias e lamúrias, reintegrado à faina habitual; um dia, ao fim da manhã, o capitão Natário da Fonseca desmontou da mula e a prendeu à estaca, no oitão do armazém.

Fadul veio apressado dos fundos da casa para saudar e servir o amigo, preparando-se para conversa animada e longa sobre os lances do episódio.

Ao contrário do esperado, o Capitão não trouxe à baila aquele infausto assunto. Saboreou a medida de cachaça em pequenos tragos, falou disso e daquilo.

 Deu notícias do coronel Boaventura, sempre forte, com saúde graças a Deus, mas um tanto triste porque o doutor Venturinha se mandara para o Rio de Janeiro, depois das festas de formatura, e parecia não ter pressa de voltar; comentou sobre as roças que ele, Natário, começara a plantar na Boa Vista, ia ver como prosperavam.

Surpreso e desapontado diante de tamanha indiferença, Fadul se conteve a duras penas para não deixar transparecer a decepção, o desgosto que lhe causava tal atitude do Capitão de cuja amizade se gabava.

Natário sempre demonstrara estima pelo turco. Fadul ainda mascateava quando ele, certa feita, ofertara-lhe um revólver e passara a tratá-lo de compadre.

 As relações cresceram e se estreitaram depois que o comerciante se estabelecera em Tocaia Grande.

No entanto, o Capitão não fez qualquer referência ao fato recente e palpitante, não se colocou sequer às ordens, conforme manda a boa educação, não tugiu nem mugiu.

Tendo preparado o cigarro de fumo picado, Natário aceitou o fogo oferecido por Fadul, recusou nova dose de cana, dispôs-se a seguir viagem.

 Desencostando-se do balcão endireitou o corpo, meteu a mão no bolso do paletó de brim cáqui, puxou de dentro o canivete que o turco esquecera em cima da cama ao sair para  Taquaras:

— Isso não é pertence seu, compadre Fadul?

Colocou o objecto na tábua do balcão, Fadul Abdala sentiu um baque no peito:

 - É meu, sim, Capitão. Se mal lhe pergunto, como chegou às suas mãos?

 - E como houvera de ser, compadre?

Andou para o oitão da casa, voltou com a mula, meteu o pé
no estribo, leu a interrogação ansiosa nos olhos de Fadul, montou e respondeu:

- Andei sabendo do caso, dei logo com eles. Três cabras ruins, compadre Fadul.

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