sábado, novembro 29, 2008

Ray Conniff - Beyond The Sea (el mar)

Ray Conniff -- You Are The Sunshine My Life

Ray Conniff -- Lara' s Theme (1975)

Ray Conniff

sexta-feira, novembro 28, 2008

O Fim último da Vida não é a Excelência mas sim a Felicidade




“Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo à volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e apesar da benesse, não levam vidas descansadas.

Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três anos, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais uns atrás dos outros em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho ou a esposa de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que até 2020 um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos mais queremos. Quanto mais queremos mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência mas sim a Felicidade.”


Este texto é da autoria de João Pereira Coutinho, um jovem, nascido em 1976, formado em História na variante História de Arte com Pós Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica de Lisboa onde ensina como Professor Convidado.

Jornalista e colunista do Independente entre 1998 e 2003 e presentemente do Expresso. Obviamente, é um jovem culto, inteligente, bom escritor e bem falante.

De acordo com os rótulos em vigor é um homem de direita e como colunista contracenava no Expresso, com Daniel Oliveira, do Bloco de Esquerda seu adversário e opositor político.

Este texto está na linha exacta daquilo que politicamente é João P. Coutinho e eu, que não simpatizo com rótulos, prefiro não concordar ou discordar à priori e em bloco, já que a realidade social é muito complexa e na sua análise exige muita serenidade, ponderação e distanciamento.

O que, no fundo, João P. Coutinho afirma é que as pessoas são hoje preparadas para competir ferozmente por falsos objectivos que mesmo quando são atingidos, e eles nunca o serão totalmente, nos impedem de viver e retirar da vida aquilo que ela tem verdadeiramente de bom e, por isso, vão fatalmente ser infelizes e sobreviver à custa de anti depressivos.

Realmente, não é fácil fazer a apologia de um tipo de vida que permanentemente nos coloca numa “arena” na qual, como antigos gladiadores, “terçamos armas” contra colegas de aula, de profissão, amigos, conhecidos e desconhecidos, sempre debaixo de “aplausos” ou mudas censuras da família e da sociedade, sem que alguém se preocupe em saber, simplesmente, se somos felizes.

Há uns bons anos atrás, um colega meu que triunfou na política e chegou mesmo a membro do governo, nos anos oitenta, confessava-me, orgulhoso, que o filho estava envolvido em três Cursos em simultâneo. Como ele me dizia: “era o três em um…”

Ele tinha conseguido incutir no filho o espírito de um lutador e apoiou-o e incentivou-o na persecução de metas que se transformaram em objectivos para os quais só a excelência podia satisfazer.

É justa esta preocupação dos pais em dotarem os filhos com todas as armas para uma competição vitoriosa?

Para João P. Coutinho não só é injusta como também criminosa embora, ele próprio, nem sequer se atreva a ter filhos talvez, porque em sociedade, o melhor é seguir a “ordem estabelecida”… mesmo quando não se concorda ela.

Mas, João P. Coutinho parece fazer a apologia da sociedade que existia há cem ou duzentos anos atrás quando a vida de cada um se definia pelo nascimento, pelo extracto social e pela fortuna dos progenitores ou seja, uma sociedade de exclusão, injusta e desigual.

O egoísmo e a desigualdade decorrem da própria natureza humana enquanto ela não se corrigir a si propria, se é que alguma vez isso irá acontecer.

Introduzi-la na sociedade logo à partida, como um vírus, não me parece que seja princípio que ainda se continue a defender.


Neste ponto fulcral eu e João Pereira Coutinho vamos cada um para seu lado.

Quanto à sociedade de “pessoas de excelência” mas infelizes e neuróticas, creio que os jovens darão a resposta a esse problema porque a felicidade, como objectivo, será sempre uma preocupação individual e os caminhos para ela, dos mais difíceis que
existem, estão sempre a
tempo de ser corrigidos.

Pretty Homan Julia Roberts & Richard Gere

Mariah Carey -- Without You

quinta-feira, novembro 27, 2008


Agora Eu Sei





Quando eu era garoto de três palmos de altura
eu falava muito alto para parecer um homem…

Eu dizia: eu sei, eu sei, eu sei, eu sei.

Era o começo da Primavera mas quando eu fiz
Dezoito anos
Eu disse: eu sei, aí está, desta vez, eu sei.

E hoje, nos dias em que volto observo a terra onde andei de um lado para o outro e ainda não sei como ela gira.

Aos vinte e cinco anos, eu sabia tudo: o amor, as rosas, a vida, os tostões.

Ah, sim, o amor! Eu tinha dado a volta toda
E infelizmente, como os colegas, eu não tinha comido todo o meu pão.

No meio da minha vida eu ainda aprendi.

O que eu aprendi cabe em três ou quatro palavras:

- No dia em que alguém te ama, faz um tempo muito bonito;

- Não posso dizer melhor: Faz um tempo muito bonito!

É o que ainda me admira na vida, eu que estou no Outono da minha vida:

- A gente esquece tanta noite de tristeza mas jamais uma manhã de ternura.

Em toda a minha juventude eu quis dizer “eu sei”.

Só que, quanto mais eu procurava, menos eu sabia.

Sessenta batidas que soavam no relógio. Ainda estou à minha janela. Olho e me pergunto:

- Agora eu sei. Eu sei que nunca se sabe!

A vida, o amor, o dinheiro, os amigos e as rosas.

Nunca se sabe o ruído nem a cor das coisas.

É tudo o que eu sei!

…Mas isso, eu sei.

Jean Gabin




Jean Gabin -- Mantenant Je Sais

Perfume de Mulher


Thomas Jefferson

Foi há 206 anos, curioso?
Em 1802 sem computadores, estatísticas e análises de mercado...

'I believe that banking institutions are more dangerous to our liberties than standing armies. If the American people ever allow private banks to control the issue of their currency, first by inflation, then by deflation, the banks and corporations that will grow up around the banks will deprive the people of all property until their children wake-up homeless on the continent their fathers conquered.'
Thomas Jefferson 1802

«Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo Americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conquistaram.»
Thomas Jefferson, 1802

quarta-feira, novembro 26, 2008

Tritsch Tratsch Polka

Johann Strauss -- Marcha Radetzky

Danubio Azul -- Johann Strauss












Will Glahe - Orchestra Liechtensteiner -- Polka







Relógios de Cuco




A tradição artesanal dos relógios de Cuco esculpidos em madeira da Alta-Baviera, da Foresta Negra, remonta a mais de 2 séculos.

Um modesto artesão de uma pequena aldeia, Schonvald, perto de Triborg, na Baviera, Franz Anton Kettener, foi o primeiro que no Inverno de 1796 esculpiu um relógio de Cuco para oferecer ao Burgomestre o conde Hanspeter Waldoffer.

Este relógio conheceu de imediato um enorme e rápido sucesso e o modesto artesão foi inundado de encomendas. A indústria de relógios de Cuco em madeira esculpida tinha acabado de nascer.

Doze anos após a construção do primeiro relógio ou seja, em 1808, a pequena aldeia de Schonval e outras, suas vizinhas, compartilhavam uma importante confraria de 680 escultores de relógios de Cuco.

Nos nossos dias, um relógio autêntico, esculpido por um artesão da floresta Negra pode-se comprar por cerca de 800 dólares mas alguns atingem, facilmente, importâncias muito mais elevadas
.


O Cuco



Na noite passada, fui convidado para uma reunião com a “malta” e disse à minha mulher que estaria de volta pela meia-noite -“Prometo!”.

Mas as horas passaram rápido, o sangue já escasseava no meio do álcool e a cabeça começava a andar às voltas.

Por volta das três da manhã, bêbado que nem um cacho, fui para casa. Mal entrei e fechei a porta, o Cuco no hall disparou e “cantou” 3 vezes.

Rapidamente, percebendo que a minha mulher podia acordar eu fiz cu-cu mais 9 vezes. Fiquei, realmente, orgulhoso de mim mesmo por ter tido uma ideia tão brilhante e rápida para evitar um possível conflito com ela, mesmo estando com uma bebedeira de caixão à cova.

Na manhã seguinte, a minha mulher perguntou a que horas eu tinha chegado na noite anterior e eu disse-lhe que por volta da meia-noite. Ela não pareceu nem um bocadinho desconfiada. Ufa! daquela tinha eu escapado!

Então, ela disse: Nós precisamos de um novo Cuco, amor… e quando perguntei por quê ela respondeu: Esta noite o relógio fez cu-cu 3 vezes e depois disse, “foda-se”. Fez cu-cu mais 4 vezes, pigarreou, cantou mais 3 vezes, riu, cantou mais 2 vezes. Depois, tropeçou na merda do gato e peidou-se.

terça-feira, novembro 25, 2008

Jaques Brel -- Ne me Quite Pas

Salvatore Adamo - Une Meche de Cheveux

Paris -Mireille Mathieu - La Dernier Valse

Tina Turner -- Simply The Best

Pensamentos






Uma Simples Visita


“ Todos estamos de visita neste momento e lugar.
Só estamos de passagem. Viemos observar, aprender, crescer, amar…e voltar para casa”


(Da cultura aborígene australiana)



“Programa para hoje: Expirar, Inspirar, Expirar”



(Buda)




A Geração Seguinte


“O autêntico conservador é alguém que sabe que o mundo não é uma herança dos seus pais, mas um empréstimo dos seus filhos”

(J.J. Audubon, 1785-1851)


O Valor do Tempo


“Nem com milhões de moedas de ouro se pode recuperar um só instante da vida. Que maior perda, então, do que a do tempo desperdiçado?”



(Chanakia Pandita 275 A.C. Índia)




Simplesmente Belo


“A beleza, quando está adornada é quando não o está”


(São Jerónimo 347/420 D.C.)



Rios de Amor


“A princípio são pequenos mas no seu percurso fazem-se mais fortes e profundos, e uma vez que tenham começado, já não têm volta.Assim sucede com os rios, os anos e as amizades.”



(Antigo versículo do Sânscrito)


Vida Sã


“O segredo da saúde, mental e corporal, está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas mas viver sábia e seriamente o presente.”


(Buda)



Conforme se Olha


“A beleza não é um atributo das coisas em si. Só existe na mente de quem as contempla”


(David Hume, filósofo e historiador escocês, 1711/1776)


Desenvolvimento Sustentável



“No que mais se diferenciam os pássaros dos humanos é na sua capacidade de construir, mas deixando a paisagem como estava”


(Robert Lind, Prof.)


As Ilusões


“Não te separes das ilusões. Quando elas se forem talvez continues a existir mas é certo que já não viverás


(MarK Twain, pseudónimo de Samuel L. Clemens, escritor americano)


Enfermidade



“Uma das grandes enfermidades é não seres ninguém para ninguém”


(Teresa de Calcutá)

O Amor


“Não ames pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ames por admiração pois um dia decepcionas-te …ama apenas pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação.”

(Teresa de Calcutá)

Entrou um cisco no meu olho


segunda-feira, novembro 24, 2008

Aquarela Brasileira (original) Toquinho

Aquarela Brasileira -- Silas de Oliveira

Praia de Ipanema


Baia do Rio Janeiro


Cristo Entre Nuvens


Alternativa para quem tem medo de andar de avião...


Arrependimento…

É com muito arrependimento e mágoa no coração que venho até vós, meus irmãos, dizer que se eu soubesse que um dia a América iria ser governada por um de nós eu jamais mudaria de cor.

Michael Jackson



Regret…

It is with great regret and sorrow in the heart that i come to you, my black brothers, to say that if I knew that, one day, America would be led by one of us, I would have never changed my color.

Michel Jackson

Baía do Rio de Janeiro


domingo, novembro 23, 2008

Demis Roussos - Zorba

Celine Diou -- Titanic

Elvis Presley -- You 'll Never Walk Alone

Engelbert -- Realize Me










António Boto





Poeta nascido na Concavada, terra da naturalidade do meu pai e dos meus avós, aldeia onde fui muito feliz na minha juventude e onde se encontram quase todas as minhas recordações da infância e à qual volto esporadicamente.

É claro que já não me cruzo com as mulheres vindas da fonte com a bilha à cabeça, nem com o t’i Margalho ou com o t’i Zé Menaia, que tinha sido maqueiro na 1ª G. G. Mundial, ou com a Sr.ª Maria, que tinha mãos especiais para fazer o queijo de ovelha e tantos outros que hoje, nas poucas vezes que lá vou, estou sempre à espera que me apareçam na volta de cada rua.
Não há volta a dar-lhe, a nossa terra é aquela onde passámos a nossa infância, onde fizemos as nossas descobertas, onde vivemos pela primeira vez os momentos importantes que hoje guardamos quase religiosamente e onde estavam todos aqueles que não mais conseguimos apagar da nossa memória.


Lembro-me bem da casa que era da família do António Boto e de uma senhora grande e forte que lá vivia e julgo, seria uma sua tia.

Custa-me dizer, mas a Concavada é hoje, para mim, uma terra de fantasmas, meio desabitada e com pouco movimento que em grande parte lhe foi roubado pela auto-estrada da Beira que passa, paralela, a norte, do outro lado rio Tejo.

Recordo, com saudade, o meu falecido irmão que na qualidade de Presidente da Junta de Freguesia da Concavada, no pós 25 de Abril, colocou no largo central da aldeia o busto do poeta.

António Boto nasceu em 1897 e faleceu em Março 1959, no Rio de Janeiro, na sequência de um atropelamento por um automóvel do governo, em extrema miséria e muito doente em resultado de uma sífilis que nunca quis tratar.

Ironicamente, ele que em toda a sua vida foi um homossexual assumido, morreu abraçado pela sua inconsolável mulher, de seu nome Carminda da Silva Rodrigues, que o chorava perdidamente.

Em 1942 foi demitido do seu emprego na Função Pública (escriturário de primeira classe no Arquivo Geral de Identificação) por “…não manter na Repartição a devida compostura, dirigindo galanteios e frases de sentido equívoco a um seu colega, denunciando tendências condenadas pela moral social.”

Ao ler o anúncio publicado no Diário do Governo, Boto ficou muito desmoralizado e comentou com ironia: “sou o único homossexual reconhecido no País…”

Era uma pessoa dotada de uma forte personalidade, de um grande narcisismo mas amigo do seu amigo que, no entanto, reagia muito mal a alguém que não simpatizasse com ele.

Tinha um sentido de humor sardónico, incisivo, uma mente e uma língua irreverente e perversa e era um conversador brilhante e inteligente.

Amigo pessoal e grande admirador de Fernando Pessoa, traduziu para o inglês, em 1930, as suas Canções.

Transcrevemos três Poemas onde fica bem expressa a sua qualidade poética:




À Memória de Fernando Pessoa

Se eu pudesse fazer com que viesses todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão –
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre, grande e genial artista
O que tem sido a vida – esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses;
Voltávamos à mesma: tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de esperança
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo…
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
Autênticos patifes bem falantes…
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, no mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver
Sem estímulo, sem fé, sem convicção…
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar
Num cântico de sonho, e junto dele
Do camarada raro que lembrarmos,
Fiquemos uns momentos a cantar






Andava a Lua nos Céus


Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas

Na minha alcova
ardiam velas
Em candelabros de bronze.

Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho

Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Placidamente, fumava,
Vendo a lua branca
E nua que pelos céus caminhava

Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou

Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu ombro
Falou-me de um pajem louro
Que morrera de saudade
À beira mar, a cantar…

Olhei o céu!

Agora, a lua, fugia
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.

Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento…
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento

Vinha longe a madrugada.

Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente,
Bebia vinho..., até cair.





Romântica



Rasgaram as névoas
Que há pouco embrulhavam
As margens lendárias do Rio Mondego;
As águas acordam
E ficam pasmadas
Reflectindo o azul da manhã radiante…

Sinto-me tão perto de tudo que é triste
Que os meus olhos sofrem
Com esta alegria - talvez provocante.

Coimbra, serena, mostra o seu contorno
Airosa e gentil – como fascinada, na luz
Que é mais viva, difusa, doirada…

Tudo nela canta no alto silêncio
Das coisas divinas que falam do amor;
Aqui, uma folha que tombou na aragem
Mais além, uma flor…

Altiva –
Guarda na história dos tempos
A lembrança diluída
Dos seus romances guerreiros
Mesclados de sonho.
E a paisagem nua
Mais lúcida e bela,
Recortada e linda
Nesta claridade… - o dia floresce,
Aumenta - e as águas,
Translúcidas, verdes
- São verdes agora!

Ganham movimento,
Têm vibração,
Murmuram,
E passam
- Como aquela voz que encheu de saudade
O meu coração.

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