sábado, maio 21, 2011

NEY MATOGROSSO - POR DEBAIXO DOS PANOS (1982)

Um dos intérpretes brasileiros mais produtivos, nascido em 1941 cedo revelou os seus dotes de artista a cantar, pintar e interpretar. Mais tarde foi coreógrafo, bailarino, iluminador, o Director Geral dos seus espectáculos: "Eu Sou o Espectáculo". A coreografia é erotizante e expõe a sua masculinidade em contraponto aos tempos de chumbo.


VÍDEO


Este comercial foi elaborado sem a utilização de recursos de computador ou truques digitais. Sucede em tempo real e requereu 606 tentativas, todas as anteriores por qualquer motivo de pormenor falharam. Este anúncio tem 2 minutos e está-se tornando no mais distribuido pela Internet.



TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA


Episódio Nº 106





- Não é servido de almoçar com a gente, não quer comer comida de pobre? – Teodora se requebra na porta, se oferece inteira.

Em outra ocasião aceitará honrado e guloso, hoje os pais o esperam e já está atrasado; fica o trivial para outro dia, Teodora, mais tarde, noutras férias, quem sabe? Hoje vou provar manjar divino, maná do céu; adeus, direi ao capitão que te reconheci donzela e, por medo das consequências, respeitei o teu cabaço, mas o cabaço somente e mais nada, o resto comendo um regabofe de coxas, de seios de bunda.

Vazias as janelas do chalé, deserta a rua, da esquina regressa Daniel para o armazém. Tereza ao vê-lo entrar, ficou imóvel, sem voz, incapaz de palavras e gestos; nunca se sentira assim, o coração desregulado – não é medo nem repulsa, o que pode ser? Tereza não sabe.

Não trocaram uma única palavra. Ele a prendeu nos braços, encostando a face cálida na fria face de Tereza; o hálito do moço era perfume, perfume de tontear. No cabelo, na pele, nas mãos, na boca semi-aberta. O capitão fede a suor ardido, bafo de cachaça – homem macho não usa cheiro.

Sem dela se afastar, Daniel levou as duas mãos ao rosto de Tereza, emoldurando-o nos dedos, e a fitá-la nos olhos veio com a boca semi-aberta e tomou de sua boca. Por que Tereza não desvia a cabeça se tem horror a beijos, nojo da boca do capitão sobre a sua, a sugar, a morder? Maior que o nojo era o medo; então por que consente, não vira a cara, não o manda embora?

A boca de Dan, os lábios, a língua, longa, suave carícia, a boca de Tereza foi-se entregando. De repente, dentro de seu peito alguma coisa explodiu e os olhos, presos aos olhos celestes do anjo, humedeceram-se – pode-se chorar por outros motivos que não sejam dor de pancada, ódio impotente, medo incontido? Além dessas, existem outras coisas na vida? Não saberia dizer, só tinha comido da banda podre; peste, fome e guerra, a vida de Tereza Batista.

Distantes ruídos de pratos e talheres de flandres, Tereza estremece. Soltam-se do abraço e do beijo. Dan ainda pousa os lábios nos olhos molhados – evola-se na rua varrida de chuva.

Nos aguaceiros do Inverno germinam sementes, os brotos irrompem e na terra agreste, seca e bravia, explodem frutos e flores.

Quando o caixeiro Pompeu entrou no armazém, logo seguido por Papa-Moscas, Tereza continuava no mesmo lugar, parada, esquecida, fora do mundo, tão diferente e esquisita que, naquela noite de chuva, um e outro, no leito de ferro, no catre de tábuas, traindo a predilecta Teodora, no segredo mais fundo, possuíram Tereza na palma da mão. (clik na imagem )

INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 104 SOB O TEMA:


“QUE RELIGIÂO FUNDOU JESUS?” (4)



A Religião é Consolação


A religião é o ópio do povo é talvez uma das afirmações mais conhecidas de melhores de Karl Marx. Para entender melhor essa opinião, devemos lembrar que, quando Marx usou essa metáfora, o ópio era o mais potente e comum analgésico conhecido e utilizado. O sentido da metáfora, portanto, não era que a religião fosse uma forma de alienação ou de uma droga alucinogénica para ajudar as pessoas a escapar da realidade, como entendemos hoje os efeitos das drogas. Pelo contrário, Marx entendia a religião como um consolo para as pessoas face ao sofrimento que parecia ser inevitável e inelutável.


O filósofo espanhol Fernando Savater afirma:


- “Parece-me que a religião é um tipo especial de género literário, como a filosofia, e combatê-la como uma praga má sem atender aos anseios que expressa, é um empobrecimento, não só para a imaginação, como também para a razão. Receio que tão crédulos sejam aqueles que usam a Bíblia para refutar Darwin, como são crédulos aqueles que dão como certo que uma dose suficiente de neurociência dissipará todas as brumas teológicas. Para além disso, já vivi o suficiente para não querer privar alguém do que quer que seja que lhes sirva de consolo face à dor e à velhice mesmo que eu não compartilhe dele.”

A Religião é Como a Lua


Willigis Jäger, um monge e mestre do budismo Zen, oferece a seguinte metáfora:
A religião pode ser comparada com a lua que ilumina a terra durante a noite recebendo de dia a luz do sol. Quando a Lua está posicionada entre o Sol e a Terra ocorre um eclipse solar. Algo semelhante acontece com a religião. O sol é o divino que ilumina as religiões para que elas lancem luz sobre as pessoas em seu caminho. Mas se a religião atribui demasiada importância a si própria, colocando-se entre Deus e o povo, então ela irá bloquear Deus: um eclipse de Deus irá ocorrer. Encontramos essa tendência em todas as religiões.

sexta-feira, maio 20, 2011

ATENÇÃO

De regresso de férias, vamos retomar a nossa história da Tereza Batista, bem como as Entrevistas Ficcionadas com Jesus Cristo e respectivas Informações Adicionais. Agradeço as visitas que fizeram na minha ausência ao Memórias Futuras e peço desculpa por esta interrupção.

Estive novamente em passeio pela Turquia a convite, na qualidade de sócio do Círculo dos Leitores. Estes convites têm lugar fora da época alta das férias quando o sector hoteleiro está mais desocupado e são possíveis pela política do governo turco que isenta de impostos esses hotéis (de 4 e 5 estrelas) para os compensar dos jantares, pequenos almoços e dormidas fornecidas gratuitamente aos convidados do Círculo dos Leitores. No último hotel onde passamos 4 noites esteve o Dr. Mário Soares em 1985 na qualidade de Presidente da República.

Durante sete dias, incluindo o da chegada e o da partida, somos levados em autocarros a visitar, acompanhados de Guias muito competentes a falar português, locais de imenso valor histórico, cultural e de belezas naturais, ou não fosse este região da Anatólia, no sul da Turquia, o berço da religião cristã com as primeiras comunidades cristãs que ali viveram na clandestinidade. Por ali passaram São Paulo, São Nicolau, São João, o único apóstolo a morrer de morte natural e a mãe de Jesus que foi levada para aquelas terras depois da morte do filho por motivos de segurança.

Para o governo Turco interessa-lhe fomentar a venda dos seus produtos tradicionais: tapetes, jóias e peles e por isso, integrado nos passeios estão visitas a três fábricas onde se produzem e vendem aqueles produtos, os de melhor qualidade em todo o mundo:

- Todos conhecemos, pelo menos de ouvir falar, os tapetes persas (agora Irão) e turcos, quer sejam de seda, algodão ou lã. Não nos esqueçamos que até à relativamente pouco tempo, o tapete era a única peça de “mobiliário” usada nas casas quer para se sentarem ou para comerem.

- Os melhores joalheiros do mundo com os judeus em primeiro lugar, são arménios e turcos. Oitenta toneladas de ouro (algumas já foram nossas, do Banco de Portugal) são transformadas todos os anos em jóias naquele país.

- Finalmente, um dos melhores vestuários em peles, vendidos nas mais chiques butiques da europa, são produzidas na Turquia.

Até à data, as compras feitas pelos portugueses destes produtos durante as visitas devem ter sido compensadoras pois os convites têm-se mantido… ao contrário do que aconteceu com os espanhóis.

O estilo de venda é aquele de que nós mais gostamos: discutir, negociar, discutir, negociar até se chegar, ou não, a um entendimento entre as partes. O preço de partida é apenas para o começo da conversa… o desfecho é sempre um bom negócio para eles e poderá ser igualmente para quem compra pois tem a garantia da qualidade do que trás e isto num tempo em que tudo se imita de forma irrepreensível não deixa de ser muito importante.

Mas ninguém é obrigado ou pressionado a comprar e, quando assim é, o convidado do Círculo dos Leitores fez todo este passeio pagando 399 euros pela viagem em voo charter (4 horas e meia de avião para lá e outras tantas para cá) e mais 129 euros para pagar os almoços que não estão incluídos no pacote, o guia e todas as entradas nos locais turísticos que são visitados.

Se não se comprar nada são apenas pouco mais de 500 euros por um “banho de cultura” tomado nos locais.

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio nº 105



Nervos à flor da pele, Magda ofendeu-se; caiu no pranto:

- Não ando atrás dele, é ele que anda atrás de mim, e não sou velha, estou na casa dos vinte, como vocês – as palavras entrecortadas soluços.

Amália, arrependida – ai mana me desculpe; ando nos azeites! - abraçou-se com a irmã, choraram juntas.

- Porque ele deve definir-se se, se assim está tão bom? – insurgiu-se Berta, a menos bonita, contente com pouco, pouco é melhor que nenhum, feliz com aquela gostusura; o moço acima, abaixo no passeio e um frio na bexiga só de vê-lo – Comecem com coisas e ele nunca mais volta.

Ah! Isso seria o fim de toda a esperança – o tédio, a amargura, os choros sem motivo, os calundus, os chiliques, as pequenas ruindades, as hipocrisias, as implicâncias, o azedume, a vida renegada das solteironas. Sim, Berta tem razão, não nos cabe forçá-lo, marcando prazos, exigindo decisões. Magda faz promessa a Santo António, casamenteiro, Amália procura Áurea Vidente, para assuntos de amor não tem rival, paga-lhe adiantado um bozó infalível, Berta prefere a negra Lucaia, num canto de rua compra-lhe ervas e pós para banho, igualmente infalíveis.

Teodora apenas sorri silenciosa, tinha experiência e certeza. Desta vez queridas e odiadas irmãs, não será como da anterior, Teó não o deixará escapar, arribará junto com ele, mesmo se tiver de dispor de todo o seu pecúlio, mesmo se tiver de vender as Obrigações do Tesouro e as casas de aluguel. Não dizem que ele recebe dinheiro de mulheres casadas e até de mulheres-da-vida?

Dona Ponciana afirma com segurança e provas – uma rapariga ciumenta dera escândalo na rua, na capital, revelando quantias e datas precisas. Pois muito bem: Teó está disposta a gastar, tem dinheiro guardado e renda mensal; se for preciso roubar as economias das irmãs com prazer o fará, Dan.

Em perguntas, conversas e rondas, Daniel descobrira a hora ideal. Durante o almoço de Chico Meia-Sola e dos caixeiros, ao meio-dia, sozinha no armazém, Tereza atende ao balcão; pode por milagre aparecer freguês. Cláusula indispensável à segurança do plano: a ausência do capitão fora da cidade, a negócios, ou ocupado na roça. Atento, Daniel aguardou.

Poucos dias de espera e impaciência e Daniel alegremente recusou convite do capitão para breve viagem, saindo pela manhã, voltando á tarde, a fim de assistir a uma rinha de galos em localidade próxima, em terras de Sergipe; dez léguas de estrada ruim devido às chuvas, mas Terto Cachorro, bom volante, tirava em duas horas e os ferozes lutadores mereciam o sacrifício. Boa ocasião para o amigo ganhar um dinheirinho apostando nos galos do capitão.

Que pena Daniel não poder aceitar; exactamente naquele dia tinha encontro acertado com antecedência em lugar secretíssimo, oportunidade única para ter nos braços a bela vizinha e descobrir a completa verdade; uma pena, capitão.

Razão de peso, não insisto, fica para a próxima. Verifique direito e depois me diga se não tenho razão; a moça é donzela, se muito levou foi nas coxas – Despediu-se o capitão, sentado na boleia ao lado de Terto Cachorro – Vou tocando, ainda tenho de passar na roça, até logo.

Antes do almoço, na habitual penitência em frente ao chalé, Daniel bebeu água fresca de moringa, recebendo o copo das mãos de Teodora, no decote o vislumbre dos seios – graças mil por matar a sede a um apaixonado sedento, agora vou em casa matar a fome, até logo, iara formosa
. (clik na imagem e aumente)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 104 SOB o TEMA:



“QUE RELIGIÂO FUNDOU

JESUS CRISTO?” (2)



Religiões do Mundo



Existem actualmente milhares de religiões vivas em todo o mundo. Em termos de maior número de membros, as religiões mais importantes são o Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo e as religiões tradicionais da China: o Taoísmo e o Confucionismo. As duas religiões com maior número de membros e com uma vocação "universal" são o cristianismo e o islamismo. O Judaísmo é considerado uma das grandes religiões do mundo por causa de sua relevância histórica, mas no mundo de hoje apenas 13 milhões de pessoas pertencem a essa religião. Os meios de comunicação globalizada e os movimentos maciços migratórios e turísticos estão a contribuir para uma "mistura" inusitada de elementos de diferentes religiões, resultando em notáveis sincretismos religiosos.

É Possível Mudar de Religião?


É muito difícil mudar de religião. É como querer mudar a língua mãe, na qual aprendemos a pensar, falar, sonhar e comunicar. Nós podemos aprender outras línguas e expressar-nos nelas, o que enriquece a nossa própria língua, mas sentir e pensar numa língua estrangeira é praticamente impossível.
Seria como viver no exílio. Um cristão pode fazer incursões no Budismo, e um budista no cristianismo, e ambas as culturas religiosas são enriquecidas por isso. Alguém que nasceu no Judaísmo pode aprender sobre o Islão e vice-versa. E é claro que existem movimentos de uma religião para outra, mas eles serão duradouros e autênticos? O carimbo da cultura religiosa em que nascemos marca-nos para toda a nossa vida.

Religião É Como o Amor


O francês Jean Bottero, um especialista em mitos e ritos do mundo antigo, conhece bem "a história de Deus" na Bíblia e na história das religiões. No seu livro The Most Beautiful História de Deus (Anagrama, 1989) ele afirma:


- "Eu comparo a religião com o amor. Assim como o amor, por definição, a sua finalidade, o seu exercício, é criar para si a sua própria esfera, na qual sempre é reconhecido, o mesmo acontece com a religião. A religião tem sido estudada como um fator de conjunção, isto é, não tanto como um sentimento individual mas como uma pressão social sobre os indivíduos. E essa é, precisamente, a realidade primeira e fundamental da religião."

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