sábado, março 29, 2008

ARANJUEZ MON AMOUR de Amália Rodrigues

VALSINHA DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA

sexta-feira, março 28, 2008

As Mulheres de Hoje


AS MULHERES DE HOJE

Cada um de nós é o produto da época e da sociedade em que nasce e em 1939 a sociedade portuguesa era dominada pelos homens, pelo menos na aparência, porque na intimidade dos lares, muitas vezes, eram as mulheres que decidiam e organizavam tudo ainda que de forma oculta e sub-reptícia para salvaguardar as aparências de uma sociedade machista e patriarcal.

Na família onde nasci o”homem” da casa era a minha mãe. Era ela que educava os filhos para além, já se vê, de tratar deles na saúde e na doença. Comandava, igualmente, o exército das criadas que chegaram a ser três: a cozinheira, a de “fora” e a dos “meninos” e organizava tudo desde os “assaltos” lá em casa (17 assoalhadas) pelo Carnaval, enquanto que o meu pai passava discreto por aquele autentico turbilhão de energia que era a minha mãe.
Quando, no pós guerra, o meu pai comprou o Vauxhall ela tirou a carta de condução em pouco mais de 20 lições e sujeitou-se a ouvir toda a espécie de piropos quando conduzia na baixa lisboeta desde o clássico “vai cozer meias” que era, por excelência, a tarefa que os homens reservavam às mulheres para as humilhar e castigar pelo atrevimento e ousadia em desempenharem funções que as promoviam socialmente o que era, ao fim e ao cabo, o grande pecado.

Não seria este o panorama geral dos lares e das mulheres portuguesas na década de 40 e esta é mais uma razão para uma palavra de elogio à minha mãe pela coragem e arrojo necessários para escandalizar a sociedade da sua época com comportamentos que incluíam também o de fumar e que, de há muito, fazem parte do dia a dia de todas as portuguesas.

Mas estamos agora a assistir a um autêntico volte-face desta situação que se prolongou demasiado no nosso país com resultado de uma moral e de uns costumes impostos pelo medo e à força por um regime bolorento que só terminou em 25 de Abril.
E foi pena que assim tivesse acontecido porque a marcha de uma sociedade não deve ser retida artificialmente, barrada no seu percurso natural determinado pelas influências normais que se desencadeiam no seu seio permitindo que a adaptação a novos comportamentos possam ser feitos de uma forma crítica, gradual e sem traumas.

Não foi assim que aconteceu, registaram-se quebras abruptas de princípios e valores arrastados na enxurrada da revolução dos cravos comprovando que os malefícios dos regimes de força constituem uma chaga social que dura enquanto eles existem e perdura ainda durante muitos anos depois de terminarem.

Mas, esquecendo agora a minha mãe que talvez não sirva de exemplo, sempre me pareceu injusto, face à responsabilidade e ao volume de trabalho que recaíam sobre a mulher, o papel subalterno que o homem lhe reservava.

Hoje, quando vejo as Universidades, maioritariamente, preenchidas por alunos do sexo feminino, quando entro num Serviço Público e me apercebo que a maioria esmagadora dos funcionários, incluindo as chefias, são mulheres e quando, nos ecrãs da TV, me aparece uma jovem loura a falar na qualidade de responsável máxima da PSP de Lisboa, vem-me à memória o que era a sociedade portuguesa nos tempos idos da minha meninice e compreendo, então, que os privilégios que os homens, ciosamente, reservavam para si, tinha a ver com a percepção sentida de que, em termos de competição pura, seriam facilmente ultrapassados.

Ana Paula Vitorino, engenheira civil, Secretária de Estado dos Transportes desde Março de 2005, foi a primeira mulher escolhida para ditar as políticas públicas nos sectores marítimo-portuários, logístico, ferroviário, transportes urbanos e ferroviários, reuniu-se, a propósito do Dia Internacional da Mulher, com as suas 14 líderes de primeira linha e a sua preocupação é de ainda não existirem mulheres nos Conselhos de Administração da CP, da Refer e do Metro de Lisboa e do Porto o que, provavelmente, em breve poderá acontecer.

Kjell Nordstrom, Guru do ano 2000 e que há quase uma década teoriza sobre a vantagem competitiva das mulheres explica-nos a razão desta evolução:

-“As mulheres adequam-se melhor às características das sociedades modernas, urbanas, democráticas e igualitárias onde as pessoas são reconhecidas pelo mérito do seu desempenho”.

E acrescenta:

-Mas agora entrámos verdadeiramente noutra fase, em que as aptidões e os perfis procurados são muito mais femininos, privilegiando a maior capacidade de gerir tensões e coligações de forma pacífica e eficaz, sem transformar o mínimo atrito numa competição agressiva”.

-“Um bom exemplo é dado pela Chanceler alemã Ângela Merkl e pelo seu hercúleo trabalho a gerir a coligação política que governa a Alemanha.

Lembram-se do papel pacificador que as mulheres desenvolviam com toda a diplomacia e descrição no seio das grandes famílias patriarcais do século XIX?

Sem esquecermos a nossa 1º Ministro, Maria de Lurdes Pintassilgo que muito honrou a nossa classe política de governantes, o nosso país não pode equiparar-se, neste aspecto, aos nórdicos onde, por exemplo, na Noruega, o governo tem 50% de mulheres.

Tradicionalmente, os homens latinos desempenharam um papel muito apagado na criação dos filhos e esta realidade reduziu-os na sua dimensão humana, na sua capacidade de decisão a todos os níveis e tornou-os menos responsáveis.

Quem hoje é avô depois de ter sido pai há 40 anos atrás compreende melhor este ponto de vista.

São, pois, profundas as alterações que estão a acontecer na estrutura da sociedade contemporânea e o homem se quiser desenvolver características que nas mulheres são natas e que hoje as tornam importantes para liderar a gestão moderna há que começar a treinar, como hoje já fazem muitos jovens pais, na criação e educação dos seus filhos desde o nascimento em paralelo com as mães.

Caso contrário, estaremos a evoluir para uma sociedade de cotas para homens, na melhor das hipóteses, na pior vejam só qual é o papel dos machos na sociedade das hienas…

quarta-feira, março 26, 2008

Amália Rodrigues

Amália Rodrigues - Barco Negro

Amália Rodrigues

Amália Rodrigues - Zanguei-me Com Meu Amor

Tiago Outeiro


TIAGO OUTEIRO


É inerente à personalidade humana: uns são pessimistas, outros optimistas e outros, ainda, uma coisa e outra conforme o estado de espírito de momento ou as suas conveniências sendo que, perante uma realidade social tão complexa, reflexo, aliás, da complexidade do próprio ser humano, haverá sempre motivos para se ser optimista ou pessimista.

Mas neste mundo de optimistas e pessimistas há sempre os radicais, aqueles que persistem sempre em verem o copo meio cheio ou meio
vazio.

Por graça, conta-se até aquela história dos dois irmãos que pelo Natal receberam, cada um, a sua prenda. Ao pessimista os pais puseram-lhe no sapatinho uma bicicleta, linda, cheia de cromados resplandecentes e ao optimista uma lata com estrume de cavalo.

O pessimista, quando viu a bicicleta começou de imediato a lamentar-se…porque iria cair, ferir-se e com toda certeza acabaria no hospital e que seria uma desgraça e mais isto e mais aquilo…entretanto, o optimista, corria alegremente pela casa com a lata do có-có na mão perguntando a toda a gente, perfeitamente eufórico: “ viram por aí o meu cavalo, viram por aí o meu cavalo”?

Parece, ao que dizem, que nós portugueses temos níveis baixos de auto estima, não nos atribuímos muito valor, consideramo-nos, regra geral, inferiores aos restantes europeus como se “o amor próprio” e o orgulho, característicos dos nossos vizinhos espanhóis, tivessem encontrado na fronteira um obstáculo intransponível.

E, no entanto, se é certo que tivemos os 60 anos de domínio dos Filipes e em 1890 o ultimato do governo inglês que não ajudaram muito à nossa auto estima, não é menos verdade que seria fastidioso enumerar tantos e tantos feitos que ao longo da nossa história constituíram motivos para nos sentirmos orgulhosos.

Ao contrário dos nossos irmãos do Brasil que afirmam a pés juntos que Deus é brasileiro, como agora se está a ver... nós não podemos beneficiar dessa vantagem e eu acrescento que ainda bem porque, se a crença na protecção divina talvez pudesse ajudar os mais frágeis e deprimidos não contribuiria, de certo, para nos estimular ao trabalho e á famigerada produtividade.

A Comunicação Social também, por sua vez, não ajuda os optimistas porque as boas novas vendem menos que as más e, nestas coisas, negócio é negócio e há que perceber isso.

Mas, às vezes, também somos surpreendidos agradavelmente, por notícias que nos reconfortam e a entrevista concedida pelo Tiago Outeiro à revista Focus acertou em cheio na minha costela optimista levando-me a crer que o actual panorama do nosso país tem potencialidades que constituem esperanças para o futuro.

O Tiago tem 31 anos, é licenciado em Bioquímica, doutorado no Massachusetts Institute of Technology, artigos publicados na revista Sciense que lhe valeram, na altura, o reconhecimento mundial e é, actualmente, Investigador no Instituto de Medicina Molecular em Lisboa onde é responsável por uma equipa de sete investigadores.

Concretamente, o trabalho que tem desenvolvido nos últimos anos pode bem ser a solução para algumas doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson e Alzheimer.

Quando o entrevistador lhe perguntou porque regressou dos EUA a Portugal ele respondeu textualmente;

-Achei que Portugal tinha dado um salto qualitativo importante e que, neste momento, tem vários locais onde se faz investigação com muita qualidade e ao nível do que se faz lá fora e isso é muito importante de dizer com todas as letras.

Toda a gente tem a ideia de que aqui as coisas não acontecem…aqui faz-se investigação! Aqui temos feito experiências idênticas às que faria se estivesse lá fora. Não temos a diferença que as pessoas imaginam. Pensa-se que sempre somos uns coitadinhos…

Quando lhe perguntaram o que faz com que muitas pessoas abandonem o país, o Tiago respondeu:

-Isso já não acontece tanto e a fuga de cérebros de que se fala, não corresponde à realidade. Hoje temos mais pessoas a regressar do que a ir embora. Temos pessoas a ir para fora fazer doutoramentos e pós doutoramentos mas quando falamos em fuga não podemos falar dessas pessoas.

Porque ir para fora nessa fase faz parte da formação e seria muito pouco desejável se isso não fosse assim. Fuga de cérebros seria se tivéssemos pessoas como a Carmo Fonseca, professores como António Coutinho, Professor João Lobo Antunes a dizer “Ok, Portugal não dá, vamos embora daqui, porque não consigo”. Isso não acontece.

Este testemunho, vindo de quem vem e da área de actividade de uma investigação que tem a ver com a cura de doenças que provavelmente afectam muitos milhares de doentes em todo o mundo e que, neste momento, apenas têm paliativos que sustêm ou retardam o andamento dessas doenças mas sem as curarem, constituiu um motivo de orgulho, optimismo e esperança no futuro do nosso país.

Meu caro Tiago, tu e a tua equipa fazem-me sentir optimista e porque, dos resultados do vosso trabalho, uma nova luz de esperança na vida pode voltar a brilhar para tantos milhares de pessoas, mesmo que ainda demore 5 ou 10 anos, desde já expresso os meus votos de boa sorte para o vosso trabalho porque, quando se fazem coisas que nunca foram feitas por alguém, convêm que aquela “partezinha” do aleatório que está por todo o lado esteja também do vosso.



terça-feira, março 25, 2008

Battle at Kruger. O insólito aconteceu...

Battle at Kruger


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