sábado, maio 22, 2010


CORAGEM E SENTIDO
DA
RESPONSABILIDADE





Se os portugueses não descobrirem ou forem capazes de produzir riqueza de forma mais significativa, não vão continuar a poder distribuir aquilo que não têm, aumentando ainda mais a dívida ao exterior.

Da mesma forma, as famílias têm que viver dentro dos seus orçamentos deixando de contrair dívidas que lhes envenenam o futuro e o dia-a-dia.

Por exemplo, não é indispensável que as pessoas para resolverem o problema da habitação tenham de comprar casa quando as podem arrendar, (80% das dívidas das famílias portuguesas aos bancos respeitam a empréstimos para a compra de casa) como não é mais admissível que contraiam dívidas para consumir produtos de lazer como o conhecido “vá de férias agora e pague depois” numa perspectiva risonha de um futuro de miragem.

Situações deste tipo só podem ter um carácter excepcional porque são insustentáveis e explosivas quando os credores, um dia, “acordam mal dispostos” e fazem sentir aos devedores, que somos nós, que perderam a confiança e vão deixar de nos emprestar mais dinheiro ou exigirem a cobrança do que devemos.

Esta situação que estamos a viver, “crise de confiança” na prática traduz-se no seguinte: “duvidamos que vocês sejam capazes de virem a produzir, um dia, riqueza suficiente para nos pagarem aquilo que devem”… será uma questão do foro psicológico mas também mergulha na nossa realidade económica, social e financeira e nenhuma delas é famosa.

As pessoas reivindicam direitos e têm toda a legitimidade para o fazer mas eles têm um custo, exigem um pagamento da nossa parte e não dos outros, dos que nos emprestam o dinheiro. A nossa qualidade vida tem que ser sustentada por nós, pelo produto do nosso trabalho e das nossas poupanças.

A actual geração tem deferido para o longo prazo, próximas gerações, o pagamento de muitos investimentos no pressuposto de que, sem eles, o desenvolvimento futuro ficaria comprometido. Este raciocínio é compreensível mas muito perigoso porque o remédio poderá ser a morte do doente se ele vier a ser incapaz de pagar esses encargos .… com a agravante de que não foram ouvidos quando as dívidas foram contraídas.

Mas há uma outra questão que a próxima geração, que está aí à porta, nos pode assacar e tem a ver com as despesas correntes de uma administração do Estado e Autárquica que tem vivido à tripa forra nos últimos anos, em grande parte suportada com o dinheiro dos apoios comunitários que se sumiu sem que dele se veja grande coisa que sirva para a economia poder crescer e acompanhar a europa.

Ficaram os vícios da boa vida mas não as fontes que sirvam de base ao nosso desenvolvimento económico e social. Bem à portuguesa, viveu-se o momento… o futuro vinha muito longe e, além disso, a Deus pertence…

Hoje, mais do que aspectos ideológicos, o que está em causa é a coragem de fazer o que não foi feito, vencer resistências e interesses há muito instalados por parte de tudo quanto é grupo profissional e corporativo e, sinceramente, … não lhe vejo jeitos.

Será que vamos ter que esperar pelo FMI e representantes dos nossos credores para nos virem impor aquilo que não somos capazes de fazer de moto próprio?... e, no entanto, temos gente entre nós, competente, que sabe e entende tudo isto perfeitamente.

Estou, estamos apreensivos. As últimas sondagens que dão um reforço na votação do PS e PSD significam exactamente que há uma concordância generalizada com a necessidade de adoptar medidas de austeridade… mas, por favor, cortem nas despesas que há aí ainda muito por onde cortar… não esperem que sejam os outros a fazê-lo ou a mandar que o façamos… não passemos vergonhas… não venham a dar razão ao Dr. Medina Carreira…

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS

SINEAD O CONNOR - COMPARES 2 U

(uma figura, uma voz e uma canção de sonho...)

CANÇÕES FRANCESAS

HERVÉ VILARD - FAIS LA RIRE
(é tão reconfortante ouvir estas
lindas canções nas vozes destes jovens cantores do nosso tempo...)

CANÇÕES ITALIANAS

GIGLIOLA CINQUETTI - TANGO DELLE ROSE
(... colhe-me! A minha vida é como uma flor, floresce logo e logo morre...)

CANÇÕES BRASILEIRAS

GILBERTO GIL - MADALENA
(atente-se bem na letra e percebe-se porque a esperança dos pobres está nos santos...)

CANÇÔES PORTUGUESAS

TRIO ODMIRA - O ANEL DE NOIVADO
(cantou e encantou o país durante décadas... conheci-os, ocasionalmente, num café da Praça do Chile, em Lisboa. no final da década de 50... vejam lá ao tempo que isto vai. Dois irmãos, começaram como um dueto em 1955. O terceiro elemento que se lhes juntou é o senhor que na fotografia está ao centro.)




DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 126


Um único defeito: só era solteiro no religioso, no civil era casado. Dera-se mal com a esposa, dela se separara há mais de dez anos. Quando moço, maçon e anticlerical, desdenhou do matrimónio na Igreja, mas agora se dispunha a aceitá-lo, se a noiva fizesse questão. Por que não se daria satisfeita dona Flor com o casamento no padre, para muita gente, aliás, o único válido, por contar com a bênção de Deus, não passando o acto civil de simples contrato firmado ante o juiz, quase um negócio? Dona Enaide até já escrevera ao parente carta cheia de loas à beleza e à bondade de dona Flor. “Mulher maluca, se eu não quero casar menos hei de querer amigar, com ou sem a bênção de Deus”. E ainda por cima para viver no confins do Judas, nas margens do rio São Francisco e da maleita.

Fingia-se dona Flor de indignada: afinal dona Enaide, dizendo-se sua amiga, vinha do Xame-Xame lhe propor a vergonha e o degredo. Um pagode tudo aquilo, para rir e nada mais.

Cada candidato tinha algumas características a aparentá-lo com o modelo de dona Dinorá. O Príncipe, porém, era de todos o menos parecido: nem dinheiro, nem título de doutor, nem a idade, nem robustez e altura. Quando se materializou na rua, a medir com seu trêfego andar o passeio do sobrado do argentino, em face às janelas da Escola de Culinária Sabor e Arte, dona Flor atribuiu a poética aparição a namoro de aluna jovem ou arranjo de casada salafrária.

Era comum uma das moças chegar de namorado em punho, retornando o suspirando à esquina antes do fim da aula, para conduzir de volta a melindrosa.

Outras, casadas, serviam-se da escola como abertura para a descaração, para atarraxar um par de chifres na testa dos maridos, utilizando o cómodo horário da classe em melhor folguedo. Compareciam a uma aula, gazeavam a seguinte ou bem assistiam ao começo das lições, quando dona Flor ditava e elas transcreviam em cadernos os ingredientes dos quitutes, com isso fazendo em casa prova de frequência e aplicação. Em verdade, meia hora na escola, hora e meia no castelo.

Assim, ao vê-lo langoroso junto ao poste, fumando sem cessar, à espera, dona Flor o imaginou xodó de qualquer das moças, de uma das mais jovens
com certeza, pois ele próprio tinha a cara de garoto.

sexta-feira, maio 21, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONAONADAS
COM JESUS CRISTO


Entrevista Nº 16



Tema – Salvador ou Salvado?



Raquel – Da sinagoga de Nazareth, transmite E. Latinas. Segundo os últimos censos temos conquistado os primeiros lugares de audiência pelas insólitas revelações que em cada dia nos trás o nosso entrevistado especial, Jesus Cristo.

E as entradas na nossa página Web bateram todos os recordes. Sem dúvida, uma grande maioria deles continua duvidando da identidade do senhor.

Jesus – E tu também, Raquel.

Raquel – Eu não, eu creio que o senhor é o senhor. Ainda que não negue que às vezes… mas prossigamos. O senhor já nos explicou que foi aqui circuncisado ao oitavo dia.

Jesus – Também aqui me puseram o meu nome.

Raquel – Jesus.

Jesus – Sim, Jesus. Mas na minha língua soa diferente. Yehoshuah, soa assim.

Raquel – Sei que Jesus e Yehoshuah significa salvador e que seus pais lhe puseram este nome porque conheciam a sua missão salvadora.

Jesus – Não sei. No meu tempo era um nome muito vulgar… vários amigos meus também se chamavam Jesus. É que assim se chamou Josué, o primeiro que chegou a estas terras.

Raquel – Temos uma chamada em linha… Sim, alô? De onde fala?

Gutierre – Sou Gutierre Tibon. Estou falando do México e sinto decepcioná-la senhorita.

Raquel – Por quê decepcionar-me?

Gutierre – Porque qualquer estudioso de etimologias sabe que Jesus significa Salvado e não Salvador.

Raquel – Salvado? Salvado por quem?

Gutierre – Salvado por Deus. Assim se traduz o nome de Jesus. Aproveito para lhe pedir para o saudar da minha parte.

Raquel – Com todo o gosto. Obrigado ao amigo mexicano. O senhor sabia que o seu nome significa salvado por Deus?

Jesus – Claro, no nosso povo sabíamos o significado dos nomes e dávamos muita importância aos nomes que cada um tem.

Raquel – Para o senhor não é salvado mas sim salvador. O salvador do mundo, ou não?

Jesus – Eu fui salvo por Deus da mesma forma que tu e que todos… Deus é o único que salva.

Raquel – Mas…

Jesus – Deixemos isso agora e sigamos os nomes. Sabes qual é o significado de teu, Raquel?

Raquel – Não, não sei.

Jesus – Ovelha.

Raquel – Ovelha?

Jesus – Ovelha de Deus.

Raquel – É bonito, eu gosto.

Jesus – E o nome de minha mãe Maria? Esse também é muito lindo. Uma vez disseram-me que significava amargura. Então eu pensei: devem estar equivocados porque todas as Marias que conheci eram alegres. Depois um rabino explicou-me que Maria significa mulher rebelde. Isso eu gosto mais… porque corresponde à minha mãe.

Raquel – No seu tempo recordavam os nomes dos antepassados, as geneologias…

Jesus – Sim, recordávamos os avós e os bisavós.

Raquel – E no seu caso ainda com mais razão, porque a sua linha de família era de grande realeza…

Jesus – Qual realeza?

Raquel – Eu li que o seu pai José estava aparentado nada menos com o rei David. O senhor tem sangue real.

Jesus – Esse é o mesmo jogo dos que disseram que eu nasci em Belém para me apresentarem como herdeiro do rei David… mas eu sou apenas um camponês da galileia.

Raquel – No entanto, há muitos livros que falam do Santo Grial.

Jesus – E que é esse grial?

Raquel – Santo Grial, Sangue Real. Por sua vez, em Jesus Cristo corre sangue real. O senhor é filho de reis.

Jesus – Eu sou filho de homem, sempre me chamei assim. Um no meio de tantos outros, apenas mais um…

Raquel – Um tal Jesus?

Jesus – Sim, esse. Porque neste mundo ninguém tem sangue real ou azul. Todos os sangues são iguais: vermelhos. E todos, irmãos e irmãs fomos salvos por Deus, o único Rei, o único Salvador.

Raquel – E aqui fica outra entrevista exclusiva com Jesus o Salvador, quero dizer, o Salvado. A repórter para os ouvintes, Ovelha Perez, quero dizer, Raquel Perez, Emissoras Latinas, Nazareth… ufa… que confusão…

CANÇÕES ANGLO- SAXÓNICAS

BEE GEES - TRGEDDY
(uma das melhores canções do Grupo... e depois...aquela voz diferente de tudo... sim, que ele tem outra.)

CANÇÕES ITALIANAS

GIANNI NAZZARRO - NO QUIERO ENAMORARME MAS (1972)
...não quero aproximar-me nunca, o meu coração o sabe, um vagabundo é o amor...

CANÇÕES FRANCESAS

MARC LAVOINE - TOI MON AMOUR
sensualidade pura... e bela...

CANÇÕES BRASILEIRAS

PAULO SÈRGIO - ÚLTIMA CANÇÃO
...deixou saudades em muitos brasileiros/as...

CANÇÔES PORTUGUESAS

MARTINHO DA VILA e KATIA GUERREIRO - DAR E RECEBER
um dos melhores duetos em língua portuguesa... duas vozes fantásticas, uma letra e música cativantes...


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 125



Dona Flor mangava de tolice tão grande, sorrindo mansa: só mesmo na cabeça de dona Dinorá, sem ter em que gastar o tempo – só em sua cabeça passariam essas tontas ideias de noivado e casamento. Não na de dona Flor, quando mais não fosse por não haver decorrido sequer um ano de falecimento do marido, prazo mínimo para a viúva carpir e honrar sua memória e sua ausência.

Ao demais, se alguma decisão firme tomara, ao atingir os oito meses de luto, fora a de não se casar novamente. Para quê, se tinha o necessário, se ganhava seu de comer e seu de vestir com as aulas de culinária; se as amigas, tantas e tão boas, lhe traziam o conforto de seu trato fino e de sua grata convivência; se não sentia falta de calor de homem, para tais coisas morta e para sempre, por que casar-se.

Com o riso um tanto triste e com a segurança desse irremovível propósito, enfrentava as cordiais provocações, as investidas de dona Norma e de dona Gisa, a lhe apresentarem, elas também, na bandeja da amizade, as cabeças de possíveis candidatos.

O de dona Gisa era o culto professor Epaminondas Souza Pinto, solteirão encruado, mestre de meninos em ginásios particulares e historiador nas horas vagas. Sempre com pressa e suarento, mal-ajambrado em terno branco com colete e polainas, andando pelos sessenta anos, um tanto aéreo e vago, dona Flor o conhecia e estimava, mas se houvesse de romper sua firme resolução de viúva não seria certamente para dar a sua mão de esposa ao professor, por demais castiço e oratório para seu gosto simples (sem falar, por descrição e elegância, no desengonço do gramático). Dona Flor ria, a gracejar: mesmo viúva e pobre não estava assim tão deteriorada.

Riam as amigas: dona Norma, indecisa entre diversos, conhecia meio-mundo; dona Amélia às voltas com outros tantos; dona Êmina, em luta por Mamede, um compatriota sírio, colega em viuvez e antiquário, vizinho de presença pouco constante, demorando-se pelo interior do Estado a comprar santos carunchosos, cadeiras capengas, cristais partidos e até penicos velhos.

Mamede? Feio como a necessidade, ainda pior que o professor Epaminondas, segundo dona Flor.

Até dona Enaide veio do Xame-Xame, de pretendente em punho; um cunhado, notário nos cafundós do rio São Francisco, moreno de quarenta e cinco anos, careca e um tanto narigudo, porém alegre e divertido, com um dinheirinho junto, um partidão de nome Aluísio. De todos o mais semelhante ao descrito por dona Dinorá, pelo menos a acreditar-se na palavra de dona Enaide. Quase possuía inclusive título de doutor, pois fora rábula de clientela, antes de meter-se na desgraça da política.

quinta-feira, maio 20, 2010

VÍDEO

uff... antes isso do que outra coisa.

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

MARIA CAREY - ALL BY MYSELF
(...talvez a melhor interpretação desta linda canção...)

CANÇÕES FRANCESAS

JOE DASSIN - SIFFLER SUR LA COLINE
J.
Dassin, nasceu em 1938, N. Yorque, filho de pai judeu, russo. O seu reportório e a sua voz são fabulosas. Morreu precocemente em 1980.

CANÇÕES ITALIANAS

CATERINA CASELLI - RE DI CUORI (1970)


CANÇÕES BRASILEIRAS

FÁBIO JR. - PAI
(uma canção ternurenta... dos primórdios... para recordar...)

CANÇÕES PORTUGUESAS

AMÁLIA RODRIGUES - VOU DAR DE BEBER À DOR
Letra e Música de Alberto Janes - a canção que nos inícios da década de 80 relançou a carreira discográfica da grande Amália - não há grandes cantores sem grandes canções ou, pelo menos, das que ficam "penduradas nas orelhas" - como diz o meu amigo Mário Martins, da Valentim de Carvalho e "pai" da maioria dos grandes cantores portugueses.


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

EPISÓDIO Nº 124





Toda essa história em patrulha por aquelas bandas, com sua elegante patifaria, foi, desde o princípio até ao fim, confusa e atrapalhada. Esse, aliás, seu clima habitual, sua atmosfera preferida, onde mover-se e agir.

Futricavam amigas e xeretas em riso e excitamento com a descrição do futuro noivo feita por dona Dinorá em transe, e logo transmitida de boca em boca entre o indócil compadrio, quando o Príncipe surgiu pelas calçadas em passos e suspiros de enamorado.

Riam-se em pilhérias dona Dinorá, dona Gisa, dona Amélia Ruas e dona Emina: em fuxicos as beatas, procurando infatigáveis o galã descrito. Manda aliás a verdade se diga não terem sido somente as comadres a se entregarem a infrutífera busca. A própria dona Gisa lançou seu olhar psicológico sobre a humanidade masculina das redondezas à cata do “soberbo quarentão”, quanto a dona Norma, nem se fala, depois de bom velório seguido de enterro de primeira, nada prezava tanto como um folhetim de noivado e casamento.

Não tinha conta o número de moças e rapazes cujo matrimónio ela chocara, conduzindo-os ao juiz e ao padre, vencendo dificuldades, superando escolhos e desentendimentos, brabas oposições de família. Só fracassara mesmo com Valdeloir Rêgo, um indeciso sem igual e com uma gentil vizinha, Maria, por demais esmorecida. Mas nem assim perdera a esperança de colocar Maria, talvez, quem saiba com o próprio Valdeloir.

Beatas e amigas buscavam afanosas o oculto pretendente, de posse de ampla descrição de suas virtudes físicas e morais pois não era dona Dinorá vidente avara, de incompletas profecias. Se havia de descrever futuro noivo, não lhe sonegava pormenor; prazenteira e profusa traçava-lhe vasto panorama de qualidades e traços fisionómicos. Talvez, por isso mesmo, por ser tão fiel e completo o retrato do cavalheiro, difícil situá-lo e descobri-lo. A quem atribuir tão numeroso conjunto de detalhes?

Iam as beatas de cidadão em cidadão, pelas redondezas e mais além, sem encontrar quem coincidisse com todos os termos da incógnita. Uns eram formados e possuíam algum dinheiro, mas não a idade precisa e requerida. Outros a tinham, mas lhes faltava a cor morena e o anel de grau, além de detalhes secundários. Mesmo assim, apareceram inúmeros candidatos, cada
comadre apresentando o seu, quando não trazendo mais de um, por garantia.

quarta-feira, maio 19, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO


Entrevista Nº 15

Tema – O SINAL DA ALIANÇA

Raquel – E. Latinas continua a sua ampla cobertura da surpreendente segunda visita de Jesus Cristo ao mundo. Neste momento os nossos microfones estão instalados no que foi a antiga sinagoga de Nazaré.

Jesus – Bom dia, Raquel.

Raquel – Como podem escutar, novamente na companhia de Jesus Cristo, que não está sendo reconhecido pelos peregrinos que visitam o lugar. Julgo que o senhor foi aqui baptizado quando criança.

Jesus – Como baptizado?

Raquel – Ai, desculpe o erro fruto de emoção… é que não me acostumo ao facto de que estou conversando com o senhor…

Jesus – Eu, baptizei-me, sim, mas já era crescido, no rio Jordão, quando o profeta João começou a pregar a justiça.

Raquel – Não queria dizer baptismo mas sim circun… circun…

Jesus – Circuncisão.

Raquel – O senhor também foi circuncisado?

Jesus – Claro, sou Judeu. E no povo judeu todos os filhos varões são circuncisados.

Raquel – Para os nossos ouvintes que não conhecem este antigo rito, poderia explicar em que consiste?

Jesus – Melhor do que eu, poderá explicá-lo este rabino que aí vem… Tu, esconde-te atrás de mim, Raquel… Ei, mestre, Shalom!

Rabino – Shalom, filho… que se te oferece? … Quem és?

Jesus – Vê lá, rabino, que esta jovem não é daqui e quer conhecer algo sobre a circuncisão…

Rabino – Qual jovem?

Raquel – Saudações, rabino, eu…

Rabino – Mulher pagã… e com as pernas descobertas… Ah…

Jesus – Dás-te conta, Raquel?

Raquel – Mas, por que é que ele se foi embora, me voltou a cara? Não entendo nada…

Jesus – Deixa-o, é um guia cego, como tantos do meu tempo. Tu querias saber sobre a circuncisão, não era?

Raquel – Sim, para informação dos nossos ouvintes…

Jesus – Escuta, os pais levam os recém nascidos à sinagoga. O rabino pega numa faca afiada e cobre o anelito de pele que cobre o membro do varão. O prepúcio.

Raquel – Desculpa, mas que significado tem esse ritual tão estranho?

Jesus – Moisés estabeleceu-o como o sinal de aliança entre Deus e o seu Povo.

Raquel – Imagino que seja doloroso para a criança.

Jesus – Choram um pouco mas passa depressa. Em adultos é que é mais doloroso.

Raquel – Em crescidos…

Jesus – O que dói é que o meu povo seja tão… tão homens, tão varões… como se diz agora?

Raquel – Machistas.

Jesus – Isso mesmo, tão machistas. Dás-te conta Raquel? Disseram que Deus estabeleceu a sua aliança somente connosco, os homens. E vocês, as mulheres?

Raquel – Bem, claro, as mulheres não têm…

Jesus – Não têm pénis.

Raquel – O senhor nunca falou da circuncisão.

Jesus – Não, nunca falei. Porque não gosto dessa lei. Como é possível que a aliança, o anel das bodas entre Deus e o seu povo seja a pele que cobre o pénis?

Raquel – Sim, na verdade, é o reflexo de uma religião muito masculina…

Jesus – No meu tempo, os homens rezavam todas as manhãs esta oração.

“Graças, Senhor, por ter nascido judeu e por não ter nascido mulher”.

De certeza que aquele rabino que há pouco te virou a cara ainda reza esta oração.

Raquel – E o senhor, alguma vez a rezou?

Jesus – Nunca, sentia-a como um insulto a Deus.

Raquel – Por quê?

Jesus – Porque… queres que te adiante algo, uma boa notícia?

Raquel – Claro que quero.

Jesus – Mas agora não a vais pôr no ar… dir-te-ei ao ouvido aquilo que mais tarde poderás divulgar ao público.

Raquel - De momento é confidencial. Nas próximas emissões compartilharemos com os ouvintes esta sensacional revelação. Raquel Perez, Emissoras Latinas.

VÍDE

... isto, há cada um!!!...

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

BONEY M - RIVERS OF BABILON
... sem dúvida, um dos maiores clássicos dos anos 70.
... só existe uma raça... a humana.

CANÇÕES ITALIANAS

CLAUDIO BAGLIONI - E TU
...há quem lhe chame a melhor canção italiana de todos os tempos...
... mas que é uma linda canção, sem dúvida... e uma voz... especial

CANÇÕES FRANCESAS

IVES MONTAND - LE CIEL DE PARIS
...os acordeões, o ritmo de valsa e Ives Montand: Paris
...fantástica canção... voz incrível.


CANÇÕES BRASILEIRAS

WANDERLEY CARDOSO - O BOM RAPAZ
40 anos de sucesso do "Bom Rapaz" gravado no Canecão em Out/2005

CANÇÕES PORTUGUESAS

MARIZA - Há UMA MÚSICA DO POVO
Ouvindo-a sou quem seria/Se desejasse for ser/É uma simples melodia/Das que se aprendem a viver/... Fernando Pessoa


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 123



Geralmente conhecido por Príncipe nos meios da vigarice e nos meios policiais (e onde é que estão os limites, se é que existem, a separar esses dois mundos na aparência opostos, na realidade idênticos?), o apelido ele o merecera por seus bons modos, sua lhaneza de trato, sua prosápia. Na intimidade afectuosa dos castelos, em círculos restritos de mulheres-damas, tratavam-no, porém, pelo místico apodo de Senhor dos Passos, alusão à sua face macerada e à sua magrém. Chamava-se realmente Eduardo, e era um dos mais simpáticos malandros da cidade, exímio passador do conto do vigário. Quanto ao sobrenome, não vai aqui citado por inútil e desnecessário à boa marcha da história de dona Flor e de seus dois maridos, a seu enredo e desenredo.

O Príncipe o escondia, a esse sobrenome; a polícia não o divulgou quando levada a trato mais directo com o bizarro moço, e os jornais, ao promovê-lo em suas colunas, noticiando-lhe a passagem (em geral rápida) pelo xadrez, tão pouco lhe compunham o patrocínio, substituindo-o pela vaga expressão “de tal”:

“Foi preso ontem, na Praça da Sé, sob a acusação de haver ilaqueado a boa fé da viúva Julieta Filho, com residência no Barbalho, ludibriando-a com noivado e promessas de casamento, para frequentar-lhe a casa e dar sumiço às jóias e a dois contos de réis da crédula apaixonada, o marginal Eduardo de tal, conhecido no submundo do crime pela alcunha do Príncipe.

Todos assim prudentes em homenagem à família do gatuno, gente de tradição e prestígio em Feira de Sant’Ana. Se dessa maneira agiam as autoridades, a imprensa falada e escrita e o próprio papa-resto-de-defunto, por que fazer destas discretas letras excepção sensacionalista, atirando ao desprezo público e aos cães do mexerico e do escândalo honra e nome da egrégia clã a merecer dos demais tanto respeito? Imagine-se o horror, se dona Dinorá e seu exército de beatas tomassem conhecimento da parentela do vigarista, nem os bisnetos conseguiriam limpar o nome dos avós para sempre “envolto em lama, afundado no pântano da infâmia” (como diria o professor Epaminondas Souza Pinto). Beatas, no entanto, todas elas cativas das maneiras das maneiras do Príncipe e de sua languidez. A própria dona Dinorá não tentara, em certo momento, modificar os termos da profecia para aproximá-las das características físicas do trapaceiro? As demais mergulharam unânimes na tristeza, quando Mirandão, tendo aparecido, com a esposa e dois ou três filhos, para visitar sua comadre dona Flor, deu a ficha completa do indivíduo: “aquilo de gente só tem o rasto…”

terça-feira, maio 18, 2010

VÍDEO

JÔE SOARES.... E ESTÁ TUDO DITO

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS

WHITNEY - I WILL ALLWAYS LOVE YOU
(
é tão linda que merece ser legendada. Esta mulher não merecia o que fez a si própria... mas quem ouve vozes não vê o resto...)


CANÇÕES FRANCESAS

CHARLES AZNAVOUR - JE M'VOYAIS DÉJÀ
(um imigrante em França que se tornou numa referência da música francesa para deleite de todos nós...)



CANÇÕES ITALIANAS

DALIDA - LADY MARY
(a voz de Dalida constitui sempre garantia de sucesso)



CANÇÕES BRASILEIRAS

RENATO TEIXEIRA - FRETE
(uma canção bonita... o desabafo de uma vida e um cantor que não merceu os favores da crítica, dos mídia e do público)

CANÇÕES PORTUGUESAS
ANA MOURA - OS BÚZIOS
(este fado é lindo e a Ana Moura tem a voz e a interpretação certa. Muito bem.)



DONA FLOR
E SEUS DOIS

MARIDOS

EPISÓDIO Nº 122



Quando o escândalo explodiu, quase dois anos depois – Astrud, com seu ar ingénuo e a barriga prenha de cinco meses, sendo expulsa pela irmã em fúria do teto familiar, o sátiro Franco de buxo farto – prato suculento servido a toda a cidade, dona Dinorá vingou-se do romântico Carlos Bastos (talvez ainda enamorado):

- Viu, bobalhão? A mim, ninguém me engana… baba de calunio não faz filho em moça, o que faz menino é descaração…

Tinha olhos de ver e de prever, um faro de perdigueiro, ninguém escapava aos seus sentidos vigilantes. Aliás, os vizinhos vinham lhe contar seus particulares mais íntimos, para lhe pedir consulta aos naipes de adivinha, à cristalina bola de evidências. Para ela, passado, presente e futuro eram cartas abertas de leitura fácil.

Possuindo ou não reais e profundos conhecimentos de magia, pífia diletante sem maior intimidade com os astros, ou mestra das ciências ocultas do Oriente, manda a verdade proclamar ter sido ela quem primeiro anunciou o novo casamento de dona Flor, quando apenas a viúva aliviava o luto e retomara vida normal, sem sobressaltos nem problemas, recatada existência, distante de qualquer ideia ou pensamento relativo a matrimónio.

Anunciou as bodas e distinguiu a face do noivo muito antes de se falar em noivado, antes certamente de se perceber qualquer sentimento ou interesse. E, se existia da parte do fulano remota inclinação por dona Flor, jamais alguém o soube, talvez nem a si próprio ele o confessasse. Pois bem, acredite-se ou não, dona Dinorá em detalhe o descreveu: senhor moreno, já de meia-idade, alto, robusto, distinto, soberbo quarentão, de modos sérios e afáveis, levando na mão direita, pela haste erguida, um botão de rosa cor de vinho. Assim ela o enxergou na bola de cristal. As damas e os reis, os valetes, os ases de espadas, paus e copas confirmaram-lhe os traços fisionómicos e a honesta disposição de casamento, acrescentando-lhe o ás de ouros bens de dinheiro, estabilidade económica e o título de doutor.

Ora, apesar de moreno, o Príncipe não era de meia-idade, muito menos senhor robusto, alto, soberbo, quarentão. A seu modo distinto e bonito rapaz, mas muito a seu modo extravagante. Difícil, por consequência, emoldurá-lo, mesmo com extrema boa vontade, no retrato do futuro noivo antevisto por dona Dinorá na bola de cristal e por ela revelado às massas populares do Largo Dois de Julho, levando ao auge de excitação, quase da subversão, o combativo sindicato das fuxiqueiras.

Delicado, pálido, dessa palidez dos poetas românticos e dos gigolôs, cabelos negros e lisos, brilhantina e perfume a la vontê, sorriso entre melancólico e persuasivo, sugerindo um mundo de sonhos, elegante de corpo e roupas, grandes olhos súplices, as boas palavras para descrever o Príncipe seriam condoreiras: “marmóreo, lívido, meditabundo, pulcro, a fronte de alabastro e os olhos de ónix”.

Maior de trinta anos, aparentava pouco mais de vinte e a tristeza a sombrear-lhe o rosto fazia parte de seus instrumentos de trabalho, assim como a palavra fácil e o olhar sub-reptício, profissional competente e de sucesso em sua curiosa e rara especialização. Pois de logo informe-
se que
em viúvas se especializara, possuindo curso completo e longa prática.

segunda-feira, maio 17, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS
COM JESUS
CRISTO


Entrevista Nº 14

Tema – José, esposo de Maria?



Raquel – Os microfones de Emissoras Latinas continuam aqui instalados em Nazareth, nas cercanias da Basílica da Anunciação de onde, como parece, nada se anunciou. Pelo menos foi o que nos disse em exclusivo Jesus Cristo… o filho de Maria.

Jesus - … e de José

Raquel – Bem-vindo, uma vez mais, Jesus Cristo. Falemos, então, de José. Diz-se que o senhor era de uma família pobre… mas, pelo menos, o seu pai tinha uma oficina de carpintaria…

Jesus – Uma oficina?... Aqui ninguém tinha nada.

Raquel – José não era carpinteiro? Pertencia a uma classe média, a que hoje chamamos de médio empresário…

Jesus – Classe média!... Aqui a única classe era a dos desempregados.

Raquel – Mas nos evangelhos diz que o senhor era filho de um carpinteiro…

Jesus – Escreveram isso para elevar um pouco o meu pai mas ele era, como toda a gente na Nazareth, um homem que nada tinha de seu, um pé-rapado, fazia de tudo o que aparecia.

Raquel – Uma pessoa que fazia de tudo?

Jesus – Sim, um artesão de qualquer coisa. O meu pai trabalhava no que aparecia. Vinham as vindimas e contratavam-no para apanhar uvas, ou para construir um muro, ou cortar trigo mas na maior parte dos dias era “uma mão sobre a outra”, não havia trabalho na Galileia.

Raquel – Enfim, voltemos ao ponto que mais interessa à nossa audiência. Nas entrevistas anteriores o senhor afirmou que José foi seu pai… pai-pai.

Jesus – Sim, claro.

Raquel – Isso significa que Maria e José eram esposos…

Jesus – Claro. Como haviam de viver?

Raquel – Não é tão pressuposto assim porque sempre nos pintaram um Jesus velhote, de barbas brancas com um cajado florido.

Jesus – o único cajado de que me lembro nas mãos de meu pai foi uma vez que me portei mal…

Raquel – Não, referia-me à castidade… porque, se não é indiscrição gostava de referir-me ao lado humano do casal…
Eles amavam-se, queriam-se? Ou eram a sagrada família, um casamento só nas aparências?

Jesus – Mas, que estás dizendo, Raquel? Eles queriam-se muitíssimo. Meu pai chamava a minha mãe de “minha morenita” como a do “cantar dos Cantares”. Conheces esse poema de amor, não é verdade?

Raquel – Sim algumas vezes lei-o.

Jesus – Eu gostava muito de ver meus pais caminhar abraçados ao entardecer… Meu irmão Santiago e eu subíamos ao muro para os espiar… e os apanhávamos beijando-se… e a minha mãe punha-se vermelha de vergonha…

Raquel – Contudo, no evangelho diz que quando eles estavam noivos, Maria apareceu grávida e José teve muitas dúvidas e até pensou abandoná-la… o senhor soube alguma coisa desta crise pré-matrimonial?

Jesus – Como deves calcular eu nunca fiz perguntas sobre essas coisas. Ainda que uma vez…

Raquel – Uma vez o quê?

Jesus - Uma vez, aqui na Nazareth, insultaram-me e chamaram-me bastardo…

Raquel – Por que te teriam chamado assim?

Jesus – Bem, naquele tempo, abusavam das raparigas, forçavam-nas…

Raquel – Tal como agora…

Jesus – Mas como te digo nunca perguntei nada sobre isso. Tão pouco me preocupava porque José queria-me muito. “O meu filho é um homem”. Ensinou-me a trabalhar e a ser justo. Um dia contar-te-ei o seu fim.

Raquel – Ou seja a possibilidade de que seu pai não seja seu pai…

Jesus – Pai, não é só quem engravida. Isso sabe fazê-lo qualquer animalito. Pai, é quem te cria, quem te ensina a viver.

Raquel – Em resumo, Jesus Cristo deixou-nos sem anjos anunciadores a Maria, sem sonhos reveladores a José, sem virgens que dão à luz… o que nos resta?

Jesus – Fica-te com o amor. Meus pais queriam-se um ao outro. Isso é o mais importante, a única coisa importante.

Raquel – Amigas e amigos, agora quero escutar-vos a vós. Os telefones das Emissoras Latinas estão à vossa disposição. Sou Raquel Perez, desde Nazareth.

VÍDEO

Esta canção vai representar Israel na Eurovisão

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

DONNA SUMMER - HOT STUFF
(esta canção tem o dom de fazer as pessoas sentirem-se felizes... não é?)


CANÇÕES ITALIANAS

DOMENICO MODUGNO - MARAVIGGLIOSO 1968
(a voz e as canções deste homem pegam-se... como se tivessem mel. Na verdade, maravilhoso!)


CANÇÕES FRANCESAS

EDITH PIAF - LA VIE EN ROSE
(imortal para os da minha geração...magnifique... )


CANÇÕES BRASILEIRAS

SIMONE e MARTINHO DA VILA - DANADO, DANADINHO
(na verdade... são demais!)


CANÇÕES PORTUGUESAS

AMÁLIA RODRIGUES - COM QUE VOZ
(uma voz única e um poema único...)



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 121




Zé Sampaio não pensava em nada nem queria pensar, queria apenas um pouco de sossego mas dona Dinorá disparara de tramela solta: seu Vivaldo, sem dúvida honesto contribuinte, esposo excelente, óptimo pai de família, punha tudo isso em perigo, pois jogador mais dia menos dia perde o controle e aposta até mulher e filhos. E, quando não os aposta, deixa-os aos Deus dará, ao abandono, em cruel desprezo.

Que melhor exemplo senão dona Flor? Enquanto vivo o mísero marido, escravo da jogatina, curtira as penas do inferno; maltratada, ao léu, sofrendo horrores… Vejam, hoje, a diferença: enfim liberta pode gozar a vida sem sobressaltos, sem agonias.

Falando em dona Flor, que acha o senhor, seu Sampaio, e você Norminha, meu bem, o que é que acha? Assim moderna e bonitona, não era uma injustiça continuar viúva, e de defunto tão pouco recomendável? Não era mesmo? Por que Norminha, amiga do peito, não lhe dava uns conselhos? Enquanto isso, ela, dona Dinorá, estudaria o caso na conjunção dos astros, com a bola de cristal e com os naipes dos seus baralhos de cartomante amadora.

Amadora só por não cobrar dinheiro, lendo o futuro de graça e por camaradagem, para atender pedidos, pois raras profissionais possuíam competência de advinha igual à sua. Pelo menos para descobrir salafrarices de qualquer espécie tinha uma intuição, um sexto sentido, um faro único. Um dom divinatório, atingindo o requinte da profecia.

Não foi ela quem prognosticou, com mais de um ano de antecipação, o escândalo medonho da família Leite, gente de muito dinheiro e maior orgulho, trancada atrás de muros de nobre mansão sobre o mar na Ladeira da Preguiça? Lera nos sebosos baralhos, olhara na bola de falso cristal, ou tão-somente seu sádico instinto a advertira?

Apenas a angelical Astrud, com o ar cândido de interna do Sacré-Coeure, chegou do Rio para habitar com a irmã, e logo dona Dinorá, sem nenhuma razão aparente previu o drama:

- Isso vai acabar mal…

Assim profetizara ao ver a moça no automóvel com o cunhado, doutor Francolino Leite - o “sátiro Franco”, para seu restrito círculo de íntimos – advogado de grandes firmas nacionais e estrangeiras, bebedor de uísque, fazendeiro no sertão e membro de Conselhos Directores de prósperas empresas, senhor da maior fidalguia e arrogância.

No volante do grande carro esporte americano, de piteira e cachecol, o causídico nem enxergava o bulício da gente simples do Sodré, do Areal, da rua da forca, do Cabeça, do Largo Dois de Julho. Mas dona Dinorá o enxergava, ao advogado, não o perdia de vista: a par dos menores detalhes da vida na mansão senhorial, íntima de cozinheiras, copeiras, babas, do jardineiro e do chofer, brechando cunhada e cunhado com olhos de pressentimento:

- Vai acabar mal, ora se vai… Pólvora perto de fogo…

Sem se comover com a postura inocente da estudante:

- Moça de olho baixo é descarada esperando ocasião…

Tão injusta e absurda parecia, a ponto de ter sido destratada, com palavras ásperas e gestos de repulsa, por um rapaz vizinho, Carlos Bastos, pouco amigo de disse-que-disse e talvez um pouco seduzido pela doce Astrud:

- Não conspurque a pureza da moça com a baba da calúnia…

domingo, maio 16, 2010


Para Rir...



Diz a mãe à filha:
-Minha filha ...as vizinhas andam a dizer que andas a deitar-te com o teu noivo!
Ai, mamã, esta gente é muito maldizente ... A gente deita-se com um qualquer e dizem logo que é noivo ...
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María, o teu marido vai atirar-se da janela.
Diz ao tarado que eu só lhe pus os cornos e não as asas.
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Carmen, estás doente?... Pergunto-te isto porque hoje de manhã vi um médico sair da tua casa...
- Olha, minha amiga, ontem de manhã vi um militar sair da tua casa e não é por isso que estás em guerra, pois não?
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- Diga-me uma coisa: Qual é o motivo por que quer divorciar-se do seu marido?
- O meu marido trata-me como se eu fosse um cão.
- Maltrata-a, bate-lhe?
- Não, quer que eu lhe seja fiel ...
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A meio de um assalto um ladrão grita para o outro:
- Vem aí a policia!
E agora o que fazemos?
- Saltamos pela janela!
- Mas estamos no 13º andar!
- Este não é o momento para superstições!
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Numa festa um empregado aproxima-se e oferece mais whisky a uma rapariga:
- Madame, aceita outro copo?
- Não, muito obrigada, faz-me mal às pernas.
- Adormecem?
- Não. abrem-se!
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Uma jovem rebelde e muito liberal entra num bar, completamente nua. Pára em frente do barman e diz:
- Dê-me uma cerveja bem gelada!
O barman fica a olhar para ela sem se mexer.
- O que é que se passa? -diz ela- Nunca viu uma mulher nua???
- Muitas vezes! E então, está a olhar para onde???
Quero ver de onde é que vai tirar o dinheiro para pagar a cerveja!
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Um passageiro toca no ombro de um taxista para lhe fazer uma pergunta.
O taxista grita, perde o controlo do carro, quáse choca com um camião, sobe o passeio e entra por uma montra dentro partindo o vidro em pedaços.
Por um momento não se ouve nada dentro do táxi até que finalmente o taxista diz:
- Olhe amigo, não volte a fazer isso nunca mais! Quáse que me matou com o susto!'
O passageiro pede desculpa e diz:
- Nunca pensei que fosse assustar-se tanto só porque lhe toquei no ombro.
Responde o taxista:
- O que se passa é que hoje é o meu primeiro dia de trabalho como taxista'
- E o que é que fazia antes?
- Fui condutor de uma carrêta funerária durante 25 anos'
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O noivo diz à noiva na noite de núpcias: Meu amor, mas afinal tu não és virgem!!
E ela responde: Nem tu és o São José e nem viemos armar um presépio. Certo, amor?..
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Lobo, porque tens a cara tão transpirada, os olhos tão congestionados e esses dentes tão fechados?
Pôrra, Capuchinho, deixa-me cagar tranquilamente, está bem!?

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