quarta-feira, agosto 02, 2006


BURACOS NEGROS




Estou siderado, afinal os Buracos Negros ( BN), esses locais tenebrosos considerados a força mais destrutiva do Universo que com a sua gravidade sugam tudo à sua volta incluindo a própria luz, razão pela qual são negros, não são coisa rara no espaço sideral!

Os cientistas descobriram recentemente, há coisa de uns 5 anos, que todas as galáxias têm um BN cujo tamanho varia com a dimensão da própria galáxia e a nossa VIA LÁCTEA não é excepção.

Felizmente, o nosso BN não é dos mais activos que é como quem diz, não é dos mais comilões embora ultimamente esteja a aumentar de apetite…mas apenas porque uns gases, mais distraídos, se aproximaram demasiado.

De qualquer maneira, não deixa de ser mais uma preocupação pois nada garante que por força de um qualquer fenómeno imprevisível ele não se torne num voraz BN e nós estamos apenas a 24000 anos-luz de distância o que parece muito mas nestas coisas do espaço não chega a ser como de Santarém a Lisboa.

Pior que isto ou menos mau, não sei, a galáxia mais próxima da nossa, a ANDRÔMEDA, está a aproximar-se à velocidade de 40.000 km/h e o choque, “mais dia, menos dia”, será inevitável dando lugar a uma tremenda explosão cujos efeitos, para nós, serão totalmente destrutíveis: primeiro a atmosfera será sugada, de seguida, toda a água dos oceanos e num instante ficaremos todos torradinhos!

Isto, na pior das hipóteses, porque, talvez com um pouco de sorte, possamos vir a ser lançados no espaço sideral tal como um planeta proscrito, desprezado e abandonado à sua sorte.

Mas não desesperemos, o choque será inevitável mas só daqui a 3 biliões de anos…

Mas a propósito de BN não pude deixar de me lembrar, por uma questão de associação de ideias, de um outro “Buraco Negro” que é o nosso Médio Oriente.

Na verdade, tal como nas Galáxias tudo gira à volta do BN, no Planeta Terra tudo gira agora à volta do Médio Oriente e da guerra entre Judeus e Árabes.

É um fenómeno de turbulência que se mantém latente de há sessenta anos a esta parte e que eclode, ciclicamente, em explosões de violência.

Como em qualquer outro fenómeno da natureza física os mesmos elementos, nas mesmas condições, obedecendo às mesmas leis, vão conduzindo sempre aos mesmos resultados.

O medo que gera o ódio e vice-versa tomaram conta da situação, apoderaram-se da mente dos protagonistas e quando não se sabe o que mais fazer as pessoas matam-se umas às outras, exterminam-se, na expectativa de que finda a contenda, os sobreviventes de uma das partes dê por bem empregue o número dos seus mortos.

O futuro está cada vez mais inquinado pelo passado e se é verdade que as pessoas se cansam das guerras e não as querem, também não é menos verdade que arranjam sempre razões, e razões poderosas, para mergulharem nelas e assim tem sido, naquela região, entre Árabes e Judeus enquanto não passarmos à fase seguinte, declarada e assumida entre os fanáticos de Maomé e os judeus e de seguida com o resto do mundo.








segunda-feira, julho 31, 2006

A minha neta


A MINHA NETA

O acto do nascimento não é bonito, nem agradável, nem pacífico, pelo contrário é violento, doloroso, sofrido.

Parece, até, que a natureza pretendeu, desta maneira, assinalar logo as dificuldades e agruras que esperam todos quantos são lançados na vida.

Sem querer, os meus pensamentos vão para os herbívoros que vivem nas planícies africanas que, ao nascerem, são autenticamente despejados no meio do chão dispondo apenas de alguns minutos para se levantarem, reconhecerem a progenitora e partirem à desfilada ao seu lado porque se os pais são alimento dos carnívoros eles são um autêntico petisco.

Os humanos têm a sorte de serem amparados por mãos experientes que os ajudam a nascer até serem depositados sobre o ventre materno.

Mas nós, humanos, somos especiais, chegámos aonde chegámos através de caminhos muito estreitos da evolução e, mesmo assim, só possível com muita sorte à mistura.

Na natureza as coisas acontecem no dia a dia, passo a passo, pela lei da experimentação sucessiva.

Quando as soluções resultam a vida continua mas na maioria dos casos as soluções não se mostram convincentes, são de pouca duração e abortam.

No nosso caso, entre todos aqueles que um dia se puseram de pé para tentarem sobreviver às profundas alterações do meio ambiente - tão pouco se sabe ainda quantos foram - só nós o conseguimos e um dos últimos exemplares dessa espécie vitoriosa é a minha neta Filipa, nascida há 10 meses.

Nasceu e não nasceu mas eu explico recuando uns milhões de anos.

Num determinado momento, crucial da nossa evolução, a natureza “apostou” na inteligência como instrumento de combate na luta pela vida e para isso os cérebros tiveram que aumentar de volume de tal forma que as dimensões do crânio não permitiam o nascimento dos fetos o que teria constituído um factor de bloqueio se uma saída não fosse encontrada.

A resposta da natureza “cheira” a solução de expediente: atrasa-se o crescimento do crânio até ao momento do parto para que ele seja possível e acentua-se o seu desenvolvimento pós natalidade.

Por isso, a minha neta nasceu há 10 meses mas, bem vistas as coisas, tem continuado a nascer durante os seus primeiros meses de vida durante os quais o seu cérebro recupera o crescimento relativamente à parte restante do seu corpo.

Por esta razão, a extrema dependência dos bebés humanos mas também a oportunidade do espectáculo que é o desabrochar de uma vida nos seus mais pequeninos pormenores.

De todos estes pormenores, na Filipa, há dois que eu diria, valem por todos os outros: os olhares de cumplicidade e o seu encantador sorriso.

Sorriso que nos faz esquecer, no momento lindo em que o olhamos, todos os motivos para estarmos tristes e que projectado no futuro nos faz ter esperança de que um dia, quem sabe, as razões para chorar sejam vencidas por uma onda de sorrisos…

domingo, julho 30, 2006

A NOSTALGIA DE ESTAR SÓ...OU A REFLEXÃO SOBRE UMA EXPERIÊNCIA EMOCIONAL


MACROSCÓPIO 25 DE JULHO

A solidão puxa ao sentimento porque ficamos mais próximos de nós próprios e por isso mais sensíveis, carentes, piegas, românticos e filósofos, além de que é a nossa grande oportunidade para os exercícios de narcisismo como, por exemplo, irmos espreitar ao espelho da casa de banho e olhar para nós como se nunca nos tivéssemos visto e fazer outras coisas ridículas sem corrermos o risco de sermos surpreendidos. São momentos em que podemos apreciar, sem interferências, a nossa própria companhia.

Daqui a necessidade de uma mulher, companheira, pessoa que nos ame e que nos possa deixar sós apenas por coincidência, porque calhou assim…vai tu que a mim não me apetece ir…

Dificilmente concebo a vida sem a companhia de alguém, indispensável para que os momentos em que estou só nada tenham a ver com a solidão, buraco escuro, enorme, a fazer-me sentir perdido sem qualquer espécie de jeito.

E como poderei estar só senão tiver alguém na minha vida, e como poderei fazer esse exercício de transmutação da alma se não estiver só?

Será possível a alguém que não esteja próximo da loucura deixar o corpo na sala dizendo-lhe:

- Deixa-te estar aí, sossegado, que eu vou à janela apreciar o brilho das estrelas lá no céu…sem ter a garantia que passado aquele fim-de-semana, a mulher, que acidentalmente, esteve fora, entra em casa e pergunta-lhe, ternurenta:

- Então, amor, como foram estes dias sem mim?

E eu, ainda atordoado da experiência, sem ter a certeza de ter deixado o corpo deitado na sala, olhos vidrados no teto, enquanto vou receber a mulher à entrada da porta da porta, responderei:

- Bem, muito bem… claro, com muitas saudades tuas… ainda bem que estás de volta…

Não sei bem se este exercício de transmutação da alma pode funcionar como experiência de morte mas se tem a ver com a capacidade de nos escapulirmos da nossa própria vida, então já terei morrido vezes sem conta, e quem não gosta de “morrer” para ir para outro “mundo”, aquele que a nossa imaginação escolher?

Meu caro Rui, já percebeste que falhei completamente na minha experiência de simulação morte, isto não tem nada de sobrenatural nem de filosófico mas então, que hei-de fazer, já quando a tua bisavó, que era dada a essas coisas, me contava histórias de mesas que se levantavam sozinhas e de vozes vindas do outro mundo,… coisas de espiritismo… eu ficava cheio de medo que ainda hoje não consigo ultrapassar completamente?

Deve ter sido pelo medo que sempre tive do outro mundo que resolvi acabar com ele, talvez… se a tua bisavó não me tivesse contado aquelas histórias…mas contou, e por isso, quando cresci, acabei com o outro mundo…varri-o, nunca mais me fará sentir medo nem, por meu intermédio, a qualquer outra criança.

Somos criaturas deste mundo, lindo nos seus momentos de tranquilidade, soberbo e violento quando irado e indisposto mas foi nele que nascemos e vamos morrer e, quem sabe, se algum herdeiro nosso não virá a conhecer outro quando pudermos viajar nos nossos próprios OVNIS?.

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