sábado, maio 12, 2007

Helena Roseta


Helena Roseta




HELENA Roseta é uma pessoa desalinhada, filia-se nos partidos mas uma vez dentro deles marca a diferença e afirma essa diferença quando as posições do partido não coincidem com as suas.

É inteligente e o seu discurso cativa porque é apaixonado, sincero, espontâneo, fluente e a sua preocupação como política tem a ver com aquilo que mais directamente se liga às pessoas e muitas vezes àquelas que representam a parte mais fraca e débil da sociedade.

Foi por causa desta sua característica que episodicamente a conheci quando, nos princípios da década de 80, me dirigi à Assembleia da República, na qualidade de simples cidadão envolvido em Santarém na organização de uma Cooperativa, para lhe solicitar que interviesse como deputada, num aspecto da lei relacionado com as Cooperativas de Habitação Económica.

Já lá vão muitos anos e todos os pormenores desse contacto foram esquecidos excepção feita à sua total disponibilidade e boa vontade para nos ajudar, isso, eu não esqueci.

Helena Roseta é uma espécie de “força da natureza” e se a muitos essa característica provoca admiração a outros suscita reservas mas não me parece justo acusá-la de oportunista à procura de protagonismo político pelo que, neste aspecto, uma vez para variar, discordo do autor de O Jumento.

Das duas uma: ou a intervenção política é uma reserva exclusiva dos partidos políticos ou todo aquele que queira intervir fora da coutada é oportunista político sedento de protagonismo.

Ora, no caso concreto, estamos a falar do Poder Autárquico onde a intervenção de cidadãos independentes para além de consagrada na Constituição é defendida por muito boa gente como sendo um enriquecimento da própria democracia e onde se têm registado excelentes contributos como é o caso agora, aqui em Santarém, com Francisco Moita Flores ou em Lisboa com Sá Fernandes, entre outros.

Por outro lado, Helena Roseta, não anda nisto há dois dias, há mais de 30 anos que intervém publicamente, foi Presidente da Câmara de Cascais, deputada à Assembleia da República, vereadora da Câmara de Lisboa trabalhando na recuperação dos bairros clandestinos desde 1970, foi secretária geral do Sindicato dos Arquitectos e agora Presidente da Ordem e toda a sua vida tem sido de envolvimento permanente em Movimentos Cívicos lutando por causas e ideais.

Reafirmo que o seu estilo pode não ser da simpatia de muita gente mas acusar uma pessoa com um currículo destes de oportunista, sedenta de protagonismo é, para além do mais, muito injusto.

Ofereceu-se ao PS, numa carta que escreveu a José Sócrates, para ser candidata do Partido à Câmara de Lisboa o que fazia sentido porque estava vocacionada para o cargo e era uma militante destacada.

O PS estava no seu pleno direito de recusar e não era difícil adivinhar essa recusa mas, francamente, não teria sido da mais elementar educação terem respondido à carta comunicando-lhe a decisão?

A devolução do cartão de militante e a saída do Partido foi o desfecho inevitável.

Para uns, o PS viu-se livre de uma presença incómoda, para outros a sua saída deixou o PS mais pobre.

Pessoalmente, julgo que, neste momento, este PS não quer Helena Roseta nem esta tem agora interesse no PS e, assim sendo, ponto final na relação que é o que deve acontecer com os casais quando os cônjuges não se entendem, um para cada lado e a vida continua.

Vamos pois assistir, pelo menos, a uma candidatura independente à Câmara de Lisboa protagonizada por Helena Roseta que vai, no mínimo, dar muita luta à concorrência embora seja de prever que as estruturas partidárias venham a impor a sua força até pelos muitos interesses ligados à Câmara da cidade, capital do país e, se o PS apresentar um bom candidato, a vitória não lhe deve fugir.

Mas com este ou aquele Presidente os problemas e as dificuldades financeiras da Câmara de Lisboa vão continuar porque os interesses que se desenvolveram à volta dela enredam-na em conflitos permanentes de pessoas que assumindo poderes em áreas de intervenção directa do Presidente e dos Vereadores entram em competição com eles criando-se um clima de instabilidade e suspeição.

Concretamente, estou a referir-me às Empresas Municipais cuja Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas a 31 dessas Empresas, relativa a 2003 e 2004, revelou que foram atribuídos aos membros dos respectivos Conselhos de Administração, 5 quando por lei deviam apenas ser 3, vencimentos base e despesas de representação que ultrapassaram o que estava previsto no Estatuto dos Gestores Públicos, nalguns casos, em 40%.

À laia de exemplo, a Presidente da EPUL ganhava, em 2004, 6085 euros, mais 39% do que o autorizado e os Presidentes da GEBALIS e da EMEL 4752, mais 30% para além de regalias indevidas como cartões de crédito, automóveis, telemóveis e ainda prémios ao fim do ano numa espécie de “fartar vilanagem” constituindo-se, assim, em factores de degradação da vida das Autarquias com os quais é necessário acabar.

São focos de desperdício e de corrupção e em vez de eficácia serviram as clientelas partidárias e não os interesses dos Munícipes para além de contribuírem para afundarem as Câmaras em dívidas.

Quando apareceram, nos princípios dos anos 80, com o Bloco Central, procuravam representar a evolução na continuidade, hoje, quase trinta anos depois, o resultado está à vista: uma Câmara ingovernável e falida.

A situação a que chegámos aponta para a necessidade de que as equipes que se candidatarem ao Governo, pelo menos da Câmara de Lisboa, têm que ser constituídas por pessoas qualificadas, competentes, conhecedoras dos problemas, com ideias e um programa para a resolução concreta desses mesmos problemas excluindo as Empresas Públicas Municipais cujos serviços que prestam devem regressar às Câmaras poupando-se nas Administrações que mandam sem terem sido eleitas e que para além de onerarem os Orçamentos Camarários envolvem-se em negócios e negociatas.

Espero e desejo que Helena Roseta conquiste um lugar como Vereadora da Câmara para que a veemência da sua voz de técnica qualificada em questões de urbanismo e o profundo conhecimento que tem de Lisboa se faça ouvir para bem da cidade à qual pertenço por nascimento e que vive no meu imaginário de criança e jovem,

quinta-feira, maio 10, 2007

Quem pára a escandalosa subida dos ordenados dos nossos gestores?


QUEM PÁRA A ESCANDALOSA SUBIDA DOS ORDENADOS DOS NOSSOS GESTORES?



De 2000 a 2005, os salários dos administradores das empresas do PSI20 aumentaram 220% atingindo valores de 3 a 4 milhões de euros por ano enquanto, no mesmo período, os salários nacionais cresceram 15,7% e a economia aumentou menos de 1% ao ano.

Ao produzir esta informação no debate do programa Prós e Contas Miguel Portas tinha a certeza que ia chocar o auditório não apenas o presente na Casa do Artista mas principalmente os muitos milhares em frente dos televisores fazendo perpassar a ideia de que aquela denúncia feita por um homem de esquerda em tom de forte acusação comprovava a ideia de que aquela e não a direita, é a parte honesta da sociedade.

Para trás ficou a discussão à volta dos conceitos de esquerda e direita a propósito da vitória nas eleições francesas de Sarkozy, candidato da direita, sobre Ségolène do partido socialista francês.


Na realidade, não sei, embora tenha poucas dúvidas a esse respeito, se este conjunto de senhores gestores das empresas do PSI20 são de direita ou de esquerda.

Por mim, creio que as suas linhas ideológicas são rectas que vão directamente dos cofres das empresas para as suas contas bancárias, pois são eles que se aumentam a si próprios desta forma obscena acometidos que estão de pura avidez, de um desejo insaciável, de uma voracidade indomável por dinheiro.

Não tem a ver com os resultados financeiros das empresas por eles administradas como é óbvio, não tem igualmente a ver com a evolução dos ordenados dos gestores, seus colegas da Europa e do resto do mundo e muito menos se revêem na evolução dos salários dos restantes portugueses ou da riqueza produzida no país pelo que nada, absolutamente nada, os justifica.

Mas será então que estes senhores estão a cometer alguma ilegalidade?

Não, em absoluto, não cometem nenhuma ilegalidade o que, para mim, é ainda mais condenável porque não correm o risco de serem presos, é a impunidade total perante a desfaçatez de um comportamento imoral, eticamente condenável e injusto de todos os pontos de vista.

Guardam para si uma fatia da riqueza produzida pelas suas empresas que é maior, proporcionalmente, do que aquela que é reservada aos restantes trabalhadores e, muito pior ainda, retiram uma fatia crescente de um bolo que por vezes não cresceu ou até mesmo quando o fizeram diminuir… e o “prémio” são subidas de ordenados em autentica espiral.

Esta situação é perversa e transforma as empresas que deveriam ser fontes de riqueza e bem-estar para todos que, de uma forma ou outra, a ela estão ligados, em fontes de injustiça.

Paulo Rangel, que ali estava como representante da direita ou de uma certa direita, porque ficamos a saber que hoje em dia tudo se complicou e há várias direitas e várias esquerdas podendo mesmo uma pessoa ser de direita numas coisas e de esquerda noutras, não acusou Miguel Portas de fazer críticas demagógicas como costuma acontecer quando se denunciam este tipo de injustiças mas censurou-o por não apresentar uma solução.

Dr. Paulo Rangel:

-Não considero que a denúncia pública destas situações, só por si, constitua uma solução mas não é menos verdade que não se tendo associado pessoalmente a essa denúncia também não contribuiu nada para a solução.

-Por outro lado, não estando nós perante nenhuma ilegalidade, como já foi dito, resta-nos esperar que o mercado corrija estas situações aumentando a oferta de gestores de qualidade e enquanto vamos esperando vale a pena actuar junto das consciências do público consumidor e talvez assim os accionistas despertem para estas situações na defesa dos interesses das próprias empresas.

-Estes senhores gestores estão a transformar-se numa espécie de Casta dentro da nossa sociedade porque tendem a eternizarem-se nestes lugares, saltando de empresa para empresa, e recebendo nos intervalos, chorudas indemnizações como resultado de Contratos preparados cuidadosamente para esse efeito.

- Esta situação é escandalosa, um péssimo exemplo para os cidadãos, desmotivadora de toda a espécie de sacrifícios tanto mais que acontecem em empresas públicas ou de capitais maioritariamente públicos.

- O seu discurso na Assembleia da República nas Comemorações do 25 de Abril foi uma espécie de “toque a rebate” contra as ameaças à liberdade e à concentração do poder do Governo de José Sócrates.

-Sinceramente, nós que andamos cá há uns anitos já percebemos que os portugueses não são facilmente governáveis. Ao longo da sua história foram acumulando vícios e manhas, muitas vezes como forma de sobrevivência mas que não ajudam no processo da governação e, talvez isso, explique que este governo, na tentativa de empreender reformas difíceis por todos consideradas necessárias, tenha alguma tendência para reforçar e concentrar poderes e se no dia em que se comemorava a Liberdade decidiu usar da palavra para a defender, mesmo com algum alarmismo, não sou eu, para quem o 25 de Abril foi a Liberdade, que o critico por isso, pelo contrário.

-Mas a Liberdade do 25 de Abril é um conceito vasto e ambicioso que não lhe permite ficar mudo e não se pronunciar abertamente contra situações de injustiça e desigualdade descaradas que constituem uma ofensa a todos quantos neste país trabalham honestamente com os sacrifícios e privações bem conhecidos de milhares de famílias.

-Se o Dr. Paulo Rangel não tem coragem para condenar pública e abertamente essas situações então, por favor, não faça discursos como aquele que fez na Assembleia da República porque eles não são sinceros mas apenas uma questão de política partidária de quem é oposição e anseia ser Poder sabe-se lá se para cometer os mesmos pecados de que acusou, no seu bonito e arrebatado discurso, o governo de Sócrates.












segunda-feira, maio 07, 2007

Mais do mesmo....na Madeira


MAIS DO MESMO…NA MADEIRA



Ao fim de quase trinta anos de Poder de Alberto João Jardim tudo quanto acontece na Madeira é o que se espera que aconteça. Tanta previsibilidade quase que dá sono e os madeirenses já teriam morrido de tédio não fosse a alegria esfusiante de Alberto João que alterna com a agressividade contra os políticos e jornalistas do “contenente” tudo para criar a excitação que falta na vida política na Madeira onde Alberto João é o único que se excita.

Quando julgou oportuno desfez o seu governo e retoma-o mais adiante para sentir o prazer de, entretanto, esmagar os seus adversários políticos o que, de resto, também não constitui nenhuma novidade mas sempre oferece oportunidade para se passear entre os seus súbitos levando atrás de si os do costume, com os microfones do costume, as perguntas do costume e, já agora, as respostas do costume.

E tudo continuaria previsível não fosse a marcha inexorável do tempo que trás consigo o envelhecimento dos homens e põe fim às carreiras políticas a menos que alguma cadeira desengonçada se lhe antecipe.

Não fora ele, o tempo, os netos dos madeirenses far-se-iam homens e envelheceriam à sombra protectora de Alberto João na defesa intransigente dos seus “interesses” contra os “fascistas”do “Contnente”.

É que o Poder de Alberto João tem os seus alicerces numa teia de interesses que não se resumem ao núcleo duro dos seus apoiantes antes se estendem a uma grande fatia dos 250.000 habitantes da Ilha em maior ou menor grau ou, simplesmente, por medo do seu futuro sem Jardim.

Mas desengane-se quem pense que foi apenas mais dinheiro aquilo que moveu Alberto João neste seu último acto da peça teatral que tem sido toda a sua governação.

O dinheiro foi o pretexto para reforçar o seu poder de reivindicação de mais Poder para o Governo da sua Madeira sob o nome de mais Autonomia, no limite da Independência que ele proclamaria se fosse mais novo e lhe conviesse.

A corrida de Alberto João está perdida porque é contra o tempo e a idade já pesa e no futuro pessoa alguma irá ter, como ele, condições e qualidades para comandar os destinos dos madeirenses numa qualquer aventura mais arriscada.

Entretanto, inscrito ou não na Ordem dos Engenheiros, José Sócrates está para ficar e com ele irão esfumar-se as ambições do velho Alberto por uma Madeira a viver no limiar da independência dos fascistas do “Contnente” e assim, vamos continuar a ter Mais do Mesmo à espera que a inevitável lei do tempo ponha termo ao reinado do político mais “louco” deste país de “pessoas bem comportadas”.

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