Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, novembro 12, 2016
Clara F. Alves e Francisco S. Tavares, os nossos comentadores políticos
mais conhecidos, estão escandalizados com a eleição de Trump para presidente
dos EU.
Nada de admirar... aquela personalidade não só me mete nojo como é
perigoso, e eu estou dividido, na raiva que sinto, entre ele próprio, por um
lado, e em quem nele votou, pelo o outro.
- Como vamos passar estes próximos 4 anos?
– A Mariana Mortágua hesita entre emigrar e dormir... Eu
sugiro-lhe férias políticas numa ilha agradável sem comunicações com o exterior,
excepção feita a um grande calendário, para riscar com uma cruzinha cada dia
que passa, como os soldados faziam na guerra de Angola, para apressar o fim da
comissão e o regresso a casa e à família.
A mim, pessoalmente, gota de água no oceano, este homem não me
aquece nem arrefece e, se fizer subir um bocadito os juros, até talvez me possa
dar uns tostões a mais... sempre tostões, mas compreendo muito bem aquelas que
gostariam de emigrar para uma ilha simpática...
Durante 4 anos, os que votaram Trump, vão ter tempo suficiente
para reflectir e, provavelmente, lá no íntimo, admitir o disparate que fizeram,
mas o homem é assim: age por impulsos, espécie de “venetas” e, pior ainda,
nunca aprende com os erros mesmo que lhe sofra as consequências.
Agora, já não interessa chorar sobre o leite derramado: está
feito, feito está!
Para mim, sobra-me uma má disposição, tipo azia, que me vai acompanhar nos próximos
anos, uma irritação nas profundezas da alma... Tento esquecer, não pensar,
lembrar-me da minha terra, da minha linda cidade de Lisboa onde nasci, da
pessoa decente que é o seu presidente de Câmara, e do meu 1º Ministro, António
Costa, o homem da geringonça, de quem quase toda a gente gosta, mais do que do
Passos e da Cristas, juntos.
Este nosso país, aqui à
beira-mar, pacífico e em calma continua um refúgio para todos que, acima de
tudo, gostem de paz, bom clima e boa comida.
sexta-feira, novembro 11, 2016
(Domingos Amaral)
Episódio Nº 109
Meu tio Ermígio Moniz não conhecia o destino do bastardo de Paio Soares e encolheu os ombros, o que levou Peres Cativo a exclamar:
- Que vá mas é para o Diabo!
Paio Guterres riu-se
novamente, mas depois o mordomo do Condado Portucalense insistiu que mais
alguns castelos se deviam construir, talvez em Penalva e Pombal, para
solidificar as defesas da região.
Afonso Henriques concordou,
mas lembrou que a construção das fortificações duraria mais de um ano. Enquanto
isso, o fossado deveria continuar, para obterem mais vitórias e mais
território.
Temos de massacrar Zakaria!
– reforçou Peres Cativo.
Ermígio Moniz era o único
que repudiava tanta vontade de destruição, pois, a observar o horizonte, Paio
Guterres comentou:
- Gosto deste local, parece-me bom para lutar!
Nas últimas operações,
aquele cavaleiro portucalense revelara o seu enorme talento como hábil
guerreiro. Reconhecendo-o, o príncipe declarou que ele seria o futuro alcaide
de Leiria, mal o castelo estivesse pronto.
Sobre os seus ombros
recairia a responsabilidade de defender o fortim mais a sul e, portanto, o mais
perigoso, de todo o Condado Portucalense.
- Abu Zakaria vai ouvir
falar de mim! – prometeu Paio Guterres.
Os outros abraçaram-no
aplaudindo aquela nomeação e desejando-lhe sorte. Depois, regressaram ao
acampamento, onde Ermígio Moniz avisou o príncipe de que com fossados tão
grotescos e sangrentos, jamais seria possível convencer Abu Zakaria a trocar a
relíqui a por Zaida e Fátima.
Desinteressado, Afonso Henriques, resmungou:
- A bruxa nunca mais apareceu e ninguém sabe
da relíqui a!
Meu tio ficou ligeiramente
abalado, mas o meu melhor amigo nem deve ter notado, pois comentou:
- E durante o fossado é perigoso a Zaida ir
para Córdova.
Dias antes, o príncipe de
Portugal cruzara-se com a mais nova das princesas mouras e meu tio topara uma
troca de olhares suspeita entre os dois. Por isso, perguntou:
- Estais enamorado de Zaida?
Afonso Henriques negou tal
sentimento, retorqui ndo:
- Vós é que gostais de mouras, mordomo!
Meu tio emudeceu, magoado
com aquela impertinente referência à falecida mãe de Raimunda, mas Peres Cativo
decidiu provocá-lo, recordando que tinham feito prisioneiras várias raparigas
em Pombal, algumas delas bem vistosas.
Não
Seria Para Menos...
Um gajo pequenino entra no elevador e depara–se com um tipo
enorme lá dentro. O grandalhão olha para o pequenino e decide apresentar–se:
–2,05 metros de altura,
152 qui los, pénis de 30 cm , testículo esquerdo de
1,2 qui los, testículo direito de 1,2
qui los... Victor Costa.
O gajo pequenino desmaia. O gajo grande pega no pequenino e reanima–o com umas bofetadas.
– Que se passa? Tem algum problema?!
O tipo pequenino pergunta:
– Desculpe, mas o que é que você disse?
O gajo grandalhão repete tudo novamente.
–2,05 metros de altura,
152 qui los, pénis de 30 cm , testículo
esquerdo de 1,2qui los, testículo direito de 1,2 qui los... Victor
Costa.
O gajo pequenino suspira de alívio...
– Ah! Victor Costa?! Graças a Deus! Eu percebi que tinha dito:
- "Vira–te de costas!"
–
O gajo pequenino desmaia. O gajo grande pega no pequenino e reanima–o com umas bofetadas.
– Que se passa? Tem algum problema?!
O tipo pequenino pergunta:
– Desculpe, mas o que é que você disse?
O gajo grandalhão repete tudo novamente.
–
esquerdo de 1,2
Costa.
O gajo pequenino suspira de alívio...
– Ah! Victor Costa?! Graças a Deus! Eu percebi que tinha dito:
- "Vira–te de costas!"
Tenho em cima da minha secretária a revista Visão de que sou assinante e que tem na capa a fotografia de Trump a fazer uma careta de porco.
Instintivamente, virei-a ao contrário, enojado.
Eu faço ideia como deve sentir-se a maioria dos
eleitores americanos que votou Hillary, mais de 200 mil no conjunto do voto
popular, e que agora têm que gramar com este desqualificado como Presidente...
Não vai ser fácil e eu, que estou cá deste lado
do Atlântico e pouco ou nada tenho a ver com aqui lo,
rigorosamente falando, porque na prática não é bem assim, compreendo muito bem
a imagem daquela mulher, compulsivamente lavada em lágrimas, que apareceu na
televisão, vendo o seu país representado agora por um sexista assumido e
declarado que a envergonha.
A mediatização da política acaba nisto e o voto
popular transforma-se numa arma terrível que se vira contra a própria sociedade
que devia defender.
Está tudo agora na mão dos republicanos:
Congresso, Senado, Presidência.
- E do Partido Democrata, que se espera dele?
As faixas etárias mais jovens, entre os 18 e 45
anos, votaram maciçamente em Hillary e o rumo mais inteligente parece ser o de
virar à esquerda, mais progressistas, ao estilo Berny Sanders.
Para já, o poder político, vai virar “beato” e os
cristãos fundamentalistas vão querer repor as orações nas escolas... e a
contestação nas ruas irá subir fortemente.
Desconfio que será um período de agitação social
como não se vê desde as manifestações contra as guerras do Vietnam e Iraque,
especialmente se Trump qui ser impor
ao mandato a sua marca pessoal à qual vai ser difícil fugir...
É verdade que ele não é um verdadeiro ideólogo,
com uma doutrina e uma política. É mais um homem de negócios, concursos de
beleza, construção civil, e essa poderá ser a sorte dos americanos que daqui a 4 anos podem emendar o rumo.
Richard Zimler, que nasceu em Nova York e dá aulas na
Escola Superior de Jornalismo e na Universidade do Porto, afirma que teve, com
a eleição de Trump, “uma sensação física de dor” porque
a visão que ele tem da América não se encaixa na versão proposta por Trump.
Externamente, pouquíssima coisa irá mudar porque
tudo está condicionada por Acordos e negociações e é muito pouco provável,
apesar do “parlapiá” da campanha, que vá mudar a Nato e os Acordos com a Europa
e a Ásia.
O mais problemático será o Supremo Tribunal
norte-americano onde ele, provavelmente, poderá nomear pelo menos um, talvez
até 4 juízes desse Tribunal, e são eles que determinam muitos aspectos da vida
quotidiana dos americanos: impostos, casamentos entre pessoas do mesmo sexo,
aborto, utilização de marijuana para fins terapêuticos, são assuntos importantes
que virão com certeza à baila e, como o dinheiro para as Despesas Militares é
sagrado, serão os orçamentos da educação, cultura e ciência os sacrificados.
O maior receio é que ele vá aumentar o fosso
entre as pessoas mais ricas e as mais pobres de uma forma dura. Dura também será
a lição dos mais fracos que votaram no Trump ou não votaram na Hillary e que vão
aprender a repercussão do seu voto nas suas próprias vidas. Por exemplo, o
apoio que Obama ainda lhes conseguiu na doença, deverá ser o primeiro
sacrificado a favor das companhias de Seguros. Se não tiverem dinheiro ficarão
completamente desprotegidas...
Depois de Obama, Trump, ou seja, o mundo aos
tropeções, avanços e recuos e, definitivamente, as pessoas nunca aprendem nada,
seja qual for o preço das lições que tenham de pagar...
Sara Palin, Governadora do Alasca, mãe de cinco
filhos, fanática religiosa e reaccionária do ponto de vista político, e que se
fala poder ir para a Administração de Trump, interrogada há anos sobre a razão
pela qual a América tinha invadido o Iraque, limitou-se a responder: - “Porque
Deus qui s...”
Por outras palavras, os EUA vão ficar entregues
aos deuses, que o mesmo é dizer: entregues à bicharada...
quinta-feira, novembro 10, 2016
OTIS REDDING - I'VE BEEN LOVING YOU
Esta é daquelas canções que nos faz arrrepios na coluna. É um "crime" que este homem, um gigante da música "soul", nascido em 1942, tenha morrido aos 26 anos de idade... Foi considerado pela revista Rolling Stone o 8º melhor cantor de todos os tempos.
Foi vítima de um desastre de aviação no Visconsin que teve apenas um sobrevivente, um jovem com 20 anos. Percy Sledge esteve no seu funeral. Redding era dos poucos cantores que compunha a maioria das suas canções, o que não era então vulgar.
(Desculpem a qualidade do vídeo mas é dos poucos em que ele aparece e a força e qualidade da sua interpretação faz esquecer todo o resto...)
(Desculpem a qualidade do vídeo mas é dos poucos em que ele aparece e a força e qualidade da sua interpretação faz esquecer todo o resto...)
(Pede-se experiência)
Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.
Já qui s ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no auto - carro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não qui s sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:
- Qual é a sua experiência?
Essa pergunta fez eco no meu cérebro.
Experiência.... Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???
NOTA - Esta redacção foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.
American
Dream
O “sonho americano”, casa com garagem e carro, emprego, relva no jardim para regar, e filhos na Universidade, foi desfeito pela globalização. Na repartição da riqueza mundial quantos mais são menos cabe a cada um. É elementar “meu caro Watson”...
Perante a melhoria das condições de vida das pessoas dos países
emergentes acabou por sobrar menos para os trabalhadores dos países ocidentais
mas não para as empresas multinacionais que ficaram melhores.
Mesmo assim, dizem as estatísticas que o desemprego nos EU é
relativamente baixo, 4,9% depois de ter atingido um pico de 10% e a produção
cresce ao ritmo de 2,9% prevendo-se que suba até 3,1% nos últimos meses do ano.
Em comparação, Portugal cresce a 0,9% e o desemprego é de 11,1%,
ou seja, realidades diferentes...
O grande descontentamento dos americanos é que ganham hoje menos
do que ganhavam, na recordação dos tempos em que se ia para a América para
enriquecer de um dia para o outro.
Por isso, este voto num milionário que dizem falido e foge aos
impostos, como protesto contra os sonhos desfeitos.
Os países, tal como as pessoas nas suas vidas, também aprendem com
experiências dolorosas na sequência de decisões disparatadas porque, vá lá saber-se...
por vezes ficam zangadas, que é mais de meio caminho para o erro.
Inevitavelmente, com Trump, o mundo vai andar para trás, tanto
quanto uma só pessoa o consegue fazer andar.
Agora, temos gente deplorável, fanáticos religiosos, desempregados,
ignorantes, brancos assustadiços, todos surpreendentemente felizes mesmo que
seja só por ódio e vingança.
Ódio e vingança contra o establishment, o dinheiro de Hillary, que
tinha consigo a Wall Streat e mais do dobro da verba de Trump, e ainda contra
as elites de toda a espécie, empresas de Sondagem, Institutos, Comentadores,
Analistas, Jornalistas, Eminências, Senhores, Escribas e Capatazes do Sistema.
Trump, Presidente do EU, não dá para acreditar... o que irá agora
acontecer?... O que sairá daquela cabecinha por baixo da melena loira e exótica?...
Este homem é a maior caixinha de surpresas do mundo de hoje e a
expectativa é terrível!
Episódio Nº 108
Peres Cativo e Paio Guterres, ambos valiosos combatentes, contestaram-no prontamente. Na guerra, o objectivo era matar os inimigos, destruir as suas forças, as suas gentes, as suas cidades!
Aqueles territórios haviam
sido cristãos séculos antes, os usurpadores mouros tinham de ser afastados!
Para que a vitória dure,
temos de seduzir as populações a nosso favor e depois convertê-las! – insistiu
Ermígio Moniz.
Uma campanha bélica que se
limitasse a exibições gratuitas de violência a nada acrescentava. Para que
aqueles territórios não voltassem a ser retomados pelos mouros, era necessário mais
do que um fossado breve, eram necessários castelos.
Uma linha inteira deles era
a única forma de empurrar para Sul e fixar as populações debaixo do domínio
portucalense.
Quereis construir castelos
neste ermo? – interrogou-se Paio Guterres espantado.
O acampamento portucalense
fora erguido junto à antiga estrada romana que ligava Coimbra a Santarém, perto
do rio Lis. Não se via vivalma por ali, nenhuma aldeia existia por perto.
Contudo, Ermígio Moniz examinou os campos à volta e depois pediu:
- Vinde comigo.
O príncipe, o alferes e o
cavaleiro-vilão de Coimbra acompanharam o mordomo. Estava um fim de tarde
sereno e os quatro subiram um pequeno monte. Quando chegaram ao topo, Ermígio
Moniz disse:
- Olhai à vossa volta.
Surpreendidos, os outros
examinaram o horizonte. Do alto daquela elevação podia ver-se a longa estrada
romana nas duas direcções, acompanhando os vales para sul, mas também para o
norte.
Estavam num ponto
privilegiado de observação e Ermígio Moniz defendeu que ali se devia construir
um castelo, chamado de Leiria.
Do alto da sua torre de
menagem, veremos o inimigo muito antes de cá chegarem.
Ninguém podia negar aquela
evidência. Curioso, o príncipe de Portugal perguntou ao seu mordomo:
- Como haveis sabido deste local?
Meu tio explicou-lhe que os templários
de Soure conheciam bem a região e haviam-lhe chamado a atenção para aquele
sítio.
Foi o Ramiro? – questionou
Afonso Henriques.
O príncipe talvez procurasse
descobrir novos méritos no bastardo de Paio Soares, que tanto o desiludira, mas
ao ouvi-lo Peres Cativo protestou de pronto, pois implicava com Ramiro.
O uranista? Raios, este chão
está amaldiçoado!
Paio Guterres deu uma
gargalhada, mas o mordomo logo esclareceu que o autor da sugestão fora o
próprio mestre dos templários de Soure, Jean Raymond. E para surpresa do
príncipe, acrescentou:
- O Ramiro abandonou a Ordem do Templo.
Afonso Henriques franziu a
testa:
- Porquê?
Ermígio Moniz suspirou,
olhando para Peres Cativo e dando a entender que a malícia anterior do alferes
fora certeira.
Para não desonrar os
templários, foi-se embora.
Levemente inqui eto, pois sabia dos antigos enamoramentos de
Ramiro por Chamoa, o príncipe de Portugal perguntou de pronto:
- Para o Norte?
quarta-feira, novembro 09, 2016
![]() |
E ganhou o "melenas"... |
O Voto dos
Zangados
Zangados
Um dia isto tinha de acontecer no mundo: o triunfo do voto dos “zangados” e o confronto com as consequências, a todos os níveis, deste voto irá constituir a grande curiosidade das pessoas, na América e no mundo.
Um milionário americano do imobiliário, a que nós aqui em Portugal chamávamos de “chicos espertos”, que
tem um arranha-céus e um avião como o nome dele, o que constitui o cúmulo da
piroseira, resolveu fazer uma campanha de protesto e se ele era do contra então o
povo elegeu-o...
Este homem não é de nenhum partido. É simplesmente populista e
como, a partir de agora, é ele que vai ser o poder, fica-se à espera para
sabermos de quem vai ele agora dizer mal.
Para já, as Bolsas caíram, o mundo abre a boca de espanto, e
pensa-se já nas próximas eleições apressando-se todos a dar corda aos relógios...
Um milionário que nunca foi político, - o que lhe deve ter dado
muito jeito – interpretou na campanha um papel de protesto contra o poder à
sombra do qual, ele, que já era milionário, se fez ainda mais milionário... e é
eleito!
Satisfazer a curiosidade pelas consequências do resultado deste
voto é o único ingrediente que move agora, com o seu quê de receio, as pessoas
na América, na Europa e no mundo.
Foi um voto para a “desgraça” mas quem, à beira do precipício, não
sentiu alguma vez a vontade de se atirar dali a baixo?...
Trump, com a sua melena exótica, era o precipício e a tentação foi
irresistível! Atiraram-se mesmo...
Os cidadãos, de encantados, ficaram enjoados de um homem “doce”,
de palavra “doce” que os convidava a sonhar e, masoqui stas como todos nós o somos, por incrível que o pareça, fomos pedir o chicote, como
naquela velha história do Asterix, em que o chefe dos escravos chama o chefe
dos guardas para os açoitar porque estão a ficar moles...
Será que também nós, que é como quem diz os que votaram, sentiram
uma necessidade de umas boas chicotadas para espertar???...
E agora?... - “O melenas” falou no discurso de vitória e não disse
nada porque nada tem para dizer, nunca teve.
Os seus apoiantes directos e familiares que o acompanharam em palco no discurso de vitória estavam todos com cara de “vendidos” a perguntarem, no íntimo, o que estamos aqui a fazer...
Os seus apoiantes directos e familiares que o acompanharam em palco no discurso de vitória estavam todos com cara de “vendidos” a perguntarem, no íntimo, o que estamos a
Na verdade, ele é apenas um homem que representa nos realitys shows
que organiza e se meteu nesta corrida por uma questão de mais espectáculo...
Quem vão ser os seus assessores, conselheiros, redactores de
discursos políticos, homens que nunca existiram na sua agenda de relações?...
Os europeus nem lhe deram tempo, e pediram-lhe já uma reunião para
o testarem como o homem mais importante e poderoso do mundo.
Querem saber as suas ideias para alem da construção do célebre
muro para os mexicanos não entrarem nos EUA e roubarem os empregos dos
trabalhadores americanos, o que é, digamos, brilhante!
O sol irá continuar a nascer todos os dias com uma curiosidade acrescida. O que irá hoje fazer o “melenas”? A Le Pen já lhe telefonou a congratular-se
com a sua eleição mas, muitas outras “le penes”, lhe irão fazer chegar a sua
satisfação...
Ou me engano muito, ou o “melenas” vai fechar-se em casa a jogar golfe
nos cortes dos seus hotéis e manda-os a todos bugiar.
Veremos... como diz o cego, se ele resiste a fazer forte asneira!
terça-feira, novembro 08, 2016
![]() |
Um momento... que eu vou votar na Hillary... |
O Dia D
Hoje é um dia importante para o mundo, não só para os EUA.
Quando soube que Trump era o adversário de Hillary fiquei
descansado...
- T`ás safa!... Nas calmas...
Mas, afinal como é que aquele indivíduo de melena loura e focinho
de porco que por vezes consegue sorrir de orelha a orelha sem mostrar os dentes
pode fazer sonhar alguém e discutir com Hillary, taco a taco a presidência do
maior e mais poderoso país do mundo?...
- Mas Hillary faz-nos sonhar? – Não, mas sinto-me seguro com ela
porque a sua história de vida, desde pequena, é de uma total determinação com
uma experiencia e conhecimento do mundo que ultrapassa qualquer outro candidato
a Presidente que tenha existido no presente e no passado.
Não tem a simpatia ou as qualidades oratórias de Barack Obama que
ficará na história pelos seus discursos, o último deles, ontem, na campanha de Hillary,
foi notável!
Trump não existe... o eleitorado vê um nome num avião, num arranha
- céus e pensa: ... “grande homem, o que ele conseguiu fazer?!...
É apenas um produto de marketing, uma ilusão enganadora e
perigosa. Infelizmente, não é inócua. Atrás daquela melena escondem-se perigos
e montes de “diabinhos” esperam, ansiosos e aos saltinhos, a oportunidade de
fazerem diabruras.
Mas será que aqueles americanos e americanas que hoje vão votar não
percebem o óbvio?...
A democracia, mesmo não sendo directa, como no caso dos EUA, é um
sistema cheio de riscos. Não esqueçamos que Hitler foi eleito pelo voto directo
do povo alemão... e embora a escolha seja sempre perigosa pelo grau de
incerteza que encerra, creio que, Conselhos de Homens Bons, com provas dadas na
vida, deixar-me-iam mais descansado.
As campanhas persuadem as pessoas para além do esperado, porque já
se sabe hoje demasiado sobre o cérebro humano para o enganar. Aqui lo que antigamente se conseguia por intuição
faz-se hoje por métodos científicos, quase infalíveis, em que as mentes dos
cidadãos eleitores são manipuladas beneficiando da ignorância e falta de
preparação.
Vejamos o que consegue na votação de hoje, nos EUA, o homem da
melena e eu sinto o mundo todo a tremer porque o perigo assombra-nos, até sob
a forma de uma melena...
E agora, desculpem-me, mas eu vou votar na Hillary...
segunda-feira, novembro 07, 2016
HENRIQUES
Rei Fundador
Era um homem violento, feito do mesmo
pau de todos os guerreiros da Idade-Média, egoísta, sensualão e déspota. Se não
fosse assim não teria fundado um reino.
Com o poder dos visigodos em ascensão,
eles, que tinham desmantelado o Império Romano e dominado toda a Europa de
Leste a Oeste com excepção de uma faixa a norte da Península ibérica dominada
pelos Suevos, não era com escrúpulos, problemas de consciência e rijezas de
carácter que alguém faria obra de tomo, perdurável.
Mas não tinha cabelos no coração, não
era insensível e a palavra justiça para ele não era totalmente destituída de
sentido. Isto viu-se na cena trágico-cómica com D. Gonçalo de Sousa:
-
Foi o caso que, sendo hóspede do bom fidalgo, seu apoiante político e leal
vassalo, apanhando-o de costas a tratar com os criados das tarefas do comer,
virou a mulher, Dª. Sancha Álvares em cima de uma pele de urso e satisfez a sua
lascívia.
Entretanto, D. Gonçalo, entrou no salão
e surpreendeu-o no acto tendo conseguido ainda articular estas misérrimas
vozes:
-
Levantai-vos senhor, que a comida está na mesa…
Enquanto el-rei se banqueteava, foi-se o
marido ultrajado à mulher e, tosqui ando-lhe
os cabelos e ajoujando-lhe às costas uma pele de cabra, com o esfolado para fora,
pô-la em cima de um jerico, aparelhado de cilha e albarda e sentada ao
contrário no animal.
E foi nesta pose que a mandou para casa
do pai dela, não sem antes desse uma volta por onde el-rei se encontrava com os
seus cavaleiros.
D. Afonso Henriques ficou em grande
cólera e a soprar, jurando-lhe pela vida. Doía-lhe ter abusado da confiança do
nobre servidor, mas o desforço dele tivera um repique que muito o confundia e
envergonhava aos olhos dos seus.
Hesitante, porém, entre enviá-lo de
presente ao diabo ou passar adiante chamou-o à sua presença e disse-lhe:
-
Por muito menos, cegou um adiantado de meu pai a sete condes…
- Cegou-os à traição, senhor, mas disso
morreu.
-
E se eu te mandar cortar a cabeça…?
-
Senhor, mais vale. Homem borrado, morto é.
D. Afonso Henriques ficou a meditar
naquela palavra. Teria, depois de comer bem e beber melhor, filosofado com
Herádio que “…se havia de correr a atalhar a ira como se fosse a apagar um
incêndio…” e, montando a cavalo, despediu da Quinta do Unhão, vencido o
instinto sanguinário.
Que faltou algumas vezes à palavra dada,
pelo que os puritanos, ao tempo que os havia, muito o censuravam, muito o
censuravam…! Sim, faltou, mas é demasiado rigor com o homem, abalizado na
guerra e na conqui sta, relevar tal
pecadilho.
O que ele quebrava com certo desembaraço
era a palavra política, a de rei, que não a de homem. Há a sua diferença.
Naquelas épocas recuadas, o verbo estava na infância da arte. Não se sabia
falar diplomaticamente. O ditado árabe: «Alá deu ao homem a palavra para
esconder o seu pensamento» passou primeiro dos filtros da Renascença para os
lábios italianos, que o souberam transmitir aos ministros e homens públicos do
Universo.
Aqui lino
Ribeiro