sábado, novembro 21, 2009

Pensamento do Dia



O Amor é como a relva, se o plantares e regares todos os dias, ele cresce.



Se aparece uma vaca, acaba com tudo!

VÍDEO

Destreza, coragem, técnica... (oxalá quando cairem não se magoem muito...)


Anedota do dia! (Descupem mas não resisto a esta...)



Um gajo pequenino entra num elevador e depara-se com um gajo enorme lá dentro.

O gajo grandalhão olha para o pequenino e decide apresentar-se:

- 2,05 metros de altura, 152 quilos, pénis de 30 cm, testículo esquerdo de 1,2 quilos, testículo direito de 1,5 quilos... Victor Costa.

O gajo pequenino desmaia.

O gajo grande pega no pequenino, reanima-o com umas bofetadas.

- Que se passa? Tem algum problema?!

O tipo pequenino pergunta:

- Desculpe, mas o que é que você disse?

O gajo grandalhão repete tudo novamente.

- 2,05 metros de altura, 152 quilos, pénis de 30 cm, testículo esquerdo de 1,2 quilos, testículo direito de 1,5 quilos... Victor Costa.

O gajo pequenino suspira de alívio...

- Ah! Victor Costa?! Graças a Deus! Eu percebi que tinha dito: "Vira-te de Costas..."

RUI VELOSO - NÃO QUEIRAS SABER DE MIM

CANÇÕES ROMÂNTICAS BRASILEIRAS
LINDOMAR CASTILHO - EBRIO DE AMOR




TIETA DO


AGRESTE


EPISÓDIO Nº 285



DO BANZO DIAGNOSTICADO POR OSNAR



Na pensão de dona Amorzinho, definha o velho Jarde Antunes, outrora agricultor laborioso, jovial criador de cabras. Passa a maior parte do dia estendido na cama, morrinhento, nada no mundo o interessa. Josafá, vez por outra, tenta reanimá-lo:

- Daqui a mais uns dias, Pai, logo se venda o terreno e embolse os cobres, a gente se toca para Itabuna. Vosmicê vai ver o que é terra fértil, gado gordo, cada rês de encher os olhos, vai conhecer roça de cacau. Aquilo, sim, vale a pena, não são esses tabuleiros daqui, secos e esturricados. Tenha um pouco de paciência.

Os olhos do velho persistem fixos nos caibros do teto, Josafá se agasta:

- Está sentindo doente, Pai? Quer que chame o médico?

- Precisa não. Tenho nada, não.

Bom filho, Josafá perde tempo contando-lhe detalhes sobre a marcha da demanda, idas e vindas dos advogados, matreirices de Modesto Pires, dúvidas sobre Ascânio, quando não descreve as opulências do sul do Estado, a grandeza do cacau. Não tem sequer a certeza se o velho o escuta.

- Está ouvindo, Pai?

- Estou sim, meu filho.

No calor da tarde a leseira aumenta, Jarde cerra os olhos, indiferente a tudo. Ou quase tudo, pois lhe acontece, de raro em raro, calçar as alpargatas, sair do quarto e da pensão, atravessando a rua em direcção à loja de Astério. Em busca de notícias de Vista Alegre, das cabras e de seu Mané. As notícias são boas, Jarde cobra alento ao ouvi-las, chega a sorrir. Discorre com Astério e Osnar, sobre o costume das cabras; não existe animal, doméstico ou selvagem, que com elas se possa comparar. Quanto a seu Mané, nem o coronel Artur da Tapitanga possui macho de tanta competência e sobranceria. Bodastro retado, confirma Osnar.

Ao despedir-se, o velho recai no desalento, na melancolia. Põe-se de pé, lívido, trôpego, cabisbaixo, pele e osso. Astério, penalizado, convida-o a acompanhá-lo na caminhada matinal à roça. Jarde recusa, um gesto esmorecido, um fio de voz:

- Pra quê? Pra ver o que não me pertence mais? Só peço que o senhor cuide bem dos bichinhos.

Arrasta-se, cruzando a rua, Osnar diagnostica:

- Está com banzo.

- Banzo? – duvida Astério – Nunca ouvi ninguém atacado de banzo por aqui. Banzo era doença de escravo.

- Pois é, tinha acabado com o treze de Maio. Voltou com a fábrica. É capaz de virar epidemia.



NOTA:


- O Banzo foi diagnosticado no século XIX como um distúrbio mental. Os escravos ficavam entristecidos, paravam de falar e, acima de tudo, deixavam de comer quaisquer que fossem as comidas…falecendo pouco depois numa espécie de morte voluntária.

Os escravos suicidavam-se 2 a 3 vezes mais que os homens livres, especialmente com o banzo a que também poderíamos chamar de nostalgia.

… quem diz que elas não matam?

sexta-feira, novembro 20, 2009

VÍDEO

As duas cabeças falam, riem, olham, têm sensações e, mais importante, têm pensamentos diferentes. Uma, quer ser odontóloga, a outra, advogada. A cabeça da esquerda controla a mão e a perna esquerda. A cabeça da direita, a mão e a perna direita. A perfeita coordenação motora, andar e dançar, deixa os médicos intrigados. Observem: ela escreve com ambas as mãos ao mesmo tempo.

CARLOS PAIÃO - CEGONHA



FICHA PARA
EMPREGO



Esta ficha de emprego foi preenchida por um jovem para o McDonalds no Rio de Janeiro. A empresa contratou-o por ter considerado a ficha honesta e engraçada. Serve também para se observar a quantidade de perguntas estúpidas que são feitas ao candidato.


Ficha de Emprego

NOME:
- Júlio da Silva Moura

SEXO:
- Duas vezes por semana.

CARGO DESEJADO:

- Presidente ou vice-presidente da empresa. Falando sério, qualquer um que esteja disponível. Se eu estivesse em posição de escolher, eu não estaria me inscrevendo aqui.

SALÁRIO DESEJADO:

- R$ 15.000,00 por mês e todos os privilégios existentes. Se não for possível, façam uma oferta e poderemos chegar a um acordo.

EDUCAÇÃO:
- Tenho.
ÚLTIMO CARGO OCUPADO:

- Alvo de hostilidade da gerência.

ÚLTIMO SALÁRIO:

- Menos do que mereço.

MAIS IMPORTANTE META ALCANÇADA NO ÚLTIMO EMPREGO:

- Uma incrível colecção de canetas roubadas e de mensagens post-it.

RAZÃO DA SAÍDA DO ÚLTIMO EMPREGO:

- Era um lixo.

HORÁRIO DISPONÍVEL PARA O TRABALHO:

- Qualquer um.

HORÁRIO PREFERIDO:

- Das 13:30h às 15:30h, segundas, terças e quintas.

VC TEM ALGUMA QUALIDADE ESPECIAL?

- Sim, mas é melhor se ela for colocada em prática em ambientes mais íntimos.

PODEMOS ENTRAR EM CONTACTO COM SEU ACTUAL EMPREGADOR?

- Se eu tivesse algum, eu estaria aqui ?

VC TEM ALGUMA CONDIÇÃO FÍSICA QUE O PROÍBA DE LEVANTAR PESOS DE ATÉ 25kg?

- 25 kg de quê?

VC POSSUI CARRO?

- Eu acho que a pergunta mais apropriada seria: Você tem um carro que funciona?

VC JÁ RECEBEU ALGUM PRÉMIO OU MEDALHA DE RECONHECIMENTO?

- Talvez. Eu já ganhei a Porta da Esperança.

VC FUMA ?

- No trabalho não, nos intervalos sim.

O QUE VC GOSTARIA DE ESTAR FAZENDO DAQUI A CINCO ANOS?

- Vivendo nas Bahamas, com uma super modelo loura, incrivelmente rica, burra, sexy e que pensa que eu sou a melhor coisa que surgiu desde a invenção do pão de forma. Na verdade, eu gostaria de estar fazendo isso agora.

CANÇÕES ROMÂNTICAS BRASILEIRAS

NELSON NED - TUDO PASSARÁ



TIETA DO AGRESTE
EPISÓDIO Nº 284




ONDE O LEITOR TOMA CONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE UM COMITÉ ELEITORAL AINDA CLANDESTINO


Pau para toda a obra, Ricardo transforma-se em importante peça da esforçada equipe que trabalha em segredo no quintal do chalé do Comandante, transformado em sede de comité eleitoral. Por ora clandestino, pois a candidatura permanece secreta, conhecida apenas de alguns conspiradores. O Comandante concordara com um pedido de Tieta: não bote o andor na rua antes que eu tenha conversado com Ascânio e com o coronel Artur.

Ricardo ajuda nos trabalhos de carpintaria e de pintura, vai comprar pano na loja do tio Astério, serve de elemento de ligação dos conjurados, circulando entre a agência dos Correios, o bar, a casa de dona Milú, sem esquecer as sagradas obrigações para com a igreja. Na igreja encontra Cinira, estudando para beata, galgando os degraus da torre, ela na frente, ele atrás a contemplar. Em correria pela cidade, certamente na intenção de cortar caminho, penetra em becos e desvios, resvala nos braços de Maria Imaculada, toda ela em dengue e queixa: pensei que tu nunca mais ia aparecer, bem.

À noite, participa da conferência do Estado – Maior – dona Carmosina, Aminthas, o Comandante – vibra com os planos da campanha, antes de recolher-se aos seios de Tieta. Na fúria dos dezassete anos, devotado e incansável, cumpre com brilho os deveres de cidadão e de homem. Pau para toda a obra.

Portador de uma peça de algodãozinho, no quintal deserto na hora da sesta, Ricardo houve um discreto psiu a chamá-lo, não vê ninguém. Mais forte o apelo se repete, proveniente do outro lado da cerca.

O quintal do chalé limita com o quintal da casa onde vive, submissa mas não resignada, a defesa e cobiçada Carol. Garantia de tranquilidade para Modesto Pires, a quem uma sina injusta e o poder do dinheiro concedera direitos exclusivos sobre a beldade em cativeiro; impossível melhor vizinhança. A incurável monogamia do Comandante é pública e notória; o próprio Osnar perdeu a esperança de um dia conduzi-lo à alegre convivência da pensão da Zuleika. Acresce o sentimento de gratidão, profundo em Carol, fazendo-a devota de dona Laura. As senhoras de Agreste evitam qualquer contacto com a amásia do ricalhaço. Todas à excepção de dona Laura de Queluz, nascida e criada no sul, liberal. Também dona Milú não conta: por viúva, provecta e parteira, está acima dos cânones locais, além do bem e do mal.

Florida cerca de arame no qual se enramam trepadeiras azuis e amarelas separa os dois quintais. Pelas fendas da cerca, acontece Carol espiar o quintal vizinho, quase sempre silencioso e tranquilo, mesmo quando os donos da casa estão na cidade. Por vezes Gripa, a empregada, vem colher limões. De manhã cedo o Comandante dedica-se à ginástica que, somada ao mar de Mangue Seco, ajuda-o a manter a forma atlética. Admirá-lo é prazer platónico, inconsequente pelas razões expostas. A integridade do Comandante e a gratidão da manceba reduzem o espectáculo a pura emoção estética.

Assim sendo, imagine-se a surpresa de Carol ao constatar desabitual movimento do lado de lá da cerca. Colocando-se à espreita, notou a existência de estranho material de trabalho, tábuas, ripas, pano, cartolina, tintas, à disposição de sensacional trupe. Delas participam os galantes moços do bar – Aminthas que lhe pisca o olho e acena adeus, Seixas, o dos longos suspiros ao passar sob sua janela, Fidélio, dos quatro o mais bonito, reservado e esperto, aguardando um ensejo propício e o descarado Osnar. De repente, acompanhados por dona Carmosina, invadem o quintal, desenrolavam pano e cartolina, batiam martelos, misturavam tintas. O Comandante ditava ordens. Seu Modesto, em noite recente, disse que o povo de Agreste anda de cabeça virada.

A excitação da opípara e proibida Carol chega ao cúmulo quando percebe, através das folhas das enredadeiras, o vulto inesperado e angélico do adolescente Ricardo, de pé maneiro e perna cabeluda. Adormece com ele nas noites de agonia e desamparo, acarinhando o travesseiro. Agora o tem ali, ao alcance da mão. Seu Modesto sabe o que diz, Agreste ganha repentino encanto.

Repete o psiu, Ricardo se adianta, coloca o rosto na fresta, uma coroa de flores na cabeça.

quinta-feira, novembro 19, 2009

VÍDEO

Massagem erótica!!!???

RADETZKY MARCH, OP.228 - VERSÃO CHINESA


ATTENDI AL LUPO



TIETA DO


AGRESTE

EPISÓDIO Nº 283


ONDE A CARNIÇA COMEÇA A FEDER



Apopléctico, Modesto Pires grita fora de si:

- Bando de urubus!

Canuto Tavares (duas vezes Antunes) ergue-se diante do dono do curtume:

- E o urubu mais porco de todos é o senhor! Usurário, agiota!

Os doutores Baltazar Moreira e Gustavo Galvão, quase sempre de comum acordo, trocam desaforos:

- Desleal, hipócrita, salafrário!

- Ignorante. Primário, analfabeto!

Doutor Franklin, em cujo cartório acontece a baderna, tenta apaziguá-los:

- Meus senhores, meus caros senhores, calma…

Teme que passem dos insultos aos tabefes. Dona Carlota, directora do colégio, habituada ao respeito, inicia um chilique. Doutor Marcolino vale-se do faniquito da histérica solteirona para obter calma e silêncio.:

- Vamos ouvir o que o doutor Baltazar tem a nos dizer. Já que ele tomou a iniciativa de procurar a Brastânio…

- Tomei e não preciso de pedir licença a ninguém para agir em defesa dos interesses dos meus constituintes… se querem ouvir , darei a informação, se bem não seja obrigado a fazê-lo…

O bafafá começou quando, reunidos no cartório a pedido do doutor Marcolino, em meio à explanação feita por ele, o doutor Baltazar o interrompeu anunciando:

- A medida que o colega propõe eu já a tomei, por conta própria. Não vale a pena perder tempo repetindo a mesma diligência.

Por conta própria ou seja por conta de dona Carlota e Modesto Pires, à revelia dos demais, pelas costas, traição, punhalada vil. A assembleia tornou-se tumultuosa. Mas doutor Marcolino, sempre sorridente, consegue acalmá-los, decepcionando o jovem Bonaparte, chegado a filmes de pancadaria: tivera fundadas esperanças de assistir a uma cena de pugilato entre Canuto e Modesto Pires, o quotidiano de Agreste torna-se excitante. Doutor Marcolino propõe que os epítetos sejam retirados, de lado a lado: dona Carlota, atendida pelo tabelião, volta a si, ainda trémula.

Insultos, ameaças, desmaio, como se doutor Baltazar houvesse abiscoitado para dona Carlota a dinheirama da Brastânio. No entanto, conforme explica o advogado, os resultados dos seus contactos com a directoria da empresa haviam sido negativos. Para começar, ao sabê-lo patrono do herdeiro do coqueiral, mandaram-no dirigir-se ao escritório do doutor Colombo, o que ele fez. Não falou da longa e humilhante espera na ante-sala, ao contrário ressaltou a cortesia com que o mestre o tratara. Cordial porém categórico.

Segundo disse o interesse da Brastânio por Agreste até àquele momento era puramente teórico, pois o governo do estado ainda não se pronunciara sobre a localização da indústria. Havia, é certo, possibilidades de a fábrica ser instalada em Agreste, mas antes de uma decisão das autoridades competentes, a Brastânio sentia-se impedida de estabelecer acordos, discutir preços, adquirir terrenos. Ali ou alhures, onde fosse. Como passar por cima do Governo, adiantando-se a uma decisão oficial, ainda em estudos? Ademais, como tratar com pessoas faltas de qualquer condição jurídica, pseudo - herdeiros, sem direitos assegurados?

Antes de propor acordos, devem procurar o reconhecimento das suas pretensões, pois a companhia, se for o caso de conversações e acerto, tratará somente com herdeiros proclamados como tais pela justiça. Quanto à alardeada desapropriação, sobre ela, declarou nada saber, não deve passar de especulação da imprensa:

- Mas, se o Prefeito pensa em desapropriar a área visando futura valorização, isso é problema dele e não meu…

Com essa afirmação, evidentemente falsa, mestre Colombo despedira o prezado colega. Doutor Baltazar termina narrativa afirmando, conciliatório, ter sido sempre sua intenção relatar essas démarches aos demais herdeiros.

Segue-se um silêncio de meditação, logo interrompido por Canuto Tavares:

- Pelo visto estamos no mato sem cachorro…

Não é essa a opinião do doutor Marcolino, que reclama a reconciliação geral tendo em vista uma acção colectiva junto ao futuro prefeito. Bem conduzida, a desapropriação poderá revelar-se solução aceitável. Não adianta tentar impedi-la, por ser medida legítima; devem torná-la proveitosa. Que acham os caros colegas?

No calor da tarde, lá se vão eles, trotando nas ruas de Agreste. No cartório, doutor Franklin aperta as narinas com os dedos, murmurando:

- Está cheirando mal…

Bonaparte lastima:

- Pensei que Canuto fosse meter o braço em seu Modesto. Ia ser sensacional… Já pensou, Pai?

- Nem quero pensar.

CANÇÕES ROANTICAS BRASILEIRAS

NELSON NED - DOMINGO À TARDE


A TEMPESTADE






Eles estavam juntos na casa.

Apenas os dois.

Era uma noite fria, escura e chuvosa. A tempestade tinha chegado de repente e cada vez que um trovão ecoava, ele observa o seu pulo.

Ela olhou através da sala e admirou sua força aparente...e desejou que ele pudesse pegá-la em seus braços, confortá-la e protegê-la da tempestade.


De repente, com um estouro, a energia se foi... ela gritou...

Ele correu ao sofá onde ela se encolhia de medo.

Ele não hesitou e a colocou em seus braços.

Ele sabia que era uma união proibida e tinha a expectativa de que ela o empurrasse de volta.

Ele ficou surpreso quando ela não resistiu e o agarrou.

A Tempestade passou...


Eles sabiam que estavam errados...

Suas famílias nunca entenderiam... Tão consumidos estavam em seu MEDO que não ouviram nenhuma porta se abrindo... apenas o clique seco de uma máquina fotográfica...

quarta-feira, novembro 18, 2009


TIETA DO
AGRESTE

EPISÓDIO Nº 282


DAS RAZÕES DIFÍCEIS DE EXPLICAR E DE ENTENDER


Na Alcova, a sós com Tieta, Leonora narra alegrias e tristezas, exaltada:

- Mãezinha, não sei como lhe agradecer por me ter trazido. Tem sido tão bom… É verdade que vamos demorar mais uns tempos? – Toma a mão de Tieta, beija-a, nela encosta o rosto, grata e terna.

- É bem capaz, mais umas semanas, ainda não sei quanto. Mas, cabrita, deixe para pensar na separação quando estiver na marinete. Até lá aproveite o mais que puder, esqueça que tem de ir embora…

- Se eu pudesse…

- Deixe para lá, já te disse. E a beira do rio? Me conta…

- Tu nem imagina, Mãezinha como foi difícil convencer Ascânio. Não queria nem tocar no assunto, foi arrastado por mim. Tem medo de ver meu nome na boca do povo, que eu vire moça falada… Pobrezinho, fico até com remorso. Outro dia, no bilhar, perdeu a partida para Astério porque achou que dona Edna estava referindo-se a mim, numa conversa com Osnar.

- Vai ver, estava mesmo, a puta descarada.

- Para dizer a verdade não sei. A gente toma muito cuidado, Ascânio é por demais cauteloso. Sabe, Mãezinha, do que eu tinha vontade? De dormir uma noite inteira com ele, pelo menos uma, antes de ir embora. Numa cama de verdade, em cima de um colchão, os dois pelados, sem pressa, sem sustos, sem ter de falar baixo. Só que não vejo onde.

- Tu não vê? E a casa dele? Ao que sei mora sozinho.

- Sozinho, não. Tem Rafa…

- A criada é uma velha broca, surda, quase cega? Então, cabrita?

Não sei como tu ia se arranjar senão fosse eu…

- Será que ele topa? É tão escrupuloso! Ai, Mãezinha, não me conformo quando penso que tenho de ir embora. Vou morrer de saudades.

- Saudade é igual a amor, Nora. Não mata, ajuda a viver.

Leonora não se limita ao relato do namoro, fugas nocturnas para os esconsos do rio, sussurrando poemas, suspiros contidos. Refere também desagradáveis episódios; com essa história da desapropriação do coqueiral, Ascânio não tem um minuto de sossego. De tudo, o mais triste, fora a ruptura das relações com Carmosina. Ascânio tentara o possível e o impossível para evitar aquele desfecho, deixando inclusive de aparecer na agência dos Correios para não ouvir provocações e dichotes. Mas ao saber da visita da fofoqueira à Fazenda Tapitanga, onde fora com o objectivo de intrigá-lo com o padrinho e protector, Ascânio não mais se conteve. A pérfida assacara cobras e lagartos contra a Brastânio, lera recortes de jornais, criticara o apoio da Prefeitura aos planos da Companhia, referira-se a abuso de confiança. O Coronel, baratinado, mandara chamar o afilhado, exigira explicações, o que fora fazer à Bahia, que história era essa da desapropriação? Ascânio indignado e ferido, sem atender aos rogos de Leonora, dirigira uma carta – carta comovente, Mãezinha, até chorei quando ele leu para mim – à intrigante, rompendo relações pondo fim a uma amizade “que eu pensara ao abrigo das divergências. Epistológrafa não menos competente, dona Carmosina revidara as acusações de aleive e insídia em missiva de estilo
e conteúdo
igualmente dramáticos: “você atirou minha amizade, provada em momentos cruciais na lata de lixo da Brastânio”.

- Que horror essa briga, Mãezinha. Antes, antes eram todos tão unidos. Gosto muito de Carmosina, morro de pena.

Tieta acarinha a fulva cabeleira da moça:

- Tu não sabe ainda porque voltei de Mangue Seco.

- Me admirei. Pensei que Mãezinha só ia vir no dia da festa.

- era essa a minha intenção. Se tu está contente aqui, muito mais estava eu em Mangue Seco. Gozando as delícias do paraíso, cuidada por meu arcanjo. Pois bem larguei tudo e vim.

- E por quê, Mãezinha?

- Porque não pude me impedir. Fiz tudo para não vir, acabei vindo. O pior é que eu sei que, no fim, não vai adiantar nada. Não foi Mãezinha quem veio, Nora. Foi Tieta, aquela menina das cabras que brigava com a polícia ao lado dos pescadores. Não sei explicar mas, se eu não viesse, acho que nunca mais teria coragem de pôr os pés aqui.

Tão pouco Leonora tem certeza de entender. Tieta levanta-se, chega à janela, olha o beco, pobre Leonora!

- Vim acabar com a candidatura de Ascânio. Por bem ou por mal.

- Ai, Mãezinha! O que vai ser de mim?

- Isso não tem nada a ver com o teu xodó. Não se meta em nossa briga, tu não é daqui, está de passagem, esse assunto só interessa a quem é de Agreste.

Trata de amparar teu homem, se tu gosta tanto quanto diz. Ele vai precisar.

terça-feira, novembro 17, 2009

VÍDEO

Compilação de momentos...

ADIAFA - AS MENINAS DA RIBEIRA DO SADO


CANÇÕES ROMÂNTICAS BRASILEIRAS

ANTÓNIO MARCOS - PORQUE CHORA A TARDE



TIETA DO
AGRESTE
EPISÓDIO Nº 281



DOS URUBUS EM DESCOMPASSADO BALÉ


Advogados e herdeiros trotam nas ruas de Agreste, poucas e ermas, em reuniões e cochichos, acordos e desacordos, descompassado balé.

Da pensão de dona Amorzinho para o cartório, do cartório para o gabinete de Modesto Pires, no curtume, dali para a Prefeitura. Ora juntos, solidária curriola, combatentes da mesma incerta causa, aliados na decisão de obter o máximo pelos terrenos do coqueiral, herdados de um vago tataravô.

Ora cada um de per si, às escondidas, tentando engabelar os demais, guerrilheiros em barganhas e futricas, na ânsia de abocanhar o melhor bocado. Bando de urubus em torno da carniça, na definição de Modesto Pires.

Doutor Marcolino Pitombo não se assemelha a um urubu, muito ao contrário. Impecável no terno branco, chapéu panamá, bengala, sorriso bem humorado, não demonstra irritação ou espanto quando Josafá, esbracejando, exibe o exemplar de A Tarde com a notícia da presença do Professor Colombo e do conchavo com Ascânio para a desapropriação do coqueiral. A controversa solução deixara os herdeiros perplexos e aflitos. Doutor Marcolino não perde a fleuma.

- Golpe magistral, exactamente o que eu faria se fosse advogado da empresa. Tiro meu chapéu a mestre Colombo, foi direito ao alvo. Não lhe disse, Josafá, que esse moço candidato a Prefeito, é um pau-mandado da Brastânio? Ainda por cima, tolo – revela com certa satisfação – eu já estava a par dessas notícias.

- Já sabia? Como?

- Soube no mesmo dia. Pelo nosso inseparável Bonaparte. Andei soltando uns trocados para ele, recorda-se? Dinheiro bem empregado.

Durante aqueles dias analisara o problema, traçando novo esquema de acção, e o propõe a seus constituintes. Em verdade, apenas um deles, Josafá. O velho Jarde, encerrado na pensão, não se interessa por nada deste mundo. Josafá escuta, de orelha murcha. Anda estomagado contra a marcha da questão: a acção de posse eterniza-se em mão de juiz de Esplanada. O dinheiro obtido com a venda da roça se esvai, Josafá teme que a indemnização a ser paga pela Prefeitura não chegue para cobrir a quantia já despendida. Sonhara multiplicar aquele dinheiro numa jogada espectacular, será feliz se no final não sair com prejuízo.

- Devemos ser realistas. A manobra de mestre Colombo nos deixa reduzidos a pequena margem de manobra…

Doutor Marcolino enxerga uma única escapatória, capaz de proporcionar melhor preço pelos terrenos, evitando ao mesmo tempo novas despesas: buscar um acordo directo com a Brastânio para ceder imediatamente à Companhia os direitos à herança do legendário Manuel Bezerra Antunes.

Transferidos os direitos, caberá à Brastânio levar por diante a acção de posse. Para isso os herdeiros deviam agir unidos. Diante da ameaça de desapropriação, a própria intransigência do jovem Fidélio perde a razão de ser.

Josafá aprova a ideia, seduzido sobretudo pela perspectiva de liquidar a questão quanto antes, encerrando o capítulo dos gastos, incluindo os honorários e despesas de estada do doutor Marcolino. Faz-lhe justiça: caxixeiro competente e honrado. Fosse outro, trataria de arrastar no fórum enquanto sobrasse dinheiro a Jarde e a Josafá.

Sim, dias adoráveis, inolvidável temporada! Em Agreste, doutor Marcolino ganhou cores, engordou, livrou-se das cãibras nas mãos e nos braços, que tanto o assustam, estabeleceu amáveis relações com os habitantes da cidade.

No bar, conversa com Osnar e Aminthas, joga gamão com Chalita; na agência dos Correios lê os jornais, troca ideias com dona Carmosina, pessoa de muita instrução, a quem não esconde a sua opinião sobre a indústria de dióxido de titânio; no átrio da Matriz discute religião com padre Mariano, revela-se franco-maçon; frequenta a pensão de Zuleika Cinderela onde costuma aparecer nos fins de tarde – o clima de Agreste, como se sabe de sobejo, realiza prodígios.

Enquanto explica, doutor Marcolino toma-se de compaixão e raiva – maldita fábrica, vai acabar como clima miraculoso e com a doçura da vida:

- Seu Josafá, eu lhe digo que estamos sendo todos nós cúmplices de um crime. Profissão mais desgraçada esta minha…

segunda-feira, novembro 16, 2009


CÍRCULO DOS
LEITORES


Quem Paga Passeio à Turquia?




Há meses fui surpreendido, como milhares de outras pessoas Sócias do Círculo de Leitores por esse país fora, por um Convite aliciante:

- Visita à Turquia, durante uma semana, em regime de meia pensão, pequenos-almoços e jantares tipo buffet (bebidas não incluídas) com:

. 4 noites em Hotel de 5 estrelas na região de Antálya;

. 1 noite em hotel de 4 estrelas na região de Konya;

. 2 noites em hotel de 4 estrelas na Capadócia;

. Transfers para os lugares assinalados em autocarro climatizado;

. Uma noite tradicional turca (incluindo o jantar) com música e folclore;

. Visita a lojas tradicionais de Tapetes, Jóias e Couros (Casacos e Blusões);

. Serviços de um guia, ao longo de toda a visita, a falar português.

Para mim, o ponto alto do passeio era a visita às cidades subterrâneas da Capadócia.

Tudo isto, contra o pagamento de 399 Euros, preço do bilhete de ida e volta em voo charter, (muito menos do que num voo de carreira) mais 29 de taxa de segurança no aeroporto e um “pacote” de 168, na prática obrigatório e ao mesmo tempo vantajoso, que correspondia ao pagamento de cinco almoços e aos bilhetes de entrada em todos os locais a visitar.

Naturalmente, que uma viagem destas praticamente oferecida, levantava a questão de saber: quem paga?

- Olhe, quem paga não sei, respondeu-me a funcionária colaboradora da Reflex Holidays, já outras pessoas me perguntaram mas pode ir à confiança porque não vai ser enganado.

De qualquer forma, O Círculo dos Leitores era entidade suficientemente idónea para me deixar à vontade.

Claro que aceitei o convite, não para a data que mais me convinha mas para aquela que estava disponível pois muitas pessoas já tinham aderido à oferta.

De regresso da viagem, que mais se assemelhou a uma visita de estudo dado o interesse cultural da região e dos locais visitados, posso agora garantir que o Convite do Círculo dos Leitores se traduziu, efectivamente, numa oportunidade de realizar um óptimo passeio a um preço pouco mais que simbólico.

E, finalmente, fiquei a saber quem paga:

- Este tipo de viagens que se realizam há mais de quinze anos são subsidiadas pelo governo turco para incrementar todos os sectores de actividade que estão ligados ao turismo e à exportação, sendo que as visitas às três fábricas/lojas, couros, jóias e tapetes (os célebres tapetes turcos) são, para os turcos, a parte importante destes circuitos para não falar do imenso artesanato que é vendido em todos os locais em que se pára para visitas ou para descanso nas viagens do autocarro.

Durante os primeiros anos o governo turco apenas subsidiava estas viagens aos alemães. Não esqueçamos que 5 milhões de turcos trabalham na Alemanha e a 2ª maior fábrica do mundo da Mercedes está na Turquia. Depois os convites foram progressivamente tornados extensivos a Suíços, Franceses e Espanhóis.

De há dois anos a esta parte, com a visita oficial do nosso Presidente da República e a intensificação das relações económicas entre os dois países, passaram a incluir portugueses nas pessoas dos Sócios dos Círculos dos Leitores.

E por quê Círculo dos Leitores?

- Porque as pessoas que lêem e compram livros serão as mais cultas, pertencem a extractos sociais mais elevados e, em princípio, terão maior poder de compra.

No fundo, todos os países “fogem” dos turistas de “pé descalço” procurando mesmo, como neste caso, ir directamente às pessoas que melhor podem servir os seus interesses.

Por exemplo, o governo turco paga também as despesas de alfândega e transporte até à casa dos turistas que compram tapetes e que assim ficam pelo preço da loja sem qualquer outro encargo e apenas com um sinal de 10 ou 20% podendo ainda ser pagos até três prestações mensais.

Todos os produtos vendidos em qualquer destas três lojas – que são das maiores do mundo - são de primeiríssima qualidade e mesmo com preços obtidos depois de muito regatear – na cultura turca negócio é sinónimo de regateio e os preços que estão nas etiquetas são apenas um ponto de partida para uma “longa conversa” – poderemos consegui-los mais baratos através da Internet.

Não admira, por exemplo, que num futuro próximo todas as pessoas que compraram jóias, tapetes ou casacos e que lá deixaram os seus nomes e moradas apareçam amanhã, através de outra Agência de Viagens, a serem convidadas para um passeio à Tunísia subsidiado pelo respectivo governo.

Tudo isto tem a ver com a competição comercial que hoje está instalada entre os países e a forma como os respectivos governos podem interferir para ajudar as suas indústrias a vender no estrangeiro.

Apenas mais uma nota no que se refere à joalharia:

- Um jovem paga para aprender a joalheiro e nos três primeiros anos como estagiário ganha 200 euros mensais por 4 horas de trabalho. Se um dia vier a ser um bom profissional ganhará muito dinheiro, na Turquia ou fora dela.

Salientar apenas que a percentagem de jovens na população turca deixa a perder de vista a da população portuguesa como igualmente são muito maiores os apoios que estes jovens recebem da vasta parentela da família mesmo quando estão longe de suas casas.
Voltaremos à Turquia para falar das cidades subterrâneas.

SÊ SEMPRE TU...



Uma senhora de meia-idade teve um ataque de coração e foi parar ao hospital.

Na mesa de operações, quase às portas da morte, vê Deus e pergunta:

- Já está na minha altura?

Deus responde:

- Ainda não. Tens mais 43 anos, 2 meses e 8 dias de vida.

Depois de recuperar, a senhora decide ficar no Hospital e fazer uma lipoaspiração, algumas cirurgias plásticas, um facelift,...

Como tinha ainda alguns anos de vida, achou que poderia ficar ainda bonita e gozar o resto dos seus dias.

Quando sai do Hospital, ao atravessar a rua, foi atropelada por uma ambulância e morreu. A senhora, furiosa, ao encontrar-se com Deus, pergunta-lhe:

- Então eu não tinha 40 anos de vida? Porque que é que não me
desviaste do caminho da ambulância?

Deus respondeu:

- Porra! Eras tu? Nem te conheci!!!!

PAULO DINIZ - PONHA UM ARCO IRIS NA SUA MORINGA


CANÇÕES ROMÂNTICAS BRASILEIRAS

NILTON CÉSAR - AMOR. AMOR , AMOR



TIETA DO AGRESTE
EPISÓDIO Nº 280



DE COMO PERPÉTUA, MÃE DEVOTADA, ENGOLE SAPOS E FAZ DAS TRIPAS CORAÇÃO



O inesperado regresso de Tieta, levada pelos deveres cívicos a interromper a paradisíaca temporada na praia – acontece cada coisa nesse mundo que até Deus duvida – foi saudado com vivo entusiasmo e farta bajulação por Perpétua, já disposta a ir a Mangue Seco para uma conversa decisiva com a irmã sobre o futuro dos filhos, Cardo e Peto, na qual concretizasse amadurecidos planos, colocando os pontos nos ii, o preto no branco. De preferência no Cartório, com firma reconhecida.

Acolhe o filho e a irmã num exagero de efusão, estranho à sua natureza: - Deus te abençoe, meu filho, e te mantenha no bom caminho para continuar a merecer a protecção da tua tia – Ah! quem a viu e quem a vê: antes seca e distante, agora abrindo os braços para Tieta, calorosa, quase servil – Graças a Deus que você voltou, mana. Não aguentava de saudade. Peto também, ele lhe adora, vive com seu nome na boca, pergunte a Leonora.

- É sim. Peto é um amor… - confirma Leonora, ainda surpresa com a reviravolta nos planos de Tieta.

- Temos muito que conversar antes de sua viagem, mana. Nem quero pensar nesse dia. Vou sentir demais a falta de vocês… - Faz das tripas coração, estende a adulação à enteada da irmã: - A tua também, Nora.

- Não lembre coisas tristes dona Perpétua.

Ao ouvir o lamento da despudorada, Perpétua em novo esforço, balança a cabeça num gesto de lástima, a voz sibilando afectuosa repreensão:

- Imagine, Tieta, que esta boba está caídinha por Ascânio... Bonita e rica como ela é, podendo escolher em São Paulo o noivo que quiser, perde tempo namorando um pé rapado daqui. Não digo que seja mau rapaz mas não tem onde cair morto. Não é partido para ela, já avisei mil vezes.

Vibrante de interesse pela felicidade de Leonora. Das tripas coração – Perpétua abafa o desejo de bradar contra a falta de vergonha da sirigaita, a chegar fora de horas todas as noites, afogueada, o vestido amarfanhado, vinda sabe Deus de onde. Ora de onde: da descaração na beira do rio, noite após noite; todo o mundo comenta. Perpétua engole indignação e nojo, o futuro dos filhos exige elogios, sorrisos, silêncio, ela paga o preço. Na hora de prestação de contas, o Senhor Todo – Poderoso, com quem estabeleceu um trato, lançará a seu crédito os sapos engolidos, as muitas vezes que fez das tripas coração. Como agora, ao receber o filho e a irmã, vindos de Mangue Seco, queimados do sol, cheirando a maresia, respirando saúde e satisfação.

- Feliz da moça que casar com Ascânio, Dona Perpétua. Ele é um homem maravilhoso.

- Um pobretão, te esconjuro.

- Ainda bem, Perpétua, que te encontro nessa disposição, pois estou pensando em prolongar um pouco mais a minha demora…Ia no dia seguinte ao da festa, talvez fique mais uns dias…

Tieta vai para a alcova, arrumar seus teréns, Leonora a acompanha. Perpétua volta-se para o filho, antes de agir deve conversar com ele, saber se a tia falara novamente em levá-lo para São Paulo, se lhe fizera promessas, quais e quando, se insinuara por acaso adoptá-lo. Por que, já estando de data marcada para viajar, decidira demorar-se? Mas Ricardo apressado, deposita o embrulho com roupas e livros, ganha a rua, a pretexto de pedir a bênção ao padre e se apresentar ao Comandante.

- Ao Comandante? – espanta-se Perpétua.

- Vou trabalhar para o Comandante o resto das férias.

- Que história é essa?

- A tia depois explica, Mãe. Agora não posso, não tenho tempo.

Escapa porta fora, sem pedir licença. Perpétua, atónita, reconhece o tom da voz, o olhar, o riso, o atrevimento; de há muito lhe são familiares. Tom de voz, olhar, riso, atrevimento – era ver Tieta meninota, da idade de Ricardo, alheia às ordens do pai, à violência, aos gritos, aos castigos, à taça e ao bordão. Rebelde, dona da sua vontade.

- Valha-me Deus! – geme Perpétua, a mão no bolso da sai negra, tocando as contas do terço.

domingo, novembro 15, 2009

VÍDEO

Estarão os governos dos países ocidentais conscientes desta situação? Que estarão eles a fazer? À espera do momento em que já nada haja a fazer? Espera-se que os países europeus percam até ao ano 2.050, 25 milhões pessoas, naturalmente substituidas por emigrantes portadores de culturas e religiões que nos são estranhas. Já não bastavam as ameaças das alterações climáticas... ainda nos sobram estas!

A cultura é o nosso património mais precioso. Iremos ser uma minoria na nossa própria terra? Uma espécie de estrangeiros no nosso país? - Idéia assustadora!

Veja este Vídeo com atenção.

MARIZA - BARCO NEGRO


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