sábado, outubro 22, 2016

          A Amiga da Noiva...


               

Jamais leve trabalho para casa!
















Um funcionário da agência funerária está trabalhando à noite, para examinar corpos antes destes serem sepultados ou cremados.

Examina um corpo, identificado como José Chagas, que está pronto para ser cremado, e descobre que o defunto tem o maior pênis que ele já viu na vida.

- "Desculpe, Sr. Chagas...." Pensa o funcionário.  Mas não posso mandá-lo para o crematório com essa coisa enorme. Ela tem que ser conservada para a posteridade! 

Com um bisturi, remove o pênis do morto, guarda-o num frasco e vai para casa.

A primeira pessoa a quem ele mostra a monstruosidade é sua mulher.

- 'Tenho algo incrível para te mostrar, querida. Nem vais acreditar! '

Depois, abre o frasco e.... Ao ver o conteúdo, a sua mulher grita, estarrecida:

- 'Oh, meu Deus !!!!! O Chagas morreu ?!?!?'T

Mudança da hora no Porto... .!


















Tinha acabado de entrar o "horário de verão".

Na paragem do autocarro, estavam uma velhinha, a sua neta de dezoito anos e dois fulanos a conversar.

Um deles pergunta ao outro:

- João, que horas são?

Responde o outro:

- Três na nova e duas na velha!

E a velha, que não tinha ouvido tudo, dispara:

- E cinco na tua mãe, meu grande filho da puta!



É preciso variar...




















O Rei D. João V não era pedófilo... mas sim "freirófilo"!!!


Quem não conhece a expressão “nem sempre galinha nem sempre rainha”?

O que... muitos não saberão é que a origem dessa expressão é atribuída ao rei D. João V, conhecido nos manuais da história pelo “Magnânimo” mas também conhecido pelo “Freirático” por causa da sua apetência sexual por freiras.

Ficou célebre o seu tórrido romance com a Madre Paula, do mosteiro de S. Dinis em Odivelas, com quem teve vários filhos, os quais educou esmeradamente, ficando conhecidos pelos Meninos de Palhavã, porque residiam em Palhavã, no Palácio onde actualmente funciona a embaixada de Espanha em Lisboa.

 A rainha era austríaca e muito feia, ao contrário do rei que era bem apessoado, talvez por isso o rei procurava outras companhias mais agradáveis.

A rainha sentindo-se rejeitada ter-se-á queixado ao padre seu confessor.

Um dia o padre chamou o rei à razão, então o rei ordenou ao cozinheiro que a partir desse dia, o padre passaria a comer todos os dias galinha.

Nos primeiros dias o padre até ficou satisfeito e deliciado com o menu.

 Mas passado três meses o homem andava agoniado e magro que nem um caniço, indo queixar-se ao rei, que o cozinheiro só lhe dava galinha.

Foi quando o rei com ar de malícia lhe disse:

 - Pois é senhor padre! Nem sempre galinha, nem sempre rainha!


Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)




Episódio Nº 101

















Um mês antes, quando uma noite observava as estrelas, vira dois vultos a abandonarem a cavalariça de Tui. O ligeiro luar permitia-lhe identificar, a mãe que compunha a saia, bem como o maldito Velho que chifrara o pai.

Com piedade deste, Chamoa nada lhe contara, nem o fez no presente, declarando apenas:

- Tendes razão, fugir é uma loucura.

Para tranquilizar o pai, regressou ao quarto, fingindo-se cabisbaixa, mas no seu íntimo preparou-se para uma aventura arriscada.

Quando a noite ia alta, abandonou os aposentos envolta numa manta escura e atravessou a alcáçova encostada às muralhas, imitando o filho quando este fugira de Tui. Sentiu no coração uma vertigem nervosa, por se saber mais próxima de Afonso Henriques.

Vou a caminho, meu amado.

Já a fugir pelo meio das árvores ouviu um barulho, ramos a partirem-se. Estacou com o coração aos pulos, com receio de dar de caras com um urso, embora fosse improvável tão perto do castelo.

Como não ouviu mais nada continuou. A floresta parecia tranquila, ouviu o piar miúdo de um pássaro e ao longe o rumor vago das tropas acampadas, a prepararem-se para a batalha.

Embrenhada nos seus pensamentos, a minha cunhada só viu o vulto que saíu de trás de uma árvore quando já era tarde demais.

Ai, Nossa Senhora!

O Velho foi rápido e pregou-lhe uma rasteira, enquanto dizia com desprezo:

 - Estúpida galega, desta vez vosso filho não vos vem ajudar!

Atarantada, Chamoa procurou no chão uma pedra ou um ramo com que se defender, mas depois percebeu que a ameaça do Velho não se concretizaria, pois uma voz, vinda da floresta gritou:

 - Trazei-a para o castelo!

Era seu tio Fernão Peres, mas Chamoa só o viu quando reentrou na alcáçova. Com a ponta da espada do Velho encostada às costas foi obrigada a fazer o caminho de volta, percebendo que aquele trio de espertos a enganara.

Sacana do Tugues...

Mem Tougues revelara a partida do Velho ao pai propositadamente, prevendo que Chamoa era avisada. Com isso expusera a colaboração de Gomes Nunes com a filha, uma traição à família trava que agora ambos iriam pagar.


Gomes Nunes, também estais contra nós! – acusou Fernão Peres.

sexta-feira, outubro 21, 2016

Nós, os latinos...












Afinal, não falem de nós, portugueses. Pior ainda são os gregos e os romanos . Comparados com eles devíamos estar no quadro de honra: economia paralela, corrupção e um abuso generalizado dos benefícios sociais:

- Por exemplo, a pensão que Mário Draghi recebe do Estado italiano desde os 59 anos de 14,834 euros por mês é, segundo a lei italiana, acumulável com o salário que recebe como… presidente do BCE;

- A mulher de Umberto Bossi, o líder Liga Norte, ameaça reabrir o Parlamento-Fantasma da Padânia se baixarem as reformas aos seus concidadãos. Ela reformou-se com 39 anos;

- Homens supostamente invisuais são apanhados a conduzir, calcula-se que sejam dois por cada dez;

- Ermana Cossio, de 29 anos, funcionária de uma escola pública, aproveitando-se da generosa legislação sobre reformas no sector público, reformou-se com 29 anos… e com 94% do salário!

Saía hoje...


















Uma mulher acorda durante a noite e constata que o marido não está na cama. Veste o robe e desce para ver onde ele está.

Encontra-o na cozinha, sentado, meditativo, diante de uma taça de café. Parece consternado, olhar fixo na chávena. Tanto mais que o vê a limpar uma lágrima.

 - O que é que se passa, querido?'

O marido levanta os olhos e pergunta-lhe solenemente: 

- Lembras-te, há 20 anos, quando saímos juntos pela primeira vez? Tu tinhas apenas 16 anos.

 - Sim, lembro-me como se fosse hoje. -  responde ela.

O marido faz uma pausa. As palavras custam a sair. - Lembras-te quando o teu pai nos surpreendeu enquanto fazíamos amor no banco de trás do carro?

 - Sim, lembro-me perfeitamente, diz a mulher sentando-se ao seu lado.

O marido continua. - Lembras-te quando ele apontou uma arma à minha cabeça dizendo: ou casas com a minha filha, ou mando-te p'ra cadeia por 20 anos?.

 - "Lembro, lembro" -  responde-lhe ela docemente.

Ele limpa mais uma lágrima e diz: '"Hoje sairia em Liberdade!!!

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)



Episódio Nº 100




















Entalado entre os portucalenses, os galegos e os leoneses, habituara-se a dobrar a cerviz, pois as suas curtas forças contra quem o invadia com regularidade. Dona Urraca, Dona Teresa ou o arcebispo Gelmires tinham massacrado o orgulho e as terras daquele nobre no passado, e a geração seguinte, de Afonso VII, do Trava, de Afonso Henriques, repetia o padrão anterior.

Com o passar dos anos, habituei-me a compreender o meu sogro. Apesar de tudo, o seu apurado instinto de sobrevivência permitia manter a família intacta e aquele castelo de pé.

O pai de Chamoa submetia-se sempre que o julgava necessário, como era mais uma vez no presente. O Trava, seu cunhado, é que dava ordens, preparava as defesas e mantinha o moral dos homens, enquanto o meu sogro se limitava a afagar os netos e a aturar as fúrias da esposa, Elvira Peres de Trava, que culpava Chamoa por aquela inútil guerra.

Lá está ela, no alto da torre de menagem, à espera do maldito Afonso Henriques – resmungava a antipática matrona.

Mem Tougues, que também se encontrava em Tui, continuava apostado em reconquistar Chamoa, e no presente a sua prioridade era amansar a sua futura sogra, gabando os seus épicos cozinhados, para logo depois se aproximar daquele que queria para sogro, revelando-lhe as últimas decisões, numa tentativa sabuja de cumplicidade que permitia a Gomes Nunes ficar a saber que os novos planos do Trava não se resumiam à defesa de Tui, incluindo, igualmente o envio do Velho para Sllium.

O templário traidor cuja função em Tui se resumia a não perder de vista Chamoa, partiu subitamente da cidade na manhã da véspera do nosso ataque, pois o Trava considerava aquele o momento certo para se apoderar da relíquia.

Animado, o tolo Tougues, bufou de imediato a habilidosa manobra a Gomes Nunes e este correu de pronto à torre de menagem para informar a sua bela filha. Desde a partida de Pêro Pais que Chamoa subia todos os dias ao topo da torre, mas só naquela manhã o seu coração rejubilou.

Ao saber da viagem do Velho exclamou em êxtase:

 - Vou fugir hoje mesmo.

Alarmado, Gomes Nunes tentou demovê-la de tal ousadia, dizendo-lhe que Elvira Peres de Trava não hesitaria em a tramar, pois o ódio que devotava aos portucalenses não parara de crescer.

Dai-lhe vinho, meu pai – pediu Chamoa.

A minha cunhada depositava uma exagerada confiança nos poderes luxuriantes da bebida, mas o meu sogro abanou a cabeça, desolado:

 - Vossa mãe já nem com vinho lá vai...


Há anos que ele e Elvira não partilhavam a mesma cama e apenas o interesse comum da preservação de Toronho unia o casal, coisa que Chamoa já sabia.

Já lá vão 53 Anos...






















Passou-se comigo em 1963, já lá vão 53 anos e o cenário é o palco da guerra colonial portuguesa, no norte de Angola.

A operação desenrolou-se tendo como base e ponto de partida e de chegada, uma fazenda de café, Maria Fernanda de seu nome, e nela participaram tropa que estava sedeada na própria fazenda e outras, entre elas o meu Grupo de Combate, vindo de Luanda.

A saída era  de madrugada e os itinerários diferentes para cada um dos Grupos e o objectivo era “limpeza” da zona, coisa perfeitamente delirante tendo em conta a dimensão da área, a riqueza da vegetação e o desconhecimento e pouco à vontade que possuíamos quando comparados com o das populações que faziam da floresta a sua casa.

Fomos largados de viaturas naquilo a que eles chamavam “picada”, trilhos de estradas de “terra batida”que já tinham deixado de o ser porque quando não utilizadas rapidamente são invadidos pelo capim e restante vegetação que literalmente se apodera delas em pouco tempo.

Deveríamos caminhar para Norte até encontrar uma outra picada na perpendicular do sentido que levávamos e onde as viaturas nos aguardariam para nos reconduzirem à fazenda Maria Fernanda.

Com o meu Grupo ia um outro que pertencia à guarnição militar da própria fazenda e que era comandado por um Alferes licenciado em medicina mas que não tendo ainda feito o estágio hospitalar cumpria a comissão como alferes de Infantaria.

O seu estado de espírito não podia ser pior. Estava deprimido e era completa a saturação e o desinteresse que manifestava por tudo quanto o rodeava.

Antes de partirmos acercou-se de mim e disse-me:

- “Não quero saber disto para nada, você comanda e eu vou ser apenas mais um soldado”… não mais o vi nem tão pouco dei pela sua presença…sumiu-se!

A operação decorreu num vale profundo de encostas bem acentuadas que se prolongava no sentido sul/norte e que tinham sido desmatadas até uma certa altura para aproveitarem o terreno na parte mais baixa e fértil para a agricultura de subsistência das populações que se tinham subtraído ao controle das autoridades portuguesas e viviam refugiadas no mato. Alguns deles, com armas, teriam recebido instrução militar e atacavam as tropas portuguesas nos acampamentos e nas picadas com minas anti-carro e emboscadas.

Começamos a deslocação para norte, pela encosta do lado esquerdo do vale, na orla do mato que confinava com o terreno limpo e encobertos pela vegetação da floresta.

Era-nos assim relativamente fácil observar o que se passava à nossa direita, mais abaixo, sem que o contrário fosse possível. Caminhávamos uns atrás dos outros numa fila que se prolongava por dezenas de metros e durante algum tempo nada aconteceu.

De repente ouvi um tiro, depois mais tiros, um alvoroço, alguns soldados descem a correr a encosta, atravessam o vale e perseguem pessoas que fogem em desespero subindo a encosta do outro lado. Regressam passado pouco tempo os que tinham saído em perseguição e a calma restabelece-se progressivamente…o drama estava consumado.

Uma jovem tinha sido morta por uma bala disparada de muito longe por um soldado. A bala entrara pelas costas e atravessara-lhe o coração causando-lhe morte instantânea. Um outro soldado cortou-lhe um dedo para trazer de recordação como troféu de guerra e eu… tive uma enorme vontade de fugir dali, desaparecer…eu que era o comandante daquela tropa e nem sequer podia recriminar o soldado que matou a jovem porque ele apenas cumprira as instruções do Quartel General de matar tudo o que mexesse, a tal “limpeza” a que já me referi.

Não conheci bem este soldado no sentido de que não tive com ele grande convivência. Era da minha Companhia mas não do meu Grupo de Combate. Tinha um aspecto possante, bem constituído fisicamente, de alcunha “o boi”, proveniente, de certo, de uma das nossas muitas aldeias como a maioria deles e no máximo teria a escola primária.

- Dizer-lhe que a utilização de uma arma, mesmo numa situação de guerra, é sempre da responsabilidade de quem a utiliza, faria algum sentido para ele?

- Manifestar-lhe o meu desagrado não seria estabelecer a confusão na sua cabeça?

- Perguntar-lhe se ele gostaria que fossem à sua aldeia e lhe matassem a irmã ou a namorada quando ela estivesse simplesmente a trabalhar no campo, era justo?

Do outro soldado, do que cortou o dedo do cadáver da jovem para recordação, não procurei saber na altura quem era, sentia demasiada vergonha, por mim e por ele.

Quarenta e cinco anos mais tarde, de cabeça baixa, envergonhado e arrependido disse-me em voz baixa…“eu era um garoto…” mas não seríamos todos nós uns garotos?

Foram para mim momentos de pânico e desorientação, não queria estar ali nem mais um minuto e por isso dei instruções para que continuássemos o nosso trajecto o mais rapidamente possível.

Atacar civis, pessoas indefesas, surpreendendo-as, não era guerra nenhuma era um morticínio, um assassinato.

Em todas as anteriores operações, cansado daquelas marchas, do calor, do ar saturado de humidade que não nos deixava respirar, do peso da espingarda, cartucheiras, bornal, capa de borracha, cantil que depressa esvaziava… quando à noite me deixava cair o que me esperava era sempre um sono profundo e descansado tendo por almofada o meu bornal e por lençóis a capa de borracha que nos protegia da chuva.

Sempre?... não! Naquela noite quase não preguei olho, os gritos de dor dos familiares da jovem morta ecoavam por todo aquele vale.

Eram gritos lancinantes, doridos, acusatórios e o silêncio que se lhes seguia parecia total, como se os bichos da floresta tivessem decidido calar-se nessa noite para eu melhor os poder ouvir. Noite irrepetível, perseguido por gritos que sentia serem ameaçadores de pessoas que expressavam a sua dor mas também a sua raiva, o seu justo desejo de vingança.

No outro dia, ainda o sol não nascera e já nos tínhamos posto em marcha que só não era forçada porque as condições do terreno e da vegetação não o permitia.

Era ténue a minha esperança de conseguir escapar à emboscada que de certo me esperaria em qualquer ponto do percurso. Quantos iríamos morrer? Os guerrilheiros não podiam permitir que a tropa fosse ao seu terreno, que era a sua casa, matar uma jovem do seu povo da mesma forma que se caça uma gazela e saísse do emaranhado de toda aquela vegetação com total impunidade. Era para eles uma questão de honra como seria para mim no lugar deles.

Por isso, começamos a andar ainda quase de noite e continuávamos a apressar o andamento na esperança de sair dali depressa antes que eles tivessem tempo de armar a emboscada.

Já era bem de dia quando o vale se bifurcou. Eu devia continuar em frente, sempre para norte, sempre por aquele vale. O Quartel-General sabia bem que era ao longo dele que se encontravam as populações e por isso o itinerário era aquele e não outro.

Mas chegados àquela bifurcação decidi desrespeitar as ordens, seguir pelo vale da esquerda, de vegetação muito mais densa de tal forma que era praticamente impossível montar ali uma emboscada ou o que quer que fosse e em distância parecia-me encurtar caminho.

Disse aos homens para encherem os cantis num fio de água que por ali passava e foi nesse momento, com eles agachados a recolherem a água e eu em pé, que o tiroteio começou.

Eles pensaram exactamente aquilo que eu iria fazer, aquele era o sítio certo para a emboscada, antes de fugir pelo vale da esquerda que tendo uma vegetação tão densa não permitiria qualquer acção militar.

Entretanto, os tiros prosseguiam e eu continuava de pé, indiferente, num aparente e ilusório desafio: …"vá, estou aqui, de pé, acertem-me se forem capazes, vinguem a vossa jovem que nós matámos…”


- “Meu alferes, saia daí, esconda-se, que eles matam-no!”… gritou-me o Maia, (já falecido) deitado atrás de um tronco de uma árvore caída no terreno.

Dirigi-me para junto dele, normalmente, com o passo de quem muda de mesa na esplanada do café e a inconsciência do perigo própria de quem não nasceu para aquelas coisas. Ainda hoje recordo não ter tido naqueles momento nenhuma sensação de medo... "aquelas balas não eram para mim... eu apenas estava assistindo a um filme de aventuras no cinema Politeama..."


-“Meu alferes, as balas aos seus pés até levantavam pó!” - disse-me o Maia quando me deitei ao seu lado.

Entretanto, alguém gritou que eles estavam em cima das árvores a fazerem fogo para cima de nós e logo tudo quanto tinha folhas e ramos foi varrido pelas rajadas das espingardas automáticas G3.

Nitidamente, o efeito de surpresa tinha passado e o nosso maior poder de fogo estava a impor-se.


Chamei o homem da bazuca, o “Capela”, e mandei-o disparar duas granadas na esperança de que alguma delas conseguisse passar por entre as árvores e explodisse contra a outra encosta do outro lado do vale.

A primeira rebentou logo à nossa frente, quase por cima das nossas cabeças, deu cabo de uma árvore que estava próxima e “choveram” bocadinhos de madeira para cima de nós.

Gritei-lhe: - “É pá, levanta o cano dessa merda para ver se consegues fazer a granada passar por cima das árvores!

Inspirado pelos “deuses da guerra”, o homem da bazuca, à segunda tentativa, conseguiu que a granada passasse por entre as árvores, as sobrevoasse e estourasse contra a encosta do vale, em frente, lá no outro lado.

O efeito ultrapassou tudo o que se poderia esperar: o estrondo do rebentamento multiplicado vezes sem conta pelo eco, possível pelo facto das encostas serem suficientemente íngremes e próximas a funcionarem como paredes em frente uma da outra, parecia coisa do apocalipse.

De repente, “vinte exércitos” tinham entrado em cena e accionado os seus dispositivos de lançamento de granadas. Quando, finalmente, os ecos dos rebentamentos se deixaram de ouvir, a guerra tinha acabado, a calma e o silêncio estabeleceram-se como se nada ali tivesse acontecido.

O “Capela” e a bazuca tinham acabado de ganhar a guerra…

Levantá-mo-nos lentamente olhando e perguntando uns pelos outros e inacreditavelmente estavam todos bem, apenas um sargento enfermeiro, de mais idade e pesado, tinha desmaiado de comoção mas estava a recuperar.

Tiveram a oportunidade de uma justa vingança e não a aproveitaram. Dispararam de surpresa de cima das árvores a distâncias que não eram muito grandes e poderiam ter-nos causado inúmeras baixas…éramos mais de cinquenta alvos.

Em vez disso, não acertaram em ninguém, a jovem não foi vingada… mas eles tentaram, cumpriram a sua obrigação, provavelmente com feridos ou mortos pois foram vistos alguns a atirarem-se das árvores, não sabemos se atingidos ou não.

A continuação da marcha foi penosa, momentos houve em que a vegetação de tão densa que era aprisionava-nos de pernas e braços, obrigando a recuos e avanços que eram uma autêntica luta contra o emaranhado dos ramos.

Finalmente, exaustos de cansaço, fome e sede porque no meio de toda aquela confusão e na pressa de abandonar o local nem enchemos os cantis de água, lá chegámos ao destino, já de noite mas vivos e sem feridos.

Aquilo que a cada um de nós nos separou da morte nesse dia, foi um simples capricho do acaso.

Quarenta e oito anos depois convenço-me cada vez mais que é ele, o acaso, que comanda o processo, sempre o comandou. Todo a evolução, em grande medida, foi determinado pelo acaso e as nossas humildes vidas, claro, não lhe podiam fugir.

Pensei muitas vezes, ao longo de todos estes anos, naquela jovem com um sentimento de culpa pela sua morte. Propositadamente, não quis vê-la para não lhe recordar o rosto pela vida afora mas é fácil imaginá-lo e ele tem-me acompanhado, sinal de que a minha consciência não está completamente descansada.

Afinal, eu era o comandante daquela Operação e antes dela começar deveria ter dado instruções a todos os soldados para que, a menos que fôssemos atacados, ninguém daria tiros sem minha autorização. Esta ordem ficou por dar e custou a vida àquela rapariga e a minha consciência carregará sempre esse peso.

Para ela, flores…todas as flores deste mundo!


quinta-feira, outubro 20, 2016

           Quando M´inamoro - Identici Anna


              

             Estado de Graça


           

DEPENDE...



























A professora, na escola, pergunta ao Manuel:

- Manuel, quantos são dois e dois? 

- Depende,, professora, se os números estão na horizontal são 22 se estão na vertical são 4.

- Muito bem, o menino parece que é esperto!

- Diga lá agora; quem descobriu o Brasil?

- DEPENDE, se refere a 1500 foi Pedro Álvares Cabral, se refere a antes de 1500, foi o Índio que já lá estava.

- Ah!...muito inteligente, não é Manuel? Você se acha um super-dotado, certo?

- Então, diga-me, agora, quantos são os Mandamentos da Lei de Deus?

- Bom?... 
DEPENDE, professora!

- Como é que é 
DEPENDE?...

- DEPENDE, porque se é para homens são dez, mas se são para mulheres são nove.

- NOVE? Porquê, nove?

- Porque as mulheres não podem desejar a mulher do próximo!

- Depende... sussurra a professora.


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