sábado, agosto 11, 2012

A nossa imortal Amália

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O ciclista foi ver o mar...




A POUCO RECOMENDÁVEL 
IDADE MÈDIA…

Durante mil anos, do Século V ao XV, decorreu um período a que chamámos de Idade Média porque ocupa um grande "vazio" entra a saudosa Antiguidade Greco-Romana e os tempos modernos. A mim, sempre me pareceu uma época tenebrosa na qual não gostaria de ter vivido:

Por um lado, a Inquisição da Igreja, por outro, o despotismo e prepotência dos nobres e, finalmente, a completa ausência de direitos do povo, fazem deste período uma fase anárquica e confusa da sociedade europeia e ainda mais da nossa península ibérica por causa dos mouros a Sul, onde nasceu o nosso Portugal, no Século XII.

E foi exactamente num belo dia desse Século XII que o fundador do nosso país e seu primeiro rei, D. Afonso Henriques, andava em passeio pelas terras sob seu domínio, no Douro, quando resolveu visitar um dos seus fiéis barões, D. Gonçalo de Sousa que vivia na sua quinta em Unhão.

Claro que, D. Gonçalo, em quem Afonso Henriques se tinha apoiado na sua luta contra o reino de Leão e Castela, recebeu o seu senhor o melhor que pôde e deixou-o na sala a conversar com a Condessa, sua esposa, enquanto foi para cozinha dar instruções à criadagem para a preparação do jantar… real.

Nesses tempos, o jantar, como era de hábito, era comido a meio da tarde, algumas horas depois do almoço que era servido por volta das 10 ou 11 da manhã.

Não havia uma grande variedade de comida: a alimentação constava, sobretudo de carne assada de animais caçados na coutada do conde, acompanhada de pão, couves e talvez puré de castanhas, tudo regado com vinho que D. Gonçalo guardava em grandes barris na sua adega.

Não havia então na Europa e na Península conhecimento da existência de batatas, feijões, milho, alimentos que só muito mais tarde haveriam de ser conhecidos com a descoberta da América.

A carne de veado ou cervo era muito apreciada pela nobreza, mas o mais corrente era comer-se coelho, lebre, galinhola ou, com alguma sorte, faisão.

Também havia ursos na coutada e nas serranias fora dela, assustando os raros viajantes que transitavam a pé ou de mula pelos carreiros ou pelos troços que sobreviveram das antigas estradas romanas, mas os caçadores só os afrontavam, tal como aos lobos, quando isso era necessário à sua própria sobrevivência.

Caçar era o grande passatempo desta nobreza turbulenta, quando não andava metida em guerras entre si, desafiando reinos vizinhos ou contra os mouros do sul. Um plebeu que fosse apanhado a pôr armadilhas para coelhos ou a atirar fisgadas a perdizes, o mais provável era não escapar com vida.


Amor Sobre a Pele de Urso

D. Gonçalo, vestindo quase de certeza uma túnica pouco limpa e bastante remendada cingida na cintura por um largo cinto de cabedal, lá andava pela cozinha a dar ordens aos servos (alguns dos quais, percebia-se pela pele bronzeada e barba preta, serem escravos mouros) entre as panelas e os tachos de barro e de cobre inevitavelmente sobrevoados por esquadrilhas de moscas e varejeiras, enquanto a condessa num banco dos que se fecham em tesoura, conversava com o rei.

(Amanhã terminaremos a história - muito reveladora - da visita do Rei  Afonso Henriques, o Conquistador, ao Conde, seu fiel amigo, D. Gonçalo)


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 164


Na sala, a mulher o esperava, encolhida de medo. Parecia a imagem de santa macerada, o negro Fagundes tinha razão.

 - Onde ela está?

 - Subiu para o quarto.

 - Mande descer.

Esperou na sala, a bater o rebenque contra a bota. Malvina entrou, a mãe ficou na porta de comunicação. De pé ante ele, a cabeça erguida, tensa, orgulhosa, decidida, Malvina aguardou. A mãe aguardava também, os olhos de medo, Melk andou na sala.:

 - Que tem a dizer?

 - A respeito de quê?

 - Respeito me tenha! – gritou – Sou seu pai, baixe a cabeça. Sabe do que falo. Como me explica esse namoro? Ilhéus não trata de outra coisa, até na roça chegou. Não me venha dizer que não sabia que era homem casado, ele não escondeu. Que tem a dizer?

 - Que adianta dizer? O senhor não vai compreender. Aqui ninguém pode compreender. Já lhe disse, meu pai, mais de uma vez: não me vou sujeitar a casamento escolhido por parente, não vou me enterrar na cozinha de nenhum fazendeiro, ser criada de nenhum doutor de Ilhéus. Quero viver a meu modo. Quando sair, no fim do ano, do colégio, quero trabalhar, entrar num escritório.

 - Tu não tem querer. Tu há-de fazer o que eu ordenar.

 - Eu só vou fazer o que eu desejar…

 - Cale a boca, desgraçada!

 - Não grite comigo, sou sua filha, não sou sua escrava.

 - Malvina! – exclamou a mãe – Não responda assim a meu pai. Malvina rugiu:

 - Pois vou embora com ele, fique sabendo.

 - Ai meu Deus!... – A mãe cobriu o rosto com as mãos.

 - Cachorra! – Levantou o rebenque, nem reparava onde batia.

Foi nas pernas, nas nádegas, nos braços, no rosto, no peito. Do lábio partido o sangue escorreu, Malvina gritou:

 - Pode bater. Vou embora com ele!

 - Nem que te mate…

Num repelão, atirou-a para cima do sofá. Ela caiu de bruços, novamente ele levantou o braço, o rebenque subia e descia, silvava no ar. Os gritos de Malvina ecoavam na praça.

A mãe suplicava em choro, a voz medrosa:

 - Basta, Melk, basta…

Depois, de repente, se atirou da porta, agarrou-lhe a mão:

 - Não mate a minha filha!

Parou, arquejante, Malvina agora apenas soluçava no sofá.

 - Pró quarto! Até segunda ordem não pode sair.

No bar, Josué apertava as mãos, mordia os lábios. Nacib sentia-se acabrunhado, João Fulgêncio abanava a cabeça.

Na sua janela, Glória sorriu tristemente.

Alguém disse:

 - Parou de bater.


Da virgem no rochedo


Negros rochedos crescendo do mar, contra seu flanco de pedra as ondas rebentavam em espuma branca. Caranguejos de assustadoras garras surgiram de recônditas cavidades.

De manhã e de tarde, moleques escalavam ágeis a penedia, brincando de jagunços e coronéis. De noite ouvia-se o barulho da água mordendo a pedra, infatigável. Por vezes uma luz estranha nascia na praia, subia pela rocha, perdia-se nos desvãos, reaparecia nas grimpas.

Os negros diziam ser bruxaria das sereias, das aflitas mães-d’água, Dª Janaína em fogo verde transformada. Suspiros rolavam, ais de amor no escuro da noite. Os mais pobres casais, mendigos, malandros, prostitutas sem pouso, faziam sua cama de amor na praia escondida entre os rochedos, embolavam na areia. Rugia em frente o mar bravio, dormia atrás a bravia cidade.
(Há sempre uma luz que representa a esperança num futuro melhor...)

sexta-feira, agosto 10, 2012

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Vejam como estas flores ficam bem nesta paisagem de areia, praia e mar... mas onde é que elas não ficam bem?


CARLOS RAMOS - NÃO VENHAS TARDE

Quem gosta de fado, especialmente de fado castiço, tem que eleger Carlos Ramos e o "Não Venhas Tarde" como algo que, quantos mais anos passam, mais saudades nos despertam. Esta voz e a qualidade desta letra... são de excepção. Já aqui o disse: Carlos Ramos (nascido em 1907 faleceu em 1969) era o fadista mais querido da minha mãe e de milhares de mães dessa época, especialmente lisboetas. Recordê-mo-lo mais uma vez...

 da minha mãe


Ele fora sempre um homem profunda e sinceramente religioso, cumpridor dos seus deveres, chefe de família e cristão exemplar. Ao longo da vida nunca tinha falhado uma missa e a sua relação com Deus era coloquial.

Ultimamente, no fim das suas orações, pedia insistentemente:

 - Oh, Deus, quando decidires levar-me avisa-me com antecedência, a máxima que te for possível. Sabes, tenho muitos amigos de quem me quero despedir e há sempre umas coisas de que a gente gostava de fazer por último.

E sempre que ia à Igreja repetia a Deus, empenhadamente, este pedido.

Um dia, de repente, morreu.

Católico impoluto, subiu ao céu e São Pedro o foi receber pessoalmente às portas do paraíso.

 - Venho muito zangado, diz ele. Pede a Deus para me receber: quero falar com ele.

 - Vou ver se ele te pode atender… e deixou-o só.

 - De regresso diz-lhe: Anda comigo, ele vai falar contigo.

Frente a frente, o bom homem desabafa:

 - Em vida, tinha-te feito um pedido com toda a insistência para que me avisasses com antecedência da minha morte e, afinal, de repente,  sem mais nem menos, levaste-me sem nenhum aviso. Fui sempre um servo teu, fiel e respeitador, não merecia que me fizesses isto…

Responde Deus:

 - Mas, estás a ser muito injusto:

- Lembras-te de quando te apareceram os teus primeiros cabelos brancos?

 - Sim, lembro.

 - Lembras-te quando puseste a primeira prótese para substituir os dentes que, entretanto, tiveste que arrancar?

 - Sim, lembro.

 - Lembras-te dos óculos que tiveste de comprar para poderes continuar a ler o teu jornal com o cafezinho da manhã que não dispensavas?

 - Sim, lembro.

 - Lembras-te das tuas dificuldades de audição de que a tua mulher reclamava por ter de repetir tudo até ouvires?

 - Sim, lembro.

 - Lembras-te das palavras que a tua memória começou a recusar-te e te levava a dizer que ficavam debaixo da língua?

 - Sim, lembro.

- Lembras-te das dores e achaques que começaste a sentir um pouco por todo o corpo?

 - Sim, lembro.

 - E lembras-te das referências subtis que a tua mulher te fazia por espaçares cada vez mais as relações sexuais?

 - Sim, lembro.

 - E acusas-me de que não te avisei???


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 163


Retirou o rebenque, levantando-o; a ponta roçou de leve o rosto de Rómulo. – Depois de amanhã, é o prazo que lhe dou.

Voltou-lhe as costas, voltado agora para o bar como a indagar do motivo da pequena aglomeração do lado de fora. Marchou para lá, os curiosos foram-se sentando, estabelecendo conversas rápidas, olhando de soslaio. Melk chegou batendo nas costas de Nacib:

 - Como vai essa vida, me serve um conhaque.

Viu João Fulgêncio, sentou-se a seu lado:

 - Boa tarde, seu João. Me disseram que o senhor andou vendendo uns livros ruins pra minha menina. Vou lhe pedir um favor: não venda mais nenhum. Livro só de Colégio, os outros não prestam para nada, só servem para desencaminhar.

Muito calmo, João Fulgêncio respondeu:

 - Tenho livros para vender. Se o freguês quer comprar, não deixo de vender. Livro ruim, o que é que o senhor entende por isso? Sua filha só comprou livros bons, dos melhores autores. Aproveito para lhe dizer que é moça inteligente, muito capaz. É preciso compreendê-la, não deve ser tratada como uma qualquer.

 - A filha é minha, deixe comigo o tratamento. Para certas doenças conheço os remédios. Quanto aos livros, bons ou ruins, ela não comprará mais.

 - Isso é com ela.

 - Comigo também.

João Fulgêncio levantava os ombros como se lavasse as mãos das consequências. Bico Fino chegava com o conhaque, Melk bebia-o de um trago, ia levantar-se, João Fulgêncio segurava-lhe o braço:

 - Ouça, coronel Melk. Fale com sua filha com calma, ela talvez o ouça. Se usar de violência poderá vir a arrepender-se depois.

Melk parecia fazer um esforço para conter-se:

 - Se não conhecesse o senhor, não tivesse sido amigo de seu pai, eu nem lhe escutava. Deixe a menina comigo. Não costumo me arrepender. De toda a forma lhe agradeço a intenção.

Batendo o rebenque na bota, atravessou a praça. Josué o olhava de uma das mesas, veio sentar-se na cadeira que ele deixara, ao lado de João Fulgêncio.

 - Que irá fazer?

 - Possivelmente uma burrice – Pousou seus olhos bondosos no professor – O que não admira, você também não anda fazendo tantas? – É uma moça de carácter, diferente. E a tratam como se fosse uma tola…

Melk transpunha o portão da casa de estilo moderno. No bar as conversas retornavam a Altino Brandão, às agitações políticas.

O engenheiro sumira do banco da avenida. Só mesmo João Fulgêncio, Josué e Nacib, esse parado na calçada na calçada, continuavam atentos aos passos do fazendeiro.

(Click na imagem da Gabriela: perdição dos coronéis, cobiça dos homens, ciumeira de Nacib)


ENTREVISTA FICCIONADA
 COM JESUS CRISTO Nº 57
 SOBRE O TEMA: 
“ASCENSÃO OU ASSUNÇÃO?”



RAQUEL -  Emissoras Latinas continuam em Nazaré. Nos porões da igreja da Sagrada Família conserva-se um cemitério dos tempos de Jesus. Até aqui chegamos na companhia do próprio Jesus Cristo. Estarão aqui os restos de seus familiares?

JESUS -  Quando meu pai José morreu o enterramos onde sepultavam a todos os nazarenos. Mas isto mudou muito…

RAQUEL -  Foi duro para o senhor?

JESUS - Sim, minha mãe ficou viúva com vários filhos. Tudo mudou na família quando faltou meu pai.

RAQUEL -  E como pai morreu seu pai?

JESUS -  Não de doença nem do peso dos anos. Os homens adiantaram sua hora. Eram tempos difíceis na Galiléia. Os soldados romanos cometiam muitos abusos. E meu pai era um homem justo. Por esconder a uns rapazes que fugiam de uma matança, os soldados lhe deram uma surra, o deixaram gravemente ferido e já não levantou mais.

RAQUEL -  Sinto ter lhe recordado essa dor. E sua mãe? Onde ela morreu?

JESUS -  Acho que em Jerusalém. Mas ouvi dizer que não, que foi em Éfeso, que João a levou para essa cidade longínqua. Como eu lhe pedi que cuidasse dela… Mas, diga-me, por que quer falar disto, Raquel?

RAQUEL -  Porque nossos ouvintes querem saber se é certo o que se diz do final da vida de sua mãe.

JESUS -  E o que se diz?

RAQUEL -  Que ela não morreu, porque… porque não podia morrer.

JESUS -  Não pode ser. Todos morremos. Do pó viemos e ao pó voltaremos.

RAQUEL -  Dizem também que o corpo de sua mãe era tão imaculado que a terra não poderia tragá-lo.

JESUS -  Quando o grão de trigo cai na terra, apodrece, mas não morre. Continua vivendo na nova espiga.

RAQUEL -  Bom, o que dizem é que ela não morreu, mas que dormiu. Essa história do sonho é realidade ou lenda?

JESUS -  É uma bela parábola. Porque ao morrer despertaremos em Deus. Uma porta se fecha e outra se abre.

RAQUEL -  Mas não falam de porta, mas de escada. Afirmam que Maria subiu ao céu. Diferente do seu caso porque o senhor, como sabemos, se elevou por si só e a ela foi carregada pelos anjos.

JESUS - É o que dizem?

RAQUEL - Tal como ouve.

JESUS - Creio que aí já começaram a inventar.

RAQUEL - Não, é um dogma de fé. A palavra oficial que usam em seu caso é ascensão. No dela, assunção. Em linguagem actual, diríamos que o senhor se propulsou até as alturas. E ela foi como que sugada.

JESUS -  Que disparates, Raquel! Ninguém tem que subir a nenhuma parte porque Deus não está em cima. Está aqui, dentro de mim, dentro de ti. Deus é o coração de todas suas criaturas.

RAQUEL - E o céu, então? Nos programas anteriores, o senhor nos disse que não há inferno. Também não há céu? O que acontece depois da morte?

JESUS - O céu é a obra de suas mãos. Nas mãos de Deus vivemos. E ao morrer, continuamos em suas mãos.

RAQUEL - Mas, se não é pedir demais, como o senhor vem de “lá”… poderia nos adiantar algo?

JESUS - Se a um menino antes de nascer lhe contassem o que irá ver fora do ventre de sua mãe, ele não acreditaria. Também não o entenderia. Asseguro-te que nenhum olho viu, nenhum ouvido escutou, nenhuma mente pode imaginar o que Deus tem preparado para os que amam de verdade.

RAQUEL -  Então, ficamos entre o céu e a terra. Nem ascensões nem assunções, mas sim uma grande esperança.

De Nazaré, Emissoras Latinas..

quinta-feira, agosto 09, 2012

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Vivendo no pico dos montes, perto do céu, em "biquinhos dos pés" sobre as rochas, sem medos nem vertigens... como são estranhas as soluções da natureza.



AS BONECAS DE CROCHÉ...


Um homem e uma mulher estavam casados por mais de 60 anos.

Eles tinham compartilhado tudo um com o outro e conversado sobre tudo.

Não havia segredos entre eles, com excepção de uma caixa de sapatos que a mulher guardava em cima de um armário e tinha avisado o marido que nunca a abrisse nem perguntasse o que havia nela.

Por todos aqueles anos ele nunca nem pensou sobre o que estaria naquela caixa de sapatos.

Um dia a velhinha ficou muito doente e o médico falou que ela não sobreviveria.

Sendo assim, o velhinho tirou a caixa de cima do armário e a levou para perto da cama da mulher.

Ela concordou que era a hora dele saber o que havia naquela caixa.

Quando ele abriu a tal caixa, viu 2 bonecas de croché e um pacote de

dinheiro que totalizava 95 mil Euros.

Ele perguntou a ela o que aquilo significava, ela explicou:

- Quando nós nos casamos minha avó me disse que o segredo de um casamento feliz é nunca argumentar/brigar por nada. E se alguma vez eu ficasse com raiva de você que eu ficasse quieta e fizesse uma boneca de croché.

O velhinho ficou tão emocionado que teve que conter as lágrimas enquanto pensava:

 - Somente duas bonecas preciosas estavam na caixa. Ela ficou com raiva de mim somente duas vezes por todos esses anos de vida e amor.

- Querida!!! - Você me explicou sobre as bonecas, mas e esse dinheiro todo, de onde veio?

- Ah !!! - Esse é o dinheiro que eu fiz com a venda das bonecas, só
sobraram duas.



ORAÇÃO :

Senhor, dai-me sabedoria para entender os homens, amor para perdoá-los e paciência para aturá-los, porque se eu pedir força, eu bato neles até matar pois… EU NÃO SEI FAZER CROCHÉ ...

Amem!

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 163


Retirou o rebenque, levantando-o; a ponta roçou de leve o rosto de Rómulo. – Depois de amanhã, é o prazo que lhe dou.

Voltou-lhe as costas, voltado agora para o bar como a indagar do motivo da pequena aglomeração do lado de fora. Marchou para lá, os curiosos foram-se sentando, estabelecendo conversas rápidas, olhando de soslaio. Melk chegou batendo nas costas de Nacib:

 - Como vai essa vida, me serve um conhaque.

Viu João Fulgêncio, sentou-se a seu lado:

 - Boa tarde, seu João. Me disseram que o senhor andou vendendo uns livros ruins pra minha menina. Vou lhe pedir um favor: não venda mais nenhum. Livro só de Colégio, os outros não prestam para nada, só servem para desencaminhar.

Muito calmo, João Fulgêncio respondeu:

 - Tenho livros para vender. Se o freguês quer comprar, não deixo de vender. Livro ruim, o que é que o senhor entende por isso? Sua filha só comprou livros bons, dos melhores autores. Aproveito para lhe dizer que é moça inteligente, muito capaz. É preciso compreendê-la, não deve ser tratada como uma qualquer.

 - A filha é minha, deixe comigo o tratamento. Para certas doenças conheço os remédios. Quanto aos livros, bons ou ruins, ela não comprará mais.

 - Isso é com ela.

 - Comigo também.

João Fulgêncio levantava os ombros como se lavasse as mãos das consequências. Bico Fino chegava com o conhaque, Melk bebia-o de um trago, ia levantar-se, João Fulgêncio segurava-lhe o braço:

 - Ouça, coronel Melk. Fale com sua filha com calma, ela talvez o ouça. Se usar de violência poderá vir a arrepender-se depois.

Melk parecia fazer um esforço para conter-se:

 - Se não conhecesse o senhor, não tivesse sido amigo de seu pai, eu nem lhe escutava. Deixe a menina comigo. Não costumo me arrepender. De toda a forma lhe agradeço a intenção.

Batendo o rebenque na bota, atravessou a praça. Josué o olhava de uma das mesas, veio sentar-se na cadeira que ele deixara, ao lado de João Fulgêncio.

 - Que irá fazer?

 - Possivelmente uma burrice – Pousou seus olhos bondosos no professor – O que não admira, você também não anda fazendo tantas? – É uma moça de carácter, diferente. E a tratam como se fosse uma tola…

Melk transpunha o portão da casa de estilo moderno. No bar as conversas retornavam a Altino Brandão, às agitações políticas.

O engenheiro sumira do banco da avenida. Só mesmo João Fulgêncio, Josué e Nacib, esse parado na calçada na calçada, continuavam atentos aos passos do fazendeiro.
(Click na imagem dos coronéis. Eles eram, na sociedade do nordeste brasileiro de então, as personagens que detinham a riqueza da terra e, com ela, o poder e a autoridade despótica e prepotente) 

Cena dramática da Telenovela a Gabriela - 1975 - Talvez a melhor história contada em televisão, representada pelo melhor conjunto de actores de então no Brasil e escrita pelo genial escritor Jorge Amado.

quarta-feira, agosto 08, 2012

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Tudo bem, a gente só vê de longe...




CARL SAGAN
A propósito da nossa recente chegada a Marte... O pálido Ponto Azul.

Júlio está no Hotel com a amante, curtindo o pós-coito, quando ela resolve interromper o silêncio:

- Júlio, por que não cortas essa barba?
- Ah... se dependesse só de mim... Sabes que minha mulher seria capaz de me matar se eu aparecesse sem barba... ela gosta de mim assim !
- Ora, querido - insiste a amante - Faz isso por mim, por favor...
- Não sei não, querida.... sabes, a minha mulher ama-me muito, não tenho coragem de a decepcionar... 
- Mas sabes que eu também te amo muito... pensa no caso, por favor... 
O tipo continua dizendo que não dá, até que não resiste às súplicas da amante e resolve atender ao pedido.
Depois do trabalho ele passa no barbeiro, em seguida vai a um jantar de negócios e quando chega a casa a esposa já está dormindo.
Assim que ele se deita, sente a mão da esposa afagando o seu rosto lisinho e com a sua voz sonolenta diz:
- Ricardo!!! Seu sacana, ainda estás aqui?
Vai-te embora... O barbudo já está a chegar !!!




GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 162


Não só o Diabo, o Inferno inteiro ele o conduzia dentro de si. De nada adiantara o trato feito com Gabriela. Ela vinha e ficava por detrás da caixa registadora. Frágil trincheira, curta distância para o desejo dos homens.

Acotovelavam-se agora a beber de pé, junto ao balcão, quase um comício em torno dela, uma pouca vergonha. O juiz descarara tanto que a ele próprio, Nacib, já dissera:

 - Vá se preparando, meu caro, que vou lhe roubar Gabriela. Vá tratando de procurar outra cozinheira.

 - Ela deu esperanças, doutor?

 - Mas dará… É questão de tempo e jeito.

Manuel das Onças, que antes não saía das roças, parecia esquecido das suas fazendas em plena época de colheita. Até pedaço de terra mandara oferecer a Gabriela. Quem tinha razão era a solteirona. O Diabo se soltara em ilhéus, virava a cabeça dos homens. Terminaria virando a de Gabriela também. Ainda há dois dias, Dª. Arminda lhe dissera:

 - Uma coincidência: sonhei que Gabriela tinha ido embora e no mesmo dia o coronel Manuel mandou dizer que se ela quisesse botava no papel uma roça, em nome dela.

Cabeça de mulher é fraca, bastava olhar a praça: lá estava Malvina sentada num banco na Avenida, a conversar com o engenheiro. João Fulgêncio não dizia que era a mulher mais inteligente de Ilhéus, com carácter e tudo. E não perdia a cabeça a namorar na vista de todos um homem casado?

Nacib andara até à extremidade do largo passeio do bar. Perdido em seus pensamentos, assustou-se quando viu o coronel Melk Tavares sair de casa, marchar para a praia.

 - Espiem! - exclamou.

Alguns ouviram, voltaram-se para ver.

 - Vai andando para eles…

 - Vai haver alteração…

A moça também vira o pai a aproximar-se, pusera-se de pé. Devia ter chegado da roça naquela hora, nem descalçara as botas. No bar abandonavam as mesas de dentro para espiar.

O engenheiro empalidecera quando Malvina lhe avisara:

 - Meu pai está vindo para cá.

 - Que vamos fazer? – A voz o traía.

Melk Tavares, a cara fechada, o rebenque na mão, os olhos na filha, parou junto deles. Como se não visse o engenheiro, nem o olhou. Disse a Malvina, a voz como uma chibatada:

 - Já pra casa! O rebenque estalou seco contra a bota.

 Ficou parado olhando a filha andar num passo lento. O engenheiro não se movera, um peso nas pernas, o suor na testa e nas mãos. Quando Malvina entrou no portão e desapareceu, Melk levantou o rebenque, encostou a ponta de couro no peito de Rómulo:

 - Soube que o senhor terminou os seus estudos da barra. Que telegrafou pedindo para continuar, ficar dirigindo os trabalhos. Se eu fosse o senhor, não faria isso, não. Mandava um telegrama pedindo um substituto e não esperava que ele chegasse. Tem um navio depois de amanhã.
( Click na imagem do coronel Melk Tavares, pai de Malvina, que parece ter posto fim ao namoro da filha com o engenheiro com velada ameaça de morte)


A VIDA SEXUAL DOS PAPAS (continuação)



Alexandre VI – O Insaciável ( Foi o 214º Papa de 1492 até à sua morte em 1503)

Gostava de orgias e obrigou um jovem de 15 anos a ter sexo com ele sete vezes no espaço de uma hora, até o rapaz morrer de cansaço. Teve vários filhos, que nomeou cardeais. Assim que chegou ao Papado, em 1431, trocou a amante por uma mais nova, Giulia. Ela tinha 15 anos, ele 58. Foi Alexandre VI quem criou a célebre "Competição das Rameiras". No concurso, o Papa oferecia um prémio em moedas de ouro ao participante que conseguisse ter o maior número de relações sexuais com prostitutas numa só noite. Depois de morrer, o Vaticano ordenou que o nome de Alexandre VI fosse banido da história da Igreja e os seus aposentos no Vaticano foram selados até meados do século XIX.

 Gregório XII (Foi Papa de 715 e governou a Igreja durante 16 anos)

Violou irmãs e 300 freiras. Não aparece na lista oficial de Papas e acabou preso em 1415. O anti-papa conseguia dinheiro a recomendar virgens de famílias abastadas a conventos importantes. Mas violava-as antes de irem. Tinha um séquito de 200 mulheres, muitas delas freiras. Criou um imposto especial para as prostitutas de Bolonha. Tinha sexo com duas das suas irmãs. Defendia-se, dizendo que não as penetrava na vagina e que por isso não cometia nenhum pecado. Foi julgado, acusado de 70 crimes de pirataria, assassinato, violação, sodomia e incesto. Entre outros factos, o tribunal deu como provado que o Papa teve sexo com 300 freiras e violou três das suas irmãs. Foi deposto do cargo e preso. Voltou ao Vaticano, anos mais tarde, como cardeal.

 Bento IX (Sobrinho do papa João XIX e de Bento VII. Foi eleito Papa em 1032 e deposto em 1044)

Sodomizava animais. Chegou a Papa em 1032 com 11 anos. Bissexual, sodomizava animais e foi acusado de feitiçaria, satanismo e violações. Invocava espíritos malignos e sacrificava virgens. Tinha um harém e praticava sexo com a irmã de 15 anos. Gostava, aliás, de a ver na cama com outros homens. "Gostava de a observar quando praticava sexo com até nove companheiros, enquanto abençoava a união", escreve Eric Frattini. Convidava nobres, soldados e vagabundos para orgias. Dante Alighieri considerou que o pontificado de Bento IX foi a época em que o papado atingiu o nível mais baixo de degradação. Bento IX cansou-se de tanta missa e renunciou ao cargo para casar com uma prima - que o abandonaria mais tarde.

 Clemente VI (Foi Papa de 1342 até à sua morte em 1352)

Comprou um bordel. Em 1342, com Clemente VI chega também à Igreja Joana de Nápoles, a sua amante favorita. O Papa comprou um "bordel respeitável" só para os membros da cúria - um negócio, segundo os documentos da época, feito "por bem de Nosso Senhor Jesus Cristo". Tornou-se proxeneta das prostitutas de Avinhão (a quem cobrava um imposto especial) e teve a ideia de conceder, duas vezes por semana, audiências exclusivamente a mulheres. Recebia as amantes numa sala a poucos metros dos espaços em que os verdugos da Inquisição faziam o seu trabalho. No seu funeral, em Avinhão, foi distribuído um panfleto em que o diabo em pessoa agradecia ao Papa Clemente VI porque, com o seu mau exemplo, "povoara o inferno de almas".

 Xisto III (Foi eleito Papa em 432 até à sua morte em 440)

Violou uma freira e foi canonizado. Obcecado por mulheres mais novas, foi acusado de violar uma freira numa visita a um convento próximo de Roma. Enquanto orava na capela, o Papa, eleito em 432, pediu assistência a duas noviças. Violou uma, mas a segunda escapou e denunciou-o. Em tribunal, Xisto III defendeu-se, recordando a história bíblica da mulher que foi apanhada em adultério. Perante isso, os altos membros eclesiásticos reunidos para condenar o Papa-violador não se atreveram a "atirar a primeira pedra" e o assunto foi encerrado. Xisto III foi, aliás, canonizado depois de morrer. Seguiu-se-lhe Leão I, que também gostava de mulheres mais novas e que mandou encarcerar uma rapariga de 14 anos num convento, depois de a engravidar.

 João XII (Foi eleito em 955 até à sua morte em 964)

Morto pelo marido da amante. Nos conventos rezava-se para que morresse. João XII era bissexual e obrigava jovens a ter sexo à frente de toda a gente. Gozava ao ver cães e burros atacar jovens prostitutas. Organizou um bordel e cometeu incesto com a meia-irmã de 14 anos. Raptava peregrinas no caminho para lugares sagrados e ordenou um bispo num estábulo. Quando um cardeal o recriminou, mandou-o castrar. Um grupo de prelados italianos, alemães e franceses julgaram-no por sodomia com a própria mãe e por ter um pacto com o diabo para ser seu representante na Terra. Foi considerado culpado de incesto e adultério e deposto do cargo, em 964. Foi assassinado - esfaqueado e à martelada - em pleno acto sexual pelo marido de uma das suas várias amantes.

terça-feira, agosto 07, 2012

IMAGEM
A sensualidade do corpo de mulher


BOB MARLEY 
O melhor cantor da Jamaica, defensor dos pobres e oprimidos, falecido em 1981, de cancro, sem ter tido a oportunidade de ver o seu compatriota, o supersónico Usain Bolt, ganhar o título olímpico dos 100 metros em 9,63 segundos. Parabéns à Jamaica, pelo músico e pelo atleta.


 O Parto da Prostituta.
 
Um tipo está preso na esquadra, todo partido... O advogado comparece para libertá-lo, e pergunta o que havia acontecido.

 O cliente começa a explicar:
 - Bem, eu estava a passar na rua e de repente, vi um monte de gente a correr. Estavam a ajudar uma prostituta que acabava de dar à luz a um lindo menino em plena rua. Solidário, comprei um pacote de fraldas para presentear a prostituta. Ao aproximar-me, um polícia com 2 metros de altura e 3 de largura, viu o pacote de fraldas nas minhas mãos e perguntou:

 - Para onde vai isso?


 E eu respondi:

- Vai pra puta... que pariu...
 Depois disso não me lembro de mais nada, mas já consigo abrir um olho.


A VIDA SEXUAL DOS PAPAS (continuação)



João Paulo II

Acusado de ter uma filha secreta. Em 1995, o norte-americano Leon Hayblum escrevia um livro polémico, em que dizia ser pai da neta de João Paulo II. Durante a ocupação nazi da Polónia, Wojtyla terá casado, secretamente, com uma  judia. Do enlace nasceu uma rapariga, que o próprio pai entregou, com seis semanas, a um convento local. No seu pontificado especulou-se muito sobre as namoradas que teve antes do sacerdócio. O Papa admitiu algumas, mas garantiu nunca ter tido sexo. No Vaticano, fazia-se acompanhar por uma filósofa norte-americana, Anna Teresa Tymieniecka, com quem escreveu a sua maior obra filósofica. Acabaram zangados, supostamente por ciúmes.

 Paulo VI

Homossexual? Assim que chegou ao Vaticano, Paulo VI mostrou-se muito conservador em relação às matérias ligadas à sexualidade. Em 1976, indignado com as declarações homofóbicas de Paulo VI, um historiador e diplomata francês, Roger Peyrefitte, contou ao mundo que, afinal, o Papa era homossexual e manteve uma relação com um actor conhecido. O escândalo foi tremendo: Paulo VI negou tudo e o Vaticano chegou a pedir orações ao fiéis do mundo inteiro pelas injúrias proferidas contra o Papa. Paulo VI morreu em 1978, aos 81 anos, depois de 15 pontificado, vítima de um edema pulmonar causado, em boa parte parte, pelos dois maços de cigarros que fumava por dia.

 Inocêncio X

Amante da cunhada. Eleito no conclave de 1644, Inocêncio X manteve uma relação com Olímpia Maidalchini, viúva do seu irmão mais velho - facto que lhe rendeu o escárnio das cortes da Europa. Inocêncio X não era, aliás, grande defensor do celibato. Olímpia exercia grande influência na Santa Sé e chegou a assinar decretos papais. A dada altura, o Papa apaixonou-se por outra nobre, Cornélia, o que enfureceu Olímpia. Mesmo assim, foi a cunhada quem lhe valeu na hora da morte e quem assegurou o funcionamento do Vaticano quando Inocêncio estava moribundo. Quando morreu, em 1655, Olímpia levou tudo o que pôde da Santa Sé para o seu palácio em Roma, com medo de que o novo Papa não a deixasse ficar com nada.

 Leão X

Morreu de sífilis. Foi de maca para a própria coroação, por causa dos seus excessos sexuais. Depois de Júlio II ter morrido de sífilis, em 1513 chega a Papa Leão X, que gostava de organizar bailes, onde os convidados eram somente cardeais e onde jovens de ambos os sexos apareciam com a cara coberta e o corpo despido. O Papa gostava de rapazes novos, às vezes vestia-se de mulher e adorava álcool. "Quando foi eleito tinha dificuldade em sentar-se no trono, devido às graves úlceras anais de que sofria, após longos anos de sodomia", escreve Frattini. Estes e outros excessos levaram Lutero a afixar as suas 95 teses - que lhe garantiram a excomunhão em 1521. Leão X morreu com sífilis aos 46 anos.

(Click na imagem do Papa Leão X - 1513/1521)


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