sábado, junho 09, 2012

ABBA - FERNANDO


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Que romântico...


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Apanhados... mais uma vez...


A Espiral do Ódio

e As Suas Origens



ISRAEL, em hebraico, significa aquele que luta com Deus e de acordo com as Escrituras bíblicas a terra de Israel foi-lhes prometida por Deus pelo que os judeus a consideram sua desde há 3000 anos.

Nesta terra, que guarda lugares de especial importância para a Religião judaica, nomeadamente as ruínas do primeiro e segundo Templos, existiram durante mais de mil anos, de forma intermitente, estados e reinos judaicos.

Consta que foi uma fracassada revolta contra os Romanos que esteve na origem da expulsão dos Judeus e levou o Imperador Adriano, numa tentativa de os desligar da sua terra, a substituir o nome de Província da Judeia por Província Síria Palestina.

Os Muçulmanos, por sua vez, conquistaram a região em 638 D.C. e controlaram-na até ela ser integrada no Império Otomano em 1517.

Em 1896 nasce o Sionismo, movimento nacionalista liderado por Theodor Hertzl, que tem como objectivo a criação de um Estado judaico que desse garantias de segurança aos judeus que desde 1882 tinham começado a imigrar para a região onde criaram Universidades, Institutos de Tecnologia, Kibutzes e gozavam já de uma certa autonomia na então chamada Cisjordânia que se encontrava sob administração britânica.

O outro grupo que reclamava igualmente a constituição de um Estado na mesma região era constituído por árabes, nativos daquele local e refugiados de países vizinhos, na sua maioria muçulmanos.

As tensões entre árabes e judeus têm aqui a sua origem que aumentam à medida que, por força da imigração, as populações crescem.

O primeiro massacre ocorre em 1929 quando, a um falso pretexto do assassínio de dois árabes por judeus, são mortos 133 judeus e centenas de outros são feridos.

Em 1933, com a ascensão do nazismo, o número de imigrantes judeus quase que duplica e em 1939 a Administração britânica restringe a imigração de judeus mas perante a situação das vítimas do holocausto nazi e das pressões internas e externas, abre mão do seu Mandato e em 1947 a A.G. das Nações Unidas aprovou o plano para a partilha do território entre um Estado Judeu e outro Árabe levando em linha de conta os locais em que cada população se encontrava. (continua)


Os Autores Mais Importantes do Século XX e o que aprendemos, “ou devíamos ter aprendido” com eles.

SALMAN RUSGIE (1947 -  ?

A influência do autor de Versículos Satânicos
é fácil de medir. Basta ver o estado apopléctico em que deixou os fundamentalistas islâmicos ao publicar o seu romance “blasfemo”, em 1988. A «fatwa» (condenação à morte) lançada contra ele pelo Ayatollah Khomeini, então líder supremo do Irão, forçou-o auma espécie de clandestinidade durante dez anos, sem que Rushdie tenha, em qualquer momento, cedido ao terror psicológico. Consciente do poder da literatura, e dos potenciais perigos que acarreta, nunca deixou de escrever. 
O romance Os Filhos da Meia-Noite (1981), sobre a independência da Índia, foi considerado o Booker dos Bookers, em1993.

 - O que nos ensinou: a não tolerar a intolerância religiosa.
(José Mário Silva)


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 120



Nunca fizera negócio mais vantajoso como ao contratar Gabriela no «mercado de escravos». Quem diria ser ela tão competente cozinheira, quem diria esconder-se sob trapos sujos tanta graça e formosura, corpo tão quente, braços de carinho, perfume de cravo a tontear?...

Naquele dia da chegada do engenheiro, a curiosidade tomando conta do bar, apresentações e cumprimentos, elogios a granel – é um nadador de primeira – quando todos os almoços se atrasaram em Ilhéus, Nacib fizera dia por dia a conta do tempo decorrido desde o anúncio da sua vinda. Gabriela voltava para casa após pedir:

 - Deixa eu ir no cinema hoje? Pra acompanhar D. Arminda…

Tirara da caixa uma nota de cinco mil réis, generoso:

 - Pague a entrada dela…

Vendo-a partir esfogueada e risonha (ele não parara de beliscá-la e tocá-la mesmo enquanto comia) contara os dias: três meses e dezoito dias exactamente. De aperreação, cochichos, agitação, dúvida e esperança para Mundinho e seus amigos, para o coronel Ramiro Bastos e seus correligionários.

Com descomposturas nos jornais, conversas segregadas, apostas, bate – bocas, surdas ameaças, um clima de tensão em aumento. Havia dias em que o bar parecia uma caldeira prestes a explodir.

Quando o Capitão e Tonico mal se falavam, o coronel Amâncio Leal e o coronel Ribeirinho apenas se cumprimentavam.

É para ver-se como são as coisas da vida. Aqueles mesmos dias foram de calma, de perfeita tranquilidade de espírito, de suave alegria para Nacib. Talvez os mais felizes da sua existência.

Jamais dormira tão sereno a sua sesta, acordando risonho com a voz de Tonico, infalível após o almoço para um dedo de amargo a ajudar a digestão, um dedo de prosa antes de abrir o cartório. Pouco depois juntava-se a eles João Fulgêncio, passando para a Papelaria.

Falavam de Ilhéus e do mundo, o livreiro era entendido em assuntos internacionais, Tonico sabia tudo quanto se referia ao mundo da cidade.

Três meses e dezoito dias tardara o engenheiro a chegar, fazia exactamente o mesmo tempo que contratara Gabriela. Naquele dia o coronel Jesuíno Mendonça matara D. Sinhàzinha e o dentista Osmundo. Mas só no outro dia tivera Nacib a certeza de que ela sabia cozinhar.

Na espreguiçadeira, o jornal abandonado no chão, o charuto a apagar-se, Nacib sorri, recordando… Três meses e dezoito dias a comer comida temperada por ela, não havia em todo Ilhéus cozinheira que se lhe pudesse comparar. Três meses e dezasseis dias dormindo com ela, a partir da segunda noite, quando o luar lambia-lhe a perna e no escuro do quarto saltava um seio da rota combinação…
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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
 SOBRE A ENTREVISTA Nº 52
 SOBRE O TEMA: 
“AS MULHERES PRIMEIRO?” (7 e últ.)




Suécia: Uma Experiência de Sucesso

Excelentes resultados validam a lei sueca.  Nos primeiros cinco anos de vigência da lei o número de prostitutas nas ruas de Estocolmo foi reduzida em dois terços e os clientes em 80%. Em outras cidades suecas o comércio do sexo nas ruas quase desapareceu. Foram também desaparecendo bordéis e casas de massagens que os encobriam. Também diminuiu o tráfico de mulheres estrangeiras enviadas para a Suécia para a prostituição.  O governo sueco disse que nos últimos anos apenas 200 a 400 mulheres e meninas vieram para a Suécia para esse fim, muito pouco em comparação com as 15 a 17 mil que chegavam da vizinha Finlândia.  Segundo as sondagens, 80% da população sueca apoia a lei.
A experiência sueca é solitária, mas bem sucedida.  É exemplar.  Finlândia e Noruega querem seguir esse caminho.  Está comprovado que a criminalização da prostituição não funciona.  Nem a regulamentação ou a legalização.  Um estudo realizado pela Universidade de Londres em 2003 mostrou que a legalização ou regulamentação sempre levam a um aumento dramático em todas as facetas da indústria do sexo e o crime organizado, a um dramático aumento da prostituição infantil e tráfico de meninas e mulheres para fins sexuais e aumento da violência contra as mulheres.

Nota – Perante esta experiência com tão bons resultados na Suécia pergunta-se qual a razão porque outros países não a põem em prática dentro das suas fronteiras.

Só há uma resposta: falta de vontade política em acabar com um negócio que aproveita a demasiada gente. Um “statu quo” há tanto tempo instalado na sociedade terá criado raízes que se transformaram numa rede de interesses muito poderosos.

Apenas em sociedades de elevados índices éticos e morais será possível aguardar que uma onda de apoio da própria população a estas medidas estimulem e dêem forças aos políticos para avançarem com elas e romperem a teia de interesses

sexta-feira, junho 08, 2012

SÓNIA BRAGA
A «nossa Gabriela» faz hoje 62 anos. Muitos parabéns e felicidades para ela.


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Um céu de fogo...


ZORBA

Um hino à natureza e a uma das mais belas e carismáticas músicas do património cultural europeu numa combinação que só a qualidade da BBC permite.


- Alô, Sô Carlos? Aqui é o Uóshito, casêro do sítio.

- Pois não, Seu Washington. Que posso fazer pelo senhor? Houve algum problema?

- Ah, eu só tô ligando para visá pro sinhô qui o seu papagaio morreu.

- Meu papagaio? Aquele que ganhou o concurso?

- Êle mesmo.

- Puxa! Que desgraça! Gastei uma pequena fortuna com aquele bicho! Mas morreu de que?

- Di umê carne istragada.

- Carne estragada? Quem fez essa maldade? Quem deu carne para ele?

- Ninguém. Ele comeu a carne dum dos cavalos morto.

- Cavalo morto? Que cavalo morto, seu Washington?

- Aquele puro-sangue qui o sinhô tinha! Ele morreu de tanto puxá carroça dágua!

- Tá louco? Que carroça d'água?

- Prapagá o incêndio!

- Mas que incêndio, meu Deus?

- Na sua casa, uma vela caiu, aí pegô fogo nas curtina!

- Caramba, mas aí tem luz eléctrica!  Que vela era essa?

- Do velório!

- De quem?

- Da sua mãe! Ela apareceu aqui sem avisá e eu dei um tiro nela pensando que era ladrão!

- Meu Deus, que tragédia! - e o homem começa a chorar.

- Peraí sô Carlos, o sinhô num vai chorá pur causa dum papagai, vai?




GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio nº 119



O engenheiro interessava-se, por sua vez:

 - A praia é bonita? É boa para o banho do mar?

 - Muito boa.

 - Mas está vazia…

 - Aqui não há esse costume. Só Mundinho, e antigamente o finado Osmundo, um dentista que foi assassinado… De manhãzinha bem cedo…

O engenheiro riu:

 - Mas não é proibido?

 - Proibido? Não. Só que não é costume.

Moças do Colégio das Freiras, aproveitando o dia santo, andavam pelo comércio fazendo compras, entravam no bar em busca de bombons e caramelos. Entre elas, formosa e séria, Malvina. O Capitão as apresentava:

 - A juventude estudiosa, as futuras mães de família, Iracema, Heloisa, Zuleica, Malvina…

O engenheiro apertava as mãos, sorria, elogiava.

 - Terra de moças bonitas…

 - O senhor demorou de mais – disse Malvina a fitá-lo com seus olhos de mistério – Já se pensava que o senhor não viria.

 - Se eu soubesse que era esperado por senhoritas tão belas teria vindo já há muito tempo, mesmo sem ter sido designado… - que olhos aquela moça possuía; sua formosura não estava apenas no rosto e no corpo elegante, como se viesse também de dentro dela.

Partiu o grupo álacre, Malvina voltou-se duas vezes a olhar. O engenheiro anunciou:

 - Vou aproveitar esse sol e tomar um banho de mar.

 - Volte para o aperitivo. Aí pelas onze, onze e meia… Vai conhecer meio Ilhéus…

Estava hospedado no Hotel Coelho. Viram-no passar pouco depois, envolto num roupão de banho, o corpo atlético vestido apenas com um maillot, correndo para o mar, cortando-o em braçadas rápidas. Malvina fora sentar-se num banco no passeio da praia, acompanhava com os olhos.

De Como se Iniciou a Confusão de Sentimentos do Árabe Nacib

Leu umas linhas no jornal, aspirando a fumaça do charuto de são Félix, perfumado. Em geral nem chegava a fumar todo o charuto, a ler grande coisa nos diários da Baía. Logo adormecia, embalado pela brisa do mar, afrontado pelas iguarias gulosamente devoradas, o inigualável tempero de Gabriela.

Ressonava feliz por entre os bigodes frondosos. Aquela meia-hora de sono, à sombra das árvores, era uma das delícias da sua vida tranquila, sem sustos, sem complicações, sem problemas graves. Jamais tinham os negócios marchado tão bem, crescia a frequência do bar, ele acumulava dinheiro no banco, o sonho de um pedaço de terra onde plantar cacau ganhava realidade.
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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
 À ENTREVISTA Nº 52 SOBRE O TEMA:
 “AS PROSTITUTAS PRIMEIRO?” (5)

Uma Profissão, Ou uma Opção?

Elizalde diz:  Uma coisa é exercer a prostituição, responsavelmente ou não, e outra é escolhê-la livremente. Quando dizemos que uma mulher escolhe a prostituição, subentendemos que o faz com inteira liberdade mas esse é outro grande mito associado ao fenómeno da prostituição. Ela não é não é uma causa, mas um efeito e, assim, a opção de escolher o caminho do sexo para satisfazer ambições pessoais é precedidos pelo condicionamento social, educacional, familiar, económico, a pré-determiná-la, e essa análise é muito importante para na elaboração de estratégias para a reabilitação social da prostituta, para evitar agir contra a vítima, e não contra o mal.
Chamar às prostitutas "mulheres de vida fácil" ou, pior ainda, de "vida feliz" é uma das mentiras mais escandalosas que podem ser ditas neste planeta.  Estas definições foram certamente alcunhadas pelos clientes na perspectiva do comprador para o libertar da culpa quando está a  pagar.
 A vida de uma prostituta não é fácil nem feliz, mas eles são o preconceito de género tão arraigado, que às vezes até se assumir a culpa da imagem frívola que fica para o cliente e o proxeneta, dois elementos da cadeia que têm igual perigosidade social pelo seu papel na institucionalização da exploração sexual.  Tende-se a identificar a prostituta que é a sua cara mais visível e frágil.
  Os personagens mais sinistros nesta história não costumam emergir das sombras.  Mas a pessoa que põe o corpo em venda, a que especula com a sua dignidade, ainda que não o queira admitir, é marcada por uma experiência devastadora e pela tortura permanente de culpa.

quinta-feira, junho 07, 2012

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A espuma branca das ondas...


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As pequenas grandes ideias...





TRRIIIMM... TRRIIIMM... TRRIIIMM...


Responde o atendedor de chamadas:




 - Obrigado por ter ligado para o (Hospital) Júlio de Matos, a companhia mais adequada aos seus momentos de maior loucura."

 - Se é obsessivo-compulsivo, marque repetidamente o 1;

  - Se é codependente, peça a alguém que marque o 2 por si; Se tem múltipla personalidade, marque o 3, 4, 5 e 6;

 - Se é paranóico, nós sabemos quem é você, o que você faz e o que quer. Aguarde em linha enquanto localizamos a sua chamada;

 -  Se sofre de alucinações, marque o 7 nesse telefone colorido gigante que você, e só você, vê à sua direita;

  - Se é esquizofrénico, oiça com atenção, e uma voz interior indicará o número a marcar;

Se é depressivo, não interessa que número marque. Nada o vai tirar dessa sua lamentável situação;



GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 118



 - Eu é que fui inoportuno… - ouvia passos de mulher andando no quarto.

 - E pergunte a Tonico se ele prefere loira ou morena…

Dias depois chegava o telegrama do Ministro anunciando o nome do engenheiro e a data do seu embarque para a Baía. Mundinho mandou chamar o Capitão, o coronel Ribeirinho, o Doutor. «Designado engenheiro Rómulo Vieira». O Capitão tomava do despacho, punha-se de pé:

 - Vou esfregá-lo nas ventas de Tonico e de Amâncio…

 - Vinte pacotes, ganhos sem esforço… - Ribeirinho erguia as mãos. Vamos fazer uma farra monumental no Bataclan.

Mundinho recolheu o telegrama, não deixou o Capitão levá-lo. Pediu-lhes mesmo para guardarem segredo ainda uns dias, era de muito mais efeito anunciar no jornal, quando o engenheiro já estivesse na Baía. No fundo temia nova ofensiva do Governador, novo recuo do Ministro. E só uma semana depois, quando o engenheiro, já na Baía, avisava sua chegada no próximo baiano.

Mundinho os convocara novamente, mostrou-lhes as cartas e telegramas trocados, aquela fora uma dura e difícil batalha contra o Governo do Estado. Ele não quisera alarmar os amigos, por isso não os pusera antes a par dos detalhes. Mas agora, quando haviam vencido, valia a pena conhecer toda a extensão e valor dessa vitória.

No bar Vesúvio, Ribeirinho mandou servir bebida a todo o mundo e o Capitão cujo bom humor reaparecera, elevou o seu cálice à saúde do «Dr. Rómulo Vieira, libertador da barra de Ilhéus».  A notícia circulou, saíu depois no jornal, vários fazendeiros voltavam a entusiasmar-se. Ribeirinho, o Capitão, o Doutor, citavam trechos de cartas. O Governo do Estado fizera tudo para impedir a vinda do engenheiro.

Jogara todo o seu prestígio, toda a sua força. O Governador, por causa do genro, se empenhara pessoalmente. E quem vencera? Ele, com o Estado na mão, chefe de governo, ou Mundinho Falcão, sem sair do seu escritório em Ilhéus?

Seu prestígio pessoal derrotara o Governo do Estado. Essa a verdade indiscutível. Os fazendeiros abanavam a cabeça, impressionados.

A recepção no porto foi festiva. Nacib, tendo acordado tarde, o que lhe sucedia agora frequentemente, não pôde comparecer. Mas soubera de tudo mal chegara ao bar da boca do Nhô-Galo.

Lá estiveram, na ponte, Mundinho Falcão e seus amigos, vários fazendeiros também e grande número de curiosos. Tanto se falara desse engenheiro que desejavam ver como ele era, havia-se tornado quase um ser sobrenatural. Até um fotógrafo aparecera, contratado por Clóvis Costa.

Juntou todo o mundo num grupo, com o engenheiro no centro, meteu a cabeça sob o pano preto, levou meia hora para bater o retrato. Infelizmente perdeu-se esse documento histórico: a chapa queira-se, o homem só sabia fotografar no seu atelier.

Quando vai começar? – quis saber Nacib.

 - Logo. Os estudos preliminares. Devo esperar meus ajudantes e os instrumentos necessários estão vindo num navio do Lloyd, directo.

 - E vai durar muito?

 - É difícil de prever. Mês e meio, dois meses, ainda não sei.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 
À ENTREVISTA Nº 52 SOBRE O TEMA:
“AS PROSTITUTAS PRIMEIRO?” (4)

É a profissão mais antiga?

Elizalde diz: Quase todos os mitos são baseados num erro, lançado nos últimos tempos. Um deles delas é que o comércio do sexo é a profissão mais antiga do sexo feminino no mundo. A frase sugere que a prostituição é um atributo inato de mulheres e, portanto, definitivamente inevitável.  No entanto, em muitas sociedades "primitivas" não é conhecida e ainda hoje se desconhece esta prática, algo confirmado pela arqueologia e mitologia popular, onde as mulheres muitas vezes aparecem praticando profissões nobres: ceramistas, artesãs, cavaleiras, mestres, ourives, recolectoras.  Mas isso foi ignorado pelos historiadores durante séculos de dominação patriarcal e hoje continua a ser uma presunção que se reproduz com ligeireza, incluindo em tratados de educação sexual .

quarta-feira, junho 06, 2012

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Será que ela veio com os destroços da cheia?...


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Uma boa maneira de levar os jovens directamente ao banho...


OS TINCOÃS    (1973)

Em 1975 a primeira grande baixa no grupo ocorre com a morte de Heraldo, depois de gravar um compacto e uma faixa, "Banzo", no LP da trilha sonora da novela Escrava Isaura. A lacuna foi preenchida com a entrada de Morais, permanecendo por pouco tempo, mas participando do terceiro LP do grupo, "O Africanito", lançado em 1975. Logo depois, substituindo Morais, foi incorporado ao trio o vocalista Badu, mantendo dessa forma a tradição e a qualidade musical do grupo. No ano de 1977 gravaram um outro disco destacando-se a música "Cordeiro de Nana", de Mateus e Dadinho 

     Em 1983 Os Tincoãs foram para Angola para temporada de uma semana em Luanda, e lá se estabeleceram, participando de projetos da Secretaria de Estado da Cultura de Angola, que entre suas prioridades visava identificar valores angolanos na cultura e na música brasileira, além de estabelecer ligações entre o culto angolano e o candomblé praticado no Brasil. Nessa ocasião gravaram o disco Afro Canto Coral Barroco, com a participação do coral dos Correios e Telégrafos do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Leonardo Bruno e produção de Adelzon Alves. Este disco permaneceu inédito, só sendo lançado em 2003, portanto vinte após a sua gravação. 

     Em 1984 Badu desligou-se do grupo, porém Mateus e Dadinho permaneceram juntos e em 1985 gravaram um disco no Brasil pela gravadora CID, que foi lançado em Angola. No país que abraçaram trabalharam em Luanda, Huambo, Lubango, Benguela, Namibe e Bengo e puderam ver de perto as batalhas que redundaram na guerra pela independência. Com a morte de Dadinho em 2000 o grupo se desfez, mas deixou um legado dos mais primorosos para a música popular brasileira, como um dos principais representantes das raízes de nossa música de origem africana. Discos e músicas inesquecíveis.  (Luiz Américo Lisboa Junior)


OS TINCOÃS - OBALUÉ


Há tempos, numa cidade de França, um cartaz, com uma jovem espectacular, na montra de um ginásio, dizia:

"Este verão, queres ser sereia ou baleia?"


Dizem que uma mulher jovem-madura, cujas características físicas não interessam, respondeu à pergunta publicitária nestes termos:

"Estimados Senhores:
As baleias estão sempre rodeadas de amigos (golfinhos, leões-marinhos, humanos curiosos).

Têm uma vida sexual muito activa, engravidam e têm baleiazinhas ternurentas, às quais amamentam.

Divertem-se à brava com os golfinhos, enchendo a barriga de camarões.

Brincam e nadam, sulcando os mares, conhecendo lugares tão maravilhosos como a Patagónia, o mar de Barens ou os recifes de coral da Polinésia.
As baleias cantam muito bem e até gravam CD's. São impressionantes e praticamente não têm outros predadores além dos humanos. São queridas, defendidas e admiradas por quase toda a gente.

As sereias não existem. E, se existissem, fariam fila nas consultas dos psicanalistas, porque teriam um grave problema de personalidade, "mulher ou peixe?".
Não têm vida sexual, porque matam os homens que delas se aproximam, além disso, por onde? Por isso, também não têm filhos. São bonitas, é verdade, mas solitárias e tristes. Além disso, quem quereria aproximar-se de uma rapariga que cheira a peixaria?



Para mim está claro, quero ser baleia.


P.S.: Nesta época em que os meios de comunicação nos metem na cabeça a ideia de que apenas as magras são bonitas, prefiro desfrutar de um gelado com os meus filhos, de um bom jantar com um homem que me faça vibrar, de um café e bolos com os meus amigos.

Com o tempo ganhamos peso, porque ao acumular tanta informação na cabeça, quando já não cabe, espalha-se pelo resto do corpo, por isso não estamos gordas, somos tremendamente cultas. A partir de hoje, quando vir o meu rabo no espelho, pensarei, Meu Deus, que inteligente que sou..."



 "Não podemos ajustar o vento, mas podemos orientar a nossa vela!" 


GABRIELA
CRAVO
CANELA

Episódio Nº 117


Quis fazer dessas pilhérias com Ribeirinho, mas o outro exaltou-se, gritando alto no bar:

 - Não sou de mesquinharias. Quer apostar? Então aposte dinheiro de verdade. Boto dez contos em como o engenheiro vem.

 - Dez contos? Boto vinte contra os seus dez e dou um ano de prazo. Ou quer mais? – a voz suave, o olho mau.

Nacib e João Fulgêncio serviram de testemunhas.

O Capitão insistia junto a Mundinho para que fosse ao Rio, apertar o Ministro. O exportador recusava-se. A safra se iniciara, não podia largar seus negócios naquele momento. Viagem além de tudo desnecessária, pois a vinda do engenheiro era certa, apenas retardara-se devido a detalhes burocráticos. Não contava as dificuldades reais, o susto que passara ao saber, por carta de amigo, ter o Ministro recuado da promessa feita ante o protesto do Governador da Baía.

Mundinho jogou então todas as suas amizades, à excepção da própria família, na solução do caso. Escreveu cartas, passou quantidade de telegramas, pediu e prometeu. Um amigo seu falou com o Presidente da República e, coisa que Mundinho jamais viria a saber, foi o prestígio de Lourival e de Emílio o factor decisivo para resolver o impasse. Ao saber do nome do autor do pedido o seu parentesco com os influentes políticos paulistas, o presidente dissera ao Ministro:

 - Afinal é um pedido justo. O Governador está no fim do mandato, brigado com muita gente, nem sei se fará o sucessor. Não devemos nos curvar sempre à vontade dos estaduais…

Mundinho vivera dias de temor, quase de pânico. Se perdesse aquela partida, não tinha outra coisa a fazer se não arrumar sua bagagem, ir-se embora de Ilhéus.

A não ser que quisesse viver desmoralizado, objecto de dichotes e pilhérias. Voltar cabisbaixo, fracassado, para assombro dos irmãos… Quase deixara de aparecer nos bares, nos cafés, onde a maledicência crescia.

O próprio Tonico Bastos, muito discreto, evitando, o quanto podia, tocar naquele assunto diante dos partidários de Mundinho, já não se continha, gozava o mau humor dos adversários. Certa vez houve um bata-boca entre ele e o Capitão, teve João Fulgêncio que intervir para evitar um corte de relações. Tonico propusera, enquanto bebiam e conversavam:

 - Porque, em vez do engenheiro, Mundinho não traz outra dançarina? Custa menos trabalho e serve aos amigos…

Naquela mesma noite, o Capitão aparecera, sem avisar, em casa do exportador. Mundinho o recebera contrafeito:

 - Você vai me desculpar, Capitão, tenho gente em casa. Uma jovem que veio da Baia, chegou no navio de hoje. Para me distrair dos negócios…

 - Só lhe ocupo um minuto – Aquela história da rapariga mandada vir da baia irritava o Capitão. – Sabe o que dizia hoje Tonico Bastos, no bar? Que você só servia mesmo para trazer mulheres para Ilhéus. Mulheres e nada mais… Engenheiro, isso não.

Tem graça. -  Mundinho ria. – Mas não se aflija…

 - Como não vou me afligir? O tempo está passando, a vinda do engenheiro…

 - Já sei tudo o que você vai me dizer, Capitão. Você pensa que sou um imbecil, que estou de braços cruzados?

 - Porque você não se dirige aos seus irmãos? Têm força…

 - Isso nunca. Nem é preciso. Hoje mandei um verdadeiro ultimato. Vá descansado e desculpe o recebimento.



INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
 À ENTREVISTA Nº 52 SOBRE O TEMA: 
“AS PROSTITUTAS PRIMEIRO?”(3)

Não é escravatura?

A Jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde estudou a realidade da prostituição em Cuba.  No seu brilhante livro "Crime ou castigo?" Julho de 2007, fornece importantes reflexões sobre a realidade da prostituição feminina em qualquer lugar do mundo.  Nós compartilhamos muitas de suas ideias e pensamentos sobre o drama da prostituição.

Elizalde diz:

-  "Meu corpo não sou eu”, escreveu uma prostituta de 24 anos, separando o seu "ser" da sua "alma" para defender-se, em primeiro lugar, da sua consciência crítica.  Após ter entrevistado várias prostitutas e proxenetas, até agora ninguém tinha me dito, de forma tão gráfica, o drama humano de quem se vende e se sujeita a uma dupla existência, a uma esquizofrenia, que, na prática, consiste em dividir o corpo em dois.  Ninguém, como uma escrava sexual, vive com maior violência o drama do despojo do seu eu mais íntimo.
“É possível», me dizia um amigo «vender sua alma e manter o corpo intacto.  Mas é impossível vender o corpo sem prejudicar a alma. É uma posição mais desvantajosa do que a de alguém que está sujeita à forma mais usual: a que aliena a força do trabalhado, mas não a intimidade.”
Compreender a prostituição como uma forma de escravatura, conduz, necessariamente, a reconhecer que esta prática não é uma tragédia isolada.  Todos os actos de violência sexual – qualquer que eles sejam – estão intimamente entrelaçadas com as estruturas económicas de dominação, que visam tornar invisível ou obscura a prática sexual e que difundem e entrecruzam à difusão e cruzar como o prejuízo segundo a moral.  Marginalizadas, humilhadas, desamparados e esquecidas, as prostitutas configuram um dos grupos mais trágicos da vida moderna.  Qualquer que seja a lei e a atitude das autoridades, a prostituição, na generalidade das sociedades, é uma actividade considerada socialmente desvalorizada e um mundo à parte no curso normal da nação.



terça-feira, junho 05, 2012

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VÍDEO
Uma ideia muito original

TINCOÃS

Formado inicialmente por Erivaldo, Heraldo e Dadinho, todos de Cachoeira, os Tincoãs - cujo nome é originário de uma ave que habita o cerrado brasileiro - iniciou sua carreira em 1960 no programa da TV Itapoã "Escada para o Sucesso", interpretando canções, em sua maioria boleros, inspirados no sucesso do Trio Irakitan. Chegaram inclusive a gravar um disco intitulado "Meu último bolero", sem alcançar o êxito esperado. Em 1963 Erivaldo desligou-se do grupo e a este foi incorporado outro componente, Mateus, que com os demais formaria a base principal do conjunto. Renovaram o repertório e partiram para adaptar os cantos de candomblé, sambas de roda e cantos sacros católicos. Mas foram os terreiros de Candomblé que deram a base principal da musicalidade dos Tincoãs. Em 1973 gravam o segundo disco produzido por Adelzon Alves, e o primeiro como representantes legítimos da música afro-baiana, este LP é um marco importante da música brasileira, não apenas pela qualidade das músicas, como também pelo arranjo com características de coral feitos a partir de canções oriundas dos terreiros de candomblé, tendo como base apenas quatro instrumentos: violão, atabaque, agogô e cabaça. Este disco também revela o talento dos componentes como compositores, principalmente Mateus e Dadinho, que assinam a maioria das músicas. ( Luiz Américo Lisboa Júnior)


OS TINCOÃS - NA BEIRA DO MAR



Uma advogada andava em alta velocidade pela cidade com seu Tucson,
quando foi parada pelo guarda de trânsito:


Guarda: - A senhora estava além da velocidade permitida, por favor, a sua habilitação.
Advogada: - Está vencida.
Guarda: - O documento do carro.
Advogada: - O carro não é meu.
Guarda: - A senhora, por favor, abra o porta-luvas.
Advogada: - Não posso, tem um revólver aí que usei para roubar este carro.
Guarda (já bastante preocupado): Abra o porta-malas!
Advogada: - Nem pensar! na mala está o corpo da dona deste carro, que eu matei no assalto.
O guarda, vendo-se diante das circunstâncias , resolve chamar o Sargento.
Chegando ao local o Sargento dirige-se a advogada:
Sargento: - Habilitação e documento do carro por favor!
Advogada: - Está aqui senhor, como vê o carro está no meu nome e a habilitação está regular.
Sargento: - Abra o porta-luvas!
Advogada (tranqüilamente...) : - Como vê só tem alguns papéis.
Sargento: - Abra o porta-malas!
Advogada: - Certo, aqui está... como vê, está vazio.
Sargento (constrangido): - Deve estar acontecendo algum equívoco, o meu subordinado me disse que o senhora não tinha habilitação, que não era o dona do carro pois o tinha roubado, com um revólver que estava no porta luvas, de uma mulher cujo corpo estava no porta malas.
Advogada: - Só falta agora esse sacana dizer que eu estava em alta velocidade!!!

ARTE DE ADVOGAR!!!


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 116



Outros fazendeiros, especialmente os mais moços, cujos compromissos com o coronel Ramiro Bastos eram recentes, não traziam o selo do sangue derramado, concordavam com Mundinho Falcão na análise e nas soluções dos problemas e necessidades de Ilhéus: abertura de estradas, aplicação de parte da renda nos distritos do interior, em Água Preta, em Pirangi, no Rio do Braço, em Cachoeira do Sul, exigir dos ingleses a conclusão do ramal da Estrada de Ferro ligando Ilhéus a Itapira, cujas obras eternizavam-se.

 - Chega de praças e jardins… Precisamos de estradas. Influíam-se sobretudo com a perspectiva da exportação directa, a barra dragada e rectificada dando passagem aos grandes navios.

Cresceria a renda do município, Ilhéus seria uma verdadeira capital. Mais uns dias e entre eles estaria o estrangeiro…

Mas a verdade é que o tempo foi passando, semana após semana, um mês, outro mês, e o engenheiro não chegava. Arrefecia o entusiasmo dos fazendeiros, só Ribeirinho mantinha-se firme, discutindo nos bares, prometendo e ameaçando.

O Jornal do Sul, semanário dos Bastos, perguntava pelo «engenheiro fantasma, invenção de forasteiros ambiciosos e mal intencionados, cujo prestígio não passava de conversa de bar».

O próprio Capitão, alma de todo aquele movimento, por mais que o escondesse, andava nervoso, irritava-se no tabuleiro de gamão, perdia partidas.

O coronel Ramiro Bastos fora à Baía apesar dos amigos e filhos desaconselhassem a viagem, perigosa para a sua idade. Voltou uma semana depois, triunfante. Reuniu os correligionários em sua casa.

Amâncio Leal contava para quem quisesse ouvir, com sua voz macia, ter o Governador do Estado garantido ao coronel Ramiro não existir engenheiro nenhum designado pelo Ministério para a barra de Ilhéus. Aquele era um problema irremediável, já o Secretário de Viação do estado o estudara amplamente. Não tinha mesmo jeito, seria tempo perdido tentar resolvê-lo.

A solução estava em construir um novo porto para Ilhéus, no Malhado, fora da barra. Obra de enorme vulto, exigindo anos de estudos antes de pensar-se em iniciá-la.

Dependendo de milhões de contos de réis, da cooperação entre os poderes federal, estadual e municipal. Obra de tamanha magnitude, os estudos andavam lentamente, não podia ser de outra maneira. Estudos múltiplos, demorados e difíceis. Mas já tinham começado. O povo de Ilhéus devia pacientar um pouco…

O Jornal do Sul publicou um artigo sobre o futuro porto, elogiando o Governador e o coronel Ramiro. Quanto ao engenheiro, escrevia, «encalhara na barra para sempre…».

O Intendente, por sugestão de Ramiro, mandou ajardinar mais uma praça, ao lado do novo edifício do Banco do Brasil.

Amâncio Leal, toda a vez que encontrava o Capitão ou o Doutor, não deixava de perguntar-lhes, um sorriso de zombaria.

 - E o engenheiro, quando chega?

O Doutor respondia ríspido:

 - Ri melhor quem ri por último.

O Capitão acrescentava:

 - Você não perde por esperar.

 - Quanto tempo é para esperar?

Terminavam por beber juntos qualquer coisa. Amâncio exigia que eles pagassem:

 - Quando o engenheiro chegar, eu começo a pagar.
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