sábado, fevereiro 09, 2013

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Ora vamos lá a uma guitarrada...



UM DEUS
ENCERRADO 
EM DOGMAS



Um Deus encerrado numa jaula de palavras é sempre menor do que a própria jaula. Se houvesse um mistério, os dogmas degradavam-no.

Esse Deus não é um Deus livre é um Deus pequeno, constituído de ideias de pessoas a partir daquilo que elas são, porque primeiro vem a vida e depois o pensar.

Tudo o que se diz de Deus são metáforas poéticas que não revelam Deus mas apenas o pensamento daquele que fala. Uma linguagem que começou sendo casa e terminou sendo cárcere.

Os dogmas são palavras portadoras de poder, ferramentas que impedem o caminhar. Estacam, paralisam, dividem, não deixam ser, não deixam avançar, conformam-se com o estar.

Ancorados no antigo e em permanente contar e recontar a velha história dos que falaram primeiro. Um polvo de costumes, normas, leis, regras forjadas no medo. Medo de perder, de
 perder uma verdade que já ninguém reconhece, medo ao canto e ao amor que tudo transforma.


Maria Casculluela Perez


Um elefante vê uma cobra
pela primeira vez:



Muito intrigado pergunta:
- Como é que fazes para te deslocar? Não tens patas!

 -  É muito simples - responde a cobra, rastejo, o que me permite avançar.
- Ah... E como é que fazes para te reproduzires? Não tens tomates!
- É muito simples - responde a cobra já irritada - não preciso de tomates, ponho ovos.
- Ah... E como é que fazes para comer? Não tens mãos nem tromba para levar a comida à boca!

- Não preciso! Abro a boca assim, muito grande, e com esta enorme garganta engulo a minha presa directamente.


- Ah... ok!  Ok!

Mas então, resumindo.... rastejas, não tens tomates e só tens garganta...

- És Chefe de quem ?????!!

Roberta Flack - Killing Me Softly
Dedilhando minha dor com seus dedos
cantando minha vida com suas palavras
....  ....
Canção linda, enérgica, harmoniosa, a inspirar sonhos... numa voz, ela própria, de sonho.

Acarajé, caruru, moqueca, cuscus...

O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 18



E lá estava:

 - A minha vida, finalmente, há-de se resumir nisso: trabalhar, trabalhar?... Nunca passarei de um fazendeiro rico?... Não haverá na vida outra coisa que não seja o trabalho de todo o dia e o descanso de todo o dia no seio da família?...

 - Até meu pai, até meu pai… - resmungava Rigger, entre dentes.


Julie, recostada na cama, lia um romance de Willy, fumando um cigarro fino. Abandonou o livro, um enjoo. O relógio pulseira marcava dez horas da noite. Paulo Rigger estava a chegar. Pensou quase com aborrecimento nele.

Quando chegasse começariam logo aquelas cenas de todos os dias. Ciumadas sem motivo. Queria saber como ela passara o dia. O que fizera. Onde fora…

Ela errara em se juntar a ele. Pensara que Rigger fosse um cerebral que não se importasse com o que ela fizesse. Um parisiense requintado que só quisesse gozar. E mais nada. Em vez disso, em vez de um homem requintado apenas um viciado mestre de volúpias, saíra-lhe um romântico apaixonado E ela lhe dizia rindo:

 - Amorzinho, você está inteiramente brasileiro! Romântico como os seus patrícios de quem você fala tanto. Você só é parisiense na boca…

E repetia um ditado que ouvira de uma preta gorda, na porta do hotel:

 - Quem não te conheça que te compre…

Julie acordou de sobressalto. Paulo Rigger entrara e beijava-lhe os lábios carnudos. E como ela não acordasse mordeu-os.

 - Oh! Você me mordeu… E que tarde você vem! Meia-noite!

 - Ah!, meu amor, uma notícia… Segunda-feira iremos à fazenda, lá no Sul do Estado. Nós dois somente. Ficaremos sós. Na mais completa felicidade…

- Sexta, sábado, domingo, segunda… Daqui a três dias. É bonita a fazenda? Tem onças. Leões?

 - Não, querida -  riu ele Nada disso, mas tem cobras…

 - Não vou. Tenho medo das cobras…

Foi um custo para convencê-la de que nem veria as cobras que viviam no mato, coitadas!

 - E se uma me picasse… e eu morresse?

Rigger exultou. Afinal, Julie não era somente carne. Era sentimentos também. Temia a morte porque não queria deixá-lo sozinho.

Beijou-a sofregamente.

 - Se você morresse, querida, eu ficaria infeliz, desesperado…

 - Eu é que ficaria desesperada, nem podia voltar para França…

Paulo suspendeu a cabeça, irritado. Apanhou o chapéu e precipitou-se fora do quarto. E murmurava:

 - Cachorra! Não nega o que foi…

Julie no quarto pensava:

 - Enlouqueceu, não há dúvida…

Deu um muxoxo. Virou-se para o outro lado e foi dormir.
  

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

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Às vezes a boa educação rende...


A História da Música - Notável... e que rapidez!


O ÓBVIO...

Numa escola de Lisboa, onde há alunos de vários estratos sociais, durante uma aula de Português, a professora perguntou:

- Qual o significado da palavra ÓBVIO?

Cátia Vanessa, uma das alunas mais aplicadas da turma, sempre muito bem vestida, ar de menina bem, respondeu:

- Senhora professora, hoje acordei bem cedo, ao nascer do sol, depois de uma óptima noite de sono no conforto do meu quarto. Desci a enorme escadaria da minha vivenda e fui à copa onde tomei o pequeno-almoço. Depois de me deliciar com as mais apetitosas iguarias fui até a janela que dá para o jardim. Vi a porta da garagem aberta e que lá se encontrava guardado o FERRARI do meu pai. Pensei cá com os meus botões:
- É ÓBVIO que o papá foi trabalhar de Mercedes.

Luis Cláudio, aluno de família classe média, não quis ficar atrás e disse:

- Professora, hoje não dormi nada bem porque o meu colchão é um bocado duro, mas apesar disso ainda consegui dormir. Tinha ligado o despertador e por isso acordei a horas. Levantei-me cheio de sono, comi um pão torrado com manteiga e tomei café com leite. Quando sai para a escola vi o Fiat UNO do meu pai parado na garagem. Disse cá pra comigo:
- É ÓBVIO que o pai não devia ter gasolina e foi trabalhar de autocarro'.
Embalado na conversa, o pretinho lá da turma, também quis responder:
 
- Féssora, hoje eu quasi num dormiu porqui houve cunfusão lá nos meu rua, com tiro e tudo. Só acordei di manha porque estava a esmorrer di fome, mas num havia nada pra comer lá nos casa. Espreitei pela janela e vi minha vó com jornal dibaixo dus braço e aí eu espensei:

- É ÓBVIO qui vai cágá! Num sabi lê !..


Homem de Cor


Após ser chamado “homem de cor”, o Crioulo vira-se para o homem branco e diz:

-- Meu caro irmão branco, quando eu nasci, eu era negro, depois eu cresci, e continuei negro; quando eu pego sol, eu sou negro, quando sinto frio, eu permaneço negro, quando eu tenho medo, eu sou negro, quando adoeço, continuo negro, e o dia em que eu morrer, ainda serei negro.

Enquanto que você, homem branco, quando você nasce, você é rosa; quando você cresce, você fica branco; quando você pega um Sol, você fica vermelho; quando sente frio, fica azul; quando sente medo, fica verde; quando adoece, fica amarelo e quando você morrer, vai ficar cinza.

Então, meu amigo, como é que você ainda tem a cara de pau de me chamar de Homem de Cor?!


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 17


Rigger, a caminho de casa, recordava a primeira briga que tivera com Julie. Fora naquele Carnaval, no Rio de Janeiro. Ele saíra e demorara na rua até de madrugada. Quando chegou a casa não a encontrou…

Lembrava-se de como correra, horrível aquela noite. O leito vazio, lençóis alvos davam-lhe, talvez por contraste, a impressão de um leito funerário…

O ónibus parou. Os pensamentos de Paulo também pararam. Ficou olhando o casario, as palmeiras do Campo Grande. Tudo respirava uma tristeza de fim de tarde. Junto a ele, no banco, uma pequena magra de grandes olhos espantados, folheava um livro de versos. Procurou ler o título. As Primaveras de Abreu. Sorriu.

Aquela pequena. Naturalmente, dava-se a romantismos… Devia ter um namorado que escrevesse versos. Talvez até namorasse com Ricardo Vaz. Quis perguntar-lhe. Chegou a abrir a boca. Mas fechou-a batendo com a mão sobre os lábios.

Ora que ideia esquisita. A moça naturalmente nem conhecia Ricardo. Namorava qualquer empregado do comércio. O ónibus recomeçou a andar. Rigger tomou o fio dos seus pensamentos. Julie só chegara pela manhã.

A princípio, ele não lhe falara. Ela viera perguntar o motivo Exasperou-se – que fosse aborrecer outro! Passara a noite na farra com outro, dormira com certeza com o primeiro amiguinho que arranjara e lhe vinha perguntar por que estava zangado. Que fosse para o inferno!...

 - E sarcástico, lábios contraídos:

 - Como era ele? Preto ou mulato? Forte?

Ela explicava. Ele não tinha de que ciumar. Tolices dele… Ela, afinal, não dormira com homem algum. Não o traíra. Dançara, gritara, brincara. Isso não se chamava enganar. Por que então ele se zangava?...

Ele também não o sabia. Se o amor não passava de carne, da união dos sexos, ele não tinha razão de queixa. Ela não dormira com outro. Ele acreditava em Julie. Ela não mentia.

E, no ónibus, Paulo aceitava as teorias de Ricardo. Ele tinha ciúmes das frases e dos sorrisos que Julie gastara com os companheiros da farra. O amor não se restringia à posse… Mas, sendo assim, ela não o amava…

O ónibus parou. Saltou uma senhora gorda. Paulo Rigger notou que já havia passado a sua casa. Saltou também deixando lá os seus pensamentos.

Na porta da chácara a mãe esperava-o, sorriso aberto, para contar-lhe o nascimento dos pintos da “Ricardina”, galinha velha, querida de todos da chácara e que havia de morrer de velhice.

Paulo Rigger gostava de ouvir a sua mãe sobre seu pai que ele conhecera tão pouco. Godofredo afigurava-se-lhe o homem que encontrara no trabalho, a Felicidade. O homem que não tinha problemas íntimos a resolver. O que tinha um “fim”.

Admirava-o e invejava-o.

Uma tarde, porém, remexendo numas gavetas que ninguém abrira há anos encontrou um caderno que pertencera ao seu pai. Não podia ser chamado de diário. Um amontoado de notas apenas… 

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Também esta canção nos faz viajar pelas estrelas do universo...

Ouvir estas palavras, ver estas imagens, reforça em nós um sentimento de existência, de unidade, que nos puxa para fora das nossas mesquinhezes...

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Não é que ele tenha medo mas prefere acompanhar o dono apenas com o olhar...



Seis Frases Absolutamente

Geniais



1ª – Quem com ferro fere, tanto bate até que fura.

2ª – Água mole em pedra, dura até que acaba a água.

3ª – Em terra de cego, quem tem um olho é zarolho.

4ª – Se um dia sentir um enorme vazio dentro de si, vá comer! Pode ser fome.

5ª – O primeiro sentimento de quem está a fazer dieta é o de revolta. Dá vontade de acabar com tudo, a começar com o que está no frigorífico.

6ª – Ninguém jamais ganhará a guerra dos sexos: há demasiada confraternização entre os
 inimigos.


IGREJA CATÓLICA

FORÇA RETRÓGADA DA HUMANIDADE... 


Depois de tanto derramamento de sangue em nome de Deus e por rivalidades entre os vários nomes de Deus, a consciência da humanidade   foi orientada no sentido da tolerância, do respeito pela liberdade religiosa e a liberdade de praticar ou não uma religião, sendo que esta liberdade foi uma importante conquista da modernidade.

O estudante de religiões do mundo, o teólogo católico Hans Küng, lembra que na grande obra do Iluminismo "Nathan, o Sábio" (1779), do grande poeta alemão Gotthold Ephraim Lessing, mostrou, pela primeira vez, que a tolerância entre as diferentes confissões cristãs e entre as diferentes religiões, era indispensável para a paz entre as nações. No entanto, naqueles anos, o Papa Pio VI rejeitou a liberdade de religião, liberdade de consciência e liberdade de imprensa e o conteúdo do que chamou abominável filosofia dos direitos humanos.

De facto, a Igreja Católica foi a principal opositora aos princípios da igualdade, liberdade e fraternidade, auge da Revolução Francesa. Segundo Küng, no século XIX, marcado pela ideologia da Revolução Francesa, o Estado Papal foi o mais atrasado da Europa. 

O Papa rejeitou os Caminhos de Ferro, a iluminação a gás, as pontes suspensas… e também as vacinas, que foram proibidas no Vaticano em 1815, com base nestas palavras do Papa Leão XII:

- “Qualquer um que use a vacina não é mais um filho de Deus... A varíola é um julgamento de Deus e a vacina é um desafio ao céu.”


Com estas ideias e orientada desta maneira por estes Papas, restaram aos católicos doses superlativas de fé para não desertarem do rebanho que não pôde, no entanto, ao nível das suas consciências, furtar-se aos às perniciosas consequências de tais formas de pensar que têm sido herdadas de geração em geração dando lugar a atitudes, comportamentos e escândalos (veja-se a pedofilia) que envergonham até hoje toda uma população religiosa que se tinha como exemplo...



Declaração do IRS

Um contribuinte, teve sua declaração de IRS rejeitada pelas Finanças porque, aparentemente, respondeu a uma das questões incorrectamente.

 Em resposta à pergunta "Quantos dependentes tem?" o homem escreveu:

 -  "50.000 imigrantes ilegais, 20.000 drogados, milhares de funcionários públicos, 200.000 subsidio dependentes, 200 generais e almirantes, 13.000 criminosos nas prisões, além de uma cambada de políticos, assessores e consultores em Lisboa e nos Municípios espalhados pelo país.”

As Finanças devolveram-lhe a declaração afirmando  que o preenchimento que ele deu era inaceitável.
 

Resposta do homem às Finanças:
 
- De quem foi que eu me esqueci?

SERENATA

O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 16


 E continuava animado:

 - Também não! Esse amor era o verdadeiro, o único amor… A Felicidade… A satisfação da carne não dá felicidade a ninguém.

 - Bolas! – discutia Rigger, que não queria concordar com o amigo para não ter que duvidar do amor de Julie – Então a gente nasce para esse amor… É a finalidade da nossa vida?

 - Isso mesmo. O sentido da vida, a finalidade está no amor. Mas nesse amor de que eu falo: amor-sentimento.

José Lopes, árbitro de todas as questões, não discordava nem concordava. Meio termo… O amor devia ser um misto de coração e sexo. Não estava de acordo em dizer que o amor fosse a finalidade da vida…

 - E qual é então? – esganava-se Ricardo, defendendo o seu ponto de vista…

 - Sei lá!

 - Talvez a religião… Deus… - arriscava Jerónimo.

E Ticiano aborrecido com quem ouvisse uma asneira:

 - Religião o quê, rapaz. Então a sua finalidade, a finalidade do homem inteligente é a mesma que a de todos os imbecis?

 - Mas o tomismo… - encorajava-o o outro.

 - O tomismo é um rejuvenescimento muito voronofiano do catolicismo. Por fim os escritores tomistas e os padres cultos terminarão numa luta corpo a corpo com as beatas velhas.

Jerónimo recolhia-se sucumbido ao fundo da cadeira. Bebia o café querendo esconder a cara.

José Lopes vinha em defesa de Jerónimo.

 - Quem sabe? Pode ser…

 - As religiões são amontoados de fábulas, de mentiras…

 - Não é a verdade que dá a felicidade. O homem tem a obrigação de chegar à felicidade pelo caminho mais curto. E a religião poderá trazer a paz, a alegria…

Pedro Ticiano fazia frases:

 - A felicidade reside na própria infelicidade, na insatisfação.

Essa insatisfação, essa dúvida, o cepticismo é que devem ser a filosofia do homem de talento. Sofismar sempre. Negar quando afirmarem, afirmar quando negarem. O fim de não ter fins.

 - Tudo isso é muito velho, Ticiano. Hoje não pega mais… Hoje se quer coisa séria, obra útil.

- E essa seriedade é nova? Sócrates já quis ser sério. Sérios foram Aristóteles, São Tomás. Homens incríveis… A finalidade do artista é viver, apenas… Viver por viver, por obrigação, porque nasceu…

José Lopes cismava… cismava muito. Seria que Pedro Ticiano tinha razão? Procurava libertar-se da influência do outro. Murmurava:

 - Blagues!

No fundo, Jerónimo Soares, embevecido, contemplava Pedro Ticiano que parecia um demónio, muito agitado, os raros cabelos brancos a fugirem da prisão do chapéu, querendo voar, tendo veleidades de cabeleira de poeta.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

IMAGEM

Serão, talvez, 150 milhões de toneladas de gelo e condições excepcionais que permitiram esta fotografia espectacular apenas para você poder comprovar que essa história da "ponta do iceberg" não é nenhuma invenção...




UM PADRE E UMA FREIRA


Certa vez, um padre e uma freira regressavam para o convento. Ao cair da noite, avistaram uma cabana a meio do caminho, e decidiram entrar para pernoitar e prosseguir viagem no dia seguinte.

Ao entrarem na cabana, viram que havia apenas uma cama de casal.

O padre e a freira entreolharam-se e, depois de alguns segundos de silencio, o padre disse:

- Irmã, pode dormir na cama que eu durmo aqui no chão.

E assim fizeram. No entanto, a meio da madrugada a irmã acordou o padre:

- Padre! O senhor está acordado?


O padre bêbado de sono: - Hã?! Ah, irmã, diga, o que foi?
- Ah... é que eu estou com frio. Pode ir buscar-me um cobertor?
- Sim, irmã, com certeza!

O padre levantou-se, foi buscar um cobertor ao armário e cobriu a irmã com muita ternura.

Uma hora depois, a irmã acorda o padre novamente:

- Padre! Ainda está acordado?

O padre: - Hã? Irmã... O que foi agora?

- É que ainda estou com frio. Pode dar-me outro cobertor?

- Claro irmã, com certeza ! Mais uma vez, o padre levantou-se cheio de amor e boa vontade para atender o pedido da irmã.

Outra hora passou e, mais uma vez, a irmã chamou pelo padre:

- Padre. O senhor ainda está acordado?

O padre: - Sim irmã! O que foi agora?!

- É que eu não estou a conseguir dormir. Ainda estou com muito frio.

Finalmente, entendendo as intenções da irmã, o padre então disse:

- Irmã, só estamos aqui nós dois, certo?

- Certo!

- O que acontecer aqui, ou deixar de acontecer, só nós saberemos e mais ninguém, certo?


- Certo!

- Então tenho uma sugestão... Que tal se fingirmos ser marido e mulher?


A freira então pula de alegria na cama e diz: - SIM! SIM!


Então o padre muda o tom de voz e grita: - Então, porra! Levanta-te e vai buscar a merda do cobertor!


(Se pensaste que iria ter um final erótico, o Sr. Padre manda rezar 10 Ave-Marias e 20 Pai-Nossos ...)


ISABEL MOREIRA

Os Ateus Segundo o Paternalismo
 de um Crente

O padre João António Teixeira vem explicar aqui que os ateus são crentes ao contrário. Que, explica, é claro que o ateu "acha que a sua posição é racional, científica. Ele acha que tem provas evidentes de que Deus não existe".

A partir desta definição errada do ateu, o padre João António Teixeira avança por trechos poéticos convenientes e divaga por afirmações sobre a experiência que leva a deus ou à inexistência dele para concluir bondosamente que há quem não negue deus, mas a "nós", isto é, aos homens de deus, aos crentes, aos exemplos que se comportam como ateus, quando há ateus que se comportam como crentes (como se fosse deus a inspirá-los).

Conclui que ninguém está longe de deus. Isto cansa.

O ateu, aquele que nega a crença na existência de deuses, seja um, seja mais de um, não parte do princípio que tem de provar cientificamente e racionalmente que não existe um deus ou que não existem vários deuses.

Pelo contrário, o ateu constata que não há nada de racional e de científico na crença que afirma, precisamente, a existência de tais divindades. Como facilmente se compreende, o ónus da prova não é do ateu, mas de quem afirma a existência de seres transcendentais.

O verdadeiro ateu, e não o poeta que está angustiado com a dúvida da fé, sabe que a verdade das coisas se atesta pela demonstração e não aceita o salto (i)lógico do teísta que consiste em resolver uma dúvida para a qual a ciência ainda não tem resposta com a palavra deus.

Concretizando, já conhecemos explicações para muita coisa que se atribuía a deus, explicações essas que foram negadas como blasfémias e punidas com a morte, hoje pacificamente aceites. Afinal não era deus. O ateu acredita nessa aventura interminável que é a busca de respostas para os mistérios do universo e da humanidade. Simplesmente, quando não obtém respostas não apela aos céus.

Por tudo o que aqui se explica, naturalmente não pode o ateu estar "desiludido" com deus ou com os crentes.

Essa afirmação resulta de um paternalismo recorrente que considera que para se ser ateu tem de se ter padecido de alguma maleita, no caso espiritual. Alguém fez mal ao coitadinho do ateu. O ateu está ferido com deus ou com o comportamento de alguns crentes que mais parecem ateus, esses malvados. Isto - pasme-se - quando até há ateus que se comportam "como se fosse Deus a inspirá-los".

Imagino que isto deva querer dizer que há ateus decentes.
Agradecida.

Este texto é de Isabel Moreira, Constitucionalista e Assistente Universitária, filha do Prof. Adriano Moreira, um dos pilares da direita portuguesa e meu distinto professor na disciplina de Princípios Gerais de Direito, no início dos anos sessenta.  
NOTA
Concordo inteiramente com Isabel Moreira neste texto, chamemo-lo de "desabafo", às afirmações do padre João António Teixeira, que foi Reitor do Seminário Maior de Lamego e posteriormente nomeado Reitor do Santuário de Nª Srª dos Remédios, sobre os não crentes.
Este "pastor" de um dos grandes "rebanhos" de crentes da humanidade arroga-se, com a sobranceria própria de quem pertence ao grupo dos "iluminados da fé", dotados de uma "bondade" e "complacência" inevitáveis à sua condição, para os que eles julgam de tresmalhados.

Eu compreendo o fenómeno da fé, respeito-o, embora não o leve em consideração quando avalio o meu semelhante. Há de uns e outros fora e dentro do mundo das crenças, embora tema o que o homem é capaz de fazer por causa delas.
Assumindo a minha condição de não crente não me sinto predestinado, eleito, mais inteligente ou mais burro. Apenas um ser vivo especialmente dotado pelo processo evolutivo da vida sobre o nosso planeta, tal como o Sr. Padre João.

Esse dote especial da inteligência que permitiu aos meus antepassados vencerem a luta pela sobrevivência e afirmarem-se como a espécie dominadora, perigosamente dominadora, ajudaram-me a tomar consciência da minha condição de parte integrante do conjunto da natureza à face da Terra com especiais responsabilidades e não mais do que isso.

Por esta razão, não tenho nenhum motivo, para abandonar uma atitude de humildade sem pretender "protecções", "prémios" ou recear "castigos" provenientes de deuses ou entidades que a minha capacidade de entendimento se recusa a aceitar.

Sei que existe no nosso cérebro um "espaço da fé" tal como nele existem outros "espaços"como a paixão, o ciúme, o medo… "Acreditar", foi muito importante, talvez decisivo em fases recuadas da nossa luta pela sobrevivência. Mais tarde, foi naturalmente aproveitado por alguns homens que mobilizaram e arregimentaram outros homens para as religiões que encontram um eco sincero dentro de nós... Por isso, é mais fácil ser crente do que não crente.

Vamo-nos respeitar todos uns aos outros, sem preconceitos, complexos de superioridade ou inferioridade, conselhos ou palavras de comiseração... está bem, senhor padre?

É que já cansa… como desabafa Isabel Moreira.


O Manuel foi trabalhar para Angola durante dois anos. Quando voltou a casa confessou à mulher:

 - Maria, Angola está cheia de mulheres boas e eu não aguentava mas na hora H, quando me lembrava de ti, saía logo de cima delas.

Ao que a mulher respondeu:

 - Também eu, Manel,  me lembrei muito de ti amor mas, como deves entender, é muito mais simples sair de cima do que debaixo.


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 15


Depois de colocar Julie num hotel (porque Julie viera com ele, agarrada, numa fúria de gozo, de sensações que o enlouqueciam), foi para casa. A sua mãe morava no Garcia, numa chácara. Não o esperavam.

Querendo fazer surpresa não avisara. Bateu à porta. Uma criada ainda nova atendeu-o. Ele mirava-a de alto a baixo, sorrindo. O coração batia-lhe no peito. Depois de sete anos de ausência, ia rever a sua velha mãe, que o adorava. Sentia-se emocionado.

E olhava a criada sorrindo, enleado. Ele era o filho pródigo que voltava à casa paterna. Quem sabe se ele não iria viver agora? Paris nunca lhe mostrara o sentido da vida. Saciara-lhe apenas a carne. E ele duvidara que o instinto fosse o único motivo de uma existência.

E na porta, sorrindo para a empregada, ele pensava que talvez na serenidade da sua casa encontrasse a felicidade. Pensou em Julie. Julie representava-se-lhe como uma ligação a Paris… Abandoná-la-ia.

- Que deseja, senhor?

 Paulo Rigger despertou.

 - A viúva do sr. Godofredo mora aqui?

 - Sim, senhor.

Paulo afastou a empregada. Entrou. Atravessou toda a casa, seguido pela criada espantada.

No quintal, a sua mãe dava milho a uma galinha amarela. (Rigger pensou que havia de criar galinhas). A mãe olhou-o. Reconheceu-o:

 - Meu filho!
 - Mamãe!

E no fim da tarde, após contar detalhadamente a vida em Paris à mãe e a algumas amigas que vieram visitá-la, já sentia saudades de Julie.

 IV

 A carne arrastava-o vencedora para Julie. A carne, somente a carne. Mesmo porque Julie só sabia ser instinto. Não se tratava de outra coisa. Não ligava para mais nada. Bastava satisfazer o corpo…

E Paulo Rigger compreendia perfeitamente o que se passava. Apesar disso não se afastava de Julie. Ainda mais, dava-lhe razão. Se ela o queria, sinal que o amava. O amor não passava da satisfação dos desejos… Um caso fisiológico, somente. Obrigação da natureza. Esse negócio de sentimentalismo? Puro arranjo de homens que procuraram assim encobrir e fazer mais cobiçado o amor.


Às vezes, entretanto, vinham-lhe pensamentos estranhos. Nessas horas vislumbrara verdades nas afirmações de Ricardo Braz. Talvez houvesse no amor qualquer coisa que não fosse a carne. O amor não era apenas o acto de deitar-se na cama, lado a lado, cabeça junto com cabeça, numa confusão de braços e de sentimentos.

O remendar uma meia, coçar um gato preto (muito aristocrático, que só dormisse sobre almofadas e não comesse feijão), dizer coisas agradáveis, ter ciúmes de sorrisos gastos com as pilhérias dos transeuntes, brigar a propósito do primeiro filho, também era amor, afirmava aos gritos, Ricardo, muito corado, as lunetas a balançarem no alto do nariz.

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