sábado, maio 24, 2014

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Um dia foi nova, o orgulho do seu dono. Acabou velha, destruida e abandonada...



Ricardo Araújo Pereira - Operação Palito


Martinho da Vila /  Katia Guerreiro - Eu Quero Dar


Dois estilos e um resultado maravilhosamente surpreendente...

Quais divórcios
Quais carapuças!...








Marido e mulher estão a jantar num belo restaurante quando entra uma rapariga absolutamente fantástica, que se dirige à mesa deles, dá um beijo apaixonado ao marido, diz:

- Vemo-nos mais tarde... - E vai-se embora.

A mulher, furiosa, fita o marido e pergunta:

- Quem diabo era aquela?

– Oh – responde o marido, – é a minha amante.

- Ah é? Pois esta foi a última gota de água! - Diz a mulher.


- Para mim chega! Quero o divórcio!

– Compreendo – responde o marido, – mas lembra-te, se nos divorciarmos acabam-se as compras em Paris, os Invernos na República Dominicana, os Verões em Itália, os Porsches e os Ferraris na garagem e o Iate. Mas, enfim... a decisão é tua.

Nesse momento entra um amigo comum no restaurante com uma loura estonteante pelo braço.

- Quem é aquela mulher que entrou com o Bernardo? - Pergunta ela.

- É a amante dele! - Responde o marido.

- A nossa é mais bonita! - Responde a mulher...

Não quer dar umas voltas para abrir o apetite?...
OS VELHOS
MARINHEIROS

Episódio Nº 88












Também ele necessitava trocar de farda, vestir a azul, com a comenda.

Demorou ainda alguns minutos, porém. Porque, perfumada, os cabelos em cachos cuja perfeição custara-lhe com certeza grande parte da tarde, vestido majestoso, um xale de seda na mão, aqueles olhos de quem conduzia secreto desgosto, e sem o pequinês (detalhe alvissareiro), vinha deslizando Clotilde pelo convés.

Pulsou mais forte o coração do comandante. Ela já o enxergara e atirava-lhe um adeusinho que era ao mesmo tempo um chamado.

Aproximou-se:

- É uma deusa do mar...

- Comandante... - cobria os olhos com o xale, para logo retirá-lo e perguntar com voz dengosa:

- Não quer dar umas voltas para abrir o apetite?

- Nada desejaria mais. Devo, porém, trocar-me para estar digno de sua elegância no jantar... Mas, se me esperar um instante, vou buscá-la daqui a pouco no salão.

- Esperarei, mas não demore, seu adulador.

Quando voltou, o desafinado piano do salão dava tudo que podia na partitura de uma ária de La Bohème. Vasco admirava a música clássica com respeito mas sem intimidade, sem verdadeira estima.

Certa vez, arrastado pelo Coronel Pedro de Alencar, assistira a uma ópera levada no Teatro São João por decadente companhia italiana, extraviada na Bahia ao fim de penosa excursão pelos palcos da América Latina.

O coronel adorava as óperas, possuía um gramofone e discos com árias cantadas por Caruso. Convenceu Vasco da oportunidade única que o destino lhe oferecia de ouvir barítonos e tenores, um renomado baixo, mavioso soprano e o não menos mavioso contralto, na apresentação de La Bohème, com cenários e tudo.

 Decidiu-se, apesar dos conselhos reiterados de Jerónimo e de Georges porque era uma ocasião a mais para exibir a farda de gala e a Ordem de Cristo, lá se foi com o coronel.

Resultou numa caceteação em regra, um suadouro terrível. Devia pesar a soprano seus bons cento e vinte quilos, em compensação o tenor era um fio de gente, magérrimo. Vasco sentia vontade de rir quando a volumosa cacarejadora perguntava:

Mi chiamano Mimí
Ma perché?
Non só.
Il mio nome è Lúcia.


O Coronel Pedro de Alencar deliciava-se, sabia parte da ópera de memória. Abafado de calor, Vasco renegava a vaidade que o fizera aceitar o convite só para envergar a farda e a condecoração.

Quando a soprano, vendendo saúde e banhas, despenhou-se frágil e tísica nos braços evidentemente incapazes de sustê-la do raquítico tenor, Vasco não pôde conter o riso, com grande indignação do coronel, que o tragou de ignorante e burro.

 Desde então guardara conveniente distância da música chamada erudita, certamente digna da maior admiração, mas muito elevada para ele, acima de sua capacidade.

Reconhecia agora ao piano uma daquelas árias de lamentável memória. Só não recuou porque Clotilde estava a esperá-lo para uma volta pelo tombadilho antes do jantar, com seu vestido de tafetá, os bandos do cabelo, e um mundo de esperança na voz desfalecente.

sexta-feira, maio 23, 2014




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Insólito a preto e branco...


NICOLA DI BARI - EL ÚLTIMO ROMÂNTICO

Nicola não foi o último romântico mas é verdade que havia então, mais do que hoje, pelo menos, uma maneira diferente de viver a relação de amor. Talvez porque a mulher fosse ainda um pouco o fruto proibido, 0s olhares falavam mais, as palavras eram mais discretas e reservadas e os suspiros mais profundos...


SOU AD-VO-GA-DOOO!!!



Ele tornou-se um advogado especialista, não queria saber de outra função que não fosse a sua especialidade.


Um dia, em casa, sua mulher pediu:

- Querido, o ferro não aquece. Dá uma olhadela, por favor...
- Querida, acooordaaaaaa!!! Eu não sou eletricista!!! Sou advogado!

No outro dia:
- Querido, a pia entupiu. Podes dar uma olhadela?
- Querida, acoooordaaaaaa!!! Eu não sou canalizador!!! Eu sou um advogado!!!
Na segunda-feira seguinte:
- Querido, a torradeira está a arder!
- Mulher, vê se acooordaaaaaaas!!! (alterado) Eu não sou bombeiro, SOU AD - VO - GAAA - DOOOO!!!

No fim de semana, ele descobre que tudo o que a mulher tinha reclamado estava em perfeito funcionamento.
E pergunta:
- Querida, quem fez todos esses arranjos?
- Ora, querido, tu lembras-te daquele teu amigo engenheiro que trouxeste para jantar aqui no sábado passado?
- Sim, lembro.
- Então, ele prontificou-se a consertar tudo.
- Sério? Ele fez tudo de graça?
- É claro que não! Ele disse-me que eu poderia pagar de duas formas:
 - eu faria outro prato igual ao que ele jantou aqui ou
- lhe dava prazer de um sexo bem animal...

- E o que tu fizeste?!?!

- Querido... Helloooo.... Acoooordaaaa!!!

EU NÃO SOUU  CO - ZI - NHEI - RAAAAA........



 Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha

Victor Hugo

Carlos Esperança
Uma Entrevista

a Carlos Esperança

(Presidente da Associação Ateísta Portuguesa)







“As Religiões São Nocivas”

(continuação)


 - Seria um adversário de um Estado ateu.


Antecedentes como anticlericalismos da I República não são o caminho a seguir?

 - Se ler os nossos comunicados, não há nenhum que revele anticlericalismo, embora ninguém seja bom juiz em causa própria.

Mas quem chamar anticlericalismo à luta e pedagogia contra o obscurantismo e a superstição, encontrará toneladas dele.


O Estado deve cortar completamente os laços com as Igrejas?

 - Do nosso ponto de vista, a Concordata não devia existir, e a Igreja Católica seria respeitada como qualquer outra.


A questão dos feriados religiosos é um dos principais sinais da influência da Igreja Católica no Estado?

 - Não sei hierarquizar, mas houve da parte do governo uma cedência extraordinária à igreja Católica, tanto mais lamentável quanto antes da Igreja definir os feriados de que abdicava, prescindiu do 1º de Dezembro e do 5 de Outubro, que são dois feriados identitários.

Numa altura em que se perdeu o serviço militar obrigatório e o próprio hino e bandeira perdem valor simbólico, resta-nos a língua, muitas vezes mal falada e mal escrita, como identidade do país.

Admitindo que era preciso cortar feriados, havia outros sem a carga simbólica da Restauração da Independência e da Implantação da República.

Alguns feriados religiosos nem os próprios crentes sabem o que significam.

Outra vossa luta é a anulação dos baptismos, o que também se aplica no seu caso.

O que nos choca não é o baptismo, que é irrelevante para quem não se revê na Igreja. Era uma obrigação do anterior regime fascista mas hoje representa menos do que o sarampo.

O que incomoda a Associação Ateísta Portuguesa é a chantagem que a Igreja Católica faz com a percentagem que se atribui de católicos para obter benefícios indevidos.

Podendo pedir-se a apostasia (anulação do baptismo), deveriam ser riscados do número que a Igreja usa para assumir uma importância que já não tem.

O Estado deveria impedir o baptismo de menores?

Tenho algumas dúvidas. Se entrarmos por aí, temos de proibir que os pais inscrevam crianças num clube de futebol ou noutra organização qualquer. Não me parece que a liberdade dos pais possa ser cerceada. Mas na Associação Ateísta não aceitamos menores de idade.

Já pensaram seguir o exemplo das testemunhas de Jeová e andar pelas ruas a falar sobre as vantagens do ateísmo?

Não pensámos e garantidamente nunca bateremos à porta de ninguém para anunciar a boa – nova de que Deus não existe. Se alguém me diz que passou a ser ateu, é como se me estivesse a dizer que aderiu a uma corrente filosófica ou estética qualquer.

Sendo um homem cheio de dúvidas, põe a hipótese de um dia vir a encontrar Deus?

Nunca o encontrarei, com certeza, pois Deus é uma criação humana.


NOTA - É uma boa entrevista, plena de tolerância, inteligência, bom senso, realismo. sem transigir para com os privilégios da Igreja.

O Ateísmo não é nenhuma nova religião como por vezes os crentes religiosos a pretendem acusar para espalhar a confusão nos espíritos mas nesta entrevista não ressalta nenhum tique religioso.

Carlos Esperança define o Ateísmo como uma corrente estética ou filosófica. Por outras palavras, eu diria apenas que é uma maneira de estar na vida, sem subtilezas, subterfúgios ou medos, de uma forma "natural"...  

Não dispensamos, Comandante, fazemos questão.
OS VELHOS

MARINHEIROS
 (Jorge Amado)


Episódio Nº 87









Idosas senhoras abandonavam o tricô e o crochê, na emoção da narrativa. Como dispensar atenção à agulha quando o comandante se arrastava na coberta, arriscando a vida, podendo ser levado pelos vagalhões descomunais, para arrancar, de sob o madeirame do mastro partido por um raio, o esquelético marinheiro hindu, de pernas e costelas rotas.

Parou a ouvi-lo, em respeitoso silêncio, o primeiro-piloto. Encostou-se à porta, acendeu um cigarro, o comandante não chegou a vê-lo de tão entretido em seu relato... Passava pelo lado de fora o chefe das máquinas, o primeiro-piloto o chamou, ficaram os dois a escutar.

Quando, pelo fim da tarde, voltou à ponte de comando, surpreendeu o primeiro-piloto a comentar com o imediato, com os outros pilotos e com o médico, as suas aventuras. Ouviu apenas um pedaço de frase:

—... foi se arrastando pelo tombadilho como uma serpente...

Silenciou o moço ao vê-lo, o imediato disse:

- Muito bem, Comandante. Aqui estávamos a ouvir suas façanhas.

Uma dessas noites, vamos abrir uma garrafa e o senhor vai nos relatar essas histórias gloriosas. Nós passamos a vida a subir e descer essa costa, onde não sucede nada - apontava-lhe o dedo. - O senhor vai ter de nos contar suas viagens com todos os detalhes...

- Coisas de pouca monta, não vale a pena. Para distrair os passageiros, vá lá. Mas, aos senhores, homens do mar ...

- Não dispensamos, Comandante. Fazemos questão.
Ficou olhando as meretrizes na coberta do porão. Até à ponte subia a voz agradável da mulata, na marchinha política:

“Seu Julinho vem, ,
Seu Julinho vem
Se o mineiro
Lá de cima descuidar,
Seu Jiílinho vem,
Seu Julinho vem,
Vem mas custa
Muita gente há de chorar”.

Deu um bordejo pela segunda classe, desceu à terceira. Ali viajavam, de regresso ao Nordeste, na mesma dramática pobreza, retirantes fugidos nos anos da seca para as faladas terras do Sul, onde havia trabalho e dinheiro.

Um dia a esperança de mudar o destino levara aqueles homens e mulheres a palmilhar os caminhos da caatinga, atravessar os sertões, cruzar os caudalosos rios e os campos gerais, no rumo de São Paulo.

Hoje só lhes resta o desejo de voltar à terra natal, árida e pobre, porém a deles, onde nasceram e onde desejam morrer. Era um espectáculo deprimente e o comandante voltou às modinhas e sambas da segunda classe.

As mulheres da vida, ao vê-lo aproximar-se, compunham-se, sentando-se mais decentemente, baixando os vestidos sobre os joelhos, afastando-se dos estudantes a boliná-las. Parou de cantar a mulata, apenas o violão prosseguiu em seu lamento. Bonita voz possuía a cantora, o comandante não desejava estragar a alegria de ninguém:

- Estejam à vontade ... E por que aquela ali parou de cantar? Continue, por favor, eu estava gostando.

- O Comandante é gente boa .- riu uma aventalhada.

- Um camaradão - decidiu um estudante. - Na véspera de chegar a Fortaleza vamos lhe fazer uma serenata.

- Muito obrigado, meu amigo.

Mas as raparigas não relaxavam a posição de forçada compostura, não voltava a mulata a cantar. Uma pena, pensou Vasco, retirando-se.

Na primeira classe, os passageiros começavam a chegar do banho vespertino, substituídas as camisas de manga curta e as calças de brim, os leves vestido, pelos ternos de casimira e as toaletes de jantar.

quinta-feira, maio 22, 2014

Quantas Raças há no Mundo 

Devia ser obrigatório passar este vídeo em todas as escolas.


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Honras de 1º plano...



OSWALDO MONTENEGRO - METADE DE MIM




Nasceu no Rio de Janeiro em 1956 e é músico, cantor, poeta, compondo trilhas sonoras para peças teatrais, cinema e televisão. Tem uma das parcerias mais sólidas ao lado de Madalena Salles que o acompanha com as suas flautas. Oswaldo foi um caso excepcional de precocidade talvez porque nasceu numa família de músicos: seu pai, por quem foi influenciado musicalmente, mas também a sua mãe e os avós maternos.



CONVERSA DE CAMA

Difícil... e sem resultado...



Uma moça, muito jeitosa, entra na igreja e confessa os pecados:


- Sr. Padre, eu ando a ter sexo com o padre da aldeia vizinha!


Diz o padre muito zangado:

- Vais rezar 20 Avé-Marias e 20 Pai-Nossos...


E  nunca mais te esqueças:

A  TUA  PARÓQUIA  É  ESTA!


Carlos Esperança
Uma Entrevista a
Carlos Esperança
 (Presidente da Associação Ateísta Portuguesa)









“As Religiões são Nocivas”



 O Presidente da Associação Ateísta Portuguesa já foi católico e ainda não conseguiu a anulação do baptismo. No entanto, o que mais inquieta Carlos Miranda, de 71 anos, ex-professor primário e reformado de uma farmacêutica, são os laços entre o Estado e as religiões.

A Religião continua a ser o ópio do povo?

 - Não diria que é o ópio do povo mas é frequentemente um detonador de ódios. Teria dúvidas em utilizar a frase de Marx, mas também não a repudio, mesmo sem subscrever o marxismo.

E acredita que Portugal seria um país melhor sem religião?

- A natureza tem horror ao vazio. Se não tiver esta religião arrisca-se a ter outra. E nunca se sabe se a outra não é pior.

Quer isso dizer que a Igreja Católica é um mal menor?

 - Se nos circunscrevermos às religiões do livro, diria que no Protestantismo há níveis de tolerância maior que no Catolicismo. Mas não em todo. E o Catolicismo não é homogéneo.

Entre aqueles que se fazem pregar na cruz, e seitas radicais como a Opus Dei, os Legionários de Cristo e a Comunhão e Libertação, tenho dificuldades em indicar a pior e a melhor.
Todas as religiões são igualmente falsas e nocivas.

No entanto, a nossa civilização judaico-cristã está fundada nessas religiões

  - No meu ponto de vista ateu, devemos mais ao Iluminismo e à Revolução Francesa do que ao Catolicismo. E diria que a cultura Greco-Romana é indiscutivelmente importante para aquilo que somos.

O prazo de validade do Cristianismo já expirou?

 - É muito natural que, dentro de séculos ou milénios, o Deus judaico-cristão seja estudado pela mitologia, como Osíris, Zeus ou Neptuno. Mas não sou profeta.
Enquanto os crentes estão cheios de certezas, os ateus estão crivados de dúvidas.

Nunca sente falta de certezas?

 - Não, apesar de ter tido educação católica numa pequena aldeia beirã, com catequistas que atribuíam o pôr do sol a um sinal de Lúcia e diziam que comunistas e judeus iriam matar os cristãos, num antissemitismo primário, de gente quase analfabeta, mas que nos ensinavam a debitar o catecismo, como se faz com o Corão nas madraças.

Foi um católico convicto?

 - Até aos dez anos, seguramente. Enternecia-me muito com o sofrimento de Jesus. Dos 10 aos 14, quando fui para o Liceu da Guarda, deixei de frequentar a Igreja, salvo uma vez por ano, pois era mais ou menos obrigado a fazer a confissão e a comunhão na Páscoa.
Éramos induzidos a rezar o terço à sexta – feira, mas nuca fui. Parece que a Lúcia tinha mandado rezar o terço e obedeciam-lhe, como a Salazar, e com igual dedicação.

Aos 14 anos deixei de acreditar em seres hipotéticos.

Que valores defende a Associação Ateísta Portuguesa?

 - O nosso código de conduta é o respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e pela Constituição da república Portuguesa.

De resto, cada ateu é ateu à sua maneira. Caso contrário tornamo -nos numa igreja. A Albânia foi o único caso de ateísmo obrigatório. Por paradoxo, o ateísmo foi religião de Estado graças ao psicopata Hosha (ditador comunista).

Compartilham a crença no primado da Ciência? 

 - O ateísmo é uma opção filosófica assumida por quem se sente responsável pelos seus actos, preza a vida – a sua e a dos outros – e cultiva a razão, confiando no método científico. E os ateus são pessoas que não remetem a questão do Bem e do Mal para seres incertos, nem têm esperança numa vida para além da morte.

Entende as pessoas que defendem o Criacionismo para explicar a origem do mundo?

 - O Criacionismo não resiste ao mais simples critério de análise científica.

Mas os criacionistas dizem que também não é fácil comprovar o Evolucionismo...

 - A fé que os salve...  A Teoria da Evolução das Espécies não explica tudo mas acabou por demolir a religião. A partir daqui os movimentos ateus e agnósticos ganharam muita força.

Defendem restrições à prática religiosa?

 - Muito pelo contrário a liberdade de crença e descrença e de anti-crença têm de estar ao mesmo nível. Defendemos muito menos o ateísmo do que a laicidade. O Estado não pode ser ateu, pois um estado ateu é totalitário.

(continua)

O senhor é o Comandante
OS VELHOS
MARINHEIROS

(Jorge Amado)



Episódio Nº 86








Sem querer confessar a si mesmo o íntimo desejo de frequentar a agradável companhia das rameiras: guardava dos seus tempos de moço, dos castelos e pensões de Salvador, das aventuras em esconsos portos perdidos do Pacífico, amável e grata recordação das mulheres da vida.

Com elas sabia conversar, não lhe custava trabalho a prosa, não precisava medir as palavras como era obrigado a fazer com as passageiras de primeira, moças e senhoras de representação, algumas de nariz torcido.

Concluiu ser o navio um mundo em miniatura, onde havia de tudo, desde os homens ricos e poderosos, os políticos e os banqueiros, até as pobres mulheres cujo negócio é a sua graça, cujos instrumentos de trabalho são sua sedução e seu corpo.

 E ele o indiscutido rei daquele mundo, o comandante, a maior autoridade a bordo, sem contestação, sem limitações a seu poder.

Naquela mesma manhã, ao subir à ponte antes do almoço, arriscara um comentário craco, conversando com o comissário, em relação ao jantar da véspera. Aquela sopa, aquele peixe, tivesse paciência o comissário, não eram pratos a serem servidos com mar encapelado.

Nos grandes navios estrangeiros, tomava-se muito cuidado com esses detalhes. O imediato, que assistia à conversa, deu-lhe inteiro apoio, com insistência e veemência até exageradas para assunto tão secundário:

- Mas o senhor tem toda razão, Comandante. É uma falha lamentável, não deve ser repetida. É o que eu sempre digo: nada tão importante num barco quanto um comandante capaz.

- Não é que eu queira me meter... Mas o senador, por exemplo, o pobre quase não provou da comida.

O comissário ouvira de cenho franzido, mas ante a firme posição do imediato, mudou de atitude, tornou-se humilde e desculpou-se:

- Realmente, Comandante, esqueci-me de consultar o serviço meteorológico, antes de estabelecer o menu. Não voltará a acontecer. Aliás, o melhor é, de agora em diante, sujeitar o cardápio à sua aprovação.

- Sim, isso é o melhor... - apoiou o imediato.

- Não, senhores, não é preciso. De jeito nenhum. Eu, repito, não quero envolver-me em nada, estou aqui apenas...

- O senhor é o Comandante.

Gostara daquilo, sobretudo da impecável atitude do imediato, rapaz simpático aquele Geir Matos, recomendá-lo-ia à Costeira ao fazer o relatório da viagem.

Em tão poucas horas de travessia e convivência, já sua popularidade afirmava-se entre os passageiros. Conversava com uns e com outros, informava sobre a velocidade do navio - treze milhas horárias, milhas marítimas, é claro - a hora da chegada em Recife, a da partida, fazia-se modesto quando lhe recordavam os feitos marítimos e perguntavam o motivo da condecoração.

 Modesto, não porém rogado.

Assim, pela tarde, viu-se rodeado, na sala de estar, de enorme grupo a beber-lhe o saboroso relato de suas aventuras. Contou primeiro de uma tempestade no Mar de Bengala, num barco cargueiro de bandeira inglesa e tripulação quase toda hindu. Iam de Calcutá para Akyab, nas costas da Birmânia.

Aquela é uma rota sempre perigosa, batida pelas monções, perturbada pelas correntes marítimas. No entanto nunca vira, nas inúmeras vezes que atravessara aquele mar incerto, tal fúria dos elementos.

quarta-feira, maio 21, 2014

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Diria mais.... é o cúmulo da injustiça!



RICARDO ARAÚJO PEREIRA- MIXÓRDIA DE TEMÁTICAS


Pirâmide de Miranda


DALIDA - CIAO AMORE CIAO



Tinha passado algum tempo sobre a morte do seu amor Luigi Tenco, autor desta canção, que se suicidou por ela não ter sido classificada no Festival de Sanremo de 1967.

Dois meses depois, Dalida tentou seguir-lhe o mesmo destino e só por acaso não morreu.

Em 1967, nos Festivais da Eurovisão, ainda não cantavam mulheres de barba que afinal eram homens ou melhor nem uma coisa nem outra.

Nem haviam aqueles cenários espectaculares com iluminações surpreendentes, não, em 1967 era o cantor ou cantora, o microfone e uma carreira de artista que se jogava naqueles momentos muito mais do que agora.

Naquela noite, por todas as casas portuguesas que tinham televisão, como por toda a Europa, o que se via era o Festival da Eurovisão, mesmo sendo a preto e branco...

As pessoas da minha geração têm nas suas memórias as imagens do desempenho dos nossos representantes, e também nós tivemos que conviver com a injustiça das péssimas classificações que eram atribuídas às nossas canções.

Felizmente, nenhum desses nossos artistas se suicidou. Eram portugueses... sabiam melhor que todos os outros o que eram injustiças e estavam habituados a elas.

Reparem, meus amigos, ela teve muita coragem para cantar o Ciao Amore Ciao depois do que aconteceu e do desgosto por que passou. Por isso, se repararem bem, mais do que cantar ela grita o seu amor por Luigi... é comovente!

Ele, tornou-se um ícone do amor...


                  


Só o gesto de pensar é bonito... e ainda mais numa criança
Pensar

é melhor


que Rezar










Este, o título do Manifesto Ateísta de Sam Harris, escritor e filósofo americano, que adverte os possíveis interessados na sua leitura que ele é um espaço para ateus, agnósticos e simpatizantes e todos aqueles que não sendo nada disto se arriscam, ao lê-lo, a plantarem dentro de si “a semente da dúvida”.

Sam Harris discute contra a fé irracional e os seus partidários:

Em um qualquer lugar do mundo um homem sequestra uma menina, a estupra, tortura e mata. Se uma atrocidade deste género não estiver a acontecer neste momento ela irá acontecer dentro de horas ou dias no máximo.

Esta afirmação resulta da confiança que temos nas leis estatísticas que governam as vidas de mais de 6 biliões de seres humanos, as mesmas estatísticas que também sugerem que os pais desta menina acreditam que, neste momento, um Deus Todo-Poderoso e Todo - Amoroso está assistindo a eles e à sua família.

Terão eles razão em acreditar nisto? Será bom acreditarem nisto?

Não.

A totalidade do ateísmo está contida nesta resposta porque ele não é uma filosofia, nem mesmo uma visão do mundo, tão-somente uma recusa, negar o óbvio e isso é um trabalho ingrato, um trabalho que o ateu não quer.

Vale a pena notar que ninguém precisa de se identificar como um não-astrólogo ou um não-alquimista e por isso nós não temos nomes para designar as pessoas que negam a evidência destas pseudo disciplinas e por esta razão o ateísmo é uma palavra que nem devia existir.

O ateísmo não passa de “barulhos” que as pessoas razoáveis fazem quando na presença de dogmas religiosos.

O ateu é apenas uma pessoa que acredita que os 260 milhões de americanos (87% da população) que reivindicam nunca duvidar da existência de Deus deviam ser obrigados a apresentar evidências não só da sua existência como igualmente da sua benevolência perante a inexorável destruição de seres humanos inocentes que, no dia a dia, testemunhamos por todo o mundo.

No entanto, parece que só ateu é que se apercebe desta situação:

-A maioria de nós acredita num Deus que é tão poderoso quanto os deuses do Monte Olimpo;

-Nenhuma pessoa, sejam quais forem as suas qualificações, pode assumir a um cargo público nos EUA sem fingir que tem a certeza que tal Deus existe;

-Muito do que passa para a vida política daquele país está conforme com tabus religiosos e superstições, como uma teocracia medieval.

Nós vivemos num mundo onde todas as coisas, as boas e as más, são destruídas pela mudança: os filhos perdem os pais, estes os filhos, os maridos separam-se das esposas para nunca mais as encontrarem. Os amigos separam-se sem saberem que é a última vez que se vêem.


Esta vida, quando inspeccionada com um olhar amplo, apresenta pouco mais que um espectáculo de perda e, no entanto, a maioria de nós pensa que há um remédio para isto.

Se não vivermos de acordo com a ética mas dentro de um edifício de convicções religiosas, antigas e estereotipadas, poderemos adquirir o que quisermos depois de morrermos.

Quando, finalmente, os nossos corpos fracassam, derramamos o nosso lastro corpóreo e viajamos para uma terra onde estaremos reunidos com tudo aquilo que amámos enquanto vivos com a vantagem de que, nesse mundo, as pessoas racionais e as “populaças” serão mantidos fora desse lugar feliz e aqueles que acreditaram nisso enquanto vivos, desfrutarão dele por toda a eternidade.

Consideremos a destruição provocada pelo furacão Katrina em Nova Orleans. Mais de mil pessoas morreram, dezenas de milhar ficaram sem as suas casas e os seus bens e quase um milhão de pessoas foram deslocadas.

É seguro dizer que quase todas as pessoas que moravam em Nova Orleans, no momento em que o Katrina passou acreditavam num Deus omnipotente, omnisciente e compassivo.

Mas o que estava Ele fazendo quando o furacão destruiu a cidade deles? Seguramente, Ele ouviu as orações dos homens e mulheres anciãos que fugiram para os sótãos enquanto as águas subiam para depois, aí, muitos deles serem submersos.

Essas, eram pessoas de fé, homens e mulheres que tinham rezado ao longo de todas as suas vidas.

No entanto, só o ateu tem coragem para admitir o óbvio: “essas pessoas pobres morreram enquanto falavam com um amigo imaginário”.
 
Claro que tinha havido uma ampla advertência efectuada pelos Serviços Meteorológicos com a ajuda das imagens de satélite, foram eles que arrancaram essa informação à natureza porque Deus, mais uma vez, não contou a ninguém acerca dos seus planos e se os residentes tivessem contado, exclusivamente, com a benevolência de Deus, jamais saberiam que um furacão assassino os estava abordando até receberem na cara as primeiras rajadas.

No entanto, num inquérito levado a efeito pelo Washington Post, 80% dos entrevistados, sobreviventes do Katrina, declararam que aquele desastre apenas lhes tinha reforçado a fé em Deus…

Enquanto isto acontecia em Nova Orleans quase mil peregrinos Xiitas morriam espezinhados numa ponte no Iraque.

Não há qualquer dúvida que todos estes peregrinos acreditam poderosamente no Deus do Alcorão: as suas vidas são organizadas à volta da sua existência, as suas mulheres caminhavam cobertas e os seus homens assassinam-se uns aos outros regularmente por causa de interpretações diferentes da palavra desse Deus.

Seria notável se um único sobrevivente desta catástrofe perdesse a fé nele. O mais provável é que os sobreviventes acreditem que foram poupados graças a Deus.

Só o ateu reconhece o narcisismo ilimitado.

Só a ateu percebe como é moralmente censurável para os sobreviventes de uma catástrofe, considerarem-se poupados por um Deus amoroso enquanto, esse mesmo Deus, submergiu crianças nos berços.

Porque recusa encarar a realidade do mundo, sofre, farto da fantasia da vida eterna, o ateu sente nos ossos como a vida é preciosa e, realmente, como é triste que milhões de seres humanos sofram as abreviações mais horríveis da felicidade por nenhuma razão.

Uma pessoa pode pensar que uma catástrofe teria que fazer tremer a fé no mundo. O holocausto não fez isso, o genocídio no Ruanda também não, a morte, no século XX, de 20 milhões de pessoas por varíola, também não.

Realmente, os desígnios de Deus são ininterpretáveis e, qualquer facto, não importa quão infeliz, é compatível com a fé religiosa.

Claro que, as pessoas de fé, asseguram, regularmente, umas às outras, que Deus não é responsável pelo sofrimento humano mas, sendo assim, como podemos nós entender a reivindicação de que Deus é omnipotente e omnisciente?

Não há nenhum modo de entender esta incompatibilidade e está na hora de isso ser confessado.

Se Deus existe, ou ele não pode fazer nada para parar as calamidades ou então pode mas não se preocupa e, sendo assim, ou é impotente ou é mau.

Neste ponto, as pessoas piedosas dirão, simplesmente, que Deus não pode ser julgado por padrões meramente humanos de moralidade mas são exactamente esses padrões que servem para estabelecer a bondade de Deus em primeiro lugar.

E um Deus que se interessa por algo tão trivial como matrimónios ou o nome pelo qual é chamado em oração, não só é inescrutável como igualmente, se o Deus de Abraão existe, é desmerecedor da criação do mundo e do próprio homem.

Há outra possibilidade que é mais razoável e menos odiosa: O Deus bíblico é uma ficção.

Como observou Richard Dawkins nós somos todos ateus no que respeita a Zeus ou a Thor e só o ateu percebeu que o Deus bíblico não é em nada diferente daqueles.

Por conseguinte, só o ateu é suficientemente compadecido para ver a profundidade do sofrimento do mundo.

É terrível que percamos aquilo que amamos; é duplamente terrível que tantos seres humanos sofram desnecessariamente enquanto vivos.

O facto de tanto deste sofrimento poder ser atribuído directamente à religião – guerras religiosas, ódios religiosos, ilusões religiosas – é o que faz do ateísmo uma necessidade moral e intelectual.

Porém, mesmo apesar de ser uma necessidade, o ateu é colocado às margens da sociedade.

O ateu, só por estar em contacto com a realidade, parece vergonhosamente fora de sintonia da vida de fantasia dos seus semelhantes.

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