sábado, julho 19, 2008

quinta-feira, julho 17, 2008


Os Novos Dez Mandamentos



A nossa moralidade não se fundamenta nos livros sagrados, a verdade é que existe um consenso muito alargado do que está certo e está errado e que não tem uma ligação óbvia com a religião.

A maior parte de nós não inflige sofrimentos desnecessários, acredita na liberdade de expressão e protege-a mesmo quando discorda do que é dito, paga os seus impostos, não engana, mão mata, não comete incesto, não faz aos outros o que não gostaria que lhe fizessem.

Alguns destes bons princípios constam dos livros sagrados mas sepultados ao lado de outros que nenhuma pessoa decente desejaria seguir com a agravante de que os livros sagrados não facultam regras com base nas quais possamos distinguir os bons dos maus princípios.

Uma forma de exprimir a nossa ética consensual pode ser através de Dez Mandamentos, não só dos Dez Mandamentos do Antigo Testamento, ou os do Novo Testamento, mas também de Novos Dez Mandamentos, da actualidade, não esquecendo que, de acordo com “o espírito do tempo”, eles reflectirão sempre o nível do avanço intelectual e cultural do mundo na sua época, como ficou dito no meu texto anterior.

Mas, para que melhor se possam avaliar as diferenças entre os Novos Dez Mandamentos, que não são da autoria de nenhum sábio, nem de um profeta ou de um eticista profissional, mas tão só de um comum utilizador da web que mais não fez do que resumir, hoje, os princípios consensuais da nossa vida, e compará-los com os Dez Mandamentos bíblicos, enunciaremos estes em primeiro lugar e de seguida os Dez Mandamentos da Igreja Católica antes de passarmos aos Novos Dez Mandamentos:

Antigo Testamento


1º Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egipto, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.

2º Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra; nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a eles nem os servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso que visito a maldade dos pais nos filhos até à 3ª e 4ª geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos.

3º Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

4º Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o 7º dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus, a terra e o mar e tudo o que neles há, e ao 7º dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia de sábado, e o santificou.

5º Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

6º Não matarás.

7º Não adulterarás.

8º Não furtarás.

9º Não dirás falsos testemunhos contra o teu próximo.

10º Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

Dez Mandamentos do Catolicismo que muitos de nós aprendemos ainda na infância, nas aulas da catequese:


1º Amar a Deus sobre todas as coisas.

2º Não invocar o nome de Deus em vão.


3º Guardar Domingos e Festas de Guarda.

4º Honrar pai e mãe.

5º Não matar.

6º Não pecar contra a castidade.

7º Não roubar.

8º Não levantar falsos testemunhos.

9º Não desejar a mulher do próximo.

10º Não cobiçar as coisas alheias.


Cerca de 1500 anos separam estas duas listas de Dez Mandamentos e percebe-se que o “espírito do tempo” que ambas reflectem pouco ou nada difere, talvez menos do que na realidade dado o carácter conservador dos textos religiosos.

Tanto numa como na outra a permanente preocupação de manter os crentes obedientes e tementes ao Senhor que Ele, sim, é a verdadeira razão justificativa dos próprios Mandamentos.

De forma paternalista, autoritária, ameaçadora, o objectivo é manter o grupo unido, coeso, obediente e servil em torno de um Chefe que é o Senhor mas que, na prática, são os dignitários da Igreja, sendo que a crença, a tal necessidade genética de acreditar (nos nossos pais, nos chefes, nas pessoas mais velhas) que nos primórdios da humanidade foi factor de sobrevivência, constitui o íman que atrai as pessoas para as religiões da mesma forma e pela mesma razão que leva a borboleta da traça ao voou suicida contra a chama da vela. (ver neste blog o texto As Raízes da Religião de 7 de Maio).

Chegados a este ponto, Dawkins, através de um motor de busca da Internet encontrou por acaso, numa página ateia, os seguintes Novos Dez Mandamentos em paralelo com muitos outras listas que aí se podem encontrar.

Novos Dez Mandamentos (da autoria de pessoas assumidamente não crentes):


1º Não faças aos outros aquilo que não quiseres que te façam a ti.

2º Em tudo, esforça-te por não fazeres o mal.

3º Trata os teus semelhantes, os seres vivos e o mundo em geral com amor, honestidade, lealdade e respeito.

4º Não ignores o mal nem te retraias de aplicar a justiça mas está sempre pronto a perdoar a injustiça reconhecida livremente e lamentada honestamente.

5º Vive a vida com alegria e admiração.

6º Procura sempre aprender algo de novo.

7º Testa todas as coisas; confronta as tuas ideias com os factos e está pronto a pôr de parte mesmo uma crença acalentada se ela não estiver em conformidade com eles.

8º Nunca procures censurar-te ou abster-te das divergências; respeita sempre o direito dos outros a discordarem de ti.

9º Forma opiniões independentes com base na tua própria razão e experiência; não te permitas ser levado cegamente pelos outros.

10º Interroga-te sobre tudo.


O filósofo John Rawls poderia incluir nesta lista algo deste género:

- Imagina sempre as tuas regras como se não soubesses se vais estar no topo ou na base da hierarquia.

O povo Inuit segue uma regra para repartir a comida que também poderia fazer parte da lista:

- Quem reparte fica sempre com o último bocado.

Ritchard Dawkins gostaria também de incluir numa lista destas e da sua própria autoria, os seguintes Mandamentos:

- Desfruta da tua vida sexual (desde que não prejudique ninguém) e deixa que os outros desfrutem da sua em privado, quaisquer que sejam as suas tendências, que não são da tua conta.

- Não discrimines nem oprimas em função do sexo, da raça ou, na medida do possível, da espécie.

- Não inculques ideias à força nos teus filhos. Ensina-os a pensarem por si, a ajuizarem das provas e a discordarem de ti.

- Valoriza o futuro em função de uma escala de tempo maior do que aquele
que tu tens.


Três mil e quinhentos anos após os velhos Mandamentos bíblicos surge-nos hoje, da autoria de pessoas não religiosas, outros Mandamentos que revelam um mundo novo, diferente e, quanto a mim, incomparavelmente melhor.

Que cada um de nós os julgue e os faça seus, se quiser, de acordo com a sua própria razão, entendimento e sensibilidade.

terça-feira, julho 15, 2008


O Espirito do Tempo

A relatividade que o tempo introduz na vida das pessoas em sociedade, a tendência natural para se viver o que acontece “hoje” esquecendo aquilo que foi “o ontem”, o curto espaço temporal em que decorre a vida humana, a própria lógica de que “o que passou, passou e o que interessa é o futuro”, retira-nos muito da perspectiva necessária para uma apreciação correcta e justa do mundo em que vivemos.

E estas circunstâncias dificultam, para o comum das pessoas, a avaliação da necessidade que todos sentimos de saber se, em termos globais, estamos melhor ou piores, se estamos a avançar ou a retroceder e em que sentido.

As variáveis de apreciação são muitas e a importância de cada uma delas tem a ver com aquilo que são as preocupações dominantes em cada momento, em cada local e em cada contexto.

Se perguntarmos a alguém no nosso meio se se regista ou não progresso a resposta, muito provavelmente, vai depender, em primeira análise, do que tem sido a experiência da sua própria vida em termos materiais e assim, o progresso, no sentido de que as coisas hoje estão melhores do que estavam ontem, ficará a depender da experiência de uma vida que correu bem ou não correu.

Mas se insistirmos com a pergunta em termos gerais, abstraindo do caso pessoal, a resposta surge, naturalmente, associada aos avanços tecnológicos, à rapidez com que o mercado é surpreendido pelo novo modelo de telemóvel, de ecrã de televisão ou das recentes descobertas para vencer esta ou aquela doença e, por estas razões, a resposta é, invariavelmente, positiva.

Não ponho em causa os avanços tecnológicos como indicadores de progresso, acima de tudo porque eles só são possíveis pelos avanços na ciência que é criativa e libertadora na medida em que resulta da inteligência humana.

Mas há um outro indicador que tende a ficar esquecido, não porque as pessoas não saibam dele ou desprezem a sua importância se confrontado directamente, simplesmente está diluído na nossa vida do dia a dia.

Refiro-me àquilo que é hoje o pensamento das pessoas relativamente às outras pessoas nossos semelhantes, simplesmente nossos semelhantes, e vamos alargar a comparação à data em que os meus avós, que eu conheci pessoalmente, nasceram, fins do século XIX, princípios do século XX.

Thomas Henry Huxley, biólogo britânico, falecido em 1895, um progressista e esclarecido liberal, dos principais defensores públicos da teoria da Evolução de Charles Darwin, escreveu em 1871 o seguinte:

- “Nenhum homem racional, conhecedor dos factos, acredita que o preto mediano seja igual, e muito menos superior, ao homem branco.

E, se isto for verdade, não é de modo algum crível, que uma vez removidas todas as peias e desfrutando o nosso prógnato parente de terreno neutro e de nenhum favor ou opressor, ele venha a ser capaz de competir com êxito contra o seu rival de cérebro maior e menor maxilar, num duelo que deve ser terçado com pensamentos e não à dentada. Os lugares cimeiros na hierarquia da civilização não hão-de ficar, seguramente, ao alcance dos nossos escuros primos”.

Abraham Lincoln era um homem avançado em relação à sua época, foi o 16º Presidente dos EUA e autor de vários pensamentos que, pela sua qualidade, ficaram na história:

- Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas durante todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.

-Um boletim de voto tem mais força do que um tiro de espingarda.

- Quando pratico o bem, sinto-me bem; quando pratico o mal sinto-me mal. Eis a minha religião.

-O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer.

-Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em cobardes.

No entanto, quando os EUA se aprestam para eleger um presidente filho de pai negro e mãe branca é curioso ver o que este homem lúcido, esclarecido e avançado para a sua época, dizia, em 1858, num debate com Stephan A. Douglas:

Direi então que não sou, nem nunca fui, favorável a que se promova, seja de que maneira for, a igualdade social e política entre as raças branca e negra; que não sou, nem nunca fui, a favor de que os negros sejam jurados, nem que sejam habilitados a ocuparem cargos públicos nem a casar com brancos; e direi, alem disto, que há uma diferença física entre a raça branca e a negra que acredito que para sempre impedirá que as duas raças vivam lado a lado numa base de igualdade social e política.

E visto que assim não poderão viver, enquanto permanecerem juntas terá de haver uma posição superior e outra inferior, e eu, tal como outro homem qualquer, sou a favor de que a posição superior seja conferida à raça branca.

Estes dois homens, Huxley e Lincoln, se tivessem nascido e sido educados no nosso tempo seriam os primeiros a arrepiarem-se das suas posições e por isso, sendo eles dos espíritos mais liberais da sua época, imagine-se a maneira de pensar de um homem médio do seu tempo.

Mas estas profundas e radicais alterações na maneira de pensar dos homens relativamente a outros homens aconteceu, igualmente, em relação aos animais:

Quando os primeiros marinheiros desembarcaram na ilha Maurícia e viram os mansos dodós, a única coisa que lhes ocorreu foi matá-los à paulada não para se alimentarem deles já que, segundo diziam, a sua carne era intragável mas apenas porque pensaram que se eles estavam ali, indefesos, matá-los era a única coisa a fazer.

Um comportamento idêntico aconteceu mais recentemente com o extermínio do lobo da Tasmânia que ainda em 1909 tinha a cabeça a prémio.

Hoje a conservação da vida selvagem e do meio ambiente passaram a ser valores aceites com o mesmo estatuto moral outrora atribuídos a valores de natureza religiosa como o respeito pelo sabado ou entre os católicos, pelo domingo.

Os vertiginosos anos da década de sessenta ficaram na história pela sua modernidade aberta e progressista mas no seu início, um advogado de acusação no julgamento por alegada obscenidade do romance “O Amante de Lady Chatterley” ainda podia perguntar a um júri:

Aprovariam que os vossos filhos, as vossas filhas – porque as raparigas sabem ler, tal como os rapazes (?!) - lessem este livro?

Isto é livro que os senhores deixassem pousado lá em vossa casa?

É livro que gostassem que a vossa esposa ou criadas lessem?

Alguma coisa mudou e mudou em todos nós e é a esta mudança que verdadeiramente se pode chamar de progresso porque é uma mudança que vai numa direcção verdadeiramente consistente e não tem a ver com a religião, quando muito ela dá-se a despeito da religião e não por causa dela.

A língua alemã tem uma palavra «Zeitgeist» que significa “o nível de avanço intelectual e cultural do mundo numa determinada época” e a que também chamam o “espírito do tempo”… e a que velocidade este espírito do tempo se tem deslocado numa frente alargada por todo o mundo!

De onde vieram estas mudanças graduais e concertadas verificadas na consciência social?

Ritchard Dawkins não tem dúvidas de que não vieram da religião:


Alastram de uma mente a outra através de conversas, da leitura de livros, jornais, transmissões televisivas e radiofónicas e, hoje em dia, da Internet.

As alterações da sensibilidade moral são sinalizadas em editoriais, em debates na rádio, nos discursos políticos, no palavreado dos comediantes de stand-up, nos guiões das telenovelas, nas votações parlamentares ao criar as leis e nas decisões dos juízes ao interpretá-las.

É claro que o avanço não é uma rampa lisa, mas mais um perfil sinuoso dos dentes de uma serra com contrariedades locais e temporais como acontece agora por culpa da acção do governo Bush dos E.U.A. desde o início da presente década mas a uma escala mais longa a tendência para a progressão é inequívoca.”

Nesta marcha imparável, Dawkins, não tem dúvidas sobre o papel motriz que é representado por aqueles líderes políticos que, à frente do seu tempo, se erguem solidários e nos persuadem a prosseguir com eles: Gandhi, Luther King, Nelson Mandela, etc., não falando já de artistas do mundo do espectáculo, desporto e outras figuras públicas.

E depois temos, igualmente, os progressos na educação e no ensino e especialmente a crescente compreensão de que cada um de nós partilha uma humanidade comum com os membros de outras raças e com o sexo oposto – uma e outra, ideias profundamente não bíblicas, provenientes da ciência biológica e, sobretudo, da evolução.

segunda-feira, julho 14, 2008


Salman Rushdie




A quando da divisão da Índia, mais de um milhão de pessoas foram massacradas em motins religiosos entre Hindus e Muçulmanos e quinze milhões foram deslocados das suas casas.

Não era, então, necessária qualquer outra razão para se matar quem se quisesse para além da religião. Em última análise, não havia nada que os dividisse a não ser a religião.

Todos estamos lembrados das cenas da greve da fome empreendidas por Gandi e magistralmente representadas no filme pelo actor Ben Kingsley, em que ele jogava com o prestígio da sua vida junto de todos os indianos para os levar, hindus e muçulmanos, a uma tolerância religiosa.

Perdeu esta luta, não conseguiu a independência da Índia pela criação de um único Estado porque o ódio religioso impôs-se de tal forma que a violência dos confrontos entre as populações muçulmanas, por um lado, e siques e hindus por outro, obrigaram a Inglaterra, para evitar uma situação de extermínio, a conceder a independência em 1947 a dois estados: Índia e Paquistão.

Mais recentemente, perturbado por um surto de massacres religiosos na Índia, Salman Rushdie, escreveu um artigo intitulado «A Religião, como sempre, é o que está a envenenar o sangue da Índia» cujo último parágrafo transcrevemos:

Que respeito merece tudo isto, ou qualquer um dos crimes hoje cometidos quase diariamente por todo o mundo em nome da temida religião?

Que bem e com que fatais resultados a religião ergue os seus tótemes, e como nos mostramos dispostos a matar por eles!

E quando o houvermos feito vezes suficientes, o embotamento das emoções que daí advém torna muito mais fácil fazê-lo outra vez.

Portanto, o problema na Índia é, afinal, problema do mundo. O que aconteceu na Índia aconteceu em nome de Deus.

O nome do problema é Deus.”

A religião não é o único factor que provoca a unidade inter grupo e a hostilidade e violência para com grupos alheios. Estes problemas existiriam mesmo sem ela.

Ressalvadas as devidas distâncias as rivalidades entre adeptos de clubes diferentes são um bom exemplo desse fenómeno mas a língua, como na Bélgica, as raças e as tribos, especialmente em África, podem igualmente funcionar como símbolos importantes de divisão.

Simplesmente, a religião amplia e exacerba os danos pelo menos de três maneiras:

- Pela rotulagem das crianças que são classificadas como “crianças católicas”, “crianças protestantes”, etc., desde tenra idade, ou pelo menos demasiado cedo para que possam decidir sobre o que pensam sobre a religião.

- Escolas que segregam as crianças impedindo-as que sejam educadas juntamente com outras crianças filhas de pais que professam outras religiões. Os problemas da Irlanda do Norte desapareceriam numa geração se o ensino segregado fosse abolido.

- Tabus contra “casar fora” evitam a mistura dos grupos e perpetuam os feudos e as vendetas hereditárias, enquanto que o casamento entre membros de religiões diferentes contribuiria, naturalmente, para esbater as inimizades.

Mesmo que a religião, por si só, outro mal não fizesse, o seu desmesurado e muito fomentado pendor fracturante, a sua deliberada e refinada serventia à tendência natural da humanidade para privilegiar os grupos de pertença e evitar os alheios, seria suficiente para a tornar uma significativa força do mal neste mundo.


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