sexta-feira, fevereiro 23, 2007

O Dr Alberto João e o bailinho da Madeira


O Dr. Alberto João e o
Bailinho da Madeira

O Alberto João, como familiarmente é tratado pelos seus conterrâneos madeirenses, levou 11 anos a tirar o curso de Direito e agora, ao fim de quase uma vida, percebe-se que não terá sido por falta de recursos intelectuais.

É que o Alberto João ao longo desses 11 anos, para além das sebentas de Direito, aprendeu ainda outra coisa que lhe foi muito mais importante para a sua vida:

- Como ser dono e senhor de uma ilha em pleno regime democrático saído da revolução do 25 de Abril.

Alberto João põe e dispõe na Ilha da Madeira a seu belo prazer desde Março de 1978 e a sua liderança é de tal forma incontestada que quando sair do poder, lá para 2011, no fim do novo governo que irá sair das próximas eleições que ele próprio provocou, vai deixar um autentico vazio político e tudo terá que partir novamente do zero porque o seu estilo de governar é de tal forma pessoal que se tornou intransmissível, não fez escola, ele é a própria escola.

Maiorias absolutas consecutivas em vitórias eleitorais têm-lhe permitido usar o poder de uma forma demagógica, populista, arrogante e ditatorial que longe de lhe merecer a censura e a reprovação das forças democráticas estiveram na origem de catorze (14) Condecorações entre Grâ-Cruzes, Comendas, Medalhas de Honra, Colares, Medalhas sem serem de Honra, etc… atribuídas por Portugal, Venezuela, Suécia, Conselho da Europa e por aí fora.

Mas se não é o estilo arrogante, demagógico, populista e ditatorial que está na base de tanta homenagem o que será então?

- É o Poder, o Poder que se alcança, mantém, ostenta, se usa e abusa há trinta anos e que se reverencia, homenageia e aplaude apenas porque é o Poder e ainda por cima dito democrático o que permite a Alberto João pavonear-se de peito inchado e olhar desafiador e provocante.

Os outros, fingem não perceber que grande parte dos votos que lhe garantem as maiorias absolutas passaram a ser, a partir de certo momento, dos funcionários, suas famílias e de todo o tipo de gente dependente dos seus Governos e dos interesses progressivamente criados à sua volta o que, numa pequena ilha de 250.000 pessoas, profundamente religiosas, facilmente chega e sobra para maiorias absolutas.

Mas é evidente que também há mérito de Alberto João. Ele é um artista nato na verdadeira acepção da palavra e a liderança é nele uma atitude que nasceu consigo.

O seu estilo entre o trágico e o cómico é arrebatador, empolgante e os seus comícios que deixam embasbacados os seus conterrâneos, espectadores pouco exigentes, são reveladores de uma força e autenticidade que só é possível aos predestinados.

O fenómeno Alberto João percebe-se melhor quando se vai à Madeira e se tem oportunidade de a visitar circulando em belíssimas auto-estradas que perfuram as montanhas e constituem hoje um cartão de visita da Ilha rivalizando com as belíssimas paisagens próprias de uma terra que emerge das profundezas do mar, trepa direita ao céu e lhe conquista as nuvens que, vencidas, lhe servem de tapete no Pico Ruivo, a mais de 1800 metros de altitude.

Os madeirenses são ilhéus, cativos numa pequena ilha que por mais linda não deixa de ser uma prisão e eles sentem-se, por isso, descriminados, injustiçados, condenados a subir e a descer montanha acima, montanha abaixo ou andar à volta até chegar ao ponto de partida…resta o mar e o céu e…ah e a emigração, destino inevitável a quem nasce e vive confinado a um espaço que mais cedo ou tarde se esgota e não chega para todos.

Alberto João “abanou-os” com discursos inflamados, vitimou-os, tornou-os credores aos olhos de Portugal e da Europa de todos os apoios possíveis no âmbito dos Quadros Comunitários e do Governo do país numa política que os seus conterrâneos agradeceram:

-Em vez de emigrarem à procura do dinheiro que a Ilha não lhes podia dar era o próprio dinheiro que ia ter com eles…tão simples como isto!

E o dinheiro foi tanto que deu para muita coisa como aquele aeroporto, obra extraordinária e caríssima de engenharia, agora porta de entrada segura e moderna para os turistas e as faraónicas auto-estradas.

Outro, que não o Alberto João, teria conseguido tanto dinheiro?

Outro, que não o Alberto João, com todo aquele dinheiro, teria feito mais e melhor?

As perguntas aí estão e os madeirenses vão-lhe responder nas próximas eleições que ele próprio provocou demitindo-se e voltando a candidatar-se na certeza, porém, que os seus objectivos são sempre os mesmos:

Conseguir votos lá dentro e dinheiro cá fora num momento especialmente difícil em que a “torneira” apertou dando lugar, por isso e também, a questões de prestígio político que ele quer defender.















"Os gordos do poder local"

in Macro
Hoje, mais do que nunca, o poder local está em avaliação em Portugal: os casos de alegada corrupção, peculato e muitos outros ilícitos na Câmara Municipal de Lisboa - assim como noutras autarquias, vieram levantar a lebre à mediacracia que assim encontra também a sua raison d´être no palco de robertos do nosso tempo.
Os gordos no poder local são, desse modo, todos aqueles agentes que visam enriquecer, traficar influências, empregar os amigos e os apoiantes à custa das funções públicas que exercem e dos dinheiros públicos que gerem, e pouco ou nada zelam pela defesa e promoção do bem-comum da colectividade. Os gordos no poder são, assim, o outro nome para os corruptos do poder local neste 1º decénio do III milénio em Portugal.
É essa a imagem que hoje cola à actual equipa-de-aviário encabeçada por carmona e imposta pessoalmente por MMendes aos lisboetas.
Se compararmos esta gordura dos corruptos do poder local em Portugal, que estão sendo investigados pela PGR como ontem informou o Sr. Pinto Monteiro na RTP, com a necessidade de fazermos uma dieta a sério, concluímos pelo seguinte: ao longo da nossa vida, cada ser humano ingere, em média, cerca de 50 a 65 toneladas de comida. Nela está a sobrevivência, mas também a causa de reacções adversas e inesperadas.
Hoje sabe-se que o mal dessa gordura e adiposidade tem nome: a incompetência de braço dado com a corrupção, o nepotismo e o peculato. São todos esses crimes juntos, e outros mais que ainda nem sequer foram tipificados na lei e não têm previsão conceptual e legal, que entravam a gestão eficaz do governo e boa gestão e progresso das vilas e cidades de Portugal.
É por essa razão que o País tem urgentemente que fazer uma dieta, e trocar a gordura por músculo, sobe pena de muitos mais ficarem obesos afogando com eles toda a polis nesse peso.
Quando se olha para aquele gordo balanceando desesperadamente sobre aquele cilindro, a imagem que nos é devolvida não é apenas a de MMendes de braço dado com Carmona, mas a de umas centenas de autarcas e de caciques locais deste Portugal profundo que, desde logo, tem na Madeira o seu mais pernicioso exemplo de demokratura anti-pluralista.


terça-feira, fevereiro 20, 2007

Um processo de auto-flagelação




UM PROCESSO DE AUTO-FLAGELAÇÃO (Link)

João César da Neves publica no Diário de Notícias de 19 de Fevereiro, um texto intitulado “A Enorme Derrota da Igreja” que mais parece um autêntico processo de auto-flagelação.

Com o espírito de um autêntico Cruzado ele olha para os resultados do Referendo exactamente como para um campo de batalha pejado de cadáveres de cristãos trespassados pelas lanças dos infiéis no fim de uma luta de vida ou de morte pela conquista da terra santa.

Resignado e com um estado de alma perfeitamente derrotista não alimenta qualquer esperança numa vitória futura e por isso afirma:

…“ A Igreja está habituada a perder. Aliás, a vitória de há oito anos é que foi uma extraordinária excepção numa longa sequência de importantes baixas. São tantas as derrotas históricas que surpreende como a Igreja consegue sobreviver e manter tanta influência”.

…” O cristianismo é uma religião da cruz e dos mártires. O seu Deus foi flagelado, coroado de espinhos, pendurado no madeiro até morrer. A fé cristã é o reino dos pobres e dos humildes.”

Quase me dá vontade de dizer, à laia de consolação, a João César das Neves que, talvez, um dia, quem sabe, não teremos de volta a Inquisição e uma fogueira bem grande para queimar todos quantos, agora, votaram no Sim para que uma religião que deveria ser de Esperança e Amor continue a ser, para JCN, da Cruz e dos Mártires.

E a grande preocupação de JCN é revelada mais à frente quando escreve:

-“Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos”;

-“Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses”.

João C. das Neves tem uma concepção masoquista da sociedade e da vida porque olha com condescendência os bairros de lata, com crianças abandonadas, deficientes e potenciais criminosos e todo o aborto feito nas condições do Sim do Referendo que possa obviar ao nascimento dessas crianças é, para ele, um crime.

Eu gostava de dizer a JCN que dentro de cada um de nós há um espaço que só pode ser preenchido pelo amor a uma criança e, sendo uma criança, não importa que seja linda ou feia, saudável ou doente, perfeita ou imperfeita.

Sobre isto estaremos de acordo, julgo eu, mas onde não estamos de certeza é no direito e na responsabilidade que assiste a cada mulher de decidir, nas condições do Sim do Referendo, por uma maternidade em que a criança seja, à partida, o mais possível saudável, perfeita e que comece a ser amada e desejada a partir do momento em que é concebida.

Eu quase que duvido que o senhor JCN tenha amado uma criança porque a sua preocupação está de tal forma concentrada em fetos e embriões e nos pecados que levam ao inferno as mulheres que abortam, que não lhe deve sobrar muito tempo para saber amar verdadeiramente uma criança.


Até porque, para ele, crianças, são números, quantidades, tantos quantos os óvulos fecundados, bairros de latas cheios delas, ranhosas, descalças, abandonadas, futuros delinquentes mas, acima de tudo, muitas para que Portugal venha a ser, na Europa, o campeão da taxa de natalidade e os portugueses os grandes eleitos a um lugar no céu.


segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O preço de tudo, o valor de nada...


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