sábado, maio 08, 2010

VÍDEO

Isto é só para alguns...

CANÇÕES ANGLO-SAXÒNICAS

DANYEL GERARD - BUTTERFLY (1971)
(O alemão não dá para entender mas que importa... com esta melodia até podia ser em chinês...)

CANÇÔES FRANCESAS

CLAUDE FRANÇOIS - MEME SI TU REVENAIS
(esta canção é das que parece ter alma própria "condenada" a despertar boas recordações)


CANÇÕES ITALIANAS

CLARA JAIONE - I CADETTI DI GUASCOGNA
(esta canção vale por ser a 1ª música contra a Guerra que tinha acabado em 1949. A humanida de estava cheia de esperança... infelizmente...)
.

CANÇÕES BRASLEIRAS
THE FEVERS - NÃO DEVO FICAR MAIS

... linda canção... saudades de outros tempos...

CANÇÕES PORTUGUESAS

KÁTIA GUERREIRO - FADINHO SERRANO
( cantar o reportório de Amália, quando se tem a voz de Káti, é honrar a grande artista nacional)



ENTREVISTAS


FICCIONADAS


COM JESUS CRISTO

Entrevista Nº 9

TEMA – Anjos, Reis e Estrelas



Raquel – Emissoras Latinas continuam em Belém, repleta de peregrinos, e com Jesus Cristo, nosso convidado especial, que voltou à Terra depois de tantos anos e a quem damos novamente as boas-vindas.

Jesus – Obrigado, Raquel. Shalom, paz contigo.

Raquel – Diga-nos Jesus Cristo, teve tempo de conhecer um pouco a cidade, de conversar com alguns vizinhos?

Jesus – Sim. Fiz-me amigo de uma família que vive por ali, pelo mercado… contaram-me os seus problemas.

Raquel – E reconheceram-no?

Jesus – Não. Olharam-me como mais um, como um deles. Assim é melhor. Há mais confiança.

Raquel – O senhor disse-nos na entrevista anterior que não nasceu aqui, em Belém, nem tão pouco a 25 de Dezembro. É assim?

Jesus Cristo – Assim é. Eu nasci na Nazareth com toda a minha família, como meus irmãos e irmãs.

Raquel – De seus irmãos falaremos noutro momento. Agora quero referir-me aos anjos.

Jesus – Anjos?

Raquel – Os anjos que cantavam “glória a Deus nas alturas” aqui em Belém, na Nazareth, ou em alguma parte do céu.

Jesus – Esses anjos devem ter sido as mãos das parteiras que ajudaram ao parto da minha mãe…

Raquel – Mas, os anjos cantaram ou não no dia do seu nascimento?

Jesus – O que se passam é que vocês tomam tudo ao pé da letra. Para o meu povo, um anjo é… uma boa notícia, o mensageiro que trás uma boa notícia.

Raquel – Não têm asas, nem…

Jesus – Nem asas, nem penas. Como te digo, os verdadeiros anjos das mulheres quando dão à luz são as parteiras. Elas é que lhes dão a boa notícia de que a criança nasceu sã.

Raquel – E os três Reis Magos? Também?

Jesus – Quais Reis?

Raquel – Bem, Mateus, outro evangelista conta que quando o senhor nasceu chegou à sua gruta três Magos guiados por uma estrela…

Jesus – Raquel, Mateus também gostava de adornar as coisas, como o Lucas. Parece-me que esses Reis Magos os tomou de empréstimo de … deixa-me recordar … do profeta Isaías, sim.

Raquel – Como que os tomou de empréstimo?

Jesus – Claro, Mateus recordou-se de um texto de um grande nosso profeta que escreveu sobre uns reis que chegaram em camelos com presentes de ouro e incenso. A mim, quando era pequeno também me contaram essa história … e eu gostava muito dela.

Raquel – Não chegaram os reis e não lhe levaram nenhum presente?

Jesus – Pelas terras da Nazareth, onde eu nasci, nunca se via a coroa de nenhum rei.

Raquel – E a estrela, não dizem que apareceu um grande cometa nesse ano?

Jesus – Cometa? Sim, uns vizinhos disseram ter visto um cometa… deitaram-se a fugir!... Diziam que os cometas traziam azar.

Raquel – A nossa audiência deve estar assombrada, senhor Jesus Cristo… até nos querem tirar a estrela de Belém …

Jesus – Certamente, Mateus referiu essa estrela para dizer que a luz de Deus brilha sobre todas as pessoas, de oriente a ocidente e que no reino de Deus ninguém é estrangeiro.

Raquel – Então, nada de maravilhas? Nem estrela, nem anjos, nem reis? Ao menos será verdade o burro e a vaquinha?

Jesus – O burro e a vaquinha? … Olha, vamo-nos aproximando da terra onde eu nasci…

Raquel – Não perca a nossa próxima entrevista sobre os irmãos de Jesus Cristo.

De Belém, a repórter Raquel Perez, Emissoras Latinas.




DONA

FLOR

E SEUS

DOIS

MARIDOS



EPISÓDIO Nº 114



Ao completar-se um mês sobre a morte de Vadinho, após assistir à missa, dona Flor dirigiu-se ao Mercadinho das Flores, no Cabeça. Pela segunda vez saía de casa desde aquele singular domingo, quando a morte golpeou, no Carnaval. A primeira, fora para a missa do sétimo dia.

Veio andando da igreja por entre a curiosidade do povo. Do balcão do bar, Mendez a cumprimentou, e seu Moreira, o português do restaurante, com um berro, advertiu a mulher, ocupada na cozinha: “depressa, Maria, vem ver a viúva”. Na rua, três ou quatro homens, entre os quais o janota argentino, seu Bernabó, tiraram-lhe o chapéu.

Na esquina do açougue, a negra Vitorina se pôs de pé, atrás de seu tabuleiro de abarás e acarajés: “Salve, minha iaiá, atôtô, atôtô!” Na porta da Drogaria Científica, doutor Teodoro Madureira, o farmacêutico, inclinou-se em grave reverência, na exacta medida do pesar e da aflição. O professor Epaminondas Sousa Pinto, afobado e aéreo como sempre, livros e cadernos sob o suor do sovaco, estendeu-lhe a mão:

- Minha cara senhora… A vida… O inevitável…

Os bêbados do botequim, no aperitivo matinal, os fregueses do armazém, o fazendeiro Moysés Alves a escolher especiarias para seus insignes almoços, saíram a vê-la, inclinavam-se em silêncio. O santeiro Alfredo, amigo do tio Thales, estabelecido ali perto com sua porta de imagens, abandonando a madeira onde esculpia, colocou-se à sua disposição:

- Bom dia, Flor. Posso lhe ser útil?

Acorreram os vendedores com a mercadoria. Ela comprou rosas e cravos, palmas e violetas, dálias e saudades.

Um negro alto e magro, perfil agudo, face enigmática, ainda relativamente jovem, ouvido com atenção e respeito por mecânicos e choferes do ponto de táxis, ao saber a identidade de dona Flor e o motivo dessa compra de flores, dela se aproximou a lhe solicitar algumas de empréstimo e por um momento apenas.

Um pouco surpresa, dona Flor, o satisfez, estendendo-lhe o colorido ramalhete onde ele próprio escolheu, num cuidado ritual, três cravos amarelos e quatro saudades roxas; quem seria esse homem e porque tomava dessas poucas flores?

Do bolso do paletó extraiu um fio trançado de palha da costa, um mokan, com ele amarrando cravos e saudades num pequeno buquê e dando um nó.

- Desamarre quando arriar na cova de Vadinho. É para o egun dele se aquietar – e disse em nagô, diminuindo a voz: - Aku abó!

Eis que o negro era o babalaô Didi, zelador da casa de Ossain, mago de Ifá; e só passado muito tempo dona Flor aprenderia seu nome e seus poderes, sua fama de adivinho, seu posto de Korikoe Ulukótum no terreiro dos eguns, na Amoreira.

Vestia-se dona Flor toda em negro, da cabeça aos pés, luto fechado pois apenas um mês decorrera após a morte do esposo. Mas o pequeno véu sobre os retintos cabelos quase azuis não lhe cobria o rosto e aquela expressão de angústia suicida já não lhe marcava a face. Triste ainda mas não desesperada nem vazia.

Cercada pela leveza do ar nessa manhã transparente, tão formosa de luz e tão à medida do homem que era um privilégio vivê-la, dona Flor, levantando a vista do chão, voltou a olhar e a ver o espectáculo da rua e a cor do dia.

Por entre cabeças se descobrindo ou se inclinando, a recolher gestos e palavras de conforto e simpatia, em meio ao meio do bulício da cidade, gente a passar, a conversar, a rir, dona Flor caminhou com seu buquê de Flores destinada à campa de Vadinho. Ia em direcção ao cemitério mas era de novo na vida que penetrava; ei-la de retorno, convalescente ainda.

Não a mesma dona Flor de antes, com certeza; enterrara algumas emoções e certos sentimentos, o desejo, o amor, assuntos de cama e coração pois era viúva e respeitável. Viva porém, capaz de
sentir a luz do sol e a doce aragem, capaz de riso e de alegria, conformada.

sexta-feira, maio 07, 2010


OS
NEANDERTAIS
CONTINUAM
EM NÒS




Finalmente, a dúvida e a controvérsia estão desfeitas. Definitivamente, os Neandertais não se extinguiram completamente.

A revista Science publica hoje o resultado da descodificação completa do genoma dos Neandertais a partir de ossos de três espécimes do sexo feminino que viveram entre 38 a 44.000 anos numa gruta da Croácia.

Da leitura desse livro genético de 3 mil milhões de letras e da sua comparação com o do homem moderno não africano, 2% dos nossos genes provêm do cruzamento com aquele nosso primo.

Temos, portanto, que há entre 50 a 80.000 anos, eles ter-se –ão encontrado pela primeira vez no médio Oriente e em vez de fazerem guerra começaram a fazer amor.

Os Neandertais nasceram em África há 400.000 anos, vieram para a Eurásia, e desapareceram há 30.000. Continuam, no entanto, dentro de nós nessa percentagem de 2%. Tinha razão o nosso investigador João Zilhão quando defendia ter havido cruzamentos entre ambos, dos quais, o esqueleto de menino de Lapedo, encontrado junto à cidade de Leiria, em Portugal, com características das duas espécies, Sapiens e Neandertais, era uma prova evidente.

Em que é que se manifestam hoje, em nós, esses 2%, é outra história que virá a ser revelada com mais trabalho. Como diz o Prof. de Engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia, Svante Paabo, principal autor deste estudo:

- “Este trabalho é uma mina de informação sobre a evolução recente da humanidade e será
aproveitada nos próximos anos.”


ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO


ENTRVISTA Nº 8

Tema: 25 de Dezembro



Raquel – Emissoras Latinas, de novo com Jesus Cristo e em Belém, onde milhares de peregrinos e turistas enchem ruas e mercados. Compram estrelas, grinaldas, figuras para o presépio, camelos de caramelo, recordações e mais recordações.

Jesus – A que se deve tanta festa, Raquel?

Raquel – É que estamos perto da Natividade.

Jesus – Qual natividade?

Raquel – Qual havia de ser? A sua.

Jesus – Como a minha, de que estás falando?

Raquel – Não se faça de despercebido… desculpe Jesus Cristo, não queria dizer isso, só que…

Jesus – De verdade, não sei de que me falas.

Raquel – Do 25 de Dezembro. Do Natal, o aniversário do seu nascimento. Já nos esclareceu que não nasceu aqui, em Belém. Está bem. Mas não nos diga agora que tão pouco nasceu a 25 de Dezembro…

Jesus – Não.

Raquel – Amigas e amigos, o nosso entrevistado continua a surpreender-nos… Então, se não foi a 25 de Dezembro, quando foi?

Jesus – Pois, … não sei, não tenho ideia.

Raquel – Seus pais não lhe disseram?

Jesus – Não, porque naquele tempo ninguém recordava essas datas nem as celebrava.

Raquel – E o ano?

Jesus – O ano, menos. Ninguém sabia que idade tinha.

Raquel – Mas não diziam que o senhor iniciou a pregação quando tinha trinta anos?

Jesus – É o que dizem mas mesmo eu não sei quantos anos tinha quando fui ao rio baptizar-me com o profeta João.

Raquel – Incrível! … Então, com a sua autorização, Emissoras Latinas vai investigar qual possa ter sido a origem da tradicional celebração natalícia a 25 de Dezembro. Desculpe-me, um momento…

Pelo celular vou contactar Nívio Alberto Lopez, especialista em Mundo Antigo… Está a ouvir-me bem, don Nívio?

Don Nívio – Perfeitamente Raquel, estou seguindo a entrevista. Por favor, apresenta os meus cumprimentos a Jesus Cristo.

Raquel – Dar-lhe-ei os teus cumprimentos. E agora explica-nos porque se celebra o nascimento de Jesus a 25 de Dezembro.

Don Nívio – Essa data era de uma festa pagã.

Raquel – Pagã?

Don Nívio – Sim. Repara, Raquel que nos países do norte, em Dezembro, as noites são muito grandes. Durante o Império Romano, no auge do Inverno, celebravam-se festas para saudar o sol que renascia vitorioso nesses dias, depois das longas noites.

Raquel – E que tem tudo isso a ver com Jesus Cristo?

Don Nívio – Os primeiros cristãos viam em Jesus Cristo o novo sol que ilumina o mundo com a sua mensagem de amor e de justiça. Então, em 300 depois de Jesus, um Papa chamado Libério, aproveitou aquelas festas pagãs e disse que o dia principal para esses festejos seria o 25 de Dezembro, dia do nascimento de Jesus Cristo e assim, começou a tradição com uma data arbitrária decidida pelo Papa em Roma.

Raquel – Agradecemos-te, Nívio. Voltando a Jesus Cristo… ou seja, ao senhor, não sabe quando nasceu nem quantos anos tinha.

Jesus – Não.

Raquel – E não lhe parece um pouco, como direi, um pouco sem graça essa de não sabermos quando viemos ao mundo?

Jesus – Pelo contrário. Parece-me que tem mais graça. Assim celebras dada dia como se fosse o primeiro e sempre te sentes jovem.

Raquel – Concluindo, não foi em Belém nem no dia 25 de Dezembro. Que resta então do Natal?

Jesus – Resta o sol, esse sol que Deus faz nascer sobre nós, todos os dias e em todo o mundo.

Raquel – Com os sinos de Belém repicando nas minhas costas e para as Emissoras Latinas, a repórter Raquel Perez.

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

DAVID CASTLE - YOU'RE TOO FAR AWAY
(uma linda canção condiz com lindas mulheres...)



CANÇÕES ITALIANAS

CLAUDIO VILA - CHITARRA ROMANA (1934)
(se alguma canção nos fala de Roma, esta é a rainha... com o Claudio Vila)



CANÇÕES FRANCESAS

CHARLES TRENET - LA MER
(Uma das canções mais bonitas jamais escritas. Dizem que há mais de 400 versões... esta será a mais conhecida)

CANÇÕES BRASILEIRAS

GAL COSTA - CONTIGO APRENDI

(sim... com ela aprendemos)

CANÇÕES PORTUGUESAS

LUANDA COZETTI e MAFALDA ARNAUT - CANÇÃO DO TEMPO
(Homenagem ao grande poeta josé Carlos Ary dos Santos quando passam 25 anos da sua morte)




DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 113



Dona Flor enxergava Vadinho na outra sala, movendo-se ante a mesa da roleta, apostando cercado de homens e mulheres. A mulatinha viera colar-se-lhe ao lado e, em certo momento, descansou a mão em seu ombro e ali a manteve enquanto Vadinho seguia, tenso, o rodopio da bola na hora solene e decisiva. Dona Flor chegou a semi-levantar-se da cadeira numa indignação, sentindo-se naquela noite capaz de tudo, de escândalo e violência, de agir, se necessário, com a mais reles e perdida mulher-dama da esquina. Mas logo sorriu porque Vadinho, após o crupiê cantar o número fatal deu-se conta do gesto insolente de Zilda Catunda, desviou o ombro e algo ríspido lhe disse pois a atrevida sumiu num repelão de calundu.

Vadinho, após olhar dona Flor, veio vindo em sua direcção, as mãos cheias de fichas. Na mesa, Mirandão, enroscado nas perguntas sócio-económicas- sexuais de dona Gisa, consolava-se de sua ignorância com restos de vermute doce, um asco!

Vadinho curvou-se num segredo, a boca à altura do ouvido de dona Flor:

- Ouça, meu bem, só mais duas ou três paradas e a gente vai embora. Não demora nada, já mandei recado para o cigano esperar com o carro. Te prepara que hoje te vou dar uma surra de cama… - e, acercando ainda mais a boca, mordeu-lhe a orelha e a lambeu, brisa e labareda.

Dona Flor, o corpo em húmido arrepio, abriu-se num suspiro. Ah!, Vadinho mais doido, e se alguém visse, que não havia de dizer? Vadinho mais tirano, Vadinho mais sem jeito!

- Não demore…

As mãos prendendo as fichas, ele reassume o seu lugar em frente do crupiê na mesa da roleta. Um pouco curvado, os cabelos loiros, on atrevido bigode, a insolência do sorriso. Porreta.

Dona Flor o fitou longamente, ao seu Vadinho. Depois foi juntando cada detalhe daquela noite e cada instante de sua vida com ele, do começo ao fim, sem faltar nenhum: a dor e a alegria.

Da roleta Vadinho fez um sinal, era a última parada, o táxi do Cigano à espera, uns minutos apenas. “Não, meu querido, não mais irei contigo para a festa dessa noite quando a gota de fel rompeu-se em mel, mar imenso de dar e receber.”

Dona Flor fitou Vadinho para sempre na mesa de jogo, a ficha lançada no 17. Reunindo, então, o seu carrego todo inteiro, ela o enterrou no coração. Virou de bruços no leito de ferro, cerrou os olhos, dormiu seu sono sossegado.

quinta-feira, maio 06, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS


Entrevista Nº 7

Tema: Nascido em Belém?

Raquel – Atenção, estúdios!... A nossa unidade móvel já se encontra em Belém, dez quilómetros a sul de Jerusalém. Chegámos aqui com Jesus Cristo, o qual, como já informámos anteriormente, se apresentou inesperadamente no mundo, ainda que a sua presença pareça não chamar muito a atenção da imprensa. Às Emissoras Latinas, sim.

Bem-vindos novamente aos nossos microfones!



Jesus – Shalom, irmã, a paz contigo!

Raquel – Diga-me Jesus Cristo, como se sente no regresso a Belém, a sua terra natal?

Jesus – Por que dizes que é a minha terra natal?

Raquel – Bem, porque o senhor nasceu aqui em Belém há dois mil anos, não?

Jesus – Creio que te equivocas, Raquel. Eu não nasci aqui. Nem sequer conheço esta cidade.

Raquel – O senhor, não conhece Belém?

Jesus – Não, é a primeira vez que vejo estas colinas.

Raquel – Deve haver alguma confusão porque… todo o mundo sabe que o senhor nasceu aqui. Haja em vista os milhares de fiéis que fazem fila para entrarem na Basílica da Natividade, uma das Igrejas mais antigas do mundo ainda em uso, aqui, à nossa esquerda, construída no lugar onde sua mãe deu à luz o senhor…

Jesus – De onde tiraste essa história, Raquel?

Raquel – Como, de onde, Está escrito na sua biografia no Evangelho de Lucas. Todos os nossos ouvintes conhecem essa história.

Jesus – Com que então, Lucas… Já imagino de onde vem esse Lucas… Tu és jornalista por isso vais compreender bem.

Raquel – Sim, explica-me porque…

Jesus – Repara, Raquel, aqui em Belém, mil anos antes de eu nascer, nasceu David, o Rei mais amado pelo nosso povo. E esse Lucas, certamente para me fazer um favor, para me presentear como um rei, como um novo David, fez-me nascer aqui.

Raquel – E o Censo do Imperador César Augusto, e José e Maria que foram aqui recenseados, não foi assim?

Jesus – Bem, o que eu recordo, os Romanos fizeram mais o Censo para cobrarem mais impostos mas isso foi não sei quantos anos depois de eu ter nascido. Lucas, que seria muito imaginativo, deve ter conhecido essa história e a pôs no seu Evangelho.

Raquel – Então… o evangelista mentiu?

Jesus – Eu não diria assim. Lucas estava muito impaciente por pregar o reino de Deus e encontrou em Belém um lugar… como diríamos… poético… para me fazer nascer.

Raquel – E não teriam havido pressões sobre o evangelista Lucas nesse sentido?

Jesus – Talvez… mas o importante não é onde se nasce mas sim onde se trabalha e se luta…

Raquel – Em definitivo, onde nasceste?

Jesus – Em Nazareth. Onde havia de ser? Por isso todo o mundo me conhece como Jesus, o Nazareno.

Raquel – E os anjos… e a estrela… os reis Magos?

Jesus – Falemos disso depois, Raquel. Sabes, tenho curiosidade de entrar nessa Igreja e escutar o que o pregador vai dizer… espero que não venha a ser como Lucas e invente demasiado!

Raquel – Amigas e amigos enquanto Jesus Cristo entra na Basílica da Natividade a nós não nos ficam mais perguntas no ar. Se um evangelista inventa o nascimento de Jesus em Belém o que não terão inventado todos os outros.

De Belém, a repórter Raquel Perez.

VÍDEO

...O casamento e o polígrafo...

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS
MIDLLE OF THE ROAD - YELLOW BOOMERANG



CANÇÕES BRASILEIRAS

SIMONE e MARTINHO DA VILA - EX-AMOR
... dois ídolos da canção brasileira numa música que fala por si...



CANÇÕES FRANCESAS

JOE DASSIN- LE MOUSTIQUE
(... na voz de Joe Dassin até vão os mosquitos...)


CANÇÕES ITALIANAS

CATERINA VALENTE - MALAGUENA
(...a canção é espanhola mas... ela é italiana, amorosa e canta que encanta.. )


CANÇÔES PORTUGUESES

MAFALDA ARNAUTH - ESTRELA DA TARDE
(...uma bela oportunidade para ouvir mais um lindo poema de Ary dos Santos)



DONA
FLOR E SEUS
DOIS MARIDOS

EPISÓDIO Nº 112


Vieram depois The Honolulu’s Sisters com um canto poderoso e triste, gemidos de negros em correntes, reza de escravos, dor e revolta de homens humilhados. Até o sexo era triste, até os corpos tão belos, pensou dona Flor.

As mulatinhas Catunda, desafinadas e modestas, pareciam um soar de guizos, um trinado de pássaro, um raio de sol, corpos de viço e saúde em comparação a Jô e Mô com seu lamento sem esperança. As Catundas dançavam em preceito aos orixás, aos alegres e íntimos deuses negros, vindos da África e na Bahia cada vez mais vivos. As negras americanas dirigiam sua súplica aos austeros e distantes deuses brancos dos senhores, impostos aos escravos no lenho das chibatas. Umas eram o riso solto, as outras o pranto desolado.

Reparem nelas… São amantes… - informou Vadinho.

Dona Flor já tinha ouvido falar de mulheres assim mas não acreditara; e ainda ali pensa ser burla de Vadinho, invenções absurdas, molecagem.

- Não há homem xibungo, meu bem? Pois há mulher que só gosta de mulher…

- Uma pena – disse Mirandão – Dois peixões desses e não querem saber de conversa com homem…

Dona Gisa confirmava: “tais casos eram até bastante comuns nos países mais civilizados. Vai ver e são somente moças sérias…” ainda defendeu dona Flor. Queria ouvir o canto puro e doloroso, sem misturar à sua grandeza a tara das mulheres, sua doentia condição, sua sina. Música de sangue derramado, látego de fogo.

- Meu bem, vou ali e volto já, é um minuto…

Vadinho atravessou rápido a sala de jogo, deixando dona Flor sozinha com o dilacerante canto dos escravos.

As luzes se acenderam, soaram aplausos, dona Flor viu quando Mô deu a mão a Jô e juntas se retiraram para seu amor de maldição. O paulista voltou a dançar, Zequito Mirabeau reunira-se aos jogadores.

Bem gostaria Mirandão de acompanhar Vadinho e Mirabeau: mas o compadre o deixara ali, fazendo companhia às senhoras, não podia abandoná-las. E essa professora com suas perguntas mais idiotas: como diabo ia ele saber se o jogo era ou não a favor da impotência sexual? Minha cara senhora, oiça: Mirandão nascera praticamente em mesa de jogo e tudo quanto podia garantir é que ele era homem e muito homem; nunca ouvira falar que o jogo afrouxasse ninguém.

quarta-feira, maio 05, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS
CRISTO



Tema - DE ONDE VENS?



Raquel - Última hora, último minuto,!... Jesus Cristo, o Messias tanto tempo esperado, regressou à terra e está aqui entre nós, a meu lado… nas Emissoras Latinas.

Jesus – Aqueles que vêm para cá, quem são, Raquel?

Raquel – São repórteres de outras emissoras… e da televisão.

Repórter – Ei!... onde se meteram… o senhor é esse tal Jesus Cristo?

Outro Repórter – Estamos esperando-o desde ontem… toda esta gente madrugou para o ver e ouvir… por que se escondeu da imprensa?

Jesus – Eu não me escondi de ninguém… o que se passa é que…

Correspondente – Que faz aqui neste lugar? Tem uma tribuna especial lá em cima para falar, não a vê?

Jesus – mas se já estamos aqui por que não falamos aqui?

Repórter – Não, na tribuna de honra estão-no esperando o Patriarca de Constantinopla, pastores de todas as Confissões Evangélicas, uma enorme quantidade de Bispos e Cardeais e, de um momento para o outro, esperamos a chegada do Papa de Roma…

Jesus – E quem são todos esses?

Correspondente – Como quem são? São os teus representantes que administram as Igrejas suas…

Repórter – Diga-me, Jesus Cristo, como chegou até aqui, numa nave espacial, um ovni, talvez?

Outro Repórter – De onde vem o senhor agora?

Jesus – De Deus. Vimos sempre de Deus.

Correspondente – Onde esteve todo este tempo? Hibernou como o Walt Disney? No céu? Guardado no sótão do Vaticano?

Jesus – Estive em Deus. Estamos sempre com Deus.

Correspondente – Alguém disse que o senhor foi clonado a partir de um gota de sangue da Sábana Santa (Santo Sudário ou Sudário de Turim). Considera-se um clone divino?

Jesus – Não sei do que me falas. Eu considero-me … um filho de Deus.

Correspondente – Veja se concretiza um pouco as suas respostas… Digamos, que veio o senhor fazer à Terra?

Jesus – Escutem amigos e amigas. Havia uma vez um semeador que foi deitar as sementes à terra. Umas houve que caíram sobre rochas, outras…

Repórter – Ah, não, uma parábola não, só temos quinze segundos para fechar o noticiário!... Respostas breves, precisas e concisas, por favor. Algo que tenha impacto na nossa audiência.

Correspondente – O senhor apoia a criação de um Estado palestiniano independente?

Repórter – Qual é a sua posição face ao aborto?

Outro Repórter – Imperialismo norte-americano e narcotráfico?

Correspondente – Para onde vai a esquerda latino-americana?

Jesus – O que é isto Raquel? Um interrogatório como o de Pôncio Pilatos?

Raquel – Esta é a situação agora, Jesus Cristo, alguns jornalistas são como abutres…

Jesus – Mas nós não somos carniça… Vem, vamos para Galileia.

Raquel – Sim, é melhor.

Correspondente – Oiçam, quem é essa jovem que anda com Jesus Cristo? Será a nova Maria Madalena?

Repórter – E que credenciais tem ela para estar ao lado de Jesus Cristo?

Correspondente – Jesus Cristo?... Esse não é Jesus Cristo!... Esse barbudo mais parece um terrorista da Intifada!

Jesus – Em três dias de caminho podemos chegar à Galileia

Raquel – Em três horas… e já não é preciso ir a pé como no seu tempo.

Jesus – De verdade? E como viajamos, de camelo?

Raquel – Nuns camelos com rodas. Eu explico-lhe depois. Por que não vamos a um local mais próximo? Se apanharmos um táxi, em minutos chegamos a Belém. Que lhe parece?

Jesus – Belém… Onde nasceu o Rei David!

Raquel – E onde o senhor também nasceu, não foi?... vamos, siga-me.

A caminho de Belém e na companhia de Jesus Cristo, Raquel Perez, Emissoras Latinas.

VÍDEO

... e agora???...

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS

SALLY OLDFIELD - MIRRORS


CANÇÕES FRANCESAS

HERVÉ VILARD - REVIENS


CANÇÕES ITALIANAS

MARY PATTI - UN' ORA SOLA TI VORREI (1993)


CANÇÕES BRASILEIRAS

CABOCLA JUREMA - RITA RIBEIRO
(
Bom Vídeo de homenagem a Cabocla Jurema. Saravá a todos os caboclos)

CANÇÕES PORTUGUESAS

KATIA GUERREIRO - O NAMORO DA RITA
(...era bem assim, aminha Lisboa dos anos 50)



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 111



Dona Flor ia contrita numa mudez de quem se insinua em templo secreto, defeso aos não iniciados. Finalmente conseguira atingir e penetrar o misterioso território onde Vadinho era milionário e mendigo, rei e escravo. Bem sabia ter chegado apenas a uma nesga desse chão nocturno, à orla desse mar de chumbo. Ali começava um tempo de sonho e de aflição; as salas do Pálace eram a rica e luminosa capital desse mundo, dessa seita, dessa casta. Para mais além, nos caminhos da noite da cidade, aquele território de farras e agonias, de fichas e mulheres, de álcool e entorpecentes (cocaína, morfina, heroína, ópio, maconha, dona Flor arrepiava-se só de recordar os nomes), prosseguia nos cabarés, nas casas de tavolagem, nos castelos, nas pensões de mulheres, nos antros ilegais, na zona imunda e pululante como um mosqueteiro, nos sombrios esconderijos dos fumadores de maconha. Por esses atalhos Vadinho se movia indómito, dona Flor, ante a mesa de roleta, tocava humilde a fímbria desse mundo.

Para mais além do Pálace, com sua categoria “estritamente familiar", como diziam os anúncios, com suas luzes e suas sombras - um abajur sobre cada mesa – os lustres de cristal, a orquestra de primeira, as senhoras da alta sociedade, as raparigas de luxo, as teúdas e manteúdas e as escoteiras, os coronéis do cacau, do gado, do açúcar, os ricaços da cidade, os moços boémios e os vigaristas, para mais além do Pálace, nas encruzilhadas da noite pobre e despida de ouropéis, estendia-se o mistério de Vadinho, sua última verdade.

Num trânsito rápido dona Flor auscultou essa louca geografia, oceano de suas lágrimas, vales e montanhas de sua dura espera, de seu sofrido amor. Dona Gisa ao contrário: vagarosa, fascinada pelos rostos dos jogadores, por seus gestos. Um deles falava sozinho, evidentemente furioso consigo mesmo. Fosse por seu gosto, a professora não iria mais embora. Mas o garçon, numa deferência a Vadinho, seu liga, vinha lhe avisar estar servida a ceia e próxima a hora das atracções.

Voltaram à sala de dança e deram com Mirandão, recém-chegado. Que milagre era aquele, sua comadre no Pálace, viera disposta a estourar a banca? Seu aniversário? Meu Deus do céu, como pudera esquecer? No dia seguinte mandaria a patroa com o afilhado e uma lembrança. “Basta com a comadre e o menino”, disse dona Flor, para desobrigá-lo do compromisso e porque já ganhara naquele aniversário o seu presente, não queria mais nenhum: ali estava com Vadinho, não queria mais nada.

A comida não era lá essas coisas, arroz sem sal, carne sem gosto, mas que delicado Vadinho a servi-la, a lhe dar na boca os melhores pedaços de seu frango! Dona Flor já não sentia medo nem acompanhamento.

As luzes se apagaram por completo para imediatamente de novo se acenderem, e então Júlio Moreno, o cabaratiê, anunciou as atracções. Primeiro as Irmãs Catunda, uma lástima de voz, sábia exibição de seios e ancas:

Vou dançar a noite inteira,
Rancheira…
Rancheira…

A petulante era mais bem feita e mimosa das três, dona Flor não podia desconhecer, negar aquela verdade quase nua. Mas Vadinho nem ligava para as mulatas, mais interessado em saborear a sobremesa. Agora era dona Flor quem olhava com desdém: tomou da mão de seu marido, ficaram os dois conversando e sorrindo, enquanto as gentis irmãs se
desdobravam por entre o jogo de luzes, seios em azul, ancas em vermelho.

terça-feira, maio 04, 2010

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS
JOE DOLAN - MAKE ME AN ISLAND


CANÇÕES FRANCESAS
SANT EX - JE PENSE À TOI
Cette musique est magnifique...

CANÇÕES ITALIANAS

MAURO LUSINI - LA MIA CHITARRA

CANÇÕES BRASILEIRAS

ROBERO LEAL / MARTINHO DA VILA - CANTA, CANTA CAROLINA
Viva Portugal e o Brasil....



CANÇÕES PORTUGUESES

DULCE PONTES - MÃE PRETA
A única voz portuguesa que Amália Rodrigues admitia cantar quase tão bem como ela
...

DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÒDIO Nº 110




Beijava em seguida a mão de dona Gisa e, como a orquestra iniciasse um samba de sucesso, lhe perguntou:

- Dança o samba? Ou, sendo americana, prefere esperar um blue…?

Vadinho punha a perder toda a finura do paulista:

- Qual quê?... Essa gringa rebola que é uma beleza…

- Vadinho, que é isso se assunte… - dona Flor ralhando a sorrir.

Dona Gisa nem ligava; em vez de ficar escabriada saía pelo braço do industrial, requebrando a bunda magra, a confirmar as palavras do abusado. Nisso, a face de Vadinho se ensombreceu, dona Flor logo descobriu a causa: uma das três mulatas da mesa de Zéquito Mirabeau, bonitinha de fazer gosto, também se aproximara, rondando ali perto. Media dona Flor de alto a baixo como em desafio, enquanto interpelava Mirabeau, muito melosa e oferecida:

- Como é querido, e nosso samba? Estou esperando, venha logo…

Mirada de desdém a dona Flor, uma fúria para o lado de Vadinho, o sorriso mais angelical e tentador para Zequito:

- Vamos, negrinho…

Dona Flor evitou olhar para Vadinho. Silêncio incómodo a separá-los, ela voltada para a pista de dança, os olhos apertados, ele fitando a sala de jogo. Por que ela quisera vir? – perguntava-se Vadinho. Por essas e outras, ele sempre se opusera. E agora, logo em festa de aniversário, em vez de estar alegre, a pobre mordia os lábios para não chorar. A burra da Zilda lhe pagaria caro. Vadinho aproximou a cadeira, tomando a mão de dona Flor, e lhe disse ao ouvido, numa ternura que ela sentiu verdadeira:

- Meu bem, não fique assim. Você quis vir, aqui não é lugar para você, meu bicho tolo. Será que agora tu vai ligar para essas vagabundas daqui, vai se importar com elas? Tu veio para ficar alegre comigo, faz de conta que aqui só tem nós dois e mais ninguém… Larga para lá essa pinóia, não tenho nada a ver com ela…

Dona Flor deixava-se enganar fácil, queria ser convencida, as lágrimas rebentando, a voz lamurienta:

- É mesmo que tu não tem nada a ver com ela?

- É ela que anda atrás de mim, você não vê? Deixa isso para lá, meu bem, essa noite é de nós dois, tu vai ver quando a gente chegar a casa… não vou nem jogar hoje, só para ficar junto de você…

A mulatinha passava a rebolar-se, agarrada ao belo Mirabeau, e ele quase em transe, mordendo o lábio, olhos no teto. Dona Flor pediu:

- Vamos dançar também?

Dançaram o samba, depois um passe-doble. Ela quis então conhecer a sal de jogo. Vadinho a conduziu, disposto a lhe satisfazer todos os caprichos.

Dona Gisa foi junto, saltitante, a querer saber de um tudo, um inferno! Nem o valor das cartas ela conhecia e nunca vira um dado em sua vida.

segunda-feira, maio 03, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS
DA NAZARETH




Tema – Ao que veio Jesus. (1ª entrevista, em atraso)


Raquel:

- Amigos e amigas, aos microfones de Emissoras Latinas, instalados sobre a esplanada das mesquitas, aqui em Jerusalém…!

Acompanha-nos, nada mais, nada menos que Jesus da Nazareth, sim, Jesus Cristo que teve a gentileza de nos conceder umas primeiras declarações em exclusivo.

- Bem-vindo ao nosso mundo e à nossa emissora senhor Jesus Cristo…

Jesus – Obrigado, Raquel.

Raquel – Mestre, desculpe a emoção que me embarga… como poderá compreender sou a primeira jornalista que o entrevista…

Jesus – Está tranquila, pergunta o que quiseres… eu também estou um pouco nervoso… no meu tempo não existiam estes aparatos…

Raquel – Bem, então… comecemos. Aproxima-te do microfone, Mestre… a primeira pergunta é óbvia: é esta a tua segunda vinda à terra tão esperada por milhões de crentes em todo o mundo?

Jesus – Sim, claro.

Raquel – Mas o senhor havia anunciado terramotos e cataclismos para quando voltasse. Que se passou?

Jesus – Eu disse que viria em silêncio, sem ruído. Como uma brisa suave.

Raquel – E os anjos e as trombetas e o senhor descendo, glorioso, das nuvens do céu?

Jesus – De onde tiraste tudo isso?

Raquel – Da sua biografia, dos Evangelhos … A não ser que os outros dos Evangelhos praticassem já o sensacionalismo jornalístico. Qual é a tua opinião?

Jesus – Não sei de que me falas…

Raquel – De qualquer forma as profecias estão-se cumprindo. Olha o que está acontecendo no mundo: furacões, terramotos, secas, guerras…

Jesus – Tantas calamidades?

Raquel – Todos os dias. Talvez tenhas oportunidade de presenciares alguma. Há pouco, na Ásia, um tsunami acabou com meio mundo. Estes desastres são avisos, advertências, que Deus nos manda?

Jesus – Não o creio, porque um pai não avisa enviando escorpiões aos seus filhos.

Raquel – Talvez não o entenda bem, mas estão estes desastres relacionados com o teu regresso inesperado?

Jesus – Não, Raquel, eu não vim causar nenhum desastre.

Raquel – Então, o que vieste cá fazer, Mestre.

Jesus – Por que me chamas de “mestre”. Mestre só há um que é o do céu.

Raquel – E como deverei chamar-te? Jesus Cristo?

Jesus – Chama-me de Jesus, esse é o meu nome.

Raquel – Bem… então… Jesus… senhor Jesus, regressemos ao motivo da sua visita. Vieste realizar o Juízo Final?

Jesus – Não. Esse é um assunto de Deus. Só ele sabe o dia e a hora.

Raquel – Então…

Jesus – Depois de tanto tempo ausente, quero saber como vão as coisas neste mundo e, sobretudo, quais os que dizem ser meus seguidores. Tenho curiosidade em saber o que fizeram na minha ausência e em meu nome. Mas agora devo ir-me.

Raquel – Como queiras, mas senhor tenho cem perguntas para te fazer e apenas fiz uma…

Jesus – Pois guarda as outras noventa e nove para outro momento. Faz-se tarde e as pessoas do campo habituaram-se a recolher cedo. Shalon, irmã. Que a paz seja contigo.

Raquel – Até à próxima… Esta foi a nossa primeira entrevista exclusiva com Jesus, na sua terra natal, nesta sua segunda vinda… incrível, incrível por certo…

Para Emissoras Latinas, Raquel Perez, Jerusalém.

VÍDEO

Os Apanhados do costume...

CANÇÕES BRASILEIRAS

ALCIONE, JOÃO NOGUEIRA e BETH CANTAM PARA CLARA NUNES
Homenagem dos irmãos de Clara no desfile da Portela


CANÇÕES FRANCESAS

SÁNDOR BENKÓ - PETITE FLEUR
... feche os olhos e siga o clarinete...

CANÇÕES ITALIANAS

DALIDA - ASCOLTAMI
... bela voz, acalenta-nos nas horas de melancolia...

CANÇÕES PORTUGUESAS

KATIA GUERREIRO - BARCO NEGRO
Katia Guerreiro mereceu rasgados elogios da BBC onde o seu recente disco "O Fado" foi considerado "brilhante, musical e líricamente. O Barco Negro é uma obra maior da música internacional que Amália nos deixou e que a Kátia canta com respeito e sentimento.



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 109


Após o tango, ao voltarem à mesa, onde Vadinho, tendo encomendado ceia e bebidas, atendia a perguntas de dona Gisa, com informações sobre coisas e pessoas, persistiu a curiosidade em torno a dona Flor. Flutuava no ar, como se um halo de furtivos olhares e mastigados cochichos a cercasse, como se ela não coubesse na atmosfera da sala, feita à medida das senhoras da nata social, baronesas da graça, não-me-toques da Barra, e das cortesãs mais caras e de ofício menos evidente.

Dona Flor sente uma espécie de distante vertigem ali sentada no salão. Um pouco zonza, indo do contentamento ao medo, incerta sobre a significação desses olhares de relance, desses gestos esquivos; eram de simpatia ou de mofa esses sorrisos? Mal escuta os informes de Vadinho:

- Tem para mais de setenta anos… Só joga bacará e só aposta ficha de cinco contos. Já teve noite de perder mais de duzentos… umas vez os filhos vieram – dois ordinários e uma catraia acompanhada do marido – e quiseram levar ele a pulso, pintaram o diabo. O pior de todos era a filha, uma cobra a atiçar os irmãos e o chifrudo do marido… Agora estão fazendo um processo para provar que o velho está broco, de miolo mole, não presta mais para governar o dinheiro dele…

Dona Gisa estende o pescoço para melhor espiar o ancião de finos cabelos brancos, quase pele e osso, mas firme nas pernas, apoiado a uma bengala, o rosto tenso, uma última luz cúpida nos olhos, como se apenas a inspiração do jogo o sustentasse vivo.

- Afinal quem trabalhou e ganhou o dinheirão todo, não foi ele? – pergunta Vadinho, numa revolta contra a família do velho – O que foi que os filhos fizeram, além de gastar? São uns boas-vidas, nunca prestaram para nada.

E agora querem dar diploma de demente ao próprio pai, trancar o infeliz em casa ou num hospício… Eu metia essa canalha toda na cadeia, a começar pela vaca da filha, mandava dar uma surra de facão em cada um…

Dona Gisa discordou: esse negócio do dinheiro tinha implicâncias sérias. O velho, em sua opinião não era assim dono de delapidar no jogo a sua fortuna pois a família possuía direitos legais…

Interrompeu-se a lição de economia política de dona Gisa, porque o paulista fez questão de vir cumprimentar Vadinho e dona Flor.

- Vadinho, o meu amigo aqui quer lhe conhecer, ouviu falar muito de você e lhe viu dançar… É um graúdo de São Paulo… - Zéquito Mirabeau fazia as apresentações, voltava-se para o forasteiro: - Vadinho, você já sabe, é… - a presença de dona Flor continha-lhe a língua – é um amigão…

Vadinho, a voz quase solene, introduziu as senhoras:

- Minha esposa e uma amiga, dona Gisa. Americana, um poço de saber…

Dona Flor estendeu as pontas dos dedos, de repente igual a uma tabaroa qualquer. O paulista curvou-se, beijou-lhe a mão:

- José de Barros Martins, um seu criado. Parabéns, minha senhora, raramente vi um tango tão bem dançado… Admirável!

domingo, maio 02, 2010

ENTREVISTAS FICCIONADAS COM JESUS
DA NAZARETH



Os visitantes do Memórias Futuras e de Dona Flor e Seus Dois Maridos, têm vindo a ser confrontados com entrevistas ficcionadas a Jesus numa sua segunda vinda à Terra, pela repórter Raquel Perez.

Este Jesus que tem sido entrevistado não é o Jesus do catecismo da Igreja Católica. É um Jesus muito mais próximo da realidade histórica e do contexto social em que se terá inserido.

Nestas conversas com Raquel, ele desmistifica o Jesus do Catecismo e as histórias que sobre ele contaram. Este, é um Jesus verosímil em que nos reconhecemos, é um de nós, da nossa terra.

Terá sido um messias, um mensageiro, portador de novas, dotado de uma mensagem revolucionária, contestatária, distante e superiormente avançada em termos éticos e morais relativamente à sua época, como já tivemos oportunidade de realçar corroborados pela opinião insuspeita de Richard Dawkins, seu grande admirador.

Será interessante continuarmos a ler o que ele nos disse através da repórter Raquel Lopez … os que quiserem poderão continuar a preferir o outro Jesus, o do catecismo… a minha preferência vai para este. Ou então, fiquem com os dois: o da fé religiosa (não confundir com a outra, que tem a ver com o acreditar nos valores da amizade, solidariedade, liberdade, etc.) e o da razão. O que nos serviram no catecismo faz coisas mirabolantes, inclusivé ressuscitou ao terceiro dia após ter morrido e este, teve a “amabilidade” de nos visitar dois mil anos depois para, como ele nos dirá em
próxima entrevista, ver o que os seus seguidores fizeram "na sua ausência e em seu nome."

CANÇÕES ANGLO - SAXÓNICAS

TONY BENNET - LEFT IN SAN FRANCISCO
(Tony Bennet: uma voz de sempre... numa linda canção!)


CANÇÕES BRASILEIRAS

CLARA NUNES - TRISTEZA, PÉ NO CHÃO

CANÇÕES FRANCESAS

MICHEL DEPECH - POUR UN FLIRT (avec toi)
Digam se não apetece sair dançando?...


CANÇÕES ITALIANAS

LUCIANO TAJOLI - VERDE LUNA


CANÇÕES PORTUGUESAS

SUSANA FÉLIX - CANÇÃO DE MADRUGAR
(Desculpem-me chamar a atenção para a poesia do Ary: simplesmente arrebatadora!)


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