sexta-feira, julho 07, 2006

DESPORTIVISMO


Era inevitável, mais cedo ou mais tarde iríamos perder. Claro que, sempre nestas situações, o que apetece é matar o árbitro. Ele concentra todo o nosso desespero, é o alvo da nossa frustração, o bode expiatório do nosso insucesso, a tábua de salvação para o nosso fracasso e assim deixamos em paz o Ricardo Carvalho que voluntária ou involuntariamente esteve na origem do penalty, como também deixamos em paz o Figo que teve na cabeça o golo que só não marcou porque se excedeu na força da cabeçada fazendo a bola passar por cima da trave e bem assim os restantes avançados que não tiveram engenho nem arte para marcar um golito que fosse.

Depois de 5 vitórias seguidas num campeonato do mundo ganhando a países como a Inglaterra, a Holanda e o México recuso-me a enveredar pelas vitórias morais ou as derrotas injustas.

A justiça e a injustiça no futebol não existem para além do coração dos adeptos e desde que os erros dos árbitros venham da mesma fonte de onde saem os erros dos jogadores nem vale apenas falar deles para não termos que enumerar a quantidade enorme de passes falhados, dos remates disparatados, das fintas que não passam de fitas…”and so on” como dizem os “nossos amigos ingleses” que de furiosos por terem perdido connosco até cancelaram as férias que tinham marcadas para o Algarve.

Ódios, paixões, vinganças, lágrimas, desespero, impropérios, desmaios, emoções ao limite das nossas capacidades do sentir e tudo isto à escala de nações inteiras enroladas nas suas bandeiras cantando o hino dos seus países…isto é Futebol.

E porque é assim e não há volta a dar-lhe… apreciei e valorizei especialmente o abraço sincero, no fim do jogo, entre o Zidane e o Figo com o francês a sair do campo com a camisola do português vestida e dei-me conta, então, que a alegria não era só dos franceses mas possivelmente maior ainda dos marroquinos, dos argelinos e de mais uma série de países africanos que se revêem nos seus compatriotas que estão em grande maioria na selecção francesa.

Vamos lutar pelo Pódium de forma empenhada e digna e especialmente sem “mergulhos” para a relva porque, se é verdade que o fica para a história são os resultados, não é menos importante a imagem que fica para os próximos tempos sem esquecermos que ela se liga à “marca” de Portugal a tal que vende e nos pode ajudar a sair das dificuldades em que nos encontramos.

Força portugueses, vamos conquistar o 3º lugar e repetir 1966!

segunda-feira, julho 03, 2006

Já ganhámos!





Talvez pensem que é falta de ambição da minha parte e que depois de cinco vitórias seguidas e apenas a duas da vitória final dizer que já ganhámos é dar o assunto como arrumado.

O meu sobrinho, não o do Macroscópico mas o irmão, que é sportinguista tal como eu, só que ferrenho, indispunha-se contra mim porque eu não acreditava na nossa Selecção, duvidava, não tinha certezas, punha reticências, enfim, protestos de quem vive estas coisas com um sentimento de fé, melhor dizendo, tratando-se de futebol, de “fezada”.

Contudo, depois de termos ultrapassado a Holanda e a Inglaterra, pede-me agora para continuar pessimista porque…”dá sorte”.

Longe de mim duvidar do valor dos atletas, dos técnicos, do Sr. Scolari, do trabalho desenvolvido por todas estas pessoas mas não consigo alhear-me dos “aleatórios e imponderáveis” de um jogo de futebol que, exactamente por isso, se chama “jogo”. Também se poderia chamar carrossel da bolsa de valores ou, mais simples e tacanhamente, economia nacional...

Por esta razão, tendo as coisas sido favoráveis às cores portugueses já lá vão 480 minutos, não falando dos penaltis…é de recear que a estreita aliança entre a Nª. S.ªde Fátima e a de Caravajo ceda perante outras alianças de outras Nª. Senhoras, neste caso de França, que também lá as têm e influentes, como a de Lourdes.

Considerando, assim, que cada vez mais, atendendo ao valor muito aproximado das quatro selecções que restam, o resultado final vai depender, fundamentalmente, da força destas alianças que se escapam completamente à vontade dos humanos aos quais só resta acreditar, vamos todos em uníssono dizer, seja qual for o desfecho, JÁ GANHÁMOS.

E, por favor, tratando-se de uma vitória conjunta dos nossos homens e dos deuses, deixem-nos ser felizes neste momento que estamos entre os 4 melhores do MUNDO e não nos venham com os outros rankings que têm a ver com as duras realidades da nossa vida e que nos deixam tristes…tristes…tristes.

Quem sabe, se aproveitando a boleia, os deuses não vão continuar connosco?

domingo, julho 02, 2006

CORRAM-NOS À PEDRADA......


Era costume dizer-se que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo mas desta vez apanhou-se mais rapidamente um Cacique Trauliteiro do que o coxo.

Efectivamente, aquele Sr. Fernando Ruas, de bigode bem recortado, voz grave e pausada, aparece muitas vezes nos Noticiários da TV porque na qualidade de Presidente da Associação de Municípios é consultado para dizer de sua justiça no que concerne aos assuntos de natureza municipal.

Pesa as palavras e demonstra um grande sentido das responsabilidades o que só lhe fica bem como “chefe” que é de todos os Presidentes de Câmara do país.

Até que um dia, descontraído e à vontade, dispensou-se do esforço de tanta contenção para democrata ver, “passou-se dos carretos” e medindo muito bem as palavras, segundo ele próprio afirmou numa reunião com os Presidentes das Juntas de Freguesia, leia-se “suas tropas”, mandou-os "correr à pedrada" - funcionários públicos do Ambiente que tiveram a ousadia de invadir terras dos seus domínios no exercício suas funções.

O Ambiente e o Poder Autárquico há muito que não convivem pacificamente por razões que se compreendem muito bem e que estão ligadas a interesses de projectos que investidores e Câmaras gostariam de levar por diante e aos quais o Ambiente se opõe e estas coisas mexem com dinheiro, por vezes, até com muito dinheiro.

Parece não ter sido, desta vez, o caso e tudo não terá passado da colocação indevida de umas manilhas ou seja, questões de “lana-caprina”que apenas deram no que deram porque, mais uma vez, beliscaram com o Poder Autárquico que no sentir do Sr. Presidente de todas as Autarquias se quer autónomo, forte, independente a fazer lembrar o poder dos senhores morgados do século XIX de quem o Sr. Ruas “descende” em linha directa não por ser o primogénito da família mas por ter sido eleito democraticamente pelos seus concidadãos.

E aqui temos como uma atitude prepotente, de apelo à violência, indigna de pessoas educadas, responsáveis, que deviam dar exemplo de civismo às populações que o elegeram se servem hoje da legitimidade democrático como ontem se serviram do argumento familiar e de casta e mais remotamente do argumento divino.

Este senhor, ao apelar de forma convicta à violência desmascarou-se, no seu íntimo não está preparado para viver em democracia e se os visienses souberem tirar as devidas ilações não voltarão a dar-lhe o seu voto…esperemos.

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