sábado, dezembro 25, 2010

Um Desafio
Chamado
Europa



Não esqueçamos que a paz é o melhor bem dos povos, aquele que deve ser preservado com mais determinação e paciência. No século passado, que foi o “meu século” e de todos os que seguem as histórias de Jorge Amado aqui no Memórias Futuras, alguns deles já nascidos aquando da 2ª G.G. Mundial e outros, como eu, que até participaram nas Guerras Coloniais em África, percebem isso muito bem.

Esse “nosso” século XX começou com a 1ª G.G. de 1914/18 (o meu tio Zé Menaia participou dela como maqueiro) onde milhares de soldados, na guerra das trincheiras, morriam para conquistarem um metro de terreno… um metro! No fim, tudo ficou “de pernas para o ar”: a Europa de Napoleão desapareceu, quatro impérios foram destruídos, incluindo o Turco-Otomano. Dinastias imperiais como a das famílias dos Habsburgos, Romanov, Hohenzollern com raízes ainda do tempo das cruzadas chegaram ao fim com uma factura de mais de 19 milhões de mortos.

Depois, a guerra em Espanha, de 1936/39 a qual, depois da 1ª G.G. de 1914/18, foi o acontecimento mais traumático antes da 2ª G. G., aquela em que todos os elementos militares e ideológicos estiveram presentes.

De um lado, a apoiar Franco, a Alemanha Nazi e a Itália Fascista e do outro a União Soviética que se solidarizou com o governo da República. Saldou-se esta guerra por 400.000 mortos em combate, um milhão de presos, 100.000 execuções e um país praticamente destruído cuja reparação só começaria na década de sessenta.



Mal resolvidos que foram os problemas da 1ª G.G. estavam criadas as condições para aquela que haveria de ser a guerra mais abrangente da humanidade: a 2ª G.G. Mundial, 1939/45, iniciada, vejam lá, mais dia, menos dia, na data em que nasci!

Mobilizou mais de 100 milhões de homens que lutaram na Europa, no Oceano Atlântico, África, Médio Oriente, Sudeste da Ásia e Oceano Pacífico.

Os opositores foram, de um lado, o da liberdade, os Aliados, do outro, o Eixo. Ganharam os Aliados com 61 milhões de vítimas, contra 12 milhões do Eixo.

Terminada que foi esta guerra iniciou-se de imediato a chamada Guerra Fria, que por pouco não aqueceu dramaticamente a quando dos mísseis de Cuba, no tempo de Kennedy e de Kruschev, e terminou com a queda do Muro de Berlim em Novembro de 1989 e o início do desmembramento da U.R.S.S.

Como a Guerra Fria não chegou, de facto, a aquecer, os europeus, excepção da região dos Balcãs, podem gabar-se de viver em paz nos últimos 65 anos.


Depois da morte do Marechal Tito que tinha governado em paz como Presidente, de 1953 a 1980, as várias comunidades da Jugoslávia, tirando partido da força da coesão gerada por ter liderado a expulsão dos alemães e pelas suas grandes qualidades de chefe político, estavam criadas as condições para a instabilidade em todo o território daquela que foi a antiga Jugoslávia e que, depois de Tito, passou a ser gerida em sistema de rotatividade pelas 6 Repúblicas que a constituem.

Por volta de 1989 a desordem era notória e a desintegração foi acelerada pela crise económica resultante do desmoronamento do Leste Europeu e, principalmente, pelo aparecimento de partidos ultra-nacionalistas em todas as repúblicas, especialmente na Croácia e na Sérvia.

Estava formado o caldo que iria levar a uma brutal guerra civil com ódios étnicos seculares a virem ao de cima e reflectidos em atrocidades cometidas por todos.

No fim, interrompido à força esse descarregar de ódios, a Sérvia e o Montenegro, em 2002, tornam-se independentes e em 2006 o Montenegro, por Referendo, separa-se da Sérvia. Entretanto, a antiga Jugoslávia tinha desaparecido do Mapa da Europa.

O Kosovo é o último episódio de toda esta dramática confusão étnica, política, social e humana. Aceite por uns, a sua independência não é reconhecida por todos, entre eles a Rússia, e a situação é de impasse tanto mais que a capacidade daquele território se impor autonomamente parece muito frágil.

A enumeração destes acontecimentos trágicos parecia indicar que a Europa está predestinada a sofrer guerras consecutivas com o seu cortejo infindável de dramas humanos como se de uma fatalidade se tratasse.

Na base destes conflitos havia razões de natureza ideológica, ambição política de ditadores, que se misturavam com a disputa de matérias-primas que eram fundamentais para a afirmação e supremacia dos países com ambições de hegemonia europeia e mundial.

Por esta razão, dois senhores, Jean Monnet e Robert Shuman, um francês e outro alemão, considerados “os pais”, os inspiradores de uma Europa com um destino comum, pensaram e levaram a cabo a criação de uma zona para o comércio regulado do carvão e do aço, a CECA (Comunidade do Carvão e do Aço), constituída em 1957, e à qual viriam a aderir, para além da Alemanha e da França, a Bélgica, Luxemburgo, Itália e Países Baixos.

Em 1973 acontece o 1º alargamento para o qual só se colocavam duas condições: os países tinham que se localizar no continente europeu e viverem em regimes democráticos que caracterizam o Estado de Direito.

Entretanto, hoje, são 27 países depois de em 2007 terem entrado a Roménia e a Bulgária a que corresponde uma população de 450 milhões de pessoas e um território de mais de 4 milhões de Km2.

Esta Europa imensa, em que cada parcela é um país que não esquece a sua história, cultura e interesses específicos, com muitas desigualdades entre si, representa um tremendo desafio agravado pela competição não só entre eles como também agora num mundo globalizado.

É por isso, que esta Europa é hoje, ao mesmo tempo, um espaço de esperança para o desenvolvimento e de garantia para a paz e, por outro, de contradições em que cada um pretende travar, a favor de um governo europeu, as inevitáveis transferências de soberania. Apesar disso reclama-se falta coesão e de um projecto político.

Percebe-se que a União Europeia não age verdadeiramente a sério, de acordo com um plano, porque lhe falta a força aglutinadora de um governo que prossiga uma visão de conjunto e os cidadãos, na actual crise financeira que alguns, mais que outros, estão a sofrer, começam a desesperar:

- “Não sei para onde vamos, mas não vamos para nada de bom…” diz o Professor Universitário Illias Evangelon, grego.

- “O euro está doente? A culpa é nossa? Os eurocratas criaram uma zona monetária única mas não um governo nem uma união política para a dirigir…” exclama um sindicalista grego que afirma também que “muitos gregos se sentem tentados pelo regresso ao nacionalismo”.

O social-democrata Helmut Kohl dizia que era preciso acelerar a construção europeia porque os chefes políticos que vierem a seguir a ele e aos da sua geração já não se lembrariam da guerra e voltariam aos nacionalismos que no Séc. XX levaram a duas tragédias mundiais.

Mário Soares, um indiscutível europeísta, político experiente e conhecedor de toda esta realidade que viveu de perto como protagonista, é um crítico do caminho que está a ser seguido:

- “O mundo está e continua em rapidíssima mudança, tornou-se multilateral e multicultural (fenómeno que a chanceler Merkel, com incompreensível falta de visão – imagine-se – afirmou estar ultrapassado) e a globalização, desregulada, fruto das novas tecnologias de comunicação que gerou um capitalismo financeiro-especulativo, dito de casino, sem princípios éticos, em que o dinheiro constitui o valor supremo.

Resultado: os “paraísos fiscais” e os chamados negócios virtuais desarticulando o sistema financeiro-económico existente, provocando falência de bancos e em outras empresas privadas causaram as maiores dificuldades a alguns estados mais fracos, mas também em outros que se julgavam fortes.”

O futuro da europa e do mundo é escrito todos os dias a cada decisão que é tomada. Nada está predestinado. A dinâmica do processo e a rapidez com que tudo acontece exige lideranças políticas de grande qualidade que, nitidamente, estão ausentes e este facto, que é percebido claramente pelos cidadãos, confere ao momento uma componente de grande intranquilidade.

É indispensável coragem, competência e visão política porque a Comunidade Europeia, espaço de paz, de liberdade e respeito pelos direitos humanos, não pode descambar em anarquia que conduz a novos nacionalismos totalitários com o que isso representa de regresso ao passado que ainda está na memória dos mais velhos. É indispensável recordar o que nos aconteceu em vida de muitos de nós… ainda não vão muitos anos!

BOAS FESTAS PARA TODOS E UM BOM 2011! (Tanto Quanto Possível…)





sexta-feira, dezembro 24, 2010

JULIO IGLESIAS - GWENDOLYNE
Afinal, quem lhe ofereceu a guitarra foi mesmo uma enfermeira para ele musicar os primeiros poemas que estava começando a escrever. A partir daqui, e depois de muita prática, apaixonou-se pela música. Deixa o hospital em 1966 e vai estudar para a Universidade de Múrcia e para Inflaterra onde canta em Bares e aperfeiçoa o seu inglês. Aqui, conheceu a musa do seu primeiro grande sucesso: "Gwendolyne".


DONA FLOR
E SEUS DOIS

MARIDOS


Episódio Nº 302



Um dinheirinho para velas. Talvez, com aquele reforço de iluminação dessa para ela desmascarar a trama inteira. Guardou as notas na gaveta, acendeu velas simbólicas e, à sua luz, seus olhos de vidente reconheceram os inimigos de Pelancchi:

- Vejo três homens na beira de um caminho e os três lhe querem mal…

- Ah! – gemeu Pelancchi – Me diga signora mia, como são…

Demorou-se ela num esforço para enxergar, Pelancchi tinha pressa:

- Olhe se um não é careca e se o outro não é um gordo? O terceiro…

- Deixe que ela mesmo diga do terceiro… - sugeriu Máximo Sales, enxerido da pior espécie – Afinal quem é a adivinha?

A pitonisa, mesmo em transe, fulminou com o olhar o canalha a lhe fazer mais árdua a caridade: quem disse ser de ganho fácil o seu dinheiro? Roncou, bufou, mordeu os pulsos, deu socos na cabeça: era por acaso fácil esse dinheiro de Pelancchi? Difícil e arriscado:

- O primeiro dos três – anunciou com voz de túmulo – é um homem calvo.

- Grande novidade… - rosnou Máximo, o crápula.

- O segundo é um senhor gordo, bem gordo…

- E o terceiro, como é? – exigia o tal de Máximo.

- O terceiro não vejo ainda bem, está nas trevas…

Pelancchi não se continha:

- É isso mesmo, sempre escondido, maldetto! Veja senão tem bigodes e o nariz quebrado…

Mas a pitonisa certamente não o ouviu, na distância do além, buscando ver:

- Agora estou enxergando: usa bigodes e…esperem, estou vendo… tem o nariz quebrado…

- São os Strambi, não tem dúvida – Pelancchi quis saber como agir para os afastar do seu caminho, a esses Strambi implacáveis.

Para expulsá-los da Bahia, para conduzi-los aos nobres sentimentos do perdão e ao Levante mais longínquo, Aspásia, extenuada, exigia uma quantia um tanto forte. Pelancchi já puxava da carteira, mas Máximo Sales, decididamente um traste imundo, outra vez se meteu onde não era chamado, e obteve substancial abatimento.

Pelas mãos de Aspásia foram-se os Strambi, mas não o azar no jogo. Pelancchi seguiu o calvário, sua via-crucis de adivinha e ocultista.

Josete Marcos, pelo menos era bonita e jovem, constatou Máximo Sales: uma excepção na confraria em geral composta dos argaços mais chinfrins. Porque – perguntava-se o professor de contravenção – o outro mundo se servia de tais espantalhos? Por que eram tão sujas as salas de consulta, os templos das revelações, tão forte a inhaca do mistério, o aftim das almas? O céptico Máximo concluíra ser o além um tanto fedorento e sujo.

Salve Josete Marcos, esguia e loira, e limpa!

quinta-feira, dezembro 23, 2010

VÍDEO

A linguagem possível...

JÚLIO IGLÉSIAS - HEY
Ex-futebolista, cantor, empresário espanhol de fama internacional, chegou a guarda redes do Real Madrid entre 1958/63 quando um terrível acidente de viação por condução com excesso de alcool pôs fim à sua carreira desportista, pois não mais conseguiu recompor-se totalmente das graves lesões nas pernas e nos braços. Começou, então, a sua carreira musical... consta que a partir de uma viola que lhe ofereceram quando ainda estava hospitalizado. A sua voz grave, de tons suaves, teria sido aí modelada para não incomodar os outros doentes e o pessoal de enfermagem...

DONA

FLOR

E SEUS

DOIS

MARIDOS


Episódio Nº 301




Assim naquele domingo: donaire e formosura, feitiço e dengue, dona Flor ostentava o colar de turquesa, presente de Vadinho. Nada mudara, domingo idêntico a tantos outros na tarde de plantão. Tudo igual: a rua, a gente, o doutor e ela, dona Flor. Ninguém a apontara a dedo, ninguém se apercebera de nada, ninguém a reconhecera adúltera e culpada, nem mesmo dona Dinorá, metida a adivinha e peçonhenta. O mesmo sol de antes, a mesma chuva (agora fina poeira d’agua), as mesmas conversas e os mesmos risos, a consideração inalterada. Pensara que iria ser um fim do mundo, na rua e dentro dela: que ia romper seu coração, antes a morte. Em vez disso, tudo igual: como a gente se engana nessa vida…

Do balcão, despachando uma freguesa, doutor Teodoro lhe sorri, todo besta e fátua ao vê-la tão formosa. Ela lhe sorri também e de relance lhe espiou a testa: nem sinal de chifres. Que tolice, dona Flor, que significa esse gosto repentino pela farsa?

Entre ela e o doutor nada se alterara, tampouco. Apenas a memória da manhã na cama persistia a fazer mais íntima aquela tarde de plantão. Também persiste a lembrança da noite no sofá, amor de gula e violência, a cavalgada impúdica sob a chuva, aleluia de Vadinho. Na tarde serena, na paz tranquila de Domingo, o aguilhão do desejo morde o seu corpo. Quando virá ele de novo, o doidivanas, o tirano, o maligno, o tirano, o manhoso, o seu primeiro? À noite, concerteza, quando o doutor, cansado do trabalho, dormir o sono dos justos e felizes.

Naquela doce paz, boa esposa solidária com o segundo esposo cumprindo seu dever a ajudá-lo no plantão, e à espera da noite libertina com o primeiro, um pensamento de súbito a inquieta. Comadre Dionísia dissera que jamais Vadinho voltaria a perturbá-la, amarrado para sempre nas cordas do despacho. Meu Deus, e se assim fosse?


Mãe Octávia Kisimbi rezou o corpo de Pelancchi e tanto ele como Zulmira tomaram banho de folhas com sabão de coco. As penas dos galos sacrificados foram postas nas encruzilhadas dos caminhos. Mãe Otávia defendeu Pelancchi pelos quatro cantos e pelas sete portas e lhe disse para esperar os resultados. Mas o rei do bicho tinha pressa, foi bater em outras freguesias.

A vidente Aspásia apenas desembarcara do Oriente, trazida nas auras da manhã, e mal vestira sua farda (um tanto gasta) de adivinha, quando recebeu a visita de Pelancchi, dinheiro grosso em sua frente. Se bem a pitonisa não fosse sensível ao tinir do ouro – vivendo da graça dos céus e em jejum total dos prazeres deste mundo – como recusar as pelegas, quando, ao demais, se lhe exigia trabalho tão difícil?

Lançando mão do “sistema da ciência espiritual em movimento”, patente sua, exclusiva, partiu para o além e gemeu palavras roucas, debatendo-se como se a quisessem estrangular. Não era espectáculo dos mais aprazíveis, e o professor Máximo Sales, de natural céptico, um cabeça dura, teve vontade de ir-se embora. Mas Pelancchi mantinha-se firme, numa tensa expectativa, segurando a mão trémula de Zulmira, a quem o sobrenatural afectava enormemente depois que os invisíveis demonstraram interesse por seus peitos, quadris (e quem sabe? por mais). Zulmira, secretária e confidente, leal ao lado do patrão, conforto dos aflitos, e que conforto!

Babando desfeita e de olho arregalado, a sacerdotisa do Oriente retornou das esferas siderais e, ao fitar Pelancchi, seu corpo estrebuchou, um grito rasgou-lhe o peito magro – tábua rasa, triste de se ver. Pediu mais dinheiro, ah!, era um trabalho extenuante, tudo escuro de breu nos círculos do além, tão negra a sina de Pelancchi!

Entrevistas Ficcionadas

Com Jesus Cristo Nº 76 Sob o Tema:


“Evangelização da América?”



Raquel – Emissoras Latinas volta a estar no ar transmitindo exclusivas e polémicas entrevistas com Jesus Cristo nesta sua 2ª vinda à terra. Bem-vindo, uma vez mais, aos nossos microfones.

Jesus – Obrigado, Raquel. Mas hoje tenho uma queixa contra ti.

Raquel – Contra mim?

Jesus – Quando conversamos és sempre tu que perguntas, por quê?

Raquel – Bem… porque… eu sou a entrevistadora e o senhor o entrevistado.

Jesus – Sim, mas levamos já tantos dias de conversa e eu não sei nada de ti. Nem sequer sei onde nasceste, de onde és?

Raquel – Eu nasci no Peru, ainda que minha mãe seja colombiana e o meu pai da Bolívia.

Jesus – Onde ficam essas terras? Para além do Egipto?

Raquel – Muito mais além… Como explicar-te… Do outro lado do mundo, cruzando o Oceano… Essas terras são conhecidas como a América Latina. Por isso, esta Emissora se chama Emissora Latina. Vê como é a coisa?

Jesus – Estou vendo…

Raquel – Por certo, o continente onde há mais seguidores seus.

Jesus – Deveras? E como escutaram a minha mensagem vivendo tão longe?

Raquel – É uma longa história, quer conhecê-la?

Jesus – Claro, interessa-me…

Raquel – Mas melhor do que eu… Deixe ver se tenho o seu telefone… talvez o encontre em sua casa em Montevideu…

Galeano – Alô, sim?

Raquel – Eduardo Galeano?

Galeano – Ele mesmo.

Raquel – Fala das Emissoras Latinas desde Jerusalém. Ao meu lado está Jesus Cristo.

Galeano – Jesus Cristo?

Raquel – Sim, Jesus Cristo em pessoa. Ele quer saber como é que a sua mensagem chegou às terras da América…

Galeano – É uma longa história.

Raquel – Isso mesmo lhe disse eu, mas talvez o senhor a possa resumir um pouco.

Galeano – Pois seja, Jesus Cristo. Os reis de Espanha enviaram a estas terras um tal Cristóvão Colombo com um punhado de aventureiros.

Raquel – À descoberta da América…

Galeano – Dizendo melhor, à descoberta do ouro da América porque estas terras não tinham que ser descobertas pois já estavam habitadas e civilizadas.

Jesus – E o que ocorreu com os recém chegados?

Galeano – Vinham com a febre do ouro. Nada nem ninguém os deteria na busca do ouro e da prata. Como traziam pólvora, armas e doenças desconhecidas, arrasaram com tudo… populações inteiras foram exterminadas. Destruíram Templos, cidades, a cultura dos nossos povos… um verdadeiro genocídio.

Jesus – Como os romanos no meu tempo… mas o que tem isso a ver com a minha mensagem?

Galeano – O que se passa, Jesus Cristo, é que juntamente com os invasores vieram os missionários.

Jesus – Missionários, com que missão?

Galeano – Missionários sujos. Com a missão de tornar cristãos todas estas gentes. Os soldados levavam a espada e os missionários a cruz. Vieram “evangelizar” estas terras… A baptizar os índios, que foi assim que nos chamaram…

Jesus – E os índios queriam baptizar-se?

Galeano – Era o melhor que eles tinham a fazer porque senão passavam-nos à espada.

Jesus – E baptizaram-se?

Galeano – Sim, mas então converteram-se em escravos do rei de Espanha. Tiraram-lhes as terras, violavam-lhes as mulheres, obrigavam-nos a trabalhar nas minas e morriam aos montes… Um grande profeta, Frei Bartolomeu de Las Casas, denunciou as atrocidades que fizeram em seu nome, Jesus Cristo…

Jesus – Em meu nome?

Galeano – Em seu nome, sim, como hoje.

Raquel – Tem o senhor Galeano a informação de quantas pessoas viviam na América antes da chegada de Colombo?

Galeano – Calcula-se que fossem uns 70 milhões de indígenas. Século e meio depois apenas sobreviviam 3 milhões. (Em Espanha a quantidade de ouro aumentou 60 vezes, parte dele enviado pelos Reis Católicos, em ofertas, para o Papa de Roma)

Raquel – Ouvimos bem…?

Galeano – E a história não acaba aqui. Como os índios da América escasseavam trouxeram negros de África, transportados em barcos, acorrentados… Os patrões vendiam-nos como animais, faziam-nos trabalhar a chicote…

Jesus – Mas, como puderam fazer una coisa dessas? Não eram tão filhos de Deus como eles?

Galeano – Ah, eles justificavam-se dizendo que tanto os índios como os negros não tinham alma.

Jesus – E os missionários aprovavam esses atropelos?

Galeano – A maioria, sim. Porque a compra e a venda de seres humanos foi um negócio muito rentável… Quantos trouxeram de África? 20 milhões… 40 milhões? – Ninguém sabe. Metade deles morria na viagem e os seus corpos eram atirados ao mar.

Jesus – É algo espantoso, aquilo que o senhor me conta, amigo…

Galeano – América e África são o grande pecado da Europa, Jesus Cristo. Estas terras foram sangradas e as suas feridas ficaram abertas… como as do senhor quando foi cravado na cruz.

Raquel – Obrigado, Eduardo Galeano… Quer dizer mais alguma coisa, Jesus Cristo?

Jesus – Dizer, não, maldizer. Malditos os que fizeram isso, como diz uma antiga Escritura, “por causa deles o nome de Deus é blasfemado entre as nações”.

Raquel – De Jerusalém, para toda a América Latina, a repórter Raquel Perez.


quarta-feira, dezembro 22, 2010

SIMPLESMENTE... FANTÁSTICO!


A Freira e o Taxista


Uma freira faz sinal para um táxi parar. Ela entra e o taxista não pára de olhar para ela.

- Por que você me olha assim?

Ele explica:


- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...

Ela responde:


- Meu filho,sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo. Com certeza, não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache ofensivo.


- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na boca por uma freira...
A freira:


- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você:


- Primeiro, você tem que ser solteiro, do Belenenses e também católico.

O taxista fica entusiasmado:


- Sim, sou solteiro, do Belenenses desde criança e até sou católico também!

A freira olha pela janela do táxi e diz:


- Então, páre o carro ali na próxima travessa.

O carro pára na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do taxista com um belo beijo na boca.


Mas, quando continuam para o destino, o taxista começa a chorar.

- Meu filho, diz a freira, porque estás a chorar?

- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti: sou casado, do Benfica e sou protestante.

A freira conforta-o:

- Não faz mal. Eu também estou a caminho de um baile de máscaras, chamo-me Alfredo... e sou
do Sporting!

Irena Sendler morreu...sabes quem era?



Uma senhora de 98 anos chamada Irena, faleceu em Maio de 2008, há pouco tempo ainda.

Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações.

Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazistas relativamente aos judeus (sendo alemã!)

Irena trazia crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira na parte de trás da sua caminhoneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da caminhoneta um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto.

Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.

Por fim os nazistas apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas, braços e prenderam-na brutalmente.

Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim.

Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família. A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos.

No ano passado foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore por uns dispositivos sobre o Aquecimento Global.


Nem sempre recebe o Prémio quem mais o merece... mas não devemos permitir que esta senhora alguma vez seja esquecida, como é igualmente imperativo que o holocausto continue a ser lembrado às novas gerações porque ele foi hediondo, repugnante mas, homens como nós, do nosso mundo, do nosso tempo, com idade para serem nossos pais ou avós, levaram-no à prática... e isso não pode voltar a acontecer!

CARLOS PAIÃO - PLAY BACK
A decorrer desde 1956, o Festival da Eurovisão da Canção é um concurso anual de canções transmitidas pela Televisão com a participação de diversos países que podem não ser europeus desde que sejam membros da European Broadcasting Union o que inclui países como: Israel, Marrocos, Tunísia, Argélia, Arménia, Líbano e Georgia. De todos estes apenas participaram Israel,Marrocos, Arménia e Geórgia. Este programa tem uma audição de mil milhões de pessoas. O Líbano esteve para entrar em 2005 mas desistiu para não transmitir a a actuação de Israel.

DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
AMORES


Episódio Nº 300


Exu, cabeça do finado, se pusera em contra, em pé de guerra. Dionísia dissera ao ojé para não medir despesas. Sendo caso de vida ou de morte, e com Exu em armas, de través e pelo avesso, o dinheiro não conta e corre pressa, muita pressa: sua comadre dona Flor mal se mantinha em pé. Diante de tudo isso, o próprio Asobá adiantara do seu para as despesas mais urgentes; um carneiro, duas cabras, doze galos, seis conquéns, doze metros de pano. Sem falar no resto, extensa relação escrita a lápis em papel pardo, de embrulho. Cada compra com seu custo e mais vinte-mil-réis destinados ao peji de Ossain para ele abrir os caminhos pelo mato onde se esconde Exu.

Mas, ali chegando, Dionísia encontrava dona Flor tão bem disposta, tão de si contente, até nem parecia a mesma de ontem pela tarde. Fizera mal, por acaso em ter autorizado tanta despesa?

Fizera bem, pois na véspera, a própria dona Flor assustada, ordenara todas aquelas providências. Obrigado, minha comadre, por tanto trabalho que lhe dou. Agora, no entanto, já nada importa, bem ou mal tudo se resolveu.

- O finado deixou de perturbar?

Dona Flor sorriu com embaraço e disse:

- Ou eu deixei de me assombrar. Já não preciso de mais nada.

E agora? Suspender o trabalho era impossível. Durante a noite e pela madrugada tinham feito o sacrifício de animais, e ao primeiro clarão do sol, puseram diante de cada orixá a gamela com sua comida habitual. Por todo o Domingo, à tarde e à noite, os preceitos continuariam com os orixás presentes no terreiro. Suspender, parar no meio, não prosseguir, dando o feito por não feito, impossível, comadre, em ebó de tanto axé. Das consequências fatais e imprevisíveis, do castigo cruel dos encantados, quem escaparia com vida? Nem ela própria, Dionísia, apesar de simples intermediária.

Agora era ir até ao fim. Mesmo que a comadre se considerasse livre de ameaça, o ebó era uma garantia a mais para o seu sossego. Já o dinheiro fora gasto; já haviam os orixás bebido o sangue quente dos animais na hora da matança e aceite os pedaços preferidos de sua carne ao alvorecer; já estavam cobertos com suas armas e seus emblemas, e o grito de Yansã já ressoara na floresta. Para dona Flor era a certeza de que jamais voltaria o finado a perturbá-la, amarrado para sempre à sua morte.

Dona Flor contou as cédulas, pôs um dinheirinho a mais, novamente agradeceu a Dionísia a ingrata trabalheira e quis retê-la para o almoço: galinha ao molho pardo e lombo de porco feito no conhaque, bolo de puba, manga e sapoti na sobremesa. Mas Dionísia tinha pressa de voltar para o terreiro, onde, no ronco dos atabaques, Oxóssi reclamava seu cavalo predilecto.

Nos Domingos de plantão, após o almoço (o doutor comendo às carreiras, sem sequer perceber o gosto das quitutes, na ânsia de voltar para a farmácia, entregue ao molecote dos recados), dona Flor mudava a roupa e, sem atender aos protestos do esposo, vinha fazer-lhe companhia, confortá-lo no trabalho em dia de descanso. Punha-se a seu lado no balcão, ajudando-o a despachar, toda nos trinques, numa linha e numa estica tão cutubas como se fosse de visita a dona Magá Paternostro, a milionária, ou a festa em casa do comendadora Imaculada Taveira Pires. Toda aquela elegância, toda aquela boniteza só para ele; doutor Teodoro sentia-se pago e bem pago.

terça-feira, dezembro 21, 2010

As imagens são duras e chocantes, mas por favor vejam e repassem o mais possível pois talvez, dessa forma despertem para os perigos que muitas vezes correm e fazem correr outros que nada têm a ver com o assunto. Este vídeo teve um efeito drástico em Inglaterra. Há que orientar os filhos, netos, sobrinhos, amigos, etc...


Como seria noticiada hoje, em Portugal,

a história do Capuchinho Vermelho...



Na TV portuguesa:


Telejornal - RTP1


"Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem... mas a actuação de um caçador evitou uma tragédia"


JORNAL DA NOITE - SIC

"Vamos agora dar-lhe conta de uma notícia de última hora. Uma menina foi literalmente engolida por um lobo quando se dirigia para casa da sua avó! Esta é uma história aterradora mas com um final feliz... o Sr. telespectador não vai acreditar mas, esta linda criança foi retirada viva da barriga do lobo! Simplesmente genial!"

JORNAL NACIONAL - TVI

"... onde vamos parar, onde estão as autoridades deste país?! A menina ia sozinha para a casa da avó a pé! Não existe transporte público naquela zona? Onde está a família desta menina? E a Comissão de Protecção de Menores? Tragicamente esta criança foi devorada viva por um lobo. Em épocas de crise, até os lobos, animais em vias de extinção, resolvem aparecer?? Isto é uma lambada na cara da actual governação portuguesa."

Na Imprensa Portuguesa:

CORREIO DA MANHÃ

"Governo envolvido no escândalo do Lobo"

JORNAL DE NOTICIAS

"Como chegar à casa da avozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho"


Revista MARIA

"Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama"


LUX

"Na cama com o lobo e a avó"


EXPRESSO

Legenda da foto: "Capuchinho, à direita, aperta a mão do seu salvador". Na
reportagem, caixa com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Capuchinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.


PÚBLICO

"Lobo que devorou Capuchinho Vermelho seria filiado no PS"


O PRIMEIRO DE JANEIRO

"Sangue e tragédia na casa da avozinha"


CARAS

Ensaio fotográfico com Capuchinho na semana seguinte: Na banheira de hidromassagem, Capuchinho fala à CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor à vida. Hoje sou outra pessoa."


MAXMEN

Ensaio fotográfico no mês seguinte:

"Veja o que só o lobo viu"


SOL

"Gravações revelam que lobo foi assessor político de grande influência"
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CARLOS PAIÃO - VERSOS DE AMOR

A sua morte, em 1988, precoce, brutal, comoveu toda a população. A vontade das pessoas em mantê-lo vivo era tanta, a ele que também era médico, que fez surgir, no dia do enterro, o boato de que não estaria morto mas sim em estado de coma. Porém, a violência do acidente, não deixava margem nenhuma: um choque frontal com uma camioneta quando ela se desviava de outra parada na faixa de rodagem, não deixava margem nenhuma à sua sobrevivência.

Era um compositor, instrumentista, cantor, um criativo: a língua portuguesa estava-lhe estava-lhe "na ponta da língua" o que lhe permitia brincar com as palavras a ponto de ser interpelado por amigos que, pelo telefone, lhe pediam ajuda para os versos que estavam a fazer... o que mostra também a sua faceta de disponibilidade para os outros. Escreveu mais de 300 canções para os mais variados artistas desde Amália Rodrigues, Herman José (lembram-se do Serafim Saudade? Todas as músicas e letras eram dele e também o "Vamos Lá Cambada" do José Estebes), Cãndida Branca Flor, Trio Odmira, Nuno da Cãmara Pereira etc...

Amanhã, colocaremos aqui o seu Play-Back que representou Portugal no Festival da Eurovisão de 1981.


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 299




De pé atrás, apenas ouvia falar em artista, em palco, em rádio. Quanto aos directores, cantores, músicos, eram todos uns pulhas, uns gaviões de olho nas infelizes, as garras afiadas.

Ainda há pouco uma jovem cantora, moça de excelente família – das relações de dona Enaide, “pessoas distintíssimas” – fora internada às pressas num hospital, a esvair-se em sangue, e, quando o médico foi ver a causa da hemorragia, constatou aborto e muito do mal feito por uma curiosa do canto de rua.

A moça só não morreu por ter sido entregue aos cuidados do doutor Zézito Magalhães, cuja competência todos conhecem. Não morreu, o médico lhe restituiu a vida, mas os três vinténs comidos, isso nem o bom doutor Zézito Magalhães, com toda a sua competência, pode lhe dar de novo. Nem ele nem ninguém, pois, como disse dona Dinorá, “ainda não se inventou virgindade de reposto”.

- Em compensação – considerou dona Norma – quem inventar vai enriquecer. Já pensaram? É só chegar na farmácia, na Científica, para não ir mais longe, e pedir: “Doutor Teodoro, me dê aí duas xoxotas novas, uma para mim, outra para a minha irmã… E uma mais barata pata a empregada lá de casa…”

Riram todas se bem nada daquilo tivesse a ver com Marilda, moça direita, na opinião geral da vizinhança. Por isso mesmo não podia ela vacilar entre o casamento com o fazendeiro e os magros pró-labores da rádio.

Grande foi o assombro por consequência, quando, naquele Domingo, dona Flor, ao ser solicitada mais uma vez por Marilda, aconselhou-a a mandar o noivo retrógrado e prepotente lamber sabão, mantendo-se na rádio onde não tardariam a lhe oferecer melhor salário. Dona Maria do Carmo, vendo a filha, forte daquele inesperado apoio, inclinada a romper o namoro, veio tomar satisfações quase briga com dona Flor:

- Se fosse sua filha, duvido… Nem parece nossa amiga…

A discussão pegou fogo, envolvendo a vizinhança, mas dona Flor manteve seus pontos de vista:

- Isso é puro carrancismo…

Terminou o bate-boca em choradeira, a própria Maria do Carmo vacilante entre o sucesso da filha e a segurança do casamento. Dona Flor conquistara a opinião da maioria. Dona Norma resumiu:

- Também vá ser monarco assim no inferno. O tempo da escravidão já se acabou.

Foi dona Flor para a cozinha preparar o almoço – nos Domingos de plantão não ia para casa dos tios no Rio Vermelho – e ali Dionísia de Oxóssi a encontrou:

- Licença, minha comadre…

Vinha buscar dinheiro e trazia pressa, pois o ebó estava em curso e a roda dos iawôs à sua espera para dançar à tarde e pela noite adentro. Antes, havia muito o que fazer, a obrigação era dos maiores, e complicada de preceitos. O babalaô jogara os búzios e os orixás tinham respondido. Para lhe garantir tranquilidade, livrá-la de olho-mau, de qualquer doença, das ameaças do egun inconformado a atraí-la para sua morte, dona Flor devia cumprir obrigação de monta, não um despacho simples, não um ebó qualquer.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 76 SOB O TEMA:


“UMA FÁBRICA DE SANTOS?” (3 e últ.)


JOÃO PAULO II: Record histórico

Durante os 26 anos do seu Pontificado, o Papa João Paulo II, canonizou mais pessoas que os Papas anteriores durante os últimos cinco séculos: quatrocentos e oitenta e dois (482) novos santos e santas que se juntaram aos quatro (4.000) que vinham do anteriormente. E, já colocados no caminho da “santidade”, como beatos e beatas, João Paulo II terá colocado umas 1.338 pessoas. Um “especialista em santos” reduziu-os para 464. Enfim, mais santo, menos santo, a cifra é um record.


Andrés Perez Baltodano

Andrés Perez Baltodano é nicaraguense e catedrático em Ciências Políticas no Canadá. Participa num programa para uma crítica lúcida da visão providencialista e do pragmatismo resignado que a igreja do Vaticano promove e faz investigação sobre as consequências que esta cultura religiosa tem na cultura política latino-americana.

Num dos seus escritos pode ler-se o seguinte:

- “A visão pragmática resignada e providencialista do poder e da história é reforçada em cada dia que passa pelo Vaticano. O providencialismo que hoje o Vaticano promove expressa-se, por exemplo, no escandaloso número de santos e santas canonizadas pelo Papa João Paulo II. O Vaticano está a fazer esforços para re-sacrilizar o mundo partindo de uma ideia providencialista porque só canoniza pessoas que “fazem milagres”, o mesmo é dizer, que confirmam a actuação directa de Deus providencial na história humana.

Para manter o seu poder a igreja decidiu, lamentavelmente, a re-sacrilização do mundo, a re-institucionalização do providencialismo.

Decidiu que o seu poder é mais facilmente reproduzido através da regeneração do providencialismo e isto coincide com uma maneira perversa de accionar o mercado global.

O culto dos santos faz parte do “sentido mágico da vida” que caracteriza a cultura política dos nossos países. Para a maioria das nossas populações, os fenómenos naturais e os factos sociais e humanos têm uma origem misteriosa, impenetrável, produto de forças extraordinárias. Na política, este traço cultural expressa-se na tendência em depositar fé no caudilho político que
estiver de serviço.”

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Os "Sete Sapatos Sujos" de Mia Couto


Moçambicano, biólogo de profissão, tem-se dedicado às letras e ao jornsalismo de forma muito intensa.

Numa "oração de sapiência" (Março de 2005), no Instituto Superior de Ciências e Tecnologia, ele começou por referir que "não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar e deixar na soleira da porta "os sapatos sujos" dos quais destacou estes sete:

Primeiro sapato: A ideia que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;

Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;

Terceiro sapato: O preconceito de quem critica, é um inimigo;

Quarto sapato: A ideia que mudar as palavras muda a realidade;

Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;

Sexto sapato: A passividade perante a injustiça;

Sétimo sapato: A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros.


Longe de serem apanágio da sociedade moçambicana, são um travão ao desenvolvimento e à justiça social em muitos outros povos, nomeadamente, o português.

No Tribunal


Um velho de oitenta e muitos anos foi acusado de violação.
No tribunal a advogada do velho segura-lhe a pila e pergunta ao juiz:

- O Sr. Dr. Juiz acha que esta "pilinha desfalecida" podia violar alguém?
O velho, então, murmura para a advogada:

- Não a abane muito, senão perdemos o caso...!

Anedota do dia

Um galo descobre a infidelidade da sua galinha e fica furioso! Começa a partir o galinheiro todo incluindo os ovos! Só que lá no meio havia um ovo de barro... O galo, completamente fora de si, grita para a galinha:

- Aaaaahhhh minha grande puta! Nem o galo de Barcelos te escapou!

VÍDEO

Nunca se case com uma rapariga espanhola...

PACO BANDEIRA - A MINHA CIDADE (Ó ELVAS, Ó ELVAS)
O reportório de Paco Bandeira é vasto e dele fazem parte muitas canções de sucesso mas a "Minha Cidade" (ó Elvas, ó Elvas Badajoz à Vista) foi a que o lançou e ficou no ouvido de toda uma geração que foi sua contemporânea. De resto, ele foi um artista que "soube acompanhar o seu público" e em 1994 editou o seu 25º Album. Escreveu muitas bandas sonoras para telenovelas portuguesas, entre elas "A Roseira Brava", Filhos do Vento, "Os Lobos", etc... Inicia igualmente uma intensa carreira internacional que o leva ao Brasil, Turquia, Itália, E.U. tendo vivido bastante tempo na Alemanha e em Espanhae onde fez parte da sua carreira.
Foi amigo do meu irmão, cantou no seu restaurante e foi aí que me foi apresentado. Ambos gostavam de cavalos e de automóveis. Trarei aqui outras canções dele, das mais bonitas da nossa música popular.

DONA
FLOR

E SEUS
DOIS

MARIDOS



Episódio Nº 298






Testa larga, de intelectual, fronte de insignes pensamentos, homem tão bobo! Dona flor correu-lhe a mão curiosa pela testa, riu de mansinho, nuca tão mansa dona Flor e tão dengosa:

- Pois me deve, sim senhor, ontem me faltou…

- Não seja injusta, quem faltou…

- Se sou eu quem deve então se pague, que eu não gosto de dever – oculta o rosto nas mãos, rindo toda cheia de malícia, dona Flor.

Que outra coisa deseja o nobre farmacêutico? Saiu até do sério:

- Pois vou cobrar com juros…

Homem metódico, cumpridor de leis e ritos, veio doutor Teodoro colocar-se na posição habitual e tomou do lençol para cobrir o amor com o recato e com o respeito que lhe são devidos, entre esposos. Mas não lhe deu tempo dona Flor: de improviso atirou com o lençol fora da cama, com o recato, e o doutor se viu nos braços dela. Nunca mais ele esqueceu essa manhã de chuva, esse Domingo bento, esse dia santo e feriado, esse extra sem igual, extra e super para tudo dizer e definir com exactidão.

Depois dona Flor se enrolou como um novelo, nos lábios um sorriso, no embalo da chuva adormeceu, de um sono bom dormiu, tão sossegada e satisfeita que só vendo.


Nada mudara, nenhuma diferença, um Domingo como todos os demais, e dona Flor a mesma pessoa de sempre. Igualzinha. Sofrera as penas do inferno, certa que ia ser um fim do mundo: a gente tem cada surpresa nesta vida…

Aliás, estando de plantão na drogaria a Drogaria Científica isso tornava esse Domingo um tanto diferente, pois o doutor ia atender a numerosa clientela – uma só farmácia aberta para tão grande. Assim, quando dona Flor saiu do quarto, já não encontrou o marido. Teve, apesar disso, manhã das mais movimentadas.

Primeiro, Marilda com seu noivado em crise; e dona Maria do Carmo, quase em faniquito: prosseguir cantando ou casar? Na vizinhança, as mulheres opinavam praticamente unânimes, com excepção de dona Gisa. Mas a americana era conhecida por suas ideias estrambólicas, boas talvez para os Estados Unidos, mas esdrúxulas, quando não perigosas para o Brasil. Não só defendia o divórcio como chegara ao absurdo de declarar em alto e bom som, numa discussão com dona Jacy e dona Enaide, que a virgindade não passava de coisa obsoleta e mesmo prejudicial à saúde: os hospícios, segundo a gringa, estão cheios de donzelas. Imagine-se!

As demais repetiam com moral e convicção, ser o casamento o único objectivo legítimo da mulher, destinada por Deus a cuidar da sua casa, a zelar por seu marido, a procriar filhos e a criá-los, contente e concorde. À frente desse bravo exército, dona Maria do Carmo, no desejo de ver a filha estabelecida, como ela própria dizia:

- É preciso estabelecer essa menina em seu lar. O rádio não oferece garantias e é um perigo.

Um perigo? A roda se exaltava: não um, porém múltiplos perigos cercam as cantoras, as artistas, raça, aliás, já de si um tanto equívoca, de conduta suspeita, na opinião de dona Dinorá, pessoa, como sabemos, de moral severa e rígida, cada vez mais intransigente no combate à sem-vergonhice e à libertinagem.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS



À ENTRVISTA Nº 75 SOB O TEMA:




“UMA FÁBRICA DE SANTOS?” (2)

O Culto dos Santos

O culto desmedido dos santos na igreja católica, expresso de forma bem evidente em todas as igrejas, que mais parecem “olimpos”, onde se multiplicam as virgens, os santos e as santas e até os “Jesuses”, revela concepções religiosas arcaicas, anteriores ao cristianismo.

Os babilónicos, por exemplo, tinham uns cinco mil deuses e deusas e acreditavam que todos eles tinham sido heróis que tinham vivido na terra fazendo maravilhas e que, ao morrerem, passaram para um plano existencial mais elevado, onde tinham capacidade para continuarem a fazer coisas a favor dos humanos.

Cada dia do ano era protegido por uma dessas divindades, cada situação da vida requeria a intervenção de uma delas e cada grupo tinha o seu protector especial.

Com algumas variantes, estas ideias aparecem em todas as religiões do mundo antigo e são também aquelas que se apreciam no culto dos santos católicos.

Na Lista Oficial dos Santos da igreja Católica constam cerca de 5.000 o que permite haver patronos para todos os lugares e todas as profissões e advogados para as situações mais variadas…

Por isso, podemos afirmar, que por detrás deste arreigado culto dos santos sobrevive no monoteísmo cristão o politeísmo do mundo antigo.


Quanto Custa Fazer um Santo


O custo de “fabricar” um santo, ou seja, o preço a pagar à hierarquia católica para que oficialize no Vaticano que uma determinada pessoa “está com Deus”, é “santa” e, portanto, já se lhe pode pedir para que ela peça a Deus milagres e favores – tudo isso que significa ser santo no mundo católico – é uma importância à qual não se chega com facilidade e transparência.

No seu livro “Os Príncipes da Igreja” publicado nos anos 80, o historiador alemão Horst Herrman, afirma:

- “O Vaticano não investe uma lira, sequer, numa canonização. Há que pagar por tudo: desde as primeiras compilações de actas até à Missa Festiva Papal que encerra o processo (10.000 dólares custa o aluguer da Basílica de S. Pedro).”

No seu livro “Os Ajudantes de Deus” o escritor Kenneth Woodward, calcula que uma canonização custe um mínimo de 250.000 dólares. Como o custo de vida sobe continuamente e o da santidade também, Charles Panati escreveu, anos depois no seu “Dicionário Popular de Objectos e Costumes Religiosos” que os gastos aproximados de uma canonização podem calcular-se num milhão de dólares o que, naturalmente, ajuda muito as finanças do Vaticano.

domingo, dezembro 19, 2010

A FRASE




"A verdade é que, se tivesse de dividir esta medalha com toda a gente que me ajudou, desde que cheguei a Portugal, sobrava muito pouco para mim."


Yousef el Kalai


Terceiro lugar no Campeonato Europeu de Corta-Mato. Com 20 anos atravessou o estreito de Gilbratar num semi-rígido com mais 70 pessoas e a recepção foram 3 dias escondido numa mata para não ser apanhado pela Guarda Civil Espanhola. (Um grande aplauso!)

BOM DIA
Hoje, volta a ser Domingo. Nesta minha cidade de Santarém faz sol e 6 graus de temperatura. Em contrapartida, nas traseiras da minha casa, à volta do recinto da Praça de Touros, não há feira. O Sporting volta a ter amanhã à noite, com o Setúbal, um teste decisivo, mais um... dizem que a esperança é a última coisa a morrer... mas "aquilo", também, é só um jogo, nada mais... e "jogos há muitos", como dizia o eterno Vasco Santana relativamente aos chapéus.

Hoje, deixo-vos com esta brilhante execução em guitarra acústica de uma menina norte- coreana. Com a alegria, mestria e o prazer com que toca julgava-a mais para o sul... uma agradável surpresa do país do "grande timoneiro".


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