sábado, outubro 30, 2010

FRANK SINATRA - NEW YORK, NEW YORK
Francis Albert Sinatra, nasceu Em Los Angels em 1915, filho de imigrantes italianos e faleceu em 1998. Foi casado quatro vezes, duas delas com actrizes de nomeada, Ava Gardner e Mia Farrow. Terminou os dias com a socialite Bárbara Marx. É considerado um dos maiores intérpretes da música do Séc. XX. Ele próprio desenvolveu o seu estilo, muito sofisticado, caracterizado pela sua capacidade de criar uma longa e fluente linha musical sem pausas para respiração. Treinava o fôlego na piscina com longos períodos sem respirar debaixo de água. Como actor entou em 50 filmes, dois dos quais vi na minha juventude e que ficaram registados "religiosamente" na minha memória: "Até à Eternidade" (1953), - (o seu inesquecível toque a silêncio) - com Burt Lencaster, Montegomer Clift e Frank Sinatra que ganhou o Prémio de Melhor Actor Secundário e "O Homem do Braço de Ouro" ( 1955) com Kim Novak.
"Só se vive uma vez e do jeito que eu vivi uma vez chega" (Frank Sinatra)
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DONA FLOR
E SEUS
DOIS MARIDOS
Episódio Nº 257


Enterrado na fazenda, entregara a venda da casa ao departamento de imóveis do banco do amigo Celestino. E candidatos não faltariam, com certeza, ante o preço convidativo.

Como sabia doutor Teodoro de tudo aquilo? Muito simples: Celestino lhe contara em seu despacho, na matriz do banco. Convocou o farmacêutico pelo telefone, “largue essas drogas e venha urgente” e lhe expusera a situação, terminando por lhe perguntar: por que Teodoro não fazia um esforço e comprava a casa? Um negócio da China, impossível transacção melhor, o maluco oferecia o imóvel praticamente por nada, o necessário para um lote de bezerros, naquele desatino do zebu.

- Quando o zebu parar de correr, mestre Teodoro, vai enterrar muita gente boa… Daqui do banco não sai um tostão para essa especulação… Compre a casa, meu caro, não discuta.

Tinha razão o português no que dizia sobre a casa e o zebu, também o doutor desconfiava daquela loucura dos bezerros, vacas e touros. Mas onde arranjar capital se ainda há pouco despendera todas as economias na aquisição da cota da farmácia e tomara dinheiro ao banco, emprestado pelo próprio Celestino, papagaios de prazo escrito?

O banqueiro considerou o boticário, tipo honesto, cheio de escrúpulos, incapaz de lesar quem quer que fosse. Não era homem para correr o risco de operação bancária sem a certeza de absoluta cobertura – doutor Teodoro não jogava nunca. Sorriu Celestino: como a vida era surpreendente! Aquela mansa dona Flor, de tímida presença e de tempero insuperável tomara em casamento os dois homens mais opostos, um o contrário do outro. Imaginou-se oferecendo dinheiro emprestado a Vadinho, como agora o fazia ao droguista. As mãos nervosas do rapaz tomariam da caneta e firmariam quanto papel pusessem em sua frente, desde que tais assinaturas lhe valessem uns quantos mil-réis para a roleta.

Arranje um pouco de dinheiro para completar o preço pedido e eu lhe consigo o resto sob uma hipoteca da própria casa. Veja…

Tomava o lápis, fazia contas. Obtivesse o doutor uns poucos de contos de réis, com o resto não se preocupasse: hipoteca de prazo longo, juros baixos, todas as facilidades. O que o português lhe propunha era negócio de pai para filho: Celestino conhecia dona Flor desde seu primeiro casamento, comera sua comida, tinha-lhe estima. Estimava igualmente ao doutor Teodoro, homem de bem, recto de carácter. Em sua alocução só não citou Vadinho, em deferência ao segundo esposo e por estar morto o capadócio. Mas naquele instante recordava seu perfil e sua picardia, e essa lembrança o fizera sorrir complacente e dilatar de mais seis meses o prazo da hipoteca.

- Agradeço sua oferta, não esquecerei sua generosidade, meu nobre amigo, mas não tenho neste momento nenhum dinheiro disponível para completar o capital necessário. Não tenho tão pouco onde buscá-lo. E é uma grande pena pois Florípedes muito deseja adquirir a casa. Mas, não há jeito…

- Florípedes… - murmurou Celestino, “nome absurdo”- Diga-me uma coisa, seu doutor Teodoro Madureira, você em casa trata sua mulher de Florípedes?

- Na intimidade, não. Chamo-lhe de Flor, como todos, aliás.

- Ainda bem… - impediu com um gesto a explicação do doutor, seu tempo era um tempo precioso de banqueiro
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sexta-feira, outubro 29, 2010

RAPIDINHAS

Por que é que os chapéus são tão grandes? - pergunta a cliente olhando-se ao espelho.

Responde o empregado:

- Porque a senhora está na secção dos aba-jours.

MARIA CLARA - MARIA SEVERA
A Severa, nasceu em Lisboa em 1820, na Mouraria, onde sua mãe, conhecida pela "Barbuda" era proprietária de uma "taberna" na Rua do Capelão onde a filha tocava e cantava o fado. Levava um vida dissoluta que juntamente com a tuberculose lhe provocou a morte apenas com 26 anos. Era alta e graciosa e teve muitos amantes conhecidos dos quais se destaca o Conde de Vimioso (Dom Francisco de Paula Portugal e Castro) que, diz a lenda, vivia enfeitiçado pela forma como ela tocava e cantava o fado. Faleceu em 1846, na Mouraria, na Rua do Capelão e foi enterrada numa vala comum no cemitério do Alto de São João aquela que foi considerada a mítica fundadora do fado. A sua fama ficou a dever-se, em grande parte,a Júlio Dantas com a sua peça levada à cena em 1901 e ao 1º filme sonoro português, realizado por Leitão de Barros em 1931 sobre a vida da Severa.

Maria Clara, com a sua voz cristalina, presta-lhe homenagem nesta linda e sentida canção.



INFORMAÇÕES ADICIONAIS À ENTREVISTA
Nº 68 SOB O TEMA:

- PAGAR O DÍZIMO? (1)


Um Imposto Obrigatório

O Dízimo é um imposto: a décima parte de uma colheita ou de um salário ou de qualquer riqueza que se paga como um tributo a uma autoridade que o exige. É um costume que vigorou em muitas culturas do mundo antigo.

O dízimo estabeleceu-se inicialmente para dar de comer aos sacerdotes do povo hebreu pertencentes à tribo de Levi, os quais, pela Lei de Moisés, não podiam ter terras nem propriedades para se poderem dedicar exclusivamente ao culto de Deus. O dízimo destinava-se também a socorrer os mais pobres identificados sempre na Bíblia como “os órfãos e as viúvas”pelo estado de desamparo a que estavam votados estes dois extractos da população.



Jesus Não Aconselhou a Pagar o Dízimo

Jesus não aconselhou a pagar o dízimo e foi acusado pelos sacerdotes de não o pagar. As suas críticas ao Templo de Jerusalém e à casta sacerdotal incluíam, implicitamente, a recusa da dura carga do dízimo.

Os “mercadores”, aos quais Jesus voltou as suas bancas quando irrompeu com um chicote pelo Templo de Jerusalém, dedicavam-se entre outras coisas, a cambiar para a moeda do próprio santuário as moedas gregas e romanas que os israelitas traziam ao Templo para pagar seus dízimos aos sacerdotes.

Todo o israelita varão, maior de 20 anos, estava obrigado a pagar anualmente ao Templo vários tributos: dois dracmas ou dois dinares – equivalente à jorna de dois dias - ; as primeiras novidades das suas colheitas ou dos frutos do seu trabalho, o chamado “segundo dízimo” que não se entregava ao Templo, mas que estava obrigado a gastar em Jerusalém em comida, objectos ou hospedagem.

Jesus questionou em muitas ocasiões e por muitos motivos os fariseus, que faziam do cumprimento das leis religiosas uma obsessão fanática. Também actuavam assim com o pagamento do dízimo. Numa ocasião, Jesus atirou-lhes à cara que até cobravam o dízimo pela hortelã e pelos cominhos mas, em contrapartida, descuravam a justiça e o amor aos seus semelhantes.

Seguindo Jesus, as primeiras comunidades cristãs eliminaram o pagamento dos dízimos e sustentavam a comunidade compartilhando os bens entre todos
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DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS
Episódio Nº 256




Durante a comida, dona Flor, notou nos modos e na voz do esposo uma gravidade maior atingindo as raias do solene. O boticário era de hábito um tanto quanto formal, como se sabe. Mas, naquela tarde, o rosto fechado, o silêncio, o comer desatento revelavam preocupação e desassossego. Dona Flor observou o marido enquanto lhe passou a travessa de arroz e lhe servia o lombo-cheio (cheio com farofa de ovos, linguiça e pimentão). O doutor tinha algum problema sério, sem dúvida, e dona Flor, boa esposa e solidária, logo se inquietou, ela também.

Quando chegaram ao café, doutor Teodoro finalmente disse, ainda assim a custo:

- Minha querida, desejo conversar com você assunto de muita relevância, de nosso mútuo interesse…

- Fale logo, querido…

Mas ele tardava, inibido, buscando as palavras. Que assunto tão difícil seria esse, interrogava-se dona Flor, a fazer o doutor tão inseguro? Voltada para o desassossego do marido, esquecera-se inteiramente de seus próprios problemas de duplo matrimónio.

- O que é, Teodoro?

Ele a fitou, tossiu:

- Quero que fiques inteiramente à vontade, que decidas como melhor te parecer e convier.

- Mas o quê, meu Deus? Fala de uma vez, Teodoro…

- Trata-se da casa… Está à venda…

- Que casa? Essa onde moramos?

- Sim. Você sabe que eu tinha juntado o dinheiro para comprarmos essa casa como era de seu desejo. Mas quando já íamos fechar o negócio, tudo pronto…

- Sei… A farmácia…

- … surgiu a oportunidade de adquirir mais uma cota da farmácia, exactamente a que me dava a maioria, garantindo-nos a propriedade da Científica… Eu não podia vacilar…

- Você fez bem, agiu com acerto, o que foi que eu te disse: “A casa fica para depois”, não foi isso?

- O que sucede agora, minha querida, é que a casa foi posta à venda e por uma ninharia…

- Posta à venda? Mas a preferência era nossa…

- Era, porém…

Detalhou o assunto: o proprietário metera-se com uma fazenda em Conquista e dera em criar gado, enterrando dinheiro grosso em bezerros e novilhas, entrara no negócio do zebu. Sabia dona Flor o que era a “corrida do Zebu”? Já tinha ouvido falar? Pois bem, nessa corrida lá se ia também a sonhada casa própria… O proprietário a pusera à venda e por quantia ínfima. Quanto à preferência, segundo ele, se bem inquilina antiga e excelente, perdera dona Flor qualquer direito a invocá-la após ter desistido da compra, com o negócio já fechado, em fase de cartório. Não podia ficar esperando que doutor Teodoro terminasse de abocanhar todas as quotas dos herdeiros da farmácia, para então pensar na casa. Tencionava vendê-la de imediato. De que lhe vendia o imóvel de aluguel ridículo, onde os Madureiras viviam quase de graça? Negócio bom era
criar zebu, boi resistente, o quilo de carne valendo um dinheirão.

quinta-feira, outubro 28, 2010


RAPIDINHAS


Pergunta o psiquiatra:

- Costuma ouvir vozes sem saber quem está falando ou de onde vêm?

- Sim... Costumo!

- E quando é que isso acontece?

- Quando atendo o telefone!

MARIAH CAREY -I WANT TO KNOW WHAT LOVE IS (Legendado)
Nasceu em 1970 em Long Island. Cantora, compositora, produtora musical e actriz norte-americana. Estreou-se no mundo da música em 1990 e é considerada a cantora de maior sucesso desta década com 5 Prémios Grémmy. Foi considerada a maior vocalista feminina contemporânea de todos os tempos com mais de 200 milhões de discos vendidos em todo o mundo.

OS "RAPAZES"
NÂO SE
ENTENDEM…





Ao longo dos últimos anos os vários governos permitiram que o Estado engordasse da mesma forma que aquelas pessoas que por razões de frustração pessoal, acredito que por doença, passam a noite de alevanto, a caminho da cozinha direitas ao frigorífico.

Deixaram, entretanto, de se verem ao espelho, a balança jaz, testemunha muda e impotente, no cantinho da casa de banho. É o caminho inexorável, inevitável para a degradação física e moral, um processo de suicídio como outro qualquer…

Antigamente, tínhamos um Estado com Ministérios, Secretarias de Estado, Direcções Gerais, Direcções de Serviço e por aí fora…

Hoje, temos o mesmo Estado e, ao lado dele, paredes meias, um outro constituído por Institutos Públicos, Empresas Públicas, Fundações e as Parecerias Público-Privadas. São assim, dois Estados, duas máquinas de triturar dinheiro para satisfação das quais só o recurso a empréstimos consecutivos no estrangeiro podem satisfazer.

Claro que, num país que não tem grande tradição na produção de riqueza e no qual as transferências de milhões de euros dos Apoios Comunitários fizeram de nós uma espécie de “novos ricos” da europa, com hábitos despesistas até então desconhecidos, o desfecho só podia ser este: iminência de banca-rota.

Diz o ministro das Finanças que não consegue fazer certos cortes na despesa corrente do Estado que teima em crescer como se fosse uma fatalidade…

Nós sabemos que os partidos, com as suas enormes clientelas, sentaram à mesa do orçamento milhares de pessoas com um “novo estilo” de funcionário público que se pode traduzir em “servir-se” em vez de “servir”.

Apoiados em padrinhos, entraram pela “porta grande”, sobranceiros, distantes, mandões e propotentes, muitos deles perfeitamente incompetentes, minando o ambiente de trabalho e fomentando o “amiguismo” e a intriga.

Como vamos agora emagrecer este Estado de pessoas instaladas com contratos feitos, vínculos estabelecidos, que fazem um trabalho quase todo improdutivo e desnecessário?

Alguém que já foi gordo, muito gordo, que diga agora, confrontado com o risco de uma morte “macaca”, o que lhe custou emagrecer na certeza, porém, de que continua a ter necessidade de se alimentar da mesma forma que o Estado tem que continuar a existir.

Os partidos que foram governo em Portugal no pós 25 de Abril e que deram a este país a cara nova que ele agora tem, a par das coisas boas, são também os responsáveis pelas loucuras. Não conseguirem agora entenderem-se para viabilizar um Orçamento que é vital para o país é, mesmo isso, próprio dos loucos.

Mas este Orçamento que, provavelmente, será aprovado pela abstenção do PSD e o voto contra dos restantes partidos da oposição, apenas servirá para que nos continuem a emprestar por mais uns tempos, mais dinheiro para pagarmos os juros da dívida e as incomensuráveis despesas do Estado.

Após a eleição do Presidente da República impõem-se novas eleições rapidamente para substituir este governo por outro que tenha as mãos mais livres para tomar as decisões que este já confessou não ser capaz.

Os nossos "trabalhos" ainda só agora estão a começar…

DONA FLOR
E SEUS DOIS

MARIDOS

Episódio Nº 255


Quando doutor Teodoro chegou para a janta, dona Flor se reintegrara por completo em sua inata decência e ainda mais fortalecera a decisão de manter-se digna do marido, preservando-lhe sem mácula o nome e o conceito, e límpida a fronte onde fulgiam ideias, fervilhavam conhecimentos. “Já mais mancharei o nome que ofereceste, nem plantarei cornos na tua testa, Teodoro: antes prefiro morrer”.

O importante era não facilitar, não dar chances, não permitir ao astuto comover seus sentidos, obtendo a cumplicidade da matéria vil e desprezível, matéria capaz – como lhe ensinara a propaganda ioga nos tempos famintos da viuvez – de atraiçoar seus impolutos sentimentos e de lhe vender a honra. Se Vadinho pretendesse continuar a vê-la, tinha de conter-se nos limites do decoro, das relações platónicas, pois outras não se podia permitir dona Flor e o marido antigo.

Não escondia dona Flor – nem tentava sequer fazê-lo – a ternura pelo ex-finado, seu primeiro e grande amor. Fora ele quem a despertara para vida, fazendo da mocinha tola da Ladeira do Alvo uma fogueira de altas labaredas, e ensinando-lhe alegria e sofrimento. Sentia por Vadinho uma ternura funda, comovida, um não-sei-quê, mistura do bom e do ruim, sentimento de análise difícil e de impossível explicação para ela própria.

Estava contente, feliz de vê-lo, ao maligno, de falar com ele e rir de seus achados, de suas maluquices; feliz até com os ais do coração novamente com ânsia, a esperá-lo na noite imensa, atenta a seus passos no silêncio da rua, insone; comendo da banda alegre e da banda podre, como antes. Mas agora não passava aquilo tudo de amorosa amizade, sem outras implicações, sem maiores compromissos, sem indecências de cama. A cama, ah!, eis o perigo! Chão de trampas, território de derrotas.

Hoje, novamente casada, feliz com o segundo esposo, só podia manter com o primeiro castas relações, como se aquela despudorada e desmedida paixão de sua mocidade se houvesse convertido, com a morte de Vadinho, em pudico embaraço de românticos namorados, despindo-se da violência da carne para ser puro espírito imaterial (o que aliás se impunha por essas e demais razões). Cama e gozo de corpo só com o segundo, com o doutor Teodoro, às quartas e aos sábados, com bis e doce afecto. Para Vadinho sobrava o tempo do sonho, tempo vazio em meio a tanta felicidade ou, quem sabe?, de tanta felicidade decorrendo.

Se Vadinho concordasse em encarar assim a situação, respeitando tal acordo, muito bem: esse platónico sentimento cheio de doçura e a presença discreta e alegre do rapaz seriam perfume e graça na vida de dona Flor, tão pautada em ordem, compensando certa monotonia sensaborona que parece fazer parte da felicidade. Mirandão, filósofo e moralista (como fartamente aqui se comprovou), proclamara certa vez em seu castiço dialecto baiano:

- A felicidade é bastante cacete, assaz maçante, em resumo: uma aporrinhação…

Não quisesse, porém, sujeitar-se Vadinho a tais limites e dona Flor não mais o veria, rompendo de vez relações e sentimentos – mesmo aquele afecto espiritual que, de tão inocente, não chegava a ser pecado ou desconsideração, ameaça à fúlgida testa de seu íntegro e respeitado esposo.

Assim, tranquila com estas reflexões, forte de ânimo e tendo chupado uma pastilha de hortelã para limpar a boca do gosto de pimenta e mel daquele beijo impúdico, dona Flor recebeu doutor Teodoro com a mesma afectuosa mansidão, o mesmo terno ósculo de todas as tardes, tomou-lhe o jaquetão e o colete e lhe trouxe a fresca veste do pijama. O doutor, para jantar, para o estudo na escrivaninha, para as notas do fagote, punha o paletó de pijama sobre a camisa e a gravata, era seu à-vontade.

ENTREVISTAS FICCIONADAS COM JESUS

CRISTO (Nº 68)

SOB O TEMA: “PAGAR DÍZIMOS?”




Pregador – Abre a tua mão, irmão!... Não roubes a Deus!... Cumpre o mandamento e paga o dízimo, aleluia!

Raquel – A nossa Unidade Móvel está instalada às portas de um Templo pentecostal no bairro cristão de Jerusalém. Escuta, Jesus Cristo?

Jesus – Sim, Raquel, mas… que está o pregador a pedir?

Raquel – Que os fiéis paguem o dízimo, tal como o senhor ensinou, ou não é assim?

Jesus – Não, Raquel. Eu nunca falei em dízimos.

Raquel – O senhor não ordenou aos seus seguidores que dessem a décima parte dos seus rendimentos para manter a Igreja?

Jesus – Pelo contrário, eu critiquei os fariseus que até pagavam o dízimo mas esqueciam o mandamento da justiça e do amor.

Raquel – O senhor mesmo, não pagava o dízimo?

Jesus – E como iria pagá-lo se não o tinha?

Raquel – Se o senhor não estabeleceu essa norma aonde foram buscá-la tantas Igrejas cristãs? A Bíblia não falava de dízimos?

Jesus – Sim, era uma lei para ajudar os levitas que não tinham terras próprias mas, sobretudo, para ajudar as viúvas e os viajantes. O dízimo não era para enriquecer o Templo mas para distribuir por entre os pobres.

Raquel – Pois creio que alguns entenderam isso ao contrário… temos uma chamada em linha…

Raquel – Sim, alô?

Gary – Fala Gary Amirault, do Missouri, Estados Unidos,

Raquel – Muito bem… Diga, senhor Amiroult…

Gary – Estou ouvindo o vosso programa e pergunto se querem saber de onde veio esse costume de pagar à Igreja a décima parte do que se ganha?

Raquel – É isso mesmo que estamos a tentar aclarar.

Gary – Na Igreja primitiva não se falava de dízimos. Nas primeiras comunidades punha-se tudo em comum de maneira a que ninguém passasse necessidades.

Jesus – Pergunta-lhe então quando começou esse mau costume de cobrar o dízimo…

Raquel – Então, senhor Gary, quando começaram algumas Igrejas evangélicas a cobrar o dízimo?

Gary – Na realidade, não foram os Mormons ou os Adventistas que começaram. Foi muito antes, no Séc. VI, quando as hierarquias da Igreja Católica necessitavam de dinheiro, muito dinheiro, para os seus luxos. Então, recuperaram essa antiga lei de Moisés e a colaram a Jesus.

Jesus – Assim?

Gary – No ano 567, no Concílio de Tours, declararam o dízimo obrigatório e a excomunhão para aqueles que não o pagassem. Nalguns países, como a França, a Igreja Católica cobrou esse “imposto religioso” até há muito pouco tempo, à Revolução Francesa. Ficou claro para Jesus Cristo?

Jesus – O que ficou claro para mim é que esses foram mais desavergonhados do que os sacerdotes do meu tempo que tosquiavam as ovelhas em vez de cuidar delas.

Pastor – A ver, a ver, irmãos… Não sei quem são os senhores mas convido-os a acompanharem-nos no culto.

Jesus – Não, obrigado, porque não tenho uns cobres para pagar o dízimo.

Pastor – Não tem nada, nada, para oferecer a Deus?

Jesus – Deixe ver… Ah! sim, aqui tenho um par de moeditas…

Pastor – Pois se quiser pode oferecer essas moedas a Deus.

Jesus – Não, prefiro comprar uns doces àquelas crianças que estão vendendo na esquina… Vamo-nos daqui, Raquel.

Raquel – Vamos, sim, antes que nos repreendam.

Para Emissoras Latinas, Raquel Perez, Jerusalém.

quarta-feira, outubro 27, 2010


RAPIDINHA



- Sabia que eram precisas três ovelhas para fazer uma camisola?

- Eu nem sabia que elas tricotavam!

VÍDEO

Uma partida muito bem congeminada...

AMÁLIA RODRIGUES - FADO DO CIÚME
Amália, se fosse viva teria feito, no passado dia 6, 90 anos de idade. Este Fado do Ciúme, de 1945, é para mim dos seus fados mais lindos... e não são poucos!
Simplesmente sublime, faz-nos plasmar a alma, tudo pára dentro de nós no
encantamento desta voz. Este fado representa o ciúme, o arrependimento, o amor e sobretudo o que Amália foi, é, e será sempre: uma das mais belas estrelas que nos visitou!

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DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


Episódio Nº 254



- Nunca vou enganar ele, Vadinho, ele não merece…

Vadinho respirava de leve, um sorriso inocente de criança. Dona Flor tomou-lhe o peito, mata de pêlos loiros, doce tepidez. Ele disse e era uma afirmação, não mais uma pergunta:

- Tu gosta mais de mim, meu bem. Tenho certeza.

- Ele só merece que eu lhe dê amor…

A mão de dona Flor na cicatriz da navalhada: gostava de sentir a lembrança da rixa anterior a seu conhecimento, o talho largo e fundo, briga da adolescência, logo após a fuga do colégio, Vadinho mais fanfarrão e capadócio. Tão bonito!

A doçura da tarde penetrava no quarto em sombra e luz numa sonolência de brisa.

- Meu bem - disse ele – eu tinha uma saudade tão danada de ti, tão grande, que pesava no peito como uma tonelada de terra. Faz tempo que eu queria vir, desde que tu me chamou pela primeira vez. Mas tu me tinhas prendido com o mokan que Didi te deu e só agora eu pude me livrar e vir… Porque só agora tu me chamou deveras, com vontade, precisou mesmo de mim…

- Também tive saudade o tempo todo… Não adiantou tu ser ruim, Vadinho, quase morri quando tu morreu…

Dona Flor sentia uma coisa dentro de si, vontade de rir ou de chorar indiferentemente, mas em surdina, bem baixinho. Tão suave a carícia da mão de Vadinho no seu braço, em seu cangote, em seu braço, em sua face, e a cabeça repousando em seu colo, buscando posição mais cómoda, pesada e quente em suas coxas, dando-lhe um calor e uma dormência. Cabeça linda de cabelos loiros. Dona Flor foi baixando o rosto pouco a pouco, Vadinho suspendera o seu, de súbito lhe tomou da boca e não a pulso.

Arrancou-se dona Flor do beijo e dos braços onde já se via desfalecente.

- Meu Deus! Ai Meu Deus…

Não era um desafio à toa. Não podia permitir-se um só minuto de abandono, um só descuido, se não quisesse que o tinhoso a engabelasse.

Assobiando, todo pachola, levantou-se Vadinho com um sorriso de debique e foi bulir nas gavetas do armário. De puro curioso ou, quem sabe, para deixar dona Flor recolher sem constrangimento, pelo quarto, os restos da sua força de vontade, de sua proclamada decisão.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 67 SOB O TEMA:

- LOCAIS SAGRADOS (3º e último)


Nem Templos Nem Altares

Segundo os ensinamentos de Jesus, os primeiros cristãos não tinham templos e muito menos altares. Esteban, um dos primeiros dirigentes das comunidades cristãs, afirmava que Deus não habita nos edifícios construídos pelas mãos dos homens. Reuniam-se nas casas das pessoas e Paulo insistiu que os templos de Deus eram os próprios cristãos. No século III, os cristãos sírios afirmavam que as viúvas, os órfãos, os pobres e os velhos são o único altar de Deus.


A Basílica do Vaticano


A Basílica de São Pedro em Roma é o centro do Estado do Vaticano e o templo mais grandioso e visitado de todo o mundo católico tendo sido construído ao longo de vários séculos.

Começou por ser um monumento comemorativo do local onde a tradição – hoje já está comprovado – afirmava que se encontrava o sepulcro de São Pedro.

Quando o Cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano (Séc. IV), o Imperador Constantino fez construir nesse local uma basílica ao estilo dos edifícios onde eram adorados os deuses romanos.

No Séc. XV, os Papas decidiram demolir aquele primeiro templo e dar início à construção de um outro muito maior e de acordo com o poder eclesiástico romano e hegemónico em toda a Europa.

As indulgências que eram vendidas pelos Papas por toda a Europa para os crentes católicos escaparem ao Purgatório, serviram para levantar a enorme Basílica que hoje conhecemos.

Oficialmente, foi dada como concluída no Pontificado do Papa Pio VI (1775-1799) tendo participado na sua construção destacados arquitectos e artistas tais como: Bramante, Rafael, Sangallo, Miguel Ângelo...
Lourenço Bernini desenhou a gigantesca Praça e a sua colunata.

terça-feira, outubro 26, 2010


O Amor Conjugal é Muito Lindo!!!



Júlio está no motel com a amante, curtindo o pós-coito, quando ela resolve interromper o silêncio:
- Júlio, por que você não corta essa barba?

- Ah... se dependesse só de mim... Você sabe que minha mulher seria capaz de me matar se eu aparecesse sem barba... ela me ama assim !
- Ora, querido - insiste a amante - Faça isso por mim, por favor...

- Não sei não, querida.... sabe, minha mulher me ama muito, não tenho coragem de decepcioná-la...
- Mas você sabe que eu também te amo muito... pense no caso, por favor...
O sujeito continua dizendo que não dá, até que não resiste às súplicas da amante e resolve atender ao pedido.
Depois do trabalho ele passa no barbeiro, em seguida vai a um jantar de negócios e quando chega em casa a esposa já está dormindo.
Assim que ele se deita, sente a mão da esposa afagando o seu rosto lisinho e com a sua voz sonolenta diz:

- Ricardo!!! Seu merda, f.. da p..., você ainda está aqui? Vai embora... O barbudinho já está pra chegar !!!


RAPIDINHA



- Nossa, você está óptima!

- Tão magra!! E adoro esse seu corte de cabelo, tão curto, muito fashion!

- O que você tem feito?

- Quimioterapia...!!!

- Que bom! Em que universidade?

VÍDEO

E eu a pensar que sabia assobiar... maravilha!

WHITNEY HOUSTON - I HAVE NOTHING (Legendada)
É reconhecida em todo o mundo por ter uma das vozes mais lindas de todos os tempos, "além de uma grande habilidade vocálica que inclui uma imensa potência, melismas e vibratos sendo considerada um voz única". Em toda a sua carreira já recebeu mais de 400 Prémios sendo a cantora mais premiada da história não igualada até aos dias de hoje, certificado pelo Livro Guinnness dos Recordes. Em 24 anos de carreira vendeu 190 milhões de discos em todo o mundo.

DONA FLOR
E SEUS DOIS

MARIDOS
Episódio Nº 253




- Eu? Quando fiz mau juízo de você?

- Fui tua mulher sete anos, você andava solto pela rua e não era só no jogo, vivia na cama de tudo quanto era mulher perdida da Bahia, e, não se contentando, se meteu com moça e mulher casada, uma sujeitas ainda piores do que as raparigas… E, por falar nessas sonsas só agora descobri que você andou de rabicho com uma tal de Inês, uma tísica que foi da escola há muito tempo…

- Inês? Magricela? – buscou nome e figura na memória óptima, de facadista e lá encontrou a esbelta Inês Vasques dos Santos com seu voraz focinho e apetite – aquilo? Puro osso e pele… Nenhuma importância, não liga para isso, meu bem. Xixica somente e das piores. Ademais, faz tanto tempo que se deu, por que tu puxa logo isso, tropeço tão antigo, coisa passada?

- Tropeço antigo, coisa passada mas eu só soube outro dia… Tu imaginas a vergonha, Vadinho? Tu morto e enterrado, eu casada de novo e tuas sem vergonhices ainda me perseguindo… Por essas e outras é que eu te chamei, porque ainda tinha contas a ajustar. Não foi para isso que tu pensa…

Mas, meu bem, fosse para o que fosse, já que estou aqui, que mal faz a gente vadiar um minutinho? Vamos aproveitar e tirar barriga da miséria. Tu anda um pouco precisada, eu, nem se fala…

- Tu devia me conhecer, saber que eu não sou mulher de enganar marido. Sete anos tu pintou o diabo comigo, me judiou de todo o jeito. Todo mundo sabe e fala pela rua…

- E tu ligas para essa cambada de bruacas?

- Tu judiou de mim e não foi pouco, foi de verdade. Se fosse outra tinha te largado ou enchido de chifres e de vergonha. Fiz eu isso? Não, eu aguentei firme porque sou mulher direita, Vadinho, graças a Deus. Nunca olhei para nenhum homem enquanto tu foi vivo…

- Sei disso, meu bem…

- Sabendo isso, como quer que eu engane Teodoro, meu marido tanto quanto tu e homem direito e bom. Me trata na palma das mãos, é homem sério, nunca me traiu com outra. Nunca, Vadinho, nunca. Uma vez, até… - suspendeu a frase pelo meio.

- Até o quê, meu bem – pediu ele com voz muito macia – Conte o resto…

- Pois houve muita mulher atrás dele e ele, nem te ligo…

- Mulher tanta assim? Não exagere, meu bem, foi uma só e era Magnólia, a maior vaca da Bahia, e ele fez um papelão. Onde já se viu um homem de maior, doutor e tudo, ficar que nem donzelo, com medo de mulher, só faltou pedir socorro. Uma vergonha… Você sabe o nome que puseram nele depois desse fiasco? Doutor Cristel, meu bem…

- Vadinho, pára com isso. Se quiser conversar direito, muito bem, mas vir para aqui mangar de meu marido, isso não… Fique sabendo que eu gosto muito dele, aprecio demais a maneira como ele me trata, e nunca irei desonrar seu nome…

Quem puxou a conversa foi você, meu passarinho. Mas, fala verdade de quem é que você gosta mais? Não minta… é de mim ou dele?...

Deitara a cabeça no colo de dona Flor e ela mexia em seus cabelos. Cismarenta, não respondeu à pergunta comprometedora.



INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 67 SOB O TEMA:

- LOCAIS SAGRADOS (2)


O Templo de Jerusalém

O Templo de Jerusalém que Jesus conheceu foi uma construção grandiosa do rei Herodes levantado sobre as ruínas do primeiro templo do rei Salomão. A sua superfície correspondia a 1/5 de toda a área amuralhada da cidade. Era o centro religioso e financeiro do país, já que era ali que estava o chamado Tesouro do Templo, onde os israelitas entregavam oferendas para o culto. Os poderosos entregavam riquezas de valor incalculável em objectos preciosos e em dinheiro. O Tesouro fazia também as funções de um Banco e muitas famílias depositavam ali os seus bens para que lhos guardassem, especialmente famílias da aristocracia e da casta sacerdotal o que fazia do Templo a instituição mais importante do país.

Em todos os relatos evangélicos em que Jesus aparece no Templo, vemo-lo sempre numa atitude crítica a tudo quanto ali acontecia.
No final da sua vida, com seu gesto audaz de chicotear os cambistas que operavam no átrio do Templo fazendo operações financeiras que enriqueciam a casta sacerdotal, Jesus assinou a sua sentença de morte.


Não Ficou Pedra Sobre Pedra



Uns quatro séculos antes de Jesus a comunidade samaritana separou-se definitivamente da judia e construiu o seu próprio templo em Garizim, concluindo, assim, um cisma religioso entre as duas comunidades. A partir daí as tensões foram sempre aumentando e nos tempos de Jesus a inimizade era muito profunda. Estava expressamente proibido que judeus e samaritanos se casassem porque os judeus consideravam os samaritanos impuros, pagãos e até estrangeiros apesar de ambos serem do mesmo sangue.

O templo de Garizim foi rival do de Jerusalém e em 129 AC foi destruído pelo rei judeu Juan Hircano. Em represália, quando Jesus ainda era criança, os samaritanos regaram com sangue os ossos dos mortos do templo de Jerusalém profanando-o.

É neste contexto de tensões religiosas que Jesus falou, livre e amistosamente (João 4,1 – 30), o que causou escândalo entre os do seu próprio Movimento.

Nessa ocasião, Jesus disse à mulher samaritana que a Deus não se adora em nenhum Templo mas sim nas relações humanas de justiça e de equidade o que até ao dia de hoje é recusado pelas hierarquias das igrejas cristãs que continuam construindo templos dispendiosos e ensinando que é aí nesses espaços “sagrados” que as pessoas encontram Deus. Naturalmente, porque é nos templos que se recolhem as esmolas, os dízimos, se recebem os donativos e se controlam as
consciências.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Em 1912, o famoso ginecologista austríaco Dr. Hermann Otto Kloepneckler, publicou o seguinte artigo:

- O melhor motor que existe no mundo é a vagina: começa a trabalhar movido com apenas um dedo, é auto-lubrificante, admite um piston de qualquer tamanho e faz mudança automática de óleo a cada quatro semanas. É pena que o seu sistema de ignição seja tão temperamental.

VÍDEO

Politicamente já está ultrapassada mas o humor continua lá todo...

RAPIDINHA


- Alô, eu poderia falar com dona Marta?

- É a própria.

- Oi própria, eu poderia falar com dona Marta?

DOLORES DURAN - A NOITE DE MEU BEM

Nasceu no Rio em 1930 e faleceu em 1959 com problemas cardíacos que já trazia da infância mas que 3 maços de tabaco por dia, alcool em excesso e stress, conduziram a uma morte precoce. Fitzgerald afirmou que a sua interpretação do clássico norte - americano "My Funny Valentine" era a melhor que já tinha ouvido. O seu pai, sargento da marinha, faleceu quando ela tinha 12 anos tendo, então, passado a sustentar a família cantando em programas de caloiros e como actriz.

DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 252



- E por quê, então?

- Alguma vez eu te peguei a pulso? Uma só, me diga…

- Nunca…

- E então? Eu mesmo me proibi nunca precisei pegar mulher a pulso, e uma vez que Mirandão quis agarrar uma negrinha à bruta, no areal do Unhão, eu não deixei… O degas, aqui, meu bem só quer aquilo que lhe dão e quando é dado de boa vontade, de coração. A pulso, que gosto pode ter senão ruim?

Fitou-a longamente, voltando a sorrir:

- Tu vai-me dar, Florzinha linda, e eu estou doido que chegue a hora de comer a peladinha… Mas é tu quem vai me dar, quem vai abrir as pernas, pois eu só te quero quando tu também quiser. Não te quero com gosto de ódio, meu bem.

Ela sabia que era a pura verdade: o orgulho se elevava no peito do (primeiro) marido como uma auréola, um resplendor. Não de santo, propriamente, mas de homem, de homem macho e retado.

Então dona Flor acomodou-se na borda do leito, com Vadinho estendido junto a si, a espiá-la. Com os nervos relaxados, a la vonté, desarmada contra ele. Mal sentara, no entanto, e já o trapaceiro lhe descia a mão pela cintura até à ânfora do ventre. Levantou-se indignada:

- Tu não presta mesmo… Cheguei a pensar que tu falava de coração, que tu era homem de palavra… E logo tu desmente, tu vai metendo a mão…

- E por acaso estou te pegando a muque, te tomando à força? Só porque pousei a mão em teu umbigo? Senta aqui e ouve, meu bem: não vou te comer a pulso, mas isso não quer dizer que não faça tudo, tudo, que não use todos os recursos para que você me dê de sua própria vontade. Toda a vez que puder te tocar, vou te tocar, quando puder te dar um beijo, vou dar. Não te engano, minha Flor, vou fazer tudo, tudo, e depressa, pois estou doido por te comer todinha, cheguei morto de fome.

Era um desafio: sua honra de mulher honesta contra o fascínio de Vadinho e sua lábia, sua pabulagem, sua picardia.

- Não te engano, Flor, vou te passar o conto e quando esse teu doutor menos pensar está com sua coroa de chifres na cabeça. Aliás, meu bem, com aquela cabeçorra e alto como é, ele vai ficar um bocado bonito, vai ser um pé de corno da melhor espécie.

Um desafio? Pois muito bem, senhor meu primeiro marido e garanhão de fama, don-juan dos castelos e da zona, finório sedutor de moças e casadas, o degas, o porreta: por mais astuto não me vais comer outra vez a peladinha. Com toda a tua astúcia, com toda tua lábia, com toda tua prosápia inteira, meu porreta, não me deixarei vencer nem iludir: sou mulher honesta, não vou sujar meu nome nem o de meu marido. Aceito o desafio. E assim tendo pensado e decidido, voltou a sentar-se no colchão:

- Não fale isso, Vadinho, é feio… Respeite meu marido… deixe essas conversas, vamos falar de coisas sérias. Se eu te chamei, como tu dizes, foi para conversar contigo, às vezes me apertava uma saudade, o desejo de te ver, de falar com você. Não foi com ideia de descaração. Por que
você
faz um juízo tão ruim a meu respeito?


Informações Adicionais à Entrevista Nº 67 sob o Tema:
Locais Sagrados (1)


Espaços Sagrados

Existem duas espécies de locais sagrados: os que nos são oferecidos pela natureza: uma montanha, um rio, uma gruta e os que são construídos pelas comunidades humanas.

Um templo é um edifício considerado “sagrado” por uma religião. Sagrado porque é especial, “separado”, “consagrado”. Sagrado porque lá está Deus, porque aí as pessoas se podem vincular a Deus formulando promessas, fazendo sacrifícios ou praticando outros ritos. Sagrado porque é aí que os sacerdotes (pessoas “sagradas”) actuam.

As religiões do mundo antigo tiveram templos: Egipto, Grécia, Roma… Na Galileia, onde Jesus viveu toda a sua vida, o que ele conheceu foram sinagogas, espaços que também se consideravam “sagrados” ainda que não tanto como o grande templo do judaísmo, o Templo de Jerusalém.


As Sinagogas

Uns 500 anos antes de Jesus Cristo, quando foi destruído o Templo de Jerusalém – a sua construção atribui-se ao rei Salomão – o povo de Israel foi deportado para a Babilónia, os judeus começaram a construir nos povoados e aldeias as sinagogas, casas de oração onde se reuniam para rezar e ler as Escrituras. Nas sinagogas não se ofereciam sacrifícios.

Nos tempos de Jesus, ainda que já houvesse o novo Templo em Jerusalém, existiam muitas sinagogas por todo o país. Na sinagoga, reuniam-se aos sábados todo o povo para assistir à oração e escutar o rabino ou qualquer outro cidadão (varão) que quisesse fazer comentários ao texto das Escrituras que tinha sido lido. Jesus aparece muitas vezes como interveniente nestes comentários quer na sinagoga de Nazaret ou de Cafarnaum.

A sinagoga não é precisamente o correspondente no judaísmo às igrejas no cristianismo. Era um lugar mais familiar, mais popular e mais laico, em que se podia falar livremente sem que fosse necessário a presença de um ministro “sagrado”.

A sinagoga era presidida por um rabino que era um mestre catequista e
não um sacerdote.

domingo, outubro 24, 2010

HOJE É DOMINGO,

BOM DIA, GOOD MORNING

NINA & CELENTANO - PAROLES,PAROLES
Uma velha e conhecida canção de 1972... para dispor bem.


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