sábado, fevereiro 27, 2016

O cartaz da discórdia

Jesus 

também

tinha 2 pais.










Enormes cartazes com o símbolo do Bloco de Esquerda mostram a imagem do Sagrado Coração de Jesus com a frase: “Jesus também tinha 2 pais”. A finalidade era celebrar a mudança da lei da adopção que permite a um casal de homossexuais perfilharem uma criança.

Católicos, políticos e a comunidade gay reagiram mal e a Igreja considerou-a ofensiva.

Os políticos do Bloco são assim: gostam de chocar, surpreender, provocar...

Depois de terem, finalmente, assumido responsabilidades na condução política do país, suportando, juntamente com os deputados do PCP, o governo do PS, situação inédita em todo o seu percurso, resta-lhes, agora, “alegrar a vida” com estes cartazes nas chamadas "questões fracturantes"

As sensibilidades religiosas que, para mim, têm o seu quê de doentio, especialmente numa sociedade como a nossa, em que os católicos são pessoas tolerantes e compreensivas, como lhes ensina a moral da sua própria religião, deveriam apenas ter chamado a atenção para a redundância da afirmação.

É óbvio que todos os crentes, nomeadamente os católicos e não só Jesus, têm 2 pais, o biológico e o que está no céu... presente, de resto, na sua principal oração: “Pai nosso que estais no céu...”

Portanto, a alusão a Jesus, “de que também teve 2 pais”, não passa de uma brincadeira de palavras, uma provocação de mau gosto, descabida, “inoportuna”, como afirmou Louça, ou “um erro”, na opinião de Marisa Matias, deputada europeia, candidata vencida na eleição à Presidência da República,.

Para mim, que não sou crente, mas convivi em jovem com os jesuítas, que aprendi a respeitar pela vida fora,como de resto, a todas as pessoas religiosas, este cartaz é não é “uma afronta” como disse um católico fervoroso, Negrão de Lima, apenas um disparate com pouco sentido, em que a “bota não bate com a perdigota” ou, se quisermos, dizer apenas como a letra de Sérgio Godinho:

 -“ ... há dias de manhã em que um homem à tarde não pode sair à noite nem voltar de madrugada...”

Velório


Os Azeitonas - Anda comigo ver os aviões

A beleza de uma canção simples transformada em declaração de amor...


Dona Antonieta Esteves Cantarelli....
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)


Apoiava-se nas escrituras, no Velho Testamento.


Eis que de repente, conforme constataram os habituês no Areópago, começavam a suceder coisas em Agreste, arrancando o burgo da pasmaceira habitual, provocando agitados comentários, suscitando discussões.

Os fios eléctricos, suspensos sobre postos colossais, caminhavam pelo sertão no rumo do município e, em obediência às ordens superiores, o faziam com rapidez anormal em obras públicas.

De quando em quando, um jip com engenheiros e técnicos desembocava nas ruas tranquilas, o bar de seu Manuel ganhava animação.

O engenheiro-chefe garantia que dentro de mês e meio, dois meses no máximo, os fios chegariam à cidade, trabalho concluído, podendo-se marcar a data para a festa da inauguração.

Em se tratando de município de tanto prestígio federal, talvez comparecessem figuras da alta direcção da Companhia do Vale de São Francisco, quem sabe até o director-presidente vindo especialmente de Brasília.

Já não duvidava de nada o engenheiro-chefe depois que o informaram ter sido uma viúva em férias na terra natal que obtivera, por intermédio de amigos do finado, em vida milionário e influente, as ordens preferenciais mandando reformar o projecto para que nele coubesse, com prioridade absoluta, o município de Sant’Ana do Agreste.

Difícil de acreditar mas sendo a afirmação unânime, o engenheiro terminara demonstrando interesse em conhecer e saudar a ilustre dama capaz de modificar projectos aprovados, removendo postes, determinando rotas para luz e força.

Pessoas dada e simples, conforme lhe informou Aminthas. Nem por ser riquíssima viúva de comendador do Papa e frequentar a alta sociedade do sul, possuindo as melhores relações – das quais a prova mais concreta era o falado engenheiro estar ali no bar do lusitano, bebericando cerveja – nem por tudo isso carrega o rei na barriga.

Com dois telegramas resolvera o assunto, dera uma bofetada no director cheio de si que tratara o representante da cidade, Ascânio Trindade, secretário da prefeitura, como se ele fosse um joão-ninguém e Agreste não passasse de terra esquecida por Deus.

Sem levar em consideração as credenciais de Ascânio, o facto do moço encontrar-se em Paulo Afonso em defesa de interesses legítimos de sua terra, o director-presidente deixara-o mofar à espera antes de despachá-lo com redonda negativa, recusando-se a ouvir os seus argumentos.

Agreste, para ele, não passava de árido pasto de cabras e assim o disse. Indignou-se dona Antonieta ao saber do acontecido, telegrafou. Foi tiro e queda.

Aminthas enfeitara a história ao contá-la ao engenheiro-chefe, rindo-lhe nas fuças:

- Dona Antonieta Esteves Cantarelli é o nome dela. Naturalmente o amigo já ouviu falar no Comendador Cantarelli, grande industrial paulista. Empacotou recentemente.

O engenheiro, vencido, escondeu o desconhecimento: o nome lhe soava, disse, com o mesmo acento dos Mattarazzo, dos Crespi, dos Filizzola.

Ergueu o copo da cerveja, em respeitoso brinde à senhora Cantarelli. Não só Aminthas o acompanhou, todos os presentes associaram-se à homenagem.

O povo, agradecido, ainda no espanto da dádiva inesperada, ao referir-se à nova iluminação não a designava Luz de Paulo Afonso, Luz da Hidrelétrica ou Luz da Companhia Vale São Francisco, como seria justo e correcto e em toda a parte se dizia.

Para a gente de Agreste era a Luz de Tieta.

Quando, na quarta-feira seguinte aos festivos acontecimentos de domingo, Tieta viera a Mangue Seco para assinar no cartório a escritura dos terrenos, fora surpreendida com uma faixa colocada na praça da Matriz, entre dois carunchosos postes de iluminação antiga, nas proximidades da casa de Perpétua.

O povo de Agreste saúda agradecido dona Antonieta Esteves Cantarelli. Apenas um senão: a palavra Esteves havia sido acrescentada, por exigência de Perpétua e Zé Esteves, depois da faixa concluída.

Colocaram-na entre os outros nomes mas acima deles, defeito pequeno, não empanava o efeito impressionante das letras vermelhas sobre o fundo branco do madrasto.

Admissão à PJ 
















Um polícia interrogava 3 loiras que treinavam num curso para a PJ. 

Para testar se elas reconheciam um suspeito, mostrou à primeira loira uma foto por 5 segundos. 

- Este é o seu suspeito, como é que o reconheceria? 

A primeira loira responde: 

- Fácil, eu o reconhecia porque ele só tem um olho! 

O polícia diz: 

- Bem, ... é que... a foto mostra - o de perfil. 

Atrapalhado pela resposta ridícula que recebeu, mostra a foto à segunda loira por 5 segundos e pergunta: 

- Este é o seu suspeito, como é que o reconheceria? 

A segunda loira dá um sorrizinho maroto, sacode os cabelos pró lado e diz: 

-Ah! Isso é fácil!!! Ele só tem uma orelha!!! 

O polícia furioso responde: 

- O que se passa com vocês duas? Claro que a foto só mostra um olho e uma orelha porque ele está de perfil! 

Essa é a melhor resposta que vocês me podem dar? 

Já sem paciência, ele mostra a foto à terceira loira e pergunta grosseiramente: 

- Este é o seu suspeito, como é que você o reconheceria 
rapidamente acrescentando: 

- Pense bem antes de me dar uma resposta imbecil. 

A loira olha atentamente a foto por um momento e diz: 

- Hummmmm... o suspeito usa lentes de contacto. 

O policia fica surpreendido e sem fala, porque nem mesmo ele sabia se o suspeito usava lentes de contacto ou não. 

- Bem, é uma resposta no mínimo interessante... aguardem um momento que eu vou verificar o perfil do suspeito e já volto. 

Deixa a sala e vai ao escritório verificar a ficha do suspeito no computador e volta com um sorriso satisfeito no rosto. 

- Fantástico, não dá para acreditar! É VERDADE! 

O suspeito usa de facto lentes de contacto. Belo trabalho! 

Como conseguiu chegar a essa conclusão? 

- Fácil! - Responde a loira. Ele não pode usar óculos porque só tem um olho e uma orelha!

Assim Nasceu Portugal
(Domingos do Amaral)

Episódio Nº 201






















Com o alfange na mão o fedayn murmurou:

 - Ouvi falar de vós. Mas já não sirvo Ibn Sabbath, sirvo o califa Ali Yusuf, e por isso vou matar-vos.

Dando um salto, levantou a arma e caiu sobre Gondomar. O velho cavaleiro ainda tentou suster o primeiro golpe com a sua espada, mas a força do outro desequilibrou-o, e o joelho esquerdo falhou-lhe.

Mais rápido, o fedayn voltou a erguer o alfange e golpeou Gondomar num braço e depois nas costelas e na barriga.

O velho cavaleiro caiu, em grande sofrimento. Então, o fedayn preparava-se para o degolar, mas nesse instante ouviu-se um silvo e ele dobrou-se, enquanto uma flecha lhe raspava as costas.

Atirou-se ao chão, rebolou, e quando se escondeu atrás de uma pedras viu Ramiro e Mem à saída de um dos túneis, do outro lado da gruta.

Os dois tinham seguido Gondomar por um túnel diferente e ambos estavam com arcos, Ramiro recarregava uma nova flecha e Mem apontou a sua.

O fedayn levou a mão ao bolso e atirou as duas últimas bolas de fogo na direcção deles. Quando rebentaram as labaredas, deu um salto e correu para um túnel, enquanto a flecha disparada por Mem lhe rasava o braço direito.

Mal o assassin desapareceu, Ramiro dirigiu-se a Gondomar e Mem desatou a correr para a fogueira, para tentar ajudar a mulher de negro.

As suas vestes e as suas carnes já ardiam e ao ver Mem ela ordenou-lhe que procurasse uns pós que estavam dentro de uma caçarola de barro, o que o almocreve fez.

Ansioso regressou a correr para junto das chamas, começou a atirar-lhes o pó e conseguiu sustê-las.

Então saltou para o meio da fogueira e retirou a mulher. De seguida pousou-a no canto mais próximo da caverna e atirou ainda mais pó apagando as chamas que a torturavam.

Tremendo de dores, a mulher meteu a mão dentro da caçarola e desatou a esfregar-se com pó, ordenando a Mem:

 - Ide ajudar o mestre, não pode morrer, é o único que viu a relíquia!

Mem hesitou, mas ela insistiu e ele correu para junto de Ramiro. Percebeu logo que Gondomar estava condenado. O fedayn tinha-lhe rebentado o ombro, mas também as costelas e parte da barriga e o sangue escorria desgovernado.

O manto do velho cavaleiro estava tingido de vermelho e Ramiro, debruçado sobre ele, procurava entender as suas últimas palavras:

 - Vosso pai... a relíquia... ele sabe quem é o terceiro...

As forças abandonaram-no e o mestre da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo morreu nos braços de Ramiro. Desgostoso, este pousou-o na chão, fechou-lhe os olhos e disse a Mem:

 . A bruxa tem de nos contar o que sabe.

O almocreve virou-se para trás, mas, para sua surpresa, não viu a mulher. Levantou-se e praguejou:

 - Fugiu!

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Irmã Guadalupe missionária em Alepo, na Síria


Um testemunho, ao vivo, da vergonha do que se passou e passa na Síria, e em Alepo, concretamente, que não despertou a intervenção dos exércitos, nem dos Americanos nem dos europeus, que estiveram prontos para marchar sobre o Iraque para matar um ditador que escondia armas perigosas, que nunca existiram.

Uma vergonha para o mundo ocidental e para a defesa dos seus valores... As minhas homenagens a esta mulher. Que tenha feito o que fez por amor a Deus não tira nem acrescenta nenhum mérito. Estar presente naquele palco, voluntariamente, significa desprendimento de si própria. Se é por amor a Deus ou aos homens é-me indiferente...




IMAGEM


Casa portuguesa... Esta era a casa que Salazar almejava para todos os portugueses...




Gato Fedorento - O Inventor...



Miguel Araújo - Os Maridos Das Outras

Atentem nesta letra: ... "A sardinha da vizinha é melhor do que a minha..."


Tiraram as roupas e tomaram banho nus... Nus?
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)

EPISÓDIO Nº 89
















- Vamos lá… - Concorda o Comandante.

Mas quando chegam à praça, já o casal de super heróis, cercado de curiosos está de partida, na máquina refulgente. 

Ascânio ainda tenta dialogar mas eles levam pressa, vão chegar a Salvador tarde da noite.

- Em breve voltarei e então aí conversaremos. Quero tomar nota do seu nome – extrai uma caderneta de misterioso bolso na perna da calça, a caneta pendurada no pescoço parece um microfone de romance de espionagem.

A máquina de retrato, pequeníssima e potentíssima, funciona nas mãos finas, de dedos longos, libertas de luvas, de Miss Vénus.

- Meu nome? Ascânio Trindade. Este aqui é o comandante Dário de Queluz.

- Comandante?

- Sim, da Marinha de Guerra.

- Reformado – esclarece o Comandante.

- Ah! – depois de uma pausa, credencia-se: - doutor Mirko Stefano. A bientôt. So long.

- Adeus paixão! – chora Miss Vénus, os olhos em orgasmo.

Parte a máquina, levantando poeira, o ruído estourando os ouvidos mais sensíveis. 

Doutor? Parece um astronauta, um capitão de nave espacial. 

Um moderno empresário desses que transformam a terra e a vida. Sobre o veículo a informação exacta foi dada por Peto – ainda não conseguiu terminar o primário, não tem pressa, já sabe tudo sobre carros e pistas.

Trata-se de um Bug com rodas de magnésio, tala larga, dupla carburação, Kits 1600, a buzina incrementada. Tudo incrementado, aliás, motor envenenado, o entusiasmo de Peto não tem limites. Corre para casa, vai contar as novidades à tia Antonieta e a Leonora.

Sobre os seres superiores souberam pela boca de Elieser, de mau humor.

- O tipo estava interessado era nas áreas da beira do rio, no coqueiral, nas terras devolutas. Me perguntou de quem eram, eu disse que ninguém nunca soube que tivessem dono. 

Fizeram fotografias às pampas. Em Mangue Seco, tiraram as roupas e tomaram banho nus…

- Nus?

- Os dois… Como se eu não estivesse ali. A tipa é ousada, enfrentou a rebentação. – Vê você, Ascânio? Nudismo para começo de conversa. Graças a Deus eu não estava lá, não iria permitir – Igual a Edmundo Ribeiro, o comandante Dário também não é puritano mas nudismo em Mangue Seco, ah!, isso jamais! Não enquanto ele viver!

Ascânio vai responder mas Elieser não lhe dá tempo:

- O tipo perguntou quanto me devia, eu disse-lhe que não era nada, como você mandou. Quem vai pagar meu trabalho e a gasolina, Ascânio? Tu ou a prefeitura?

Osnar, a ouvir em silêncio, comenta escandalizado:

- Tu vê um mulherão daquele nua em pelo e ainda quer dinheiro, Elieser? Pois eu pagava para espiar… Tu é um degenerado!



Um Cão inteligente...













Um indivíduo vai com o seu cão ao cinema. O sujeito da cadeira ao lado, começa a ficar espantado ao ver que o cão ria e batia palmas, como se estivesse realmente a compreender o filme.

Diz o sujeito para o dono do cão:

- Estou admirado, o seu cão percebe o filme todo.

- Ai está admirado?! Mais admirado estou eu!

- Então... mas porquê?

- É que ele... leu o livro e não gostou!...

Assim Nasceu Portugal
(Domingos do Amaral)


Episódio Nº 200
















De súbito, teve uma tontura, tombou para o lado esquerdo e logo Ramiro o amparou para que não caísse. Era evidente o seu estado de sofrimento, e o Velho disse que Gondomar precisava de ser sangrado senão corria o risco de morrer.

Deitaram-no em cima de uma mesa e o Velho foi buscar uma faca. Disse que o tinha de sangrar na veia do braço direito, pois estava-se em Abril, embora tenha adiantado que aquele era um dia contrário, propício a acidentes maus, e que talvez devessem esperar por um momento melhor.

No entanto, Gondomar exigiu rapidez, pois podia não poder cumprir a sua urgente missão. Colocou a mão no ombro do Velho e disse-lhe:

 - Mais uma vez, tendes de me salvar.

O Velho mandou-o sentar –se direito e depois abriu um golpe no braço dele, e obrigou o sangue a escorrer para dentro de uma bacia.

Algumas horas mais tarde, o mestre sentia-se melhor e juntaram-se de novo todos.

Ficou ali decidido que um grupo formado por Gondomar, Jean, Martinho, Ramiro, o Rato, o Peida Gorda e o Velho iriam partir para as cavernas.

Apesar dos protestos de Ramiro, que continuava desconfiado do almocreve, Gondomar exigiu que Mem também os acompanhasse, pois conhecia a bruxa.

Por fim, pediu que todos saíssem, exceptuando Martinho, pois queria confessar-se ao pároco.

Era já noite cerrada quando o grupo se aproximou da entrada da caverna. Tinham deixado os cavalos e a carroça de Mem junto à estrada, e Gondomar andava com muitas dificuldades, amparado por Ramiro e pelo Rato, mas quando viu o túnel declarou com coragem:

 - A partir daqui tenho de ir sozinho.

Ramiro protestou mas o mestre impôs a sua vontade. Avançou vagarosamente pelo túnel, a partir de certa altura viu dois grandes clarões e tentou andar mais depressa, até que chegou a uma gruta.

À sua frente, um homem alto, vestido de branco e com um cinto vermelho assistia à emulação de uma mulher que esperneava no centro de uma fogueira.

Apesar de enfraquecido pela doença, o velho mestre desembainhou a sua espada, mas teve dificuldades em levantá-la e caiu para o lado. No meio das chamas a bruxa viu-o, as suas roupas já a serem lambidas pelas labaredas e gritou:

- Foge, velho Templário! Ele mata-vos!

Porém, o mestre da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, enrolado no seu manto branco, enfrentou o fedayn de Alamut, também coberto pela sua túnica branca.

Fazendo um esforço enorme para se endireitar, Gondomar disse:

 - Sois um fedayn de Hassan-Ibn-Sabbath, haveis sido treinado em Alamut.

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo ajudou o “Velho da Montanha”, na Pérsia e na Babilónia. Ambos vestimos de branco, e somos monges guerreiros, cada um dedicado ao seu Deus e a defender os seus fiéis. 

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Austeridade

















“A obsessão pela austeridade, mesmo quando o custo dos empréstimos são tão baixos. É de loucos” – Martin Wolf, economista, Chefe do Financial Times.

Isto, da macro-economia tem que se lhe diga, porque aquilo que é óbvio para uns, simples e linear, para outros é um risco inaceitável.

Os factores que constituem os dados desta equação são vários e nem todos se comportam da mesma maneira, especialmente agora quando vivemos numa economia globalizada em que todos compram e vendem a todos e uns “pesam” muito e outros “poucochinho”.

A economia é cada vez menos uma ciência exacta mas, controversa e polémica, parece sê-lo cada vez mais.

As decisões tomadas nesta área são-no, fundamentalmente, com base em pressupostos, suposições, no “vamos admitir ...” sendo certo que, também entra em linha de conta, o carácter optimista, pessimista ou realista, dos que se sentem possuídos pela verdade e, também, logicamente, o campo político a que pertencem.

João César das Neves, economista, Prof. Universitário, homem de direita, profundamente religioso, vive dominado pela questão das “contas”, dos dinheiros e receia o afundamento das finanças, admitindo mesmo que estamos à beira da tragédia e do desastre...

Yanis Varoufaquis, prestigiado académico, um cérebro nestas coisas, afirma, sobre a austeridade, que estamos perante um ataque de gestores de carteis e de tecnocratas que se deixaram levar por eles...

Finalmente, o nosso governo e o ministro Centeno, influenciado pelos partidos de esquerda que suportam o PS na “geringonça”, procuram amenizar a austeridade dos mais pobres melhorando prestações sociais que pesam sempre muito no Orçamento e repondo cortes que vieram do governo anterior.

A ideia é simples: serve-se de bandeja a justiça social, ajudando os que mais precisam e, consequentemente, melhora-se o poder de compra nesse grupo de pessoas, especificamente, com reflexos positivos  nas pequenas empresas e produtores individuais, que ganhando mais pagarão mais impostos, melhoram o emprego e a Segurança Social.

Faz sentido? – Faz.

A OCDE diz que é preciso expandir a produção e, para tal, o melhor é aumentar, de maneira coordenada, o investimento público e fazer reformas adequadas, receita que serve ao nosso país com os Fundos Europeus no montante de 25 mil milhões, e que iremos receber até 2020.

Mas então, agora que os juros estão tão baixos, porque não se investe e se cria riqueza, quando nunca foi tão barato fazê-lo?

- Pelos vistos, não é o preço do dinheiro que mais pesa nesta história... Importante, mesmo, são os estímulos ao investimento que, naturalmente, passam pelo consumo... e aqui, o nosso amigo César das Neves, diz:

... “pois, compra-se mais, aumentam-se as importações, desequilibra-se a Balança Comercial, eleva-se a dívida e os juros... não, não! - Baixem-se é os salários, aumente-se a competitividade e as exportações e paguem-se as dívidas...”

É de loucos, não é?... tem razão o Martin Wolf do Financial Times.

IMAGEM

Duas flores...



Nicola di Bari - Guitarra Toca baixinho...


É bom recordar... Nicola di Bari, nasceu em 40, logo a seguir a mim, e ganhou o Festival de Sanremo em 1971 e 72.


Gato Fedorento - Lições sobre política


Praia de Mangue Seco.... ainda virgem. como gosta o Comandante.
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)



EPISÓDIO Nº 88




















DOS COMENTÁRIOS E DA PRIMEIRA DISCUSSÃO AINDA AMÁVEL



Cresce a concentração na praça, pequena multidão acotovelando-se em torno ao veículo.


- Veja os pneus. Que brutalidade!

- Que beleza!

- Você ouviu a buzina? Tocou o começo da Cidade Maravilhosa.

- Cada coisa!

No bar, é grande o movimento. Os comerciantes abandonaram lojas e armazéns. Plínio Xavier orgulha-se de ter sido o primeiro a ver a máquina e a perceber os pilotos.

- Estava bem do meu, fazendo contas de uns fiados…

O riso de Osnar, ri de quê? Os olhares se desviam: na porta da Igreja, Cinira conversa com as beatas. Ainda não assentou praça no batalhão mas não vai tardar.

- …quando ouvi aquele barulho horrível, larguei tudo…

Astério e Elisa somam-se ao grupo. Na hora do perigo, ele fora correndo para casa, preocupado com a esposa: Elisa, na lua-de-mel da chegada da irmã, anda nervosa, aflita, num pé e noutro.

Juntos vieram para a praça, espiar a máquina, ela tão nos trinques a ponto de quase botar no chinelo a Rainha do Espaço de mancha platinada nas ruivas melenas.

A mancha platinada alucina Osnar que confidencia a Seixas e a Fidélio:

- Eu juro a vocês que se eu pegasse aquela marciana começava a lamber da ponta do dedo grande do pé. Levava bem três horas até chegar ao umbigo… Dava-lhe uma surra de língua…

- Porcalhão! Seu Edmundo Ribeiro não é exactamente um puritano mas certos hábitos sexuais lhe parecem indignos de homem macho e honrado. Pegar mulher na cama, montá-la, muito que bem. Mas por a língua… Beijos, só na boca e em boca limpa.

Edmundinho, meu filho, não venha me dizer que você nunca fez um minete na vida… nunca chupou um favo…

- Me respeite, sou homem honesto sério e asseado.

Na Agência dos Correios e Telégrafos, ferve a discussão. Ascânio Trindade apresenta minucioso relatório a dona Carmosina, na presença do comandante Dário de Queluz que prevê a voz da lástima:

- Você, meu querido Ascânio, com essa mania de turismo em Agreste, ainda vai pagar caro, você e todos nós. Um dia, um maluco qualquer lê essas bobagens que você e Carmosina mandam para os jornais, leva a sério, bota de pé um negócio para explorar a praia de Mangue Seco, a água e o clima de Agreste e nós vamos terminar mal. Em dois tempos, isso vira logo um inferno.

- Um inferno, por que, Comandante? Nunca ouvi dizer que uma estação de águas fosse um inferno. Ao contrário é um local de descanso, de repouso – intervém dona Carmosina – 

Você sabe bem que ninguém defende mais a natureza do que eu, a natureza, a atmosfera e a beleza de Agreste. Mas que mal existe numa estação de águas?

- Uma estação de águas na cidade, vá lá. O pior é a praia que Ascânio quer engolir de gente, de toda a espécie de porcaria…

Salta Ascânio:

- Que porcaria? Casas de veraneio para turistas, hotel, restaurantes. A praia de Acapulco, a de Saint-Tropez, a de Arembepe, são por acaso porcarias, infernos? O futuro de Agreste, Comandante, está no turismo.

- São infernos, sim, são porcarias. Ainda outro dia A Tarde publicou uma reportagem sobre Arembepe: virou a capital dos hipies, a capital sul-americana da maconha. Você já pensou Mangue Seco repleto de cabeludos e maconheiros? Deixe nosso paraíso em paz, Ascânio, pelo menos enquanto a gente viver.

- Quer dizer que o senhor prefere, Comandante, que Agreste continue a ser um bom lugar para se esperar a morte.

- Prefiro sim, meu filho. A morte aqui tarda e retarda, não desejo mais que isso. O ar puro sem contaminação. A praia limpa.

Ascânio olha para dona Carmosina, aliada, ela toma a palavra:

- Quem falou em contaminar? Hipies não digo, se bem a filosofia deles seja também a minha, paz e amor, a coisa mais bonita que se inventou neste século! O diabo é a droga. Mas turistas com dinheiro, não vejo mal, Comandante. Boas casas de veraneio, comércio animado, bons filmes, e então? Ninguém pode ser contra.

Arranha-céus, hotéis, a corrida imobiliária, o fim do coqueiral, das árvores, do sossego, da paz! Deus me livre e guarde! 

Felizmente isso não passa de delírio de vocês…

Pânico em Voo















Num voo internacional, como é habitual, o comandante do avião liga o microfone e fala aos passageiros:

- "Bom dia, senhores passageiros, neste exacto momento estão a 9 mil metros de altitude, velocidade cruzeiro de 860 Km/hora e estamos a sobrevoar a cidade de...AAAAAAAHHHH.VALHA-ME DEUS!"

Os passageiros ouvem um barulho infernal, seguido de um grito pavoroso:

- "NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!"

Depois de um silêncio sepulcral, volta a ligar o microfone e, timidamente, diz:

- "Peço imensa desculpa, mas esbarrei na bandeja e uma chávena de café caiu-me no colo. Imaginem lá como é que ficaram as minhas calças à frente"!

Prontamente, um dos passageiros gritou:

- "Filho da p…! Imagina lá como é que ficaram as minhas calças atrás!"

Assim Nasceu Portugal
(Domingos do Amaral)

Episódio Nº 199



















Soure, Abril de 1128


A morte de Gondomar é um acontecimento desprovido de qualquer mistério. O assassin matou-o. O mistério foi outro e nunca se clarificou.

Talvez, quando eu terminar esta investigação, isso se consiga, mas para já ainda ninguém compreendeu o que levou Gondomar a ir sozinho ter com a bruxa.

Qual a ligação entre eles? Quereria propor-lhe algum acordo? Julgaria que a bruxa lhe revelaria o esconderijo da relíquia? Em troca de quê? À luz do que mais tarde descobrimos, é possível, mas à falta de confirmação clara resta-me descrever os momentos finais do mestre templário.



Ao final da manhã daquele dia, a carroça de Mem parou na alcáçova de Soure, trazendo de volta Gondomar, enrolado no seu manto branco, mas bastante pálido e fraco, com um ar muito doente.

O Rato e o Velho correram para ele, e um outro cavaleiro que vinha na carroça, e que se apresentou como Jean Raymond Bernard de Claraval, ajudou-os a descê-lo.

Já dentro da torre de menagem, o mestre juntou os seus vários cavaleiros e o pároco Martinho, e reportou a sua viagem.

Estivera em França, onde falara com Bernard de Claraval, e trouxera com ele Jean, que o iria substituir como mestre da Ordem no Condado Portucalense, pois estava muito doente. Acrescentou que aquela teria em breve um novo nome e um novo juramento.

Surpreendido, Ramiro perguntou:

 - Jean passará a comandar em Soure?

Gondomar confirmou a alteração, tendo agradecido a Ramiro os seus préstimos durante aqueles meses. De seguida, com ar solene, relembrou que o Condado Portucalense entrara em guerra.

O castelo de Vila da Feira já tinha sido tomado pelas tropas fiéis ao príncipe. Os nobres portucalenses estavam finalmente a rebelar-se contra a rainha e o Trava, que se encontravam agora em Coimbra, reunindo forças para atacar Guimarães.

Preocupado, Ramiro perguntou:

 - Soure pertence a Dona Teresa, e Fernão Peres de Trava é o governador de Coimbra. Vamos lutar de que lado?

Gondomar informou-os que os monges da Ordem não iriam envolver-se na luta entre os cristãos, mas que era imperioso encontrar a relíquia.

Bernard de Claraval estava crente de que, se ela fosse entregue a Afonso Henriques, o príncipe seria invencível a combater os mouros e conseguiria a paz entre os cristãos.

A guerra contra a mãe poderia ser evitada, e por isso Gondomar desejava desesperadamente, encontrar o artefacto sagrado.

- Será a minha última missão. Depois o Jean tem de entregá-la a Afonso Henriques. E depressa!

Sentindo-se fraco e sem forças, o mestre sentou-se. Havia alguma preocupação no olhar dos outros, sobretudo do Velho.

Gondomar inspirou várias vezes, e só depois acrescentou:

 - Antes da minha partida, o Ramiro falou de uma bruxa que vivia numa caverna e sabia da relíquia. Quero ir ter com ela.

Ramiro relembrou como a conhecera e que, depois dos combates com Abu Zakaria, nunca mais ninguém a vira, incluindo o almocreve Mem.

Todavia, Gondomar não esmoreceu.


- Tenho de encontrá-la! – exclamou.

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