sábado, novembro 01, 2008

Tom Jones - Is Not A Usual

quinta-feira, outubro 30, 2008


TEORIA DOS MEMES: OS NOVOS

REPLICADORES (continuação)




Richard Dawkins, defende que para compreender a evolução do homem moderno, devemos abandonar a ideia do gene como sendo a única das nossas fases de evolução e pergunta: afinal, o que são os genes?

A resposta é que eles são replicadores.

As leis da Física são, supostamente, válidas em todo o Universo acessível, mas existirão princípios biológicos susceptíveis de terem, igualmente, validade universal?

O autor não sabe, mas se tivesse que arriscar diria que, a existir, seria uma lei em que toda a vida evolui pela sobrevivência diferencial das entidades replicadoras.

O gene, molécula do ADN, é a entidade replicadora mais comum no nosso planeta mas pode haver outras e se as houver, quase inevitavelmente, tenderão a tornar-se a base do processo evolutivo.

E será preciso ir a outros mundos para encontrar outros tipos de evolução?

Recentemente, outro tipo de replicador surgiu entre nós, ainda está na infância, ainda vagueia desajeitadamente no seu caldo primitivo mas a uma velocidade que deixa muito para trás o velho gene ofegante.

O novo caldo é o caldo da cultura humana e a esse novo replicador vamos chamar “MEME” que será uma unidade de transmissão cultural ou, de uma maneira mais simples, unidade de imitação.

Deve pronunciar-se de forma a rimar com “creme” e está relacionada com “memória”.

Exemplos de “Memes” são: melodias, ideias, lemas, modas de vestuário, maneiras de fazer potes ou de construir arcos, etc.

Tal como os genes que se propagam no pool genético saltando de corpo para corpo através de espermatozóides ou de óvulos, também os memes se propagam no pool memético, saltando de cérebro para cérebro através de um processo que, em sentido lato, se pode chamar de imitação.

Alguns “memes”, tal como alguns genes, atingem um sucesso brilhante espalhando-se rapidamente mas não duram muito tempo.

Todas as pessoas do meu tempo, e mesmo mais novas, lembram-se das calças à boca-de-sino, dos sapatos com tacões altos ou de certas canções populares que depressa passaram de moda.

Em contrapartida, outros, tais como as leis religiosas judaicas, poderão continuar a propagar-se durante milhares de anos devido à grande duração potencial dos registos escritos, e isto conduz-nos a uma das qualidades dos replicadores bem sucedidos: a fidelidade de cópia e, quanto a esta qualidade, os “memes” não são replicadores de grande fidelidade.

O gene foi definido como uma extensão de um cromossoma com uma fidelidade de cópia suficiente para servir como uma unidade viável de selecção natural.

Se uma única frase da Nona Sinfonia de Beethoven for suficientemente distinta e memorável para ser abstraída do contexto de toda a Sinfonia e usada como tema de abertura de uma estação radiofónica então, ela merece ser considerada um “meme”.

Pensemos na Teoria de Darwin. A circunstância dos biólogos acreditarem nesta teoria não significa que cada um deles tenha gravado na sua memória as palavras exactas do próprio Charles Darwin.

Cada um deles tem a sua própria maneira de interpretar as ideias de Darwin porque as aprenderam, não a partir dos trabalhos do próprio Darwin, mas de autores mais recentes.

Mais, muito daquilo que Darwin disse, em detalhe, está errado e se ele lesse o livro do Gene Egoísta de Richard Dawkins não reconheceria nele a sua própria teoria original, mas há qualquer coisa, uma qualquer essência de Darwinismo, que está presente na cabeça de cada indivíduo que compreende a sua teoria e só assim se entende que duas pessoas concordem entre si sobre um qualquer assunto.

Há, portanto, um “meme ideia” que pode ser definido como uma entidade capaz de ser transmitida de um cérebro para outro e o que se pode perguntar é, se à semelhança dos genes que têm de competir com os seus alelos rivais para a mesma fenda cromossómica, também os “memes” têm os seus rivais e se deles se pode esperar que sejam egoístas.

A resposta é sim, porque há um sentido em que eles têm de se entregar a uma forma de competição entre si.

Na verdade, se um “meme” dominar a atenção de um cérebro tem de o fazer à custa de outros “memes” rivais pois ele, o cérebro, está limitado na sua capacidade e não pode fazer mais que uma ou duas coisas ao mesmo tempo.

Outras coisas pelas quais os “memes” competem são o tempo de antena na rádio, na televisão, espaços publicitários, colunas de jornais e espaço nas estantes das bibliotecas.

Dentro do paralelismo que estabelecemos entre os novos “memes”e os velhos genes, recordemos que genes associados podem unir-se no mesmo cromossoma de uma forma tão forte que pode ser considerado um gene.

Acontece isto com o mimetismo das borboletas ou ainda, de uma forma mais sofisticada, com dentes, órgãos dos sentidos, todos eles mutuamente adaptados e que evoluíram nas “pools” de genes dos herbívoros.

Acontecerá algo de análogo nos “pools” de “memes”?

Por exemplo, o “meme” para Deus estará associado a outros “memes” particulares e será essa associação promotora da sobrevivência de cada um desses “memes” participantes?

Talvez possamos considerar que uma igreja organizada, com a sua arquitectura, rituais, leis, música, arte e tradição escrita se constituam como um conjunto estável, co-adaptado, de “memes” que se promoveriam mutuamente.

Dando um exemplo particular, um aspecto da doutrina que tem sido muito eficiente em compelir à observância religiosa é a ameaça do fogo do inferno.

Muitas crianças, e mesmo adultos, acreditam que sofrerão tormentos horríveis depois de morrer senão obedecerem às recomendações dos sacerdotes. É uma técnica de persuasão particularmente sórdida, causadora de angústia psicológica e que vem dos tempos da Idade Média mas que ainda hoje se mantém.

Quanto à responsabilidade desta técnica condenável, Richard Dawkins concede aos sacerdotes o benefício da dúvida por não lhes reconhecer inteligência suficiente e admite, em alternativa, que possam ser “memes” inconscientes que asseguraram a sua própria sobrevivência graças às mesmas qualidades de pseudo-implacabilidade que os genes bem sucedidos exibem.

A ideia do fogo infernal é, muito simplesmente, autoperpectuadora devido ao seu enorme impacto psicológico profundo. Ligou-se ao “meme” para Deus porque as duas se reforçam mutuamente e favorecem a sobrevivência uma da outra no “pool” de “memes”.

Outro membro do complexo de “memes” religioso é a fé que significa uma confiança cega na ausência de evidência, ou mesmo apesar dela.

A história de S. Tomé, “do ver para crer”é contada, não para que o admiremos a ele mas, por comparação, possamos admirar os outros apóstolos que não precisavam de provas e são estes que nos são apresentados como exemplo.

Nada pode ser mais letal para certos tipos de “memes” do que a tendência para procurar evidências.

O “meme” para a fé cega assegura a sua própria perpetuação pelo simples recurso inconsciente ao desencorajamento da investigação racional.

A fé cega pode justificar tudo. Se um homem acredita num deus diferente, ou mesmo se usa um ritual diferente para adorar o mesmo deus, a fé cega pode decretar que ele morra: na cruz, na fogueira, trespassado pela espada de um cruzado, atingido por uma bala numa rua de Beirute ou por uma explosão num Bar de Belfast.

Os “memes” para a fé cega têm as suas próprias maneiras implacáveis de se propagar e isto é tão verdade para a fé religiosa como para a patriótica ou política.

Os “memes” e os genes, podem, muitas vezes, reforçarem-se mutuamente, mas em certas ocasiões opõem-se.

Por exemplo, o hábito do celibato supõe-se que não seja herdado geneticamente porque o seu gene estaria condenado a malograr-se no “pool” de genes, exceptuando circunstâncias muito especiais com aquelas que encontramos nos insectos sociais, mas, ao contrário, pode ser bem sucedido no “pool” de “memes”.

Suponhamos, por exemplo, que o sucesso de um “meme” depende, de forma crucial, da quantidade de tempo que as pessoas gastam a transmiti-lo activamente a outras pessoas pelo que, o tempo gasto a fazer outras coisas que não seja transmitir o “meme” poderá ser considerado desperdício de tempo do ponto de vista do “meme”.

O “meme” para o celibato é transmitido por sacerdotes a rapazes jovens que ainda não decidiram o que fazer com as suas vidas e o meio utilizado para o fazer é a palavra escrita, falada, o exemplo pessoal e por aí adiante.

Suponhamos, agora, que o casamento enfraquecia o poder de um padre para influenciar o seu rebanho, e esta tem sido a razão oficial apresentada para obrigar ao celibato dos padres, então, o celibato é apenas um componente secundário do grande complexo de “memes” religiosos que se promovem mutuamente.

Pode parecer que tudo é negativo em relação aos “memes” mas eles também têm o seu lado positivo:

- Quando morrermos há duas cosias que deixamos atrás de nós: genes e memes. Fomos construídos como máquinas genéticas criadas para transmitir os nossos genes mas esta finalidade será esquecida ao fim de poucas gerações.

Os meus filhos e os meus netos poderão ter alguma parecença comigo, na cor dos olhos ou do cabelo, nos traços faciais, no talento musical, ou na habilidade para jogar futebol, mas essa herança, a cada geração, vai reduzindo-se até proporções desprezíveis porque, embora os genes possam ser imortais, a colecção de genes que constitui cada um de nós está condenada a dissipar-se.

A Rainha de Inglaterra II descende directamente de Guilherme O Conquistador mas, muito provavelmente, já não possuirá nem um dos genes do velho rei, logo, não é através da reprodução que se alcança a eternidade.

Mas, se algum de nós tiver um contributo válido para o património cultural, seja uma ideia, uma melodia, um poema, poderá sobreviver intacto muito para além dos seus genes se terem dissolvido na “pool” comum de genes.

É possível que Sócrates ainda tenha para aí, no mundo de hoje, um gene ou dois mas, como diz George Cristopher Williams, emérito Professor de Biologia da Universidade de Nova York, que interesse tem isso?

Em contrapartida, os complexos de “memes” de Sócrates, Leonardo, Copérnico, Marconi, e tantos outros ainda vigoram com sucesso.

Por mais especulativo que possa ser considerado o desenvolvimento da teoria dos Memes de Richard Dawkins há um ponto sério que deve ser realçado:

- Quando se observa a evolução dos traços culturais e a sua capacidade de sobrevivência, há que saber, com precisão, de “quem” é a “sobrevivência” de que estamos a falar.

Os biólogos têm o hábito de procurar vantagens ao nível do gene (ou ao nível do indivíduo, do grupo, ou da espécie, conforme o gosto), mas o que ainda não tinha sido considerado antes é que um traço cultural possa ter evoluído simplesmente porque é “vantajoso para si próprio”.

Não é preciso procurar capacidades convencionais de sobrevivência biológica em aspectos como a religião, a música ou as danças rituais, embora tal se possa verificar logo que os genes dotem as suas máquinas de sobrevivência para a imitação rápida.

Basta que o cérebro seja “capaz” de imitação, logo evoluirão “memes” que irão explorar plenamente essa capacidade.

Uma característica do homem que poderá ter evoluído ou não “meméticamente” é a sua capacidade de previsão consciente e esta capacidade está vedada aos genes egoístas e aos memes (se for permitida esta especulação) porque eles são replicadores inconscientes e cegos.

Outra qualidade, também exclusiva do homem é a sua capacidade para o altruísmo verdadeiro, genuíno e desinteressado e, portanto, mesmo que olhemos para o seu lado sombrio e assumamos o pressuposto de que o homem é, basicamente egoísta, a nossa capacidade de antecipação consciente e para simular o futuro usando a imaginação, poderá salvar-nos dos piores excessos egoístas dos replicadores cegos.

Temos o poder de desafiar os genes egoístas que herdamos e, se necessário, os “memes” que nos foram transmitidos.

Podemos até discutir maneiras de estimular e ensinar deliberadamente o altruísmo puro e desinteressado que é algo que nunca existiu na natureza nem na história do mundo.

Somos construídos como máquinas de genes e educados como máquinas de “memes”, mas temos o poder de nos rebelar contra os nossos criadores.

Só nós, na Terra, temos esse poder.



Se leu este resumo sobre a Teoria dos Memes de Richard Dawkins ouça, agora, sobre esta mesma Teoria, a Dr.ª Susan Blackmore, autora da obra The Evolution of Meme Machines e que, como pode certificar-se, é uma adepta entusiasta desta Teoria.

Susan Blackmore -- Memes e Temes Parte 1/3

Susan Blackmore --- Memes e Temes (2/3)

Susan Blackmore --- Memes e Temes 3/3)

ClicK e faça uma rápida mas muito linda visita ao nosso Planeta



http://thesecret.tv/planet-earth/wmv.html

quarta-feira, outubro 29, 2008

Elis Regina -- Águas de Março

Elis Regina -- Fascinação


De:

ANTÓNIO LOBO ANTUNES


Sátira aos Homens Quando Estão Com Gripe



Pachos na testa, terço na mão,

Uma botija, chá de limão,

Zaragatoas, vinho com mel.

Três aspirinas, creme na pele

Grito de medo, chamo a mulher.

Ai Lurdes, que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela.

Cala os miúdos, fecha a janela,

Não quero canja, nem salada

Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.

Se tu sonhasses como eu me sinto,

Já vejo a morte nunca te minto,

Já vejo o inferno, chamas, diabos,

Anjos estranhos, cornos e rabos.

Vejo demónios nas suas danças

Tigres sem listras, bodes sem tranças,

Choros de coruja, risos de grilo,

Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,

Põe-me a santinha à cabeceira

Compõe-me a colcha

Fala ao prior,

Pousa o Jesus no cobertor.

Chama o doutor, passa a chamada,

Ai Lurdes, Lurdes não dás por nada.

Faz-me tisana e pão-de-ló,

Não te levantes que fico só

Aqui sozinho a apodrecer,

Ai Lurdes, Lurdes, que vou morrer.

terça-feira, outubro 28, 2008


Danny Kaye





Passaram mais de 50 anos quando, em rapaz, estudante no Colégio Nuno Álvares, em Tomar, fui ver um filme cómico com Danny Kaye.

A graça que lhe achei foi tanta que o riso transbordou e tive que deixar de olhar para o ecrã tendo voltado mais tarde a uma outra sessão para, finalmente, ver o filme.

O que me lembro dessa representação é que ela constituiu a maior demonstração da arte de fazer rir…indescritível a sua capacidade cómica.

O que hoje fiquei a saber, graças ao meu amigo Frederico, é que este homem, que ganhou milhões com os seus dotes de actor e cantor, morreu sem um tostão porque tudo quanto recebia dava aos mais necessitados, ajudou muitos colegas que ficaram na miséria e distribuía o resto por instituições de Assistência.

Morreu em Los Angeles, em 1987 e a UNESCO considerou-o Cidadão Mundial - mais uma vez foi preciso morrer…

Para além de actor e cantor era também um excelente intérprete de Jazz e clarinetista embora quase só tocasse para os amigos.

O vídeo que se segue em que ele canta com Louis Armstrong, é um exemplo do seu grande virtuosismo e, da minha parte, um sinal de agradecimento e aplauso por aquilo que ele foi como actor e como homem bom.

Danny Kaye -- Louis Armstrong

segunda-feira, outubro 27, 2008


TEORIA dos MEMES: OS NOVOS

REPICADORES





Ao princípio, os mares de há 3.000 ou 4.000 milhões de anos não passavam de um «caldo primitivo» onde boiavam substâncias orgânicas idênticas àquelas que hoje já se conseguem obter em laboratório simulando as condições químicas da Terra existentes antes do aparecimento da vida.

Essas substâncias, a que chamamos de «blocos construtores», talvez se concentrassem na espuma que secava nas margens desses mares e que, posteriormente, sob a influência da luz ultravioleta se combinaram em moléculas maiores que continuariam boiando por ausência de qualquer outra forma de vida que as molestasse.

Milhões de anos mais tarde, por acidente, formou-se uma molécula particularmente notável que não era, necessariamente, nem maior ou mais complexa do que as outras mas que tinha a propriedade extraordinária de criar cópias de si mesma e que foi denominada de Replicador.

Não é difícil imaginar que outros “blocos construtores» ao aderirem ao “Replicador” dispunham-se, automaticamente, numa sequência idêntica à do próprio Replicador formando uma cadeia estável, processo este que poderia continuar num empilhamento progressivo, camada sobre camada.

Este processo de replicação original foi o percursor da replicação das modernas moléculas do nosso ADN mas, à data, constituíram, uma nova forma de «estabilidade» que sucedeu à primitiva associação de blocos construtores apenas em função de afinidades para com os seus iguais.

Progressivamente, todos os “blocos construtores” estavam associados a moléculas reprodutoras sendo, portanto, todos eles Reprodutores e é neste processo, ainda algo primitivo e não muito perfeito, que ocorrem “erros de cópia” e, consequentemente, aparecem variedades de Replicadores.

Essas variedades de Replicadores não sabiam que estavam a lutar entre si mas lutavam no sentido em que qualquer cópia imprecisa que resultasse num novo nível de maior estabilidade era preservada e multiplicava-se automaticamente.

O processo de melhoria era cumulativo e por isso as formas de aumentar a estabilidade própria e diminuir a dos rivais foram-se tornando mais elaboradas e eficientes.

Alguns dos Replicadores devem mesmo ter “descoberto”como quebrar quimicamente moléculas de variedades rivais e como usar os blocos construtores assim libertos para produzir as suas próprias cópias.

Outros Replicadores talvez tenham “descoberto” como se protegerem a si próprios quer quimicamente, quer erguendo uma barreira física de proteína à sua volta e foi talvez, desta forma, que surgiram as primeiras células vivas.

Os Replicadores começaram não só a existir, mas também a construírem invólucros, veículos para a preservação da sua existência e aqueles que sobreviverem foram os que construíram “máquinas de sobreviverem” dentro das quais pudessem viver.

No entanto, sobreviver tornou-se cada vez mais difícil, à medida que apareciam novos rivais com máquinas de sobrevivência melhores e mais eficientes.

Teria de haver algum fim para o aperfeiçoamento gradual das técnicas e dos artifícios usados pelos replicadores para assegurarem a sua própria continuidade no mundo?

Haveria tempo de sobra para aperfeiçoamentos.

Que máquinas bizarras de auto preservação trariam consigo os milhões de anos seguintes?

Qual seria o destino dos primeiros replicadores 4.000 milhões de anos mais tarde?

Não se extinguiram, pois são mestres das artes de sobrevivência mas também não se espere encontrá-los a flutuarem livremente no mar.

Há muito tempo que abandonaram a sua liberdade de cavaleiros andantes, agora agrupam-se em colónias imensas no interior de gigantescos robots desajeitados afastados do mundo exterior, comunicando com ele através de vias indirectas e tortuosas manipulando-o por controlo remoto.

Percorreram um longo caminho, agora estão dentro de nós, respondem pelo nome de genes e continuam a produzir cópias de si mesmas, a tal característica extraordinária que “herdaram” dos Replicadores, e embora muito mais eficientes e perfeitas continuaram, de forma aleatória, a cometerem erros de cópia embora em menor número.

Se não houvesse erros de cópia todos os descendentes seriam iguais aos progenitores e a biodiversidade seria uma miragem e o mundo de seres vivos existente nada teria a ver com aquele que existe.

De qualquer forma, a grande maioria dos erros de cópia dão origem a “soluções” que na verdade não o são e dificilmente o poderiam ser como erros que são, mas os processos de selecção natural, conceito chave da Teoria Evolutiva Darwiniana, assegura que as variações genéticas nos indivíduos de uma dada espécie, quando favoráveis, permitem uma melhor resistência desses indivíduos às alterações adversas do meio, que lhes facilita a reprodução e, consequentemente, a sobrevivência.

Mas, de todas as espécies que existem, de todas as “máquinas de sobrevivência”, uma delas, por razões específicas, constitui uma excepção e a maior parte daquilo que o homem tem de excepcional resume-se numa palavra: «cultura».

A transmissão cultural é análoga à transmissão genética, no sentido de que, embora sendo conservadora, pode dar origem a uma forma de evolução que, relativamente à genética, se processa a uma velocidade que é várias ordens de grandeza superior.

Por exemplo, a linguagem: provavelmente, em 20 gerações, duas pessoas, pertencentes à mesma língua, não se conseguiriam fazer entender.

A transmissão cultural não é um fenómeno exclusivo do homem mas é na espécie humana que, verdadeiramente, se mostra o que a evolução cultural pode fazer.

E não é apenas a linguagem a que já nos referimos, a moda no vestuário e na dieta, as cerimónias e os costumes, a arte e a arquitectura, a engenharia e a tecnologia, tudo isto evolui no tempo histórico de uma forma que se assemelha à evolução genética, altamente acelerada, mas que, na realidade, não tem nada a ver com ela.

(continua)

domingo, outubro 26, 2008

Liza Minnelli -- Cabaret

Liza Minnelli -- Money

Site Meter