sexta-feira, abril 20, 2007

Eduardo Prado Coelho


EDUARDO PRADO COELHO

Eduardo Prado Coelho interrompeu a sua colaboração no jornal Público para ser submetido a uma intervenção cirúrgica de transplante do fígado tendo agora, ultrapassada que foi essa situação, regressado ao convívio dos seus leitores.

Não abundam muito entre nós os intelectuais da qualidade de Eduardo Prado Coelho e por isso foi com um alívio de satisfação que me reencontrei com ele na leitura da sua coluna, “O Fio do Horizonte”, relatando-nos um pouco da amarga experiência que foi a sua passagem pelos Hospitais.

Está de novo entre nós e eu espero que seja por muito tempo e com a melhor qualidade de vida possível.

Eduardo P. Coelho também assistiu ao desempenho de José Sócrates na entrevista televisiva e, naturalmente, não ficou agradado com o espectáculo do 1º Ministro submetido a um interrogatório como um vulgar arguido em um qualquer Tribunal porque não ajudou nada à imagem de credibilidade que é muito importante para o exercício da sua difícil missão.

Mas relativamente a esta primeira parte da entrevista, penosa de mais para todos os intervenientes, espectadores incluídos, já tudo foi dito.

Mas EPC não deixou passar em claro a intervenção de Maria Flor Pedroso quando, na segunda parte da entrevista, afirmou demagogicamente, que com os números apresentados por Sócrates estávamos longe da média europeia.

Estas comparações lembram-me a raiva que eu sentia quando, nos meus tempos de estudante, o meu pai insistia em comparar-me ao meu primo que saiu Eng. Químico em vez de procurar saber se eu estava a tentar superar-me dentro daquelas que eram as minhas possibilidades.

Estas coisas das comparações exigem muita ponderação, bom senso e alguma sensibilidade senão lá acabamos por comparar outra vez o Afonso Henriques a Luís de Camões.

Os portugueses deviam ser “obrigados”, diz EPC, a ver os programas de António Barreto para se aperceberem bem da realidade social do nosso país há 50/60 anos atrás, quando até os bebés vinham de Paris no bico de uma cegonha, isto os bebés ricos porque a maioria deles, que eram pobres, nem sequer se sabia de onde é que vinham.

Enquanto isto mais de um milhão de portugueses, durante 13 anos, mergulharam numa guerra, experiência de vida intensa mas mais traumatizante do que útil e que terminou com o regresso a Portugal de mais de meio milhão de refugiados portugueses que tiveram que recomeçar tudo de novo.

Entretanto, fomos para a escola porque uma das heranças de Salazar foi um país de analfabetos e mais recentemente assistimos ao desmontar de uma economia baseada na exploração da mão-de-obra barata que se desfez como a espuma das ondas na areia da praia para, também aí e mais uma vez, termos de começar de novo, agora com um grau de exigência que não tem comparação com o anterior.

Maria Flor Pedroso, não queira milagres, a Europa é uma meta, um objectivo no que ela tem de bom e de melhor e nós não temos mas, realisticamente, a comparação não é justa.

O grande desafio é connosco próprios, temos que ser hoje melhor do que fomos ontem e amanhã melhor que hoje e assim sucessivamente no que se refere ao PIB, ao Défice, ao Emprego, às Exportações porque se melhorarmos em tudo isto de uma forma continuada e não esporádica iremos ter, no futuro, a qualidade de vida que há muito os portugueses merecem.








terça-feira, abril 17, 2007

Vasco Pulido Valente


O “Ferrari” dos Analistas Políticos

Não houve colunista, comentador ou simples observador da realidade política portuguesa que escreva em jornais, revistas e por todo esse mundo da blogosfera que não tivesse emitido a sua opinião sobre o percurso académico do 1º Ministro e muito especialmente sobre a sua passagem pela Universidade Independente.

As dúvidas sobre esse percurso, consideradas legítimas por José Sócrates, foram levantadas e esmiuçadas em todos os seus pormenores como se uma “Comissão de Inquérito” à escala nacional tivesse sido encarregada de esclarecer a verdade.

Vasco Pulido Valente (VPV), o “Ferrari” dos nossos analistas políticos, não integrou essa “Comissão” e, em vez disso, veio chamar-nos a atenção para uma realidade que é do conhecimento de todos nós e ajuda a compreender este infeliz episódio em que o nosso 1º Ministro se viu envolvido.

José Sócrates, tal como Marques Mendes, Santana Lopes e muitos outros, fazem parte de uma geração de pessoas que “nasceram” com a democracia do 25 de Abril e nunca quiseram ser outra coisa que não políticos da cena político/partidária portuguesa.

Os cursos que tiraram e os diplomas que obtiveram nunca foram olhados por eles como uma ferramenta de trabalho para ganharem a vida quando muito, em certos casos, apenas episodicamente, nos intervalos do poder.

Simplesmente, num país como o nosso, onde os títulos académicos eram uma prerrogativa das classes poderosas e dominantes e de tão importantes que eram continuam ainda hoje a substituírem-se aos nomes das pessoas no convívio do dia a dia, seria impensável que alguém com aspirações na política não pudesse ser tratado, oficialmente, pelo menos, por qualquer um dos dois títulos mais conhecidos e importantes: Doutor ou Engenheiro.

Por isto, VPV, afirma que o verdadeiro Curso que José Sócrates tirou foi nas estruturas do partido Socialista, nos trabalhos e lutas que aí desenvolveu, nomeadamente, nos debates televisivos com Santana Lopes onde foi notório o cuidado e profissionalismo com que os preparava em contraste com o improviso, o à vontade e a inspiração de Santana Lopes.

José Sócrates nunca foi um diletante da política, comportou-se, dentro dela, sempre como um “aluno”não só inteligente mas também aplicado e esforçado, daqueles que não só lhe interessa passar no fim do ano como também ser o melhor da sua turma.

E fossem os conhecimentos em engenharia decisivos ou simplesmente importantes para triunfar na carreira política, aquela que ele realmente escolheu e nunca, o aluno José Sócrates, teria entrado na Universidade Independente, diga ele agora o que disser sobre a excelência do seu ensino.

De qualquer forma, não foi uma boa decisão mas a esta conclusão já, de certo, o 1º Ministro chegou.












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