sábado, fevereiro 01, 2014

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Que belo enquadramento para a cauda de uma baleia...


Dedicada ao primeiro amor de quantos alguma vez amaram


A DESCULPA



Um tipo do norte comprou um Mercedes e estava a dar uma volta numa estrada nacional à noite.

A capota estava recolhida, a brisa soprava levemente pelo seu cabelo e ele decidiu puxar um bocado pelo carro.

Assim que a agulha chegou aos 130 km, ele de repente reparou nas luzes azuis por trás dele.

'De maneira alguma conseguem acompanhar um Mercedes' pensou ele para consigo mesmo, e acelerou ainda mais.

A agulha bateu os 150, 170, 180 e, finalmente, os 200 km/h, sempre com as luzes atrás dele.

Entretanto teve um momento de lucidez e pensou:

'Mas que raio é que eu estou a fazer?!' e logo de seguida encostou.

O polícia chegou ao pé dele, pediu-lhe a carta de condução e sem dizer uma palavra e examinou o carro e disse:

- Eu tive um turno bastante longo e esta é a minha última paragem. Não estou com vontade de tratar de mais papeladas, por isso, se me der uma desculpa pela forma como conduziu que eu ainda não tenha ouvido, deixo-o ir!

- Na semana passada a minha mulher fugiu de casa com um polícia - disse o homem - e eu estava com medo que a quisesse devolver!

Diz o polícia: - Tenha uma boa noite!


Gilbert Collard advogado francês
O Que é um Infiel

Como demonstram as linhas que se seguem, fui obrigado a tomar consciência da extrema dificuldade em definir o que é um infiel.
  
Escolher entre Allah ou o Cristo, até porque o Islamismo é de longe a religião que progride mais depressa no nosso país. O mês passado, participava no estágio anual de actualização, necessária à renovação da minha habilitação de segurança nas prisões.
 Havia nesse curso uma apresentação por quatro intervenientes representando respectivamente as religiões Católica, Protestante, Judaica e Muçulmana, explicando os fundamentos das suas doutrinas respectivas. Foi com um grande interesse que esperei a exposição do Imam.

A prestação deste ultimo foi notável, acompanhada por uma projecção vídeo.

Terminadas as intervenções, chegou-se ao tempo de perguntas e respostas, e quando chegou a minha vez, perguntei: “Agradeço que me corrija se estou enganado, mas creio ter compreendido que a maioria dos Imams e autoridades religiosas decretaram o “Jihad” (guerra santa), contra os infiéis do mundo inteiro, e que matando um infiel (o que é uma obrigação feita a todos os muçulmanos), estes teriam assegurado o seu lugar no Paraíso. Neste caso poderá dar-me a definição do que é um infiel?”

Sem nada objectar à minha interpretação e sem a menor hesitação, o Imam respondeu: “um não muçulmano”.

Eu respondi : “Então permita de me assegurar que compreendi bem : O conjunto de adoradores de Allah devem obedecer às ordens de matar qualquer pessoa não pertencendo à vossa religião, a fim de ganhar o seu lugar no Paraíso, não é verdade ?
A sua cara que até agora tinha tido uma expressão cheia de segurança e autoridade transformou-se subitamente ao de “um puto” apanhado em flagrante com a mão dentro do açucareiro!!!

É exacto, respondeu ele num murmúrio.

Eu retorqui : “Então, eu tenho bastante dificuldade em imaginar o Papa dizendo a todos os católicos para massacrar todos os vossos correligionários, ou o Pastor Stanley dizendo o mesmo para garantir a todos os protestantes um lugar no Paraíso.”

O Imam ficou sem voz !

Continuei : “Tenho igualmente dificuldades em me considerar vosso amigo, pois que o senhor mesmo e os vossos confrades incitam os vossos fiéis a cortarem-me a garganta !”

Somente um outra questão : “O senhor escolheria seguir Allah que vos ordena matar-me a fim de obter o Paraíso, ou o Cristo que me incita a amar-vos a fim de que eu aceda também ao Paraíso, porque Ele quer que eu esteja na vossa companhia ?” Poder-se-ia ouvir uma mosca voar, enquanto que o Imam continuava silencioso.

Será inútil de precisar que os organizadores e promotores do Seminário de Formação não apreciaram particularmente esta maneira de tratar o Ministro do culto Islâmico e de expor algumas verdades a propósito dos dogmas desta religião.

No decurso dos próximos trinta anos, haverá suficientes eleitores muçulmanos no nosso país para instalar um governo de sua escolha, com a aplicação da “Sharia” como lei.

Parece-me que todos os cidadãos deste país deveriam poder tomar conhecimento destas linhas, mas como o sistema de justiça e dos “media” liberais combinados á moda doentia do politicamente correto, não há forma nenhuma de que este texto seja publicado.

É por isto que eu vos peço para enviar a todos os contactos via Internet.
Gilbert

Um advogado a fazer perguntas é outra coisa...


 UM PARECER
"Caro Sr. primeiro-ministro, O conjunto de medidas que me enviou para apreciação parece-me extraordinário. 
Confiscar as pensões dos idosos é muito inteligente.
 Em 2015, ano das próximas eleições legislativas, muitos velhotes já não estarão cá para votar. Tem-se observado que uma coisa que os idosos fazem muito é falecer. É uma espécie de passatempo, competindo em popularidade com o dominó.
 E,que se lhe cortarmos na pensão, essa tendência agrava-se bastante. Ora, gente defunta não penaliza o governo nas urnas. 
Essa tem sido uma vantagem da democracia bastante descurada por vários governos, mas não pelo seu.
 Por outro lado, mesmo que cheguem vivos às eleições, há uma probabilidade forte de os velhotes não se lembrarem de quem lhes cortou o dinheiro da reforma. 
O grande problema das sociedades modernas são os velhos. Trabalham pouco e gastam demais. 
Entregam-se a um consumo desenfreado, sobretudo no que toca a drogas. São compradas na farmácia, mas não deixam de ser drogas.
 A culpa é da medicina, que lhes prolonga a vida muito para além da data da reforma. Chegam a passar dois ou três anos repimpados a desfrutar das suas pensões. 
A esperança de vida destrói a nossa esperança numa boa vida, uma vez que o dinheiro gasto em pensões poderia estar a ser aplicado onde realmente interessa, como os swaps, as PPP e o BPN. 
Se me permite, gostaria de acrescentar algumas ideias para ajudar a minimizar o efeito negativo dos velhos na sociedade portuguesa:
1. Aumento da idade de reforma para os 85 anos. Os contestatários do costume dirão que se trata de uma barbaridade, e que acrescentar 20 anos à idade da reforma é muito. 
Perguntem aos próprios velhos. Estão sempre a queixar-se de que a vida passa a correr e que 20 anos não são nada.
 É verdade: 20 anos não são nada. Respeitemos a opinião dos idosos, pois é neles que está a sabedoria.
2. Exportação dos velhos. O velho português é típico e pitoresco. Bem promovido, pode ter aceitação lá fora, quer para fazer pequenos trabalhos, quer apenas para enfeitar um alpendre, um jardim.
Ricardo Araújo Pereira 

A CULPA


A culpa é do pólen dos pinheiros
Dos juízes, padres e mineiros
Dos turistas que vagueiam nas ruas
Das 'strippers' que nunca se põem nuas
Da encefalopatia espongiforme bovina
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
Que deviam ser pagos também pelos mortos
A culpa é dos reformados e desempregados
Cambada de malandros feios, excomungados,
A culpa é dos que têm uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio, que já não joga a bola,
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da casa Pia
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS e do PCP
E dos que não querem o TGV
A culpa até pode ser do urso que hiberna
Mas não será nunca de quem governa.

Negro burro. Nem sabe o que é mulher bonita.
A MORTE
E A
MORTE
DE
QUINCAS
BERRO
DÁGUA

Episódio Nº 27



Negro Pastinha recolheu no canto do quarto as velhas roupas do amigo, vestiram-no e reconheceram-no então:

– Agora, sim, é o velho Quincas.

Sentiam-se alegres. Quincas parecia também mais contente, desembaraçado daquelas vestimentas incómodas. Particularmente grato a Curió, pois os sapatos apertavam-lhe os pés.

O camelô aproveitou para aproximar sua boca do ouvido de Quincas e sussurrar-lhe algo sobre Quitéria. Pra que o fez?

Bem dizia Negro Pastinha que aquela conversa sobre a rapariga irritava Quincas. Ficou violento, cuspiu uma golfada de cachaça no olho de Curió. Os outros estremeceram, amedrontados.

– Ele se danou.

– Eu não disse?

Pé-de-Vento terminava de vestir as calças novas, cabo Martim ficara com o paletó. A camisa, Negro Pastinha trocaria, num botequim conhecido, por uma garrafa de cachaça. Lastimavam a falta de cuecas. Com muito jeito, cabo Martim disse a Quincas:

– Não é para falar mal, mas essa sua família é um tanto quanto económica. Acho que o genro abafou as cuecas...

– Unhas-de-fome... – precisou Quincas.

– Já que você mesmo diz, é verdade. A gente não queria ofender eles, afinal são seus parentes. Mas que pão-durismo, que sumiticaria... Bebida por conta da gente, onde já se viu sentinela desse jeito?

– Nem uma flor... – concordou Pastinha. – Parentes dessa espécie eu prefiro não ter.

– Os homens, uns bestalhões. As mulheres, umas jararacas – definiu Quincas, preciso.

– Olha, paizinho, a gorducha até que vale uns trancos... Tem uma padaria que dá gosto.

– Um saco de peidos.

– Não diga isso, paizinho. Ela tá um pouco amassada mas não é pra tanto desprezo. Já vi coisa pior.

– Negro burro. Nem sabe o que é mulher bonita.

Pé-de-Vento, sem nenhum senso de oportunidade, falou:

– Bonita é Quitéria, hein, velhinho? O que é que ela vai fazer agora? Eu até...

– Cala a boca, desgraçado! Não vê que ele se zanga?
Quincas, porém, nem ouvia. Atirava a cabeça para o lado do cabo Martim, que pretendera subtrair-lhe, naquela horinha mesmo, um trago na distribuição da bebida. Quase derruba a garrafa com a cabeçada.

– Dá a cachaça do paizinho... – exigia Negro Pastinha.

– Ele estava esperdiçando – explicava o Cabo.

– Ele bebe como quiser. É um direito dele.

sexta-feira, janeiro 31, 2014

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A felicidade das crianças acontece em qualquer contexto. Na selva, muito em especial. Lá, tudo é mais divertido...


Sketch dos Mouty Python

Poder-se-à dizer que este é o protótipo do humor inglês... pois bem, então eu sou inglês.


Douglas Adams
A Conversão ao Ateísmo

de Douglas Adams


Richard Dawkins fala do "comovente e divertido relato que Douglas Adams faz da sua própria conversão ao ateísmo radical – ele insistia no “radical” para o caso de alguém o confundir com um agnóstico – é uma prova do poder do Darwinismo enquanto despertador das consciências.
Espero ser perdoado por me permitir alongar tanto na citação que se segue. A minha desculpa é que a conversão Douglas pelas minhas obras anteriores, que não pretendiam converter ninguém, me inspirou a dedicar à sua memória este livro.
Numa entrevista reeditada postumamente, um jornalista perguntou-lhe como se tinha tornado ateu.
Douglas iniciou a resposta explicando como se fizera agnóstico, logo acrescentando":

 - «Eu pensei, pensei. Mas não tinha muito por onde avançar, por isso não cheguei a nenhuma decisão.
Tinha imensas dúvidas em relação à ideia de deus mas não sabia o suficiente sobre o que quer que fosse para o substituir por um bom modelo de uma eventual explicação para, sei lá, a vida, o universo e tudo o que há.
Mas eu insisti e continuei a ler e continuei a pensar. A certa altura, estava eu a entrar na casa dos 30 quando tive um encontro com a biologia evolutiva, particularmente sob as formas dos livros de Richard Dawkins, o Gene Egoísta e, a seguir, o Relojoeiro Cego.
De repente, (creio que ao ler o Gene Egoísta pela segunda vez) todas as peças se encaixaram. Era um conceito de uma simplicidade assombrosa, mas que deu origem, naturalmente, a toda a infinita e desconcertante complexidade que a vida contem.
O espanto que inspirou em mim fazia parecer com que o espanto de que as pessoas falam relativamente à experiência religiosa me parecesse francamente pateta quando postos ambos lado a lado.
Eu colocaria o espanto da compreensão acima do espanto da ignorância, não tenho dúvidas sobre isso.»

E Richard Dawkins continua:

"É evidente que o conceito de simplicidade assombrosa de Adams aqui fala nada tinha a ver comigo. Ele falava era de Darwin e da sua teoria da evolução por selecção natural – o grande despertador de consciências científico.
Douglas, tenho saudades tuas. És o meu convertido mais inteligente, o mais alto e possivelmente também o único. Espero que este livro te consiga fazer rir – embora não tanto como tu a mim".
Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”

Douglas Adams, famoso comediante britânico, falecido em 2001 com 49 anos ficou famoso por ter escrito os textos para a série televisiva Monty Python's tendo sido, igualmente, um activista ambiental.
As suas piadas são do mais profundo e arrojado humor que já me foi dado conhecer. Felizmente, com  a sua divulgação através da televisão, passaram para o domínio público.  

A confusão que

as vacas dão!
 



A família jantava tranquila quando, de repente, a filha de 11 anos comenta:

Tenho uma má notícia...

Não sou mais Virgem! Sou uma vaca! E começa a chorar visivelmente alterada, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.

Silêncio sepulcral na mesa.

De repente, começam as acusações mútuas:

Isto é por você ser como é! - marido dirigindo-se à mulher - Por se vestir como uma puta barata e se arreganhar para o primeiro imbecil que chega aqui em casa. Claro que isso tinha que ocorrer, com este exemplo que a menina vê todo dia!

E você - pai apontando para a outra filha de 19 anos - que fica se agarrando no sofá e lambendo aquele palhaço do teu namorado que tem jeito de veado. Tudo na frente da menina!

A mãe não aguenta mais e revida, gritando: E quem é o idiota que gasta metade do salário com as putas e se despede delas na porta de casa? Pensa que eu e as meninas somos cegas? E, além disso, que exemplo você pode dar se, desde que assinou esta maldita TV a cabo, passa todos os finais de semana assistindo a pornôs de quinta categoria?

Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos cheios de lágrimas e a voz trêmula, pega ternamente na mão da filhinha e pergunta baixinho:

Como foi que isso aconteceu, minha filha?

E, entre soluços, a menina responde:

A professora me tirou do presépio!

A Virgem agora é a Isabel, eu vou fazer a vaquinha.


Vocês não têm vergonha de disputar a mulher dele...
A MORTE
E A MORTE
DE QUINCAS
BERRO
DÁGUA

Episódio Nº 26



Não lhes parecia fácil. Negro Pastinha conhecia Oxalá, mais longe não ia sua cultura religiosa. Pé-de-Vento não rezava há uns trinta anos. Cabo Martim considerava preces e igrejas como fraquezas pouco condizentes com a vida militar.

 Ainda assim tentaram, Curió puxando a reza, os outros respondendo como melhor podiam. Finalmente Curió (que se havia posto de joelhos e baixara a cabeça contrita) irritou-se:

– Cambada de burros...

– Falta de treino... – disse o Cabo. – Mas já foi alguma coisa. O resto o padre faz amanhã.

Quincas parecia indiferente à reza, devia estar com calor, metido naquelas roupas quentes. Negro Pastinha examinou o amigo, precisavam fazer alguma coisa por ele já que a oração não dera certo. Talvez cantar um ponto de candomblé? Alguma coisa deviam fazer. Disse a Pé-de-Vento:

– Cadê o sapo? Dá pra ele...

– Sapo, não. Jia. Agora, pra que lhe serve?

– Talvez ele goste.

Pé-de-Vento tomou delicadamente a jia, colocou-a nas mãos cruzadas de Quincas. O animal saltou, escondeu-se no fundo do caixão. Quando a luz oscilante das velas batia no seu corpo, fulgurações verdes percorriam o cadáver.

Entre cabo Martim e Curió recomeçou a discussão sobre Quitéria do Olho Arregalado. Com a bebida, Curió ficava mais combativo, elevava a voz em defesa dos seus interesses. Negro Pastinha reclamou:

– Vocês não têm vergonha de disputar a mulher dele na vista dele? Ele ainda quente e vocês que nem urubu em carniça?

– Ele é que pode decidir... – disse Pé-de-Vento. Tinha esperanças de ser escolhido por Quincas para herdar Quitéria, seu único bem. Não lhe trouxera uma jia verde, a mais bela de quantas já caçara?

– Hum! – fez o defunto.

– Tá vendo? Ele não está gostando dessa conversa – zangou-se o negro.

– Vamos dar um gole a ele também... – propôs o Cabo, desejoso das boas graças do morto.

Abriram-lhe a boca, derramaram a cachaça. Espalhou-se um pouco pela gola do paletó e o peito da camisa.

– Também nunca vi ninguém beber deitado...

– É melhor sentar ele. Assim pode ver a gente direito.
Sentaram Quincas no caixão, a cabeça movia-se para um e outro lado. Com o gole de cachaça ampliara-se seu sorriso.

– Bom paletó... – cabo Martim examinou a fazenda. – Besteira botar roupa nova em defunto. Morreu, acabou, vai pra baixo da terra. Roupa nova pra verme comer, e tanta gente por aí precisando...
Palavras cheias de verdade, pensaram. Deram mais um gole a Quincas, o morto balançou a cabeça, era homem capaz de dar razão a quem a possuía, estava evidentemente de acordo com as considerações de Martim.

– Ele está é estragando a roupa.

– É melhor tirar o paletó pra não esculhambar.

Quincas pareceu aliviado quando lhe retiraram o paletó negro e pesado, quentíssimo. Mas, como continuava a cuspir a cachaça, tiraram-lhe também a camisa. Curió namorava os sapatos lustrosos, os seus estavam em pandarecos. Pra que morto quer sapato novo, não é, Quincas?

– Dão direitinho nos meus pés.

quinta-feira, janeiro 30, 2014

IMAGEM

Mulheres... não tem comentário



WILSON SIMONAL

     Se Jorge Ben foi o compositor que inovou o samba para uma concepção afro-moderna, Wilson Simonal foi o intérprete que soube como ninguém captar todo o balanço da chamada à época, moderna musica popular brasileira, consagrando-se como um dos seus maiores interpretes e até hoje inigualável em swing e balanço.  "Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga".Escolhi este vídeo para que possam recordar as carinhas das jovens do nosso tempo e da "candura" daqueles ambientes. Wilson faleceu em 2000 e a sua vida não foi pacífica. 


            

POR QUE

SOMOS

BONS?


As flores não podem voar, por isso pagam às abelhas o aluguer das suas asas e a moeda de pagamento é o néctar.

As guias-do-mel, aves da família indicatoridae, conseguem encontrar colmeias mas não conseguem entrar nelas ao contrário dos ratéis e dos homens.

Então, as aves conduzem, através de um voo atractivo, os ratéis ou o homem até ao mel e depois ficam à espera da recompensa.

Estas relações mutualistas abundam no reino dos seres vivos: búfalos e picanços, flores tubulares e beija flores, garoupas e bodiões, etc.

O altruísmo recíproco funciona por causa das assimetrias que há nas necessidades e nas capacidades de as satisfazer. É por isso que funciona particularmente bem entre espécies diferentes onde as assimetrias são maiores.

E nós, por que nos condoemos com o choro de uma criança que sofre?

Por que sentimos compaixão por uma viúva idosa em desespero devido à solidão?

O que nos provoca o impulso para enviarmos uma dádiva anónima para as vítimas de um cataclismo que não conhecemos nem viremos a conhecer e nunca nos retribuirá?

De onde vem o bom samaritano que vive em nós?

Recordemos Einstein:

Estranha é a nossa situação aqui na Terra. Cada um de nós vem para uma curta visita, sem saber porquê, contudo, parecemos adivinhar um objectivo. No entanto, do ponto de vista do quotidiano, há uma coisa que sabemos: que o homem está aqui pelos outros homens – acima de tudo por aqueles de cujos sorrisos e bem-estar depende a nossa própria felicidade.

Será realmente pelos outros homens que nós aqui estamos e terá isso alguma coisa a ver com a religião?

É por causa dela que somos bons?

Muitas pessoas religiosas consideram difícil imaginar como sem religião alguém pode ser bom ou há-de sequer querer ser bom, e esta incapacidade para compreender e aceitar a bondade fora da religião leva algumas pessoas religiosas a paroxismos de ódio contra aqueles que não professam a sua religião.

E assim, a religião, que se proclama como fonte de inspiração para a bondade e o amor transforma-se, ela própria, num imenso reservatório de ódio e maldade.

Brian Fleming, autor e realizador de um documentário sincero e comovente em defesa do ateísmo recebeu uma carta em 21 de Dezembro de 2005 que rezava assim:

Decididamente, vocês têm cá uma lata! Adorava pegar numa faca e esventrá-los a todos, seus idiotas, e gritar de alegria a ver as vossas entranhas a derramarem-se à vossa frente. Vocês andam a ver se arranjam como atear uma guerra santa em que um dia eu e outros como eu, possamos a vir ter o prazer de passar aos actos como o atrás mencionado.

Chegado a este ponto o autor da carta reconhece tardiamente que a sua linguagem não é muito cristã, pois continua, agora num tom mais amistoso:

Contudo Deus ensina-nos a não procurar a vingança mas sim a rezar pelas pessoas como vocês.

Mas a benevolência dura-lhe pouco:

Vai consolar-me saber que o castigo que Deus vos há-de trazer será mil vezes pior do que o que quer que seja que eu possa infligir. O melhor de tudo é que vocês hão-de sofrer para toda a eternidade por estes pecados de que estão completamente ignorantes. A ira de Deus não há-de mostrar misericórdia. Para vosso próprio bem, espero que a verdade vos seja revelada antes que a faca vos toque na carne. Feliz NATAL!!!


P.S: Vocês não fazem mesmo ideia do que vos está reservado…Eu agradeço a Deus por não ser vocês.

Estas cartas rancorosas, de que esta é apenas um exemplo, são mais comuns na América do Norte provenientes de pessoas afectas a Igrejas de Cristo e a Seitas que proliferam por todos os EUA, mas a carta que se segue, de Maio de 2005, é de um médico inglês e foi dirigida a Richard Dawkins.

Depois de uns parágrafos introdutórios a denunciar a evolução e a incitar o autor a ler um livro que defende que o mundo tem apenas 8.000 anos (será que ele pode mesmo ser médico?) conclui:

“Os seus livros, o prestígio de que goza em Oxford, tudo o que ama na vida, e tudo aquilo que alcançou são um exercício de total futilidade…A interpeladora pergunta de Camus torna-se inescapável: porque não cometemos todos suicídio? Na verdade, a sua visão do mundo tem esse tipo de efeito sobre os estudantes e em muitas outras pessoas…que todos evoluímos por puro acaso, a partir do nada, e que a esse nada voltaremos. Mesmo que a religião não fosse verdadeira, é melhor, muito melhor acreditar num mito nobre, como o de Platão, se durante as nossas vidas ele conduzir à paz de espírito.

Mas a sua visão do mundo leva à ansiedade, à toxicodependência, à violência, ao niilismo, ao hedonismo, à ciência Frankenstein, ao inferno na Terra e à terceira guerra mundial. Pergunto-me quão feliz será o senhor nas suas relações pessoais? Divorciado? Viúvo? Homossexual? As pessoas como o senhor nunca são felizes, caso contrário não se esforçariam tanto para provar que não existe felicidade nem significado em nada.”

Segundo este médico inglês o Darwinismo é intrinsecamente uma evolução ao acaso quando, a selecção natural, é precisamente o oposto de um processo casual.

A evolução acontece à custa de alterações genéticas que favorecem a sobrevivência da espécie e essa é a essência da selecção natural de Darwin.

Muitas vezes, a selecção natural conduz a “becos sem saída” e, nesses casos, a espécie extingue-se e esse foi o desfecho de todas aquelas que hoje estudamos sob a forma de fósseis.

Os grandes dinossauros que noutros tempos dominaram a vida sobre a Terra foram eliminados por alterações drásticas e bruscas que lhes retiraram totalmente as possibilidades de sobrevivência tendo-se aberto então caminho para a evolução de outras espécies que até aí não tinham hipótese de evoluir.

Há cerca de sessenta milhões de anos, após o desaparecimento dos grandes dinossauros, pequenos animais que viviam nas florestas passaram a encontrar um espaço que até aí não dispunham.

Eram os antepassados dos mamíferos dos quais, hoje, nós somos os seus mais recentes representantes.

Nada aconteceu por acaso.
Muitos cientistas sustentam que o nosso sentido do certo e errado provêm do nosso passado darwiniano.


A Bondade e a Religião – Uma Lição que nos é dada por Richard Dawkins que, apresenta, a este respeito, a sua versão:

- Em primeiro lugar temos os comportamentos de altruísmo e bondade para com os nossos parentes dos quais o carinho e a protecção que dispensamos aos nossos filhos é o exemplo mais óbvio mas não o único no mundo animal.

Cuidar dos parentes próximos para os defender, para os alertar contra os perigos ou partilhar com eles alimentos são comportamentos normais entre indivíduos que partilham cópias dos mesmos genes.

- Em segundo lugar temos um outro tipo de altruísmo para o qual existe uma sólida fundamentação lógica darwiniana que é o altruísmo recíproco (temos de ser uns para os outros).

Esta teoria trazida para a biologia por Robert Trivers não depende da partilha de genes e funciona até igualmente bem entre animais de espécie diferentes, sendo aí chamada de simbiose.

Trata-se do mesmo princípio que está na base de todo o comércio e das trocas entre os seres humanos.

O caçador precisa de uma lança e o ferreiro precisa de carne. É assimetria que medeia o acordo.

 A abelha precisa de néctar e a flor de ser polinizada.

A selecção natural favorece os genes que predispõem os indivíduos, em relações de necessidade e oportunidade assimétricas, para darem quando podem e solicitarem quando não podem.

E favorece também as tendências para lembrar as obrigações, para guardar rancor, para fiscalizar as relações de troca e para punir os trapaceiros que recebem, mas que não dão quando chega a sua vez de o fazerem.

- Em terceiro lugar, os comportamentos altruístas favorecem o indivíduo que os pratica porque lhes permite ganhar fama de bondosos e generosos e essa reputação é importante e os biólogos reconhecem nela valor de sobrevivência darwiniana não só pelo facto de se serem bons como também por alimentarem essa reputação.

Reputação que não se restringe apenas ao ser humano, de acordo com experiências recentemente feitas em animais, nomeadamente peixes, e publicadas num artigo de R. Bshary e A. S. Grutter na revista Nature de Junho de 2006.

- Em quarto lugar, o economista norueguês-americano Thorstein Veblen e de uma forma diferente o zoólogo israelita Amotz Zahavi, acrescentaram ainda uma ideia mais fascinante quanto à vantagem dos comportamentos altruístas considerando-os uma proclamação implícita de domínio ou superioridade.

Por exemplo, os chefes rivais das tribos do noroeste do Pacífico competiam entre si organizando festins de uma abundância ruinosa.

Só um indivíduo genuinamente superior pode dar-se ao luxo de anunciar o facto por meio de uma oferta dispendiosa.

Os indivíduos compram o êxito através de demonstrações de superioridade, incluindo a generosidade ostentatória e o assumir de riscos pelo bem comum.

Temos então quatro boas razões Darwinianas para os indivíduos serem altruístas, generosos ou “morais” uns para com os outros e ao longo da nossa Pré-Histórica, o ser humano viveu em condições que terão favorecido bastante a evolução destes 4 tipos de altruísmo.

Vivíamos em aldeias ou, em tempos mais recuados, em bandos nómadas discretos, parcialmente isolados de aldeias ou de bandos vizinhos, e estas eram condições que favoreceram extraordinariamente o evoluir das relações altruístas familiares como factor importante para a sobrevivência do grupo.

E não só para o altruísmo de base parental como igualmente do altruísmo recíproco ao cruzarem-se com frequência com os mesmos indivíduos e estas são as condições ideais para se construir a reputação do altruísmo e também para publicitarem uma generosidade conspícua.

É fácil perceber a razão pela qual os nossos antepassados pré históricos terão sido bons para os membros do seu próprio grupo mas maus, chegando à xenofobia, em relação a outros grupos.

Mas agora que a maior parte de nós vive em grandes cidades onde já não estamos rodeados de parentes e conhecemos indivíduos que não mais voltaremos a encontrar, por que motivo somos ainda tão bons uns para os outros e até para aqueles que pertencem a grupos exteriores ao nosso?

É importante não transmitir uma ideia errada sobre o alcance da selecção natural pois ela não favorece a evolução de uma consciência cognitiva do que é bom para os nossos genes, o que ela favorece são regras de base empírica que na prática funcionam no sentido de prover os genes que as criaram.

Vejamos um exemplo:

- No cérebro de um pássaro a regra «cuidar daquelas coisas pequenas que soltam grasnidos e vivem no ninho e deixar-lhes cair comida nas bocas vermelhas e escancaradas» tem o objectivo de preservar os genes que criaram a regra porque os objectos que soltam grasnidos e ficam de boca aberta são os seus descendentes.
Mas esta regra falha se outra cria de pássaro entra para dentro do ninho, situação que foi engendrada pelos cucos.

Esta falha ou “tiro fora do alvo”pode também acontecer com os impulsos para a bondade, altruísmo, empatia, piedade, que o homem continua a desenvolver quando as condições já são diferentes das que existiam em tempos ancestrais.

Por outras palavras, as condições são outras mas a regra empírica manteve-se e, portanto, embora hoje as pessoas já não sejam nossos parentes, façam parte do nosso grupo, ou tenham possibilidade de retribuir, tal como a ave que por impulso continua a alimentar o filho do cuco, também nós continuamos a sentir o desejo de sermos bons e generosos.

É como o desejo sexual que não deixa de ser sentido mesmo quando a mulher é estéril ou toma a pílula e fica incapaz de reproduzir.

São ambos “tiros fora do alvo”, erros darwinianos: abençoados e inestimáveis erros.

Em tempos ancestrais a melhor forma da selecção natural assegurar a sobrevivência da nossa espécie foi instalando no cérebro não só a necessidade de acreditar, da qual já falamos num texto anterior, como também, o desejo sexual e a compaixão ou generosidade.

Estas regras que ditam estes impulsos para acreditar, para o sexo, para a generosidade e para a xenofobia, são muito anteriores à religião, às civilizações e aos vários contextos culturais que se limitaram mais tarde a regulá-los, condicioná-los, instrumentalizá-los, cada um à sua maneira, fazendo deles o cerne da vida dos homens ao longo de toda a sua existência.

Se voltarmos novamente a pôr a questão de saber qual a razão ou razões pelas quais somos bons, a resposta parece-nos ser agora clara, acessível à nossa razão, quase natural e, acima de tudo, nada ter a ver com qualquer religião.
Richard Dawkin 

Pode ir descansado, a gente faz companhia a ele.
A MORTE
E
A MORTE
DE
QUINCAS
BERRO
DÁGUA

Episódio Nº 25



Quem sabe não iria o comerciante mandar comprar uma bebidinha para ajudar a travessia da noite longa?

– Vocês vão ficar a noite toda?

– Com ele? Sim senhor. A gente era amigo.

– Então vou em casa, descansar um pouco – meteu a mão no bolso, retirou uma nota. Os olhos do Cabo, de Curió e Pé-de-Vento acompanhavam seus gestos. – Tá aí para vocês comprarem uns sanduíches. Mas não deixem ele sozinho. Nem um minuto, hein!

– Pode ir descansado, a gente faz companhia a ele.

Negro Pastinha acordou quando sentiu o cheiro de cachaça. Antes de começar a beber, Curió e Pé-de-Vento acenderam cigarros; cabo Martim, um daqueles charutos de cinquenta centavos, negros e fortes, que só os verdadeiros fumantes sabem apreciar.

Passara a fumaça poderosa sob o nariz do negro, nem assim ele acordara. Mas apenas destaparam a garrafa (a discutida primeira garrafa que, segundo a família, o Cabo levara escondida sob a camisa) o negro abriu os olhos e reclamou um trago.
Os primeiros tragos despertaram nos quatro amigos um acentuado espírito crítico. Aquela família de Quincas, tão metida a sebo, revelara-se mesquinha e avarenta. Fizera tudo pela metade. Onde as cadeiras para as visitas sentarem? Onde as bebidas e comidas habituais, mesmo em velórios pobres?

Cabo Martim comparecera a muita sentinela de defunto, nunca vira uma tão vazia de animação. Mesmo nas mais pobres serviam pelo menos um cafezinho e um gole de cachaça. Quincas não merecia tal tratamento. De que adiantava arrotar importância e deixar o morto naquela humilhação, sem nada para oferecer aos amigos?

Curió e Pé-de-Vento saíram em busca de assentos e mantimentos. Cabo Martim achava necessário organizar o velório com um mínimo de decência, pelo menos. Sentado na cadeira, dava ordens: caixões e garrafas. Negro Pastinha ocupara o caixão de querosene, aprovava com a cabeça.

Devia-se confessar que, em relação ao cadáver propriamente dito, a família comportara-se bem. Roupa nova, sapatos novos, uma elegância. E velas bonitas, das de igreja. Ainda assim haviam esquecido as flores, onde já se viu cadáver sem flores?

– Está um senhor – gabou Negro Pastinha. – Um defunto porreta!

Quincas sorriu com o elogio, o negro retribuiu-lhe o sorriso:

– Paizinho... – disse comovido e cutucou-lhe as costelas com o dedo, como costumava fazer ao ouvir uma boa piada de Quincas.

Curió e Pé-de-Vento voltaram com caixões, um pedaço de salame e algumas garrafas cheias. Fizeram um semicírculo em torno ao morto e então Curió propôs rezarem em conjunto o Padre-Nosso.
Conseguira, num surpreendente esforço de memória, recordar-se da oração quase completa. Os demais concordaram, sem convicção.

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