sábado, dezembro 22, 2012

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Estranhas cores da natureza


Não, sereia não pode ser...

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 171


Muita gente subia, na hora do aperitivo, a escada ligando os andares para extasiar-se ante a sala ornamentada de espelhos, o imenso fogão, o frigorífico, aquelas maravilhas.

O cozinheiro chegou, via Baía, junto com Mundinho Falcão, no mesmo navio. O exportador fora à capital, a convite do Governador, discutir a situação política e resolver problemas das próximas eleições. Levara Aristóteles, voltavam vitoriosos.

O Governador cedera em tudo: Victor Melo abandonado ao seu destino, Dr. Maurício igualmente. Quanto a Alfredo retirara a sua candidatura a deputado estadual, em seu lugar apresentara-se o Dr. Juvenal de Itabuna, sem nenhuma chance. Na realidade, a campanha eleitoral estava terminada, os oposicionistas passavam a ser governo.

Nacib embasbacou-se ante o cozinheiro. Estranha criatura: gordote e troncudo com um bigodinho encerado de pontas finas, tinha uns ademanes suspeitos, uns modos efeminados.

Importantíssimo, com uma arrogância de grão – duque, exigências de mulher bonita, preço alucinante.

João Fulgêncio dissera:

 - Isso não é um cozinheiro, é o próprio Presidente da República.

Português de nascimento, de sotaque pronunciado, muitas das palavras a caírem depreciativas de seus lábios, eram francesas. Nacib, humilhado, não as entendia. Chamava-se Fernand com d no fim.

O seu cartão de visita – guardado carinhosamente por João Fulgêncio para juntá-lo ao do «bacharéis» Argileu Palmeira – dizia: Fernand – Chef de cuisine.

Acompanhado de alguns curiosos fregueses do bar, Fernand subiu com Nacib a examinar o restaurante. Balançou a cabeça ante o fogão:

 - Três mauvais…

 - O quê? – sucumbia Nacib.

 - Ruim, merdoso… - traduzia João Fulgêncio.

Exigia fogão de metal, a carvão. Quanto antes. Deu prazo de um mês sem o que iria embora. Nacib suplicou dois meses, tinha de mandar vir da Baía ou do Rio. Sua Excelência concedeu num gesto superior, reclamando ao mesmo tempo uma série de apetrechos de cozinha.

Criticou as comidas baianas, indignas, segundo ele, de estômagos delicados. Criando logo profundas antipatias. O Doutor saltara logo em defesa do vatapá, do caruru, do efó.

 - Sujeitinho armado em besta – sussurrou.

Nacib sentia-se humilhado e amedrontado. Ia dizer qualquer coisa, o chef de cuisine aplicava-lhe um olho crítico, superior deixando-o gelado.

Não fosse o homem ter vindo do Rio, custar tanto dinheiro e, sobretudo, ter sido ideia de Mundinho Falcão, e o mandaria estourar-se no inferno com suas comidas de nomes complicados e suas palavras francesas.


ISABEL Rainha Santa de Portugal

Um dia, entre os pobres que enxameavam às portas do Paço de Coimbra para receber esmola, um deles, muito chagado, muito miserável, a cair da boca aos cães, dissera, interrogado pelo padre esmoler, que era também um pobre de espírito:

 - Só me apetece a morte. Não, apetecia-me – sabe o quê senhor padre – era ir dormir a sesta, escarrapachado, muito bem escarrapachado, na cama d’el-rei. Estou persuadido, que se satisfizesse este gostinho, voltava a ser o que era, recobrava a saudinha e a vontade de viver.

Embora o clérigo notasse o extravagante de tal pedido a fazer lembrar gostinho de mulher grávida, foi com ele à rainha. E vai ela – inflamada em amor do próximo, na fé cristã de humilhação, que se traduzia quase sempre pelo recalcamento da sua humanidade, levou o imundo pedinte para o leito conjugal.

Rompeu logo uma grande murmuração por entre as bocas alcoviteiras do Paço e eis que em breve chegou a D. Dinis a notícia estupenda.

Podia lá ser?!

Tanto podia que, entrando ele nos aposentos, defrontou-se-lhe aquele torpe espectáculo de uma cena pouco própria de um lázaro, esquálido, piolhoso a refocilar–se nos lençóis de bretanha, apaparicado pela rainha, com todas as tochas acesas, como se houvesse ali um himeneu.

Ia o rei fulminar o desgraçado recostado nas almofadas de rendas sob o docel de brocados quando a dúvida se instala no seu espírito que o deteve como uma mola secreta:

 - Quem estava ali era o mendigo nojento ou Jesus Cristo Crucificado?

Isabel era discreta, mas imprudente naqueles seus rasgos de incendiada caridade. Formosa, senhora de toda a graça e elegância mas destituída de sensualidade e paixão. Violino sem cordas; agua branca, purinha, sem paladar, iguaria sem sal nenhum mas, naquele ambiente de intrigas e mal-dizer em que a corte era fértil, nem ela esteve a salvo de um certo escudeiro que por inveja ou qualquer outro sentimento íntimo, foi acusá-la a el-rei.

 - Senhor, não me parece bem a familiaridade que o pajem da rainha desfruta junto da sua real pessoa. Perdoai que vo-lo diga mas sou tão cioso de vossa honra e dignidade que até das sombras tenho medo.

D. Dinis, atentou com olhos torvos, retrospectivos, nas relações que havia entre os dois e a suspeita de que fossem eivadas de malícia nasceu na sua alma.

Pelo que, minado pelos mais ruins pensamentos, planeou no foro íntimo a morte do intrometido mas de tal forma que não deixasse qualquer rasto ou indício.

Foi-se a um forno de cal em actividade, que havia nos arredores de Coimbra e, dando-se a conhecer, disse a um dos forneiros:

 - Amanhã, quando vier aqui um criado do Paço e perguntar. “cumpristes las ordens”, pegas nele e zás, fornalha com ele. Em seguida mandar-me-ás dizer se estão “cumpridas las ordens”. Agora, nem chás nem bus se tens amor à pele!

No dia seguinte largou logo de manhã do Paço o moço da rainha com o capcioso recado. Como quer que fosse – explica a crónica de Damião Cornejo que este pagem por ser muito dado a rezas, se detivera no caminho a ouvir quatro missas que, por coincidência se seguiram umas às outras – demorou-se tanto que o monarca, cheio de impaciência, não tendo chegado o portador que esperava chamou o denunciante:

 - Vai-me ver onde ficou o pagem da rainha que mandei ao forno de cal.

Largou o criado em pés de gamo e, como até àquela hora o verdadeiro mensageiro ainda não tivesse ainda chegado  ao forno de cal, os forneiros tomaram um pelo outro. Deitando-lhe a unha, jogaram-no às labaredas que breve o fizeram num torresmo.

D. Dinis, quando lhe levaram a nova e desceu ao fundamento do sucesso, entreviu o dedo do Senhor. E deixou dali em diante em duvidar em seu coração impulsivo de Isabel, a virtuosa e fiel mal casada.

sexta-feira, dezembro 21, 2012

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Na esteira do barco a lua regista o caminho...




DALIDA - LES GITANS

Nasceu em 1933. Era egípcia de origem italiana mas naturalizou-se e fez a carreira em França. Vendeu 120 milhões de discos e recebeu 55 de Ouro e um de Diamante tendo cantado em 10 idiomas. O sucesso que teve como artista faltou-lhe na vida pessoal. Não teve filhos e os homens com quem viveu tiveram todos um desfecho trágico.
 O seu primeiro marido suicidou-se depois do divórcio e os outros dois, Luigi Tenco e Richard Chanfray também deram cabo da própria vida. Luigi com tiro, após ter sido desclassificado do Festival de San Remo quando defendia a canção, "Ciao Amore Ciao". 
Ela fez uma tentativa em 1967 mas em Maio de 1987 suicidou-se também aos 54 anos. Nesta canção, os seus traços fisionómicos fazem-me lembrar a "nossa" Amália. A voz é outra história... sem chauvinismos, a voz de Amália era única.


O QUE ACONTECE MAIS NESTA ALTURA DO ANO !


O pai entra no quarto do filho e vê um bilhete em cima da cama. Lê o 
bilhete, temendo o pior:


 - "Pai, é com grande pesar que te informo que fugi com meu novo namorado, o João, um italiano muito lindo que conheci no Algarve. Estou apaixonado por ele. Ele é muito gato, com todos aqueles 'piercings', tatuagens e aquela super-moto BMW que comprou há dias. Mas não é só por isso que vou com ele, é que também descobri que não gosto de mulheres e, como sei que não vais consentir decidimos fugir e ser muito felizes neste mundo. Ele quer adoptar filhos comigo, e isso é tudo o que eu sempre desejei para mim. Aprendi com ele que a maconha é óptima, uma coisa natural, que não faz mal a ninguém, e ele garante que no nosso pequeno lar não vai faltar marijuana. O João acha que eu, os nossos filhos adoptivos e os seus colegas 'gays' vamos viver em perfeita harmonia. Não te preocupes pai, eu já sei cuidar de mim, apesar dos meus 15 anos já tive várias experiências com outros tipos e tenho certeza que o João é o homem da minha vida.
Um dia eu volto, para que tu e a mãe conheçam os nossos filhos. Um
grande abraço e até algum dia.

De teu filho, com amor."

O pai quase a desmaiar, continua a ler.

PS: 

 - Pai, não te assustes, é tudo mentira!!!

Estou na casa da Cátia, a nossa vizinha toda boazona. Só queria
mostrar-te que existem coisas muito piores do que as minhas notas
escolares, que estão na primeira gaveta.
Abraços,

Teu filho, burro, mas macho!


Mãe Coragem

Certo dia, uma mulher com o seu bebé de dois ou três meses esperava atendimento no Ministério Público, buscando auxílio para que o pai fosse compelido a pagar a pensão de alimentos. Via-se que era extremamente pobre, jovem, mas com a tez já devorada pelas rugas do sofrimento e, ao que me pareceu, de inanição.

O recém-nascido entrou em pranto estridente, denunciando agonia por fome de leite.

A mãe, ignorando que existia leite em pó ou outro sucedâneo, desesperava, pois os seus seios mirravam da seiva da vida.

Sendo já choro lancinante, a Drª Leonor Esteves, juíza daquele Tribunal, ouvindo do seu gabinete, acercou-se daquela mãe, e como estava em período de aleitação do seu primogénito logo pegou no bebé, à vista de toda a gente que entretanto se juntara, e deu o seu peito, saciando aquele infeliz imberbe.

O dramaturgo Bertolt Brecht autor de uma peça denominada “Mãe Coragem e os Seus Filhos” conta a história de uma vendedora ambulante, mãe de três filhos, que segue um exército em guerra para com ele fazer lucro. Ao longo desse percurso obstinado de 12 anos, ela acaba por ver morrer todos os seus filhos.

O episódio em que intervém a Drª Leonor Esteves aconteceu em Lamego, num Tribunal daquela Comarca, há cerca de duas décadas e é-nos contado no Boletim da Ordem dos Advogados.

Dele, retiramos dois exemplos de “mãe coragem” qualquer deles comprovativo do que as mulheres, na relação da maternidade, sem vacilar, fazem pelos filhos:

- De um lado, a juíza, que sem pruridos ou preconceitos despiu a toga para de imediato, sem hesitações e em público, amamentar um bebé que não era o dela, no superior papel de mulher e mãe;

- Do outro, uma jovem mãe, pobre e frágil que arrosta com os corredores dos Tribunais para pedir ajuda ao Ministério Público no cumprimento da lei naquilo que respeita às mais legítimas, mínimas e elementares obrigações paternais: colaborar na criação do seu filho com o pagamento da pensão de alimentos.
 

Agarrada à agulha, Gabriela, parece agora, fora de cena...

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 170


Com tal vida, nesse tempo todo não depositara no banco. Cumprira seus compromissos com seus fornecedores, mas devorara os lucros numa boémia cara. Antigamente ia ao cabaré uma ou duas vezes por semana, dormia com mulher enrabichada por ele, sem gastar quase nada.

Mesmo depois de casado, com tanta coisa dada a Gabriela, fora-lhe possível separar cada mês uns contos de réis para a futura roça de cacau. Resolveu por fim àquela vida devassa e ruinosa.

Pôde tranquilamente fazê-lo, não mais o torturava a ausência de Gabriela, o medo de ficar sozinho, já não procurava sua perna e anca redonda onde descansar. Sentia falta, e cada vez mais, era da cozinheira.

Felizmente nem tudo era negativo no balanço. O reservado no pocker, com a dinheirama a correr naquele ano, deixava bom lucro. Agora, com a volta de Amâncio Leal e de Melk às boas relações com Ribeirinho e Ezequiel, o reservado funcionava diariamente, entrando a roda de Pocker pela noite dentro, indo por vezes até de manhã. Jogavam alto, o barato da casa crescia.

E havia o Restaurante, no qual Mundinho pusera o dinheiro e Nacib o trabalho e a experiência. Lucros divididos e certos pois não teria concorrentes. A comida nos hotéis era infame. Além do mais, à noite, a sala do restaurante funcionaria para o pocker, o sete e meio, a bisca, o vinte e um, os jogos de baralho aos quais os coronéis eram aficionados, preferindo-os mesmo à roleta e ao bacará dos cabarés. Ali poderiam divertir se discretamente.

O pior mesmo era a falta de cozinheira. O andar já estava pintado, dividido em sala, copa e cozinha, as mesas e cadeiras prontas, o fogão construído, pias para lavar pratos, mictórios para os fregueses. Tudo do melhor. Do Rio haviam chegado as encomendas: máquina para fazer sorvete, frigorífico onde guardar carnes e peixes, fabricando seu próprio gelo. Coisas de luxo, nunca vistas em Ilhéus, os fregueses do bar estatelavam-se em admiração.

Em breve estaria tudo montado, só faltava cozinheira. Naquele dia, quando a suprema autoridade criticara tão asperamente os salgados do bar, Nacib decidiu conferenciar com Mundinho sobre o assunto.

O exportador dedicava grande interesse ao restaurante. Era de comer bem, vivia reclamando a bóia dos hotéis, mudando de um para outro.

Também ele, Nacib, estava a par, mandara oferecer ordenado de rei a Gabriela. Discutiu o assunto com o árabe, propôs mandar buscar um cozinheiro no Rio, experiente em restaurantes. Era a única solução. Em Ilhéus arranjariam ajudantes, duas ou três cabrochas.

Nacib torceu o nariz: esses cozinheiros do Rio não sabiam fazer comida baiana, cobravam um dinheirão. Mundinho, porém estava encantado com a ideia: um mestre-cuco vestido de branco, gorro na cabeça, como nos restaurantes do Rio.

Vindo falar com os fregueses, recomendar-lhes pratos. Mandou um telegrama urgente a um amigo seu.

Nacib, ocupado com os últimos e complicados detalhes de arrumação do restaurante, voltava à sua vida antiga: ia ao cabaré raramente, dormia com a amazonense quando lhe sobrava tempo e ela estava livre. Apenas desembarcasse o cozinheiro do Rio e marcaria a data da inauguração solene do Restaurante do Comércio.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

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A ramagem inclina-se sobre o precipício como que desafiando-o mas o tronco mantém-se bem erecto.



Um homem com cerca 90 anos fez o seu check-up anual e o médico disse-lhe:
- Amigo, para a sua idade, está numa forma que eu nunca vi.

O paciente respondeu:


- Sim. Porque sei levar uma vida cuidada, simples e espiritual.


- Que quer dizer com isso?


- Se não levasse uma vida cuidada e simples, Deus não me acendia a luz da casa de banho cada vez que me levanto no meio da noite.


O médico estranhou a resposta.


- Quer dizer que cada vez que se levanta a meio da noite
para ir à casa de banho, o próprio Deus acende-lhe a luz??


- Sim! Cada vez que vou à casa de banho urinar, Deus acende-me a luz!


O médico não adiantou mais nada, mas quando foi a vez da esposa do sujeito ir à consulta, sentiu a necessidade de lhe transmitir o que o marido lhe havia dito.


- Eu quero que saiba que o seu marido está em óptima forma, mas estou preocupado com o seu estado mental. Ele disse-me que todas as noites, quando vai à casa de banho urinar, Deus lhe acende a luz.

- Ele disse-lhe o quê???
- Ele disse-me que todas as noites quando se levanta para ir à casa de banho Deus lhe acende a luz...
- Ahhh!!! (exclamou a velhota). 


Então é ele que tem mijado dentro do frigorífico...

UMA DELÍCIA...



ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 93 SOB O TEMA:
 “DEUS OU O DINHEIRO”





RAQUEL - Sim, um momento, por favor… Não, senhor, nas Emissoras Latinas respeitamos a liberdade de opinião de todos nossos convidados, e ainda mais se for Jesus Cristo… Creio que estamos com um grande problema…

JESUS - O que está acontecendo, Raquel?

RAQUEL -  É que depois do debate com o Papa, o telefone não deixou um só minuto de tocar. O público, quer dizer, uma parte do público, está indignada com as suas palavras. Dizem que vão nos denunciar se não fecharmos de imediato estes programas.

JESUS - E o que os incomoda tanto?

RAQUEL - É que o senhor ofendeu o Santo Papa.

JESUS - Eu? Esse homem é que ofende aos pobres. Como pode falar em meu nome vestido como um imperador? Eu falei bem claro. Não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro.

RAQUEL - Sejamos razoáveis, Jesus Cristo. No Vaticano, nas igrejas, há pinturas, esculturas, jóias de muito valor… são obras de arte.

JESUS - Raquel, nesta viagem tenho visto muitos homens e muitas mulheres pobres, e crianças com fome. Eles são a maior obra de arte. Imagem e semelhança de Deus… Todos os tesouros e as riquezas que guardam esses templos, não valem nem um deles.

RAQUEL -  Sim, mas…

JESUS - Tu és mãe, Raquel, não é?

RAQUEL - Sim, tenho dois meninos.

JESUS - E se visses os teus filhos passando fome,  atrever-te-ias a colocar anéis de ouro e a te vestires com luxo e com coroas?

RAQUEL - Bom, dito assim…

JESUS - É que não há outra forma de dizer.

RAQUEL - Está bem, mas, o que podem fazer com tudo isso que possuem, vender?

JESUS - Que vendam, que doem, façam o que quiserem. Mas em verdade te digo que esses camelos não passarão pelo olho da agulha.

RAQUEL - Um telefonema… Sim, alô?... Pepe Rodríguez, o pesquisador? Que óptimo… Quer opinar sobre o recente debate com o Papa?

PEPE - Sim, Jesus Cristo esteve magnífico. E queria te informar que, além da insensibilidade social que ele demonstra, toda essa riqueza que viram através da televisão do Vaticano foi roubada.

RAQUEL -  Como roubada? O senhor se refere ao negócio das indulgências que comentamos em outro programa?

PEPE -  Não, eu me refiro à doação de Constantino.

RAQUEL - Poderia explicar melhor?

PEPE -  Escute, Raquel, e escute também Jesus Cristo. Quatro séculos depois da morte daquele sinistro imperador romano Constantino, a Igreja Católica trouxe à luz um documento que disse estar escrito pelo próprio punho de Constantino.

RAQUEL - E o que dizia esse documento?

PEPE - Que o imperador presenteava à igreja de Roma, na pessoa do papa Silvestre, seu palácio pessoal.

JESUS - Um palácio para um representante meu?

PEPE - Doava-lhe também as insígnias imperiais e o traje real de púrpura. Esse manto vermelho que até hoje os papas usam não passa de um "souvenir" de Constantino.

RAQUEL -  Difícil de acreditar...

PEPE - Mas agora vem o melhor. No tal documento, Constantino doava ao Papa a cidade de Roma, e ainda lhe doava a Itália inteira, ou seja, as províncias ocidentais do império, milhões e milhões de hectares, meia Europa...

RAQUEL -  Mas Constantino tinha realmente assinado isso?

PEPE - Não, a famosa Doação de Constantino era um documento falsificado por ordem de outro papa, Estevão Segundo. Foi assim que a igreja romana acumulou uma riqueza tão colossal que ainda hoje continua vivendo das rendas daquele roubo.

JESUS - Não posso acreditar no que estou ouvindo.

RAQUEL - Obrigada, Pepe Rodríguez.  Uff… Jesus Cristo, tento manter a imparcialidade jornalística, mas...

JESUS - Pois eu não. Os sacerdotes do meu tempo eram cobrinhas ao lado dessa raça de víboras.

RAQUEL - Creio que é melhor terminar o programa. De Jerusalém e para as Emissoras Latinas, falou Raquel Pérez.


O véo  prto faz a diferença

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 169

Mas o consumo de bebidas diminuíra e, com ele, os lucros. Muitos ficavam no primeiro cálice, outros não vinham mais todos os dias. Aquela ascensão fulminante do Vesúvio sofrera uma pausa e mesmo um decréscimo nas rendas. E isto quando o dinheiro rolava fácil na cidade, todo o mundo gastando nas lojas e nos cabarés.

Precisava tomar uma providência, despedir a cozinheira, arranjar outra, custasse o que custasse. Em Ilhéus era impossível, ele tinha experiência. Conversando sobre o assunto com D. Arminda, a parteira tivera a coragem de lhe aconselhar:

 - Uma coincidência, seu Nacib. Tive pensando que boa cozinheira para o senhor é mesmo Gabriela. Não vejo outra.

Teve de conter-se para não soltar um palavrão. Essa D. Arminda andava cada vez mais maluca. Também não saía da sessão de espírita, a conversar com defuntos. Contara-lhe ter o velho Ramiro aparecendo na tenda de Deodoro e pronunciado comovente discurso perdoando todos os seus inimigos, a começar por Mundinho Falcão. Diabo de velha destramelada…

Agora não passava um dia sem lhe tocar no assunto, porque não tomava Gabriela de cozinheira? Como se isso fosse coisa que se propusesse…

Ele se refizera, é verdade, tanto que podia ouvir D. Arminda falar de Gabriela, louvar-lhe o comportamento e a dedicação ao trabalho. Costurava dia e noite, pregando forro em vestido, abrindo casa para botões, alinhavando blusas, numa trabalheira difícil, pois – ela mesmo dizia – não nascera para a agulha e, sim, para o fogão.

Decidira, no entanto, não cozinhar para mais ninguém a não ser para Nacib. Apesar das ofertas a chover de todos os lados. Para cozinhar e para amigação, cada qual mais tentadora. Nacib ouvia D. Arminda, quase indiferente, apenas levemente orgulhoso dessa fidelidade tardia de Gabriela. Encolhia os ombros, entrava em casa.

Estava curado, conseguira esquecê-la, não a cozinheira, a mulher. Quando se recordava das noites passadas com ela, era com a mesma saudade mansa que relembrava a sabedoria de Risoleta, as pernas altas de Regina, uma de antes, os beijos roubados à prima Munira numas férias em Itabuna.

Sem dor profunda no peito, sem ódio. Sem amor. Suspirava ainda mais pela cozinheira inigualável, suas moquecas, os xins-xins, as carnes assadas, os lombos, as cabidelas.

Refizera-se do golpe, mas à custa de dinheiro. Durante semanas frequentara cada noite o cabaré, jogando roleta e bacará, pagando champanhe para Rosalinda. Essa loira interesseira arrancava-lhe notas de quinhentos mil réis como se fosse um coronel do cacau a sustentar rapariga e não seu xodó no leito pago por Manuel das Onças.

Nunca vira xodó daquele tipo, estava era bancando o besta. Ao dar balanço em seus negócios teve uma ideia exacta do dinheiro gasto com ela, dos desperdícios a que se entregara.

Terminou por largá-la, seduzido por amazonense pequena, uma índia chamada Mara. Conquista menos espectacular, mais modesta, contentando-se com a cerveja e alguns presentes. Mas como a índia não tinha proprietário fixo, fazia a vida em casa de Machadão, nem toda a noite estava livre e ele terminava afogando suas mágoas em veias e pagodeiras nos cabarés ou em casas de mulheres, gastando sem conta. Pusera fora um horror de dinheiro.

quarta-feira, dezembro 19, 2012

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A Minha neta começou agora na escola de Ténis. É nítida a vontade de acertar...


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O cinzento do nevoeiro mistura-se com o cinzento das pedras de granito.


SE EU FOSSE UM DIA O TEU OLHAR....


Eugénio de Andrade

SEM TI

E de súbito desaba o silêncio
É um silêncio sem ti,
Sem álamos,
Sem luas.


Só nas minhas mãos
Ouço da música das tuas…


QUE MÚSICA ESCUTAS TÃO ATENTAMENTE


Que música escutas tão atentamente
Que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
Que tudo canta ainda?


Queria falar contigo,
Dizer-te apenas que estou aqui,
Mas tenho medo,
Medo que toda a música cesse
E tu não possas mais olhar as rosas.


Deixa-te estar assim,
Ó cheia de doçura,
Sentada, olhando as rosas,
E tão alheia
Que nem dás por mim…


Medo de quebrar o fio
Com que teces os dias sem memória.
Com que palavras, beijos
Ou lágrimas
Se acordam os mortos sem os ferir,
Sem os trazer a esta espuma negra
Onde corpos e corpos se repetem,
Parcimoniosamente
No meio de sombra
s


ISABEL Rainha Santa (III)

Sucedeu atravessar o reino um ano de grande carestia a ponto dos homens correrem os matos como loucos e caírem ao chão mortos de fome.

Isabel mandou abrir os celeiros reais e encomendou aos mercadores estrangeiros trigo a todo o preço. Como nesta conjuntura fosse até empenhar as jóias, os oficiais, de sua casa observaram-lhe:

 - Repare, senhora, que amanhã terá a fome no palácio…

 - Ao que ela respondeu:

 - Deus se amerceará de nós!

 E, de verdade, nunca na vida desta rainha, pródiga e freneticamente mãos-rotas, se viu o fundo às tulhas do rei lavrador e ao cofre da nação.

D. Dinis, absorvido pelos negócios do Estado, em correrias por Castela ou contra o infante, na caça e nos prazos-dados das suas muitas concubinas, não punha embargos à generosidade de Isabel.

A sua índole de homem prático e laborioso, com um instinto muito justo das realidades, devia repugnar aquele delírio de fazer bem que se assoberbara da mulher.

Diante dos seus olhos, muitas vezes desfilaram hordas de mendigos, parasitas viciosos e madraços sem ofício de permeio com lázaros e aleijadinhos, dignos de piedade. Mas fechava os olhos, porque não era escasso por natureza, embora longe de perdulário, e porque sentia, talvez, no exercício daquela inveterada largueza a derivante de uma vida moral a que ele faltara com a componente indispensável do seu carinho de esposo.

Que medidas tomar, aliás, contra uma fraca e doce criatura que sabia tão bem sorrir, que sabia tão bem chorar, e a favor de quem Terra e Céu se conjuravam?

E havia de lembrar-se sempre, daquele dia de Verão, na véspera de uma montaria quando, ao visitar os canis e as gaiolas dos falcões, o moço da matilha se lhe queixou que os sobejos da mesa, a rainha os distribuíra pela gentalha que a toda a hora se apinhava à porta do castelo.

Ficou o Rei muito sentido com aquela nova e, no dia seguinte, adiando a jornada, deu-se a espiar a esposa. E quando ela, após o primeiro repasto se dirigia para a portada com o regaço cheio, saiu-lhe o Rei ao encontro e disse:

 - Quero saber, senhora o que levais aí…

Com a surpresa e o susto caiu o regaço à rainha. E rosas, infinitas rosas, de muitas cores, de fragrância nunca sentidas, juncaram o chão e perfumaram o ar em volta.

O Rei, vendo aquele milagre, ajoelhou e beijou a mão que dissipava pelos pobres da Terra riquezas que, por fabulosas e inesgotáveis, só podiam vir do céu. 


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 168

 - Ora, porquê… por causa da biblioteca da Associação Comercial, dos bailes do Progresso, da linha de marinetes, dos trabalhos da barra… Por causa do filho quase doutor, da morte de Ramiro Bastos e por causa de Mundinho Falcão…

Silenciou um instante, Nacib atendia a outra mesa:

 - Por causa de Malvina, por causa de Nacib.

As janelas fechadas da ex – casa de Glória eram uma nota melancólica na paisagem da praça. O Doutor reflectiu:

 - Sinto falta, devo confessar, de sua estampa emoldurada na janela. Já estávamos acostumados.

Ari Santos suspirou recordando os seios altos como uma oferta, o constante sorriso, os olhos de dengue.

Quando voltasse ela de Itabuna (para onde viajara em companhia de Josué, por uns dias), onde iria morar, em que janela se debruçaria, para que olhos exibiria seios e sorrisos, lábios carnudos e olhos molhados?

 - Nacib! - chamou João Fulgêncio. – Você precisa de tomar providências, meu caro. Providências urgentes! Mudar de cozinheira e conseguir a casa de Coriolano para nela novamente instalarmos Glória. Sem o que, ó preclaro descendente de Maomé, esse bar vai à garra…

Nhô-Galo sugeriu uma subscrição dos fregueses para pagar o aluguer da casa e nela repor, em meio de grande festa, a carnação de Glória.

 - E a elegância de Josué, quem vai pagar? - Lançou Ari.

Pelo que parece será o nosso Ribeirinho… – disse o Doutor.

Nacib ria mas estava preocupado. Dando um balanço em seus negócios, necessário em vista da próxima inauguração do restaurante, botara as mãos na cabeça. Talvez para constatar ainda a possuir, tanto a perdera nesses meses. É natural que, nas semanas iniciais após a descoberta de Tonico nu em seu quarto, não ligasse para o bar, esquecesse o projecto do restaurante.

Viveu aqueles dias a ganir de dor, vazio com a ausência de Gabriela, sem pensar. Mesmo depois, porém, só fizera besteiras.

Aparentemente, tudo voltara ao normal. Os fregueses lá estavam, jogando dama e gamão, conversando, rindo, bebendo cerveja, bebericando aperitivos antes do almoço e do jantar. Ele se refizera por completo, a ferida cicatrizada no peito, já não cercava Dª. Arminda para saber de Gabriela, ouvir notícias das propostas recebidas e recusadas.

Os fregueses, porém não consumiam tanta bebida como antes, não gastavam tanto como no tempo de Gabriela. A cozinheira mandada vir de Sergipe, passagem paga por ele, era um blefe dos maiores. Não ia além do trivial, tempero pesado, comida gordurosa, doces açucarados.

Os salgados para o bar, uma porcaria. E exigente, querendo ajudantes, reclamando o trabalho, uma peste. Ainda por cima um espantalho de feia, com verrugas e cabelos no queixo. Não servia, evidentemente, nem para o bar quanto mais para chefiar a cozinha do restaurante.

Eram os salgados e os doces o incentivo à bebida, prendendo os fregueses, fazendo-os repetir as doses. O movimento do bar não decrescera, continuava intenso, a simpatia de Nacib mantinha firme a freguesia.

terça-feira, dezembro 18, 2012

As pessoas da minha geração percebem melhor o porquê da Lista

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Aldeia da Benfeita em Arganil. É uma das 24 aldeias incluídas na Rede das Aldeias de Xisto. Aqui foi filmado "Aquele Querido Mês de Agosto" que, depois de editado, foi mostrado, na praça pública, às gentes da terra.


Do que eles haviam de se lembrar...


ISABELRainha Santa


Conta-se que indo ela, uma vez, de romagem a Santa Iria, virgem e mártir, que jaz na vila de Tomar, por duas vezes o rio caudaloso com o inverno que se desencadeara, parou de correr apartando-se as águas às duas margens para ela passar e voltar a Santarém.

Além de devota e clemente, dava tudo o apanhava à mão, os seus dinheiros e os do rei, as suas jóias e as iguarias da mesa, as boas palavras da sua alma e as flores frescas dos jardins, tudo o que pudesse servir de lenitivo a tristes e necessitados.

O esmoler recebera ordens terminantes: nunca negar esmola a quem a pedisse. Daí que, onde ela pousasse, acudiam como moscardos os pedintes: aleijados e vagabundos, leprosos e descarados, fradinhos de pé alceiro e ladrões dos quatro caminhos. E, reza a crónica que até de além fronteiras vinham pobres ao cheiro do maná que as mãos pródigas da rainha lançavam aos deserdados das varandas de seus paços e castelos.

Pelos pobres despojava-se de tudo, tomada do santo delírio da caridade e só não praticaria a liberalidade absoluta como Santa Eponina, porque, além do corpo lhe nascer fadado frio e incorruptível, seu espírito defendia-se da impureza como o arminho.

Relativamente às aventuras amorosas de El-Rei, seu marido, ignorava o que fosse ciúme, recebendo em sua casa os bastardos, dando de vestir, amas que os criavam e procurando mercês aos aios que os instruíam.

 O seu esposo tinha caído na devassidão mais desmedida. Não lhe bastavam as sete concubinas que tinha ao mesmo tempo por vilas e terras do reino, as açafatas do Paço e as próprias camareiras serviam a sua faminta libertinagem.

Daqui ficou o ditado que não representa apenas obediência à rima e se perpetuou:

 - «Este foi o Rei D. Dinis que fez tudo quanto quis».

A idade apaziguou-o e à semelhança do diabo que deu em ermita, entrou um dia no «caminho que devia, e sempre até à sua morte o seguiu e guardou».

Isabel gozou então de paz muros a dentro no seu Paço. Paz em seu coração de esposa, se é que alguma vez os zelos lhe abrasaram o seio que parecia inerte ao amor e a mais apetites da luxúria.

Mas Portugal, no seu tempo, dava um triste espectáculo de uma «casa da malta» envolvida em rixas reles e escarcéu.

Primeiro brigaram o Rei e o irmão. Brigaram depois pai e filho, herdeiro do trono. A boa da Rainha não compreendia os desmandos das «feras», e cada golpe, cada insulto que trocavam eram lanças em seu peito de mãe e de esposa.

Ela não fazia mais que interpor-se, desfeita em lágrimas, mãos postas, a implorar de uns e de outros que se aplacassem em sua ira e se perdoassem as injúrias de parte a parte em nome de Cristo Salvador que morrera pelos homens.

E, não é certo, que sem a sua intervenção, a história deste país não teria ficado marcada por mais crimes e violências cometidas de filhos para pais e destes para os filhos.

Uma candidata à "passerelle"

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 167


 - Ouça uma coisa, coronel: esse pilantra do Victor Melo não será deputado por Ilhéus. Porque Ilhéus deve ser representado por alguém daqui, interessado no seu progresso. Mas, tirando ele, pode ser qualquer um que o senhor quiser.

Diga um nome e eu retiro o meu, boto o que o senhor indicar e o recomendo aos meus amigos. Dr. Alfredo? O senhor mesmo? O senhor eu o vejo melhor na cadeira que foi do coronel Ramiro, no Senado da Baía.

 - Quero não, seu Mundinho, mas lhe agradeço. Não quero nada para mim. Se eu votar será no senhor, nesse patife do Dr. Victor só votaria pelo compadre. Mas para mim a política acabou. Vou viver no meu canto.

- Vim só para lhe dizer que não vou mais combater o senhor. Política lá em casa só depois com o meu filho, se ele quiser se meter nisso. Mas tenho uma coisa a pedir ao senhor; não persiga os meninos do compadre, nem os amigos dele. Os meninos não são grande coisa, eu sei. Mas Alfredo é homem direito. E Tonico é um pobre de Deus. Os nossos amigos são homens de bem, ficaram com o compadre na hora ruim. É só o que eu queria lhe pedir. Para mim não quero nada.

- Não penso perseguir ninguém, não sou disso. Ao contrário o que desejo é discutir com o senhor a maneira de não prejudicar o Dr. Alfredo.

 - Para ele, o melhor é voltar para Ilhéus, tratar de meninos, que é disso que ele gosta. Agora, com a morte do compadre, está muito rico. Não precisa de política. Deixe Tonico com o cartório dele.

 - E o coronel Melk? E os outros?

 - Isso é com o senhor e com eles. Melk anda desgostoso depois da história da filha. É bem possível que faça como eu, não se meta mais em política. Vou embora seu Mundinho, já roubei seu tempo de mais. De hoje em diante conte com um amigo. Não prá política. Quando passar a eleição, quero que o senhor venha um dia na minha rocinha. Caçar umas preás…

Mundinho acompanhou-o até às escadas. Logo depois saíu também, vinha sozinho e silencioso pela rua, quase sem responder aos cumprimentos numerosos, extremamente cordiais.


Das perdas e lucros com o «chef de cuisine»


João Fulgêncio mastigava um bolinho, cuspia:

 - De baixa qualidade, Nacib. A culinária é uma arte, você deve saber. Exige não só conhecimentos como, antes de tudo, vocação. E essa sua nova cozinheira não nasceu para isso. É uma charlatã.

Riram em redor, menos Nacib, preocupado. Nhô-Galo exigia uma resposta à sua pergunta anterior: «Porque Coriolano contentara-se em botar Glória e Josué porta afora e abandonar a rapariga? Logo ele tão dado a violências, o carrasco de Chiquinha e Juca Viana, a ameaçar, ainda há uns dois anos, Tonico Bastos. Por que agira assim?»

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