sábado, novembro 05, 2011

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Cenas incríveis...

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Se ouvir ranger uma pernada....

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Nicolas Sarkosy

Aquele de quem a chanceler Merkel diz: - "Comigo, o francês vai sempre atrás".

(Uma "boca" que não deve ter soado bem ao chauvinismo francês.)

Afinal, o que qurem os Gregos?

Há gregos que esgravatam nos caixotes do lixo, mas a grande maioria enche as esplanadas e os clubes de música onde encomendam garrafas de whisky a 150 euros e as orquestras tocam sem passar recib0. Metade da economia grega é clandestina, metade dos negócios, metade dos cidadãos, metade da riqueza produzida não paga impostos e assim deseja continuar.

Acham, e com toda a razão, que a cura que lhes foi imposta vai acabar de matá-los, mas não acham que tenham de mudar alguma coisa nos seus salutares hábitos de aldrabar as contas e caminhar alegremente para a ruina.

O que querem os gregos, afinal? Boa pergunta.


(Relato de Paulo Moura do Jornal O Público)

PEDRO ABRUNHOSA - SE EU FOSSE UM DIA O TEU OLHAR

Sou fã desta linda canção do inspirado Pedro Abrunhosa

SINAIS da CRISE...

A mulher entra na peixaria:

- Bom dia sr. Manel. Tem jaquinzinhos?
- Tenho sim, minha senhora.
- Dê-me então duas postinhas do meio, por favor!

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Esposa traída...

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Uma casa bem aconchegadinha...


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INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 23 SOBRE O TEMA:

“MULHERES APÓSTOLAS "(6)



A Arquitectura Patriarcal das Catedrais



A arquitectura das grandes catedrais europeias reflecte a ideologia misógina em ascensão durante séculos na história do cristianismo. Num texto provocador e surpreendente no seu prefácio para o famoso "Monólogos da Vagina" de Eve Ensler, a americana feminista Gloria Steinem explica:


- “Nos anos setenta, quando me documentava na Biblioteca do Congresso, encontrei um pequeno tratado conhecido sobre a história da arquitectura religiosa que dava como assente um facto como se ele fosse conhecido por todos: que o traçado tradicional da maioria dos edifícios de culto patriarcal imita o corpo feminino. Assim, há uma entrada interior e outra exterior, os grandes lábios e pequenos lábios; uma nave central vaginal que conduz ao altar, duas estruturas curvas ováricas de cada lado, e, finalmente, no centro sagrado, é o altar ou o útero, onde o milagre acontece: em que os homens dão à luz.”


Sendo nova para mim esta comparação, ela abriu-me os olhos de repente. Claro, pensei. A cerimónia central das religiões patriarcais é, nada mais nada menos, aquela em que os homens se apropriam de todo o edifício para dar à luz simbolicamente. Não é de surpreender que os líderes religiosos masculinos muitas vezes afirmem que os seres humanos nascem em pecado… porque nascem de barrigas femininas. Unicamente obedecendo às regras do patriarcado podem renascer através dos homens. Não é de estranhar que os padres e pastores vestidos com longas túnicas nos pulverizem a cabeça com um fluido que imita as águas do parto, nos dêem novos nomes e nos prometam renascer para a vida eterna. Não admira que o sacerdócio masculino tente manter as mulheres longe do altar, na mesma medida que são mantidas longe do controle do próprio poder de reprodução.


De uma forma simbólico ou real, tudo é projectado para controlar o poder que reside no corpo feminino.

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA



Episódio Nº 249


Na etapa inicial de empresa assim vultosa são preparados os planos, completada a organização, despertado o interesse do público, recolhido o dinheiro necessário ao financiamento, enquanto arquitectos, urbanistas, engenheiros, paisagistas estudam e põem de pé o monumental projecto; as obras propriamente ditas só são iniciadas daí a dois anos.

Dois anos, vinte e quatro meses. O velho Hipólito examina os casarões. Durante esse tempo continuarão a abrigar ladrões, vagabundos, crianças e ratos? Ou devem ser demolidos imediatamente, limpando-se a área por completo, conforme reclama um dos engenheiros?

Sobradões de pedra e cal, em ruinoso estado, é certo, porém sólidas construções. O velho Sardinha não se conforma.

- A não ser para bordéis de ínfima categoria, não vejo para que possam servir, opina o engenheiro.

O velho ouve em silêncio. Mesmo em frases depreciativas, soltas à brisa do golfo, há dinheiro a ganhar.

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A decisão de transferir a zona da Cidade Alta para a Baixa não fora assim tão repentina quanto parecera a Assunta e às suas inquilinas. Fossem dadas à leitura atenta dos jornais, não teriam sido surpreendidas pela ordem de mudança transmitida oralmente por Peixe Cação e pelo detective Dalmo Coca, na visita matinal. Mas contentavam-se com as páginas de crimes e as colunas sociais, onde obtinham ração suficiente de emoções.

De uma parte, roubos, assassinatos, violências a granel, choro, ranger de dentes: de outra, festas, recepções, banquetes, risos e amores, champanhe e caviar.

- Um dia, ainda hei-de provar esse tal de caviar… – garante Maria Petisco após a leitura da apaixonante descrição do jantar de Madame Tutê Muscat, redigida pelo divino Luluzinho, com suspiros e pontos de exclamação. Champanhe não me empolga, já tenho tomado às pampas.

- Nacional, minha branca, não vale nada. Boa de verdade é a francesa e essa não chega para seu bico – esclarece Doroteia, pontilhosa.

- E você, já tomou, princesa?

- Uma vez. Na mesa do coronel Jarbas, um de Itabuna, no Palace, no tempo do jogo. É toda de bolhas, parece que você está bebendo espuma molhada.

Um dia, vou arranjar um coronel cheio de grana, e me atocho de caviar e champanhe francês. Francês, inglês, americano, japonês. Vocês vão ver.

A discutir champanhe e caviar, desprezando as páginas nobres, opinativas, os editoriais, não se deram conta da repentina indignação a apossar-se dos proprietários das gazetas pelo facto de estar a zona de meretrício localizada praticamente no centro da cidade.

Na Barroquinha, ao lado da Praça Castro Alves, “nas vizinhanças da Rua Chile, coração comercial da urbe, onde se encontram as lojas mais elegantes de tecidos, roupas, calçados, as joalharias, as perfumarias, processa-se o degradante comércio do sexo. As senhoras de sociedade vindo às compras, “são obrigadas a acotovelar-se com as marafonas”.

Da Ladeira de São Bento é perfeitamente visível “o torpe quadro das prostitutas às portas e janelas, na Barroquinha, seminuas, escandalosas.”

Espalha-se a prostituição por todo o centro: Terreiro, Portas do Carmo, Maciel, Taboão, área turística, um absurdo. “Descendo as ruas e becos do conjunto colonial do Pelourinho, mundialmente famoso, os turistas testemunham cenas vergonhosas, mulheres em trajes sumários, quando não completamente despidas, às portas e janelas, nas calçadas, palavrões, cachaçada, o vício sem peias, às escâncaras, à esbórnia.”

Por acaso os turistas “chegam das plagas do Sul e do estrangeiro para assistir a espectáculos tão deprimentes, indignos dos nossos foros de civilização, de capital nacional do turismo?”
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sexta-feira, novembro 04, 2011

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Cheia a quanto obrigas... mas faz as delícias da criança e pôe à prova as habilidades do pai.


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HISTÓRIAS



DE HODJA


A esposa de Hodja prepara uma deliciosa sobremesa para as festas. É o ponto alto do jantar e comem-na com grande entusiasmo. Decidem, no entanto, guardar o que sobra para o almoço do dia seguinte.

Mas Hodja não consegue dormir. Por fim acorda a esposa.

“Minha querida” diz ele, “vai-me buscar o que sobrou da sobremesa”.

A esposa assim o faz. Sentam-se e comem tudo.

“Assim, sim” diz Hodja: “Agora podemos voltar para a cama e dormir. É melhor ter a sobremesa na barriga do que na cabeça”.

Madre Teresa de Calcutá chega ao Céu.


- Tendes fome? - Pergunta Deus.

Madre Teresa acena afirmativamente com a cabeça.
Deus prepara para cada um uma sanduiche de atum de conserva em pão de centeio.

Entretanto, a virtuosa mulher olha lá para baixo e vê os glutões no Inferno a devorarem bifes, lagostas, amêijoas, doces e vinho.

No dia seguinte, Deus convida-a para outra refeição. Uma vez mais, o pão
de centeio seco com atum da lata....

Uma vez mais, ela vê os do Inferno a regalarem-se com uma verdadeira orgia gastronómica...

No dia a seguir, ao ser aberta a terceira lata de atum, Madre Teresa pergunta humildemente:

- Senhor, estou grata por me encontrar aqui Convosco como recompensa pela vida casta, regrada e devotada que levei. Mas não compreendo: só comemos pão com atum, enquanto do outro lado comem como reis...

- Ó Teresinha, sejamos realistas - diz Deus com um suspiro - achas que vale a pena cozinhar só para duas pessoas?

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA





Episódio Nº 248



Sabia dessa particularidade o bravo campeão dos explorados? Aliás, para elas tudo é mais caro e mais difícil, e todos acham justo, ninguém protesta. Nem o nobre defensor do povo. Não sabia? Pois fique sabendo.

E sabia ainda mais que despejo de puta não depende de acção judicial, basta a polícia decidir, ordem de um delegado, um comissário, um tira, faz-se a mudança. Não cabe à puta a escolha de onde morar e exercer.

Quando uma puta se despe e se deita para receber homem e conceder-lhe o supremo prazer da vida em troca de paga escassa, sabe o ilustre combatente da justiça social quantos estão comendo dessa paga? Do proprietário da casa ao sublocador, da caftina ao delegado, do gigolô ao tira, o governo e o lenocínio.

Puta não tem quem a defenda, ninguém por ela se levanta, os jornais não abrem colunas para descrever a miséria dos prostíbulos, assunto proibido. Puta só é notícia nas páginas de crimes, ladrona, arruaceira, drogada, mariposa do vício, presa e processada, acusada dos males do mundo, responsável pela perdição dos homens. A quem cabe a culpa de tudo de ruim quanto acontece universo afora? Pois às putas, sim senhor.

O indomável advogado das oprimidas por acaso tomou conhecimento da existência de milhões de mulheres que não pertencem a nenhuma classe, por todas elas repudiadas, postas à margem da luta e da vida, marcadas a ferro e fogo?

Sem carta de reivindicações, sem organização, sem carteira profissional, sem sindicato, sem programa, sem manifesto, sem bandeira, sem contar tempo de ofício, podres de doenças, sem médico de instituto nem cama em hospital, com fome e sede, sem direito a pensão alimentar, a aposentadoria, a férias, sem direito a filhos, sem direito a lar, sem direito a amor, apenas putas, nada mais? Sabe ou não sabe? Pois fique sabendo de uma vez.

Puta, enfim, é caso de polícia, xilindró e necrotério. Mas já imaginou o caridoso pai dos pobres se um dia as putas do mundo unidas decretassem greve geral, trancassem a flor e se recusassem a trabalhar? Já pensou o caos, o Dia de Juízo, o fim dos tempos?

O último dos últimos encontra quem por ele brade e lute, só as putas não. Sou o poeta Castro Alves, morto há cem anos, do túmulo me levanto, na Praça de meu nome e monumento, na Bahia, assumo a tribuna de onde clamei pelos escravos, no Teatro São João que o fogo consumiu, para conclamar as putas a dizer basta.

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A firma H. Sardinha & C.ª, investimentos, financiamentos, construções, locações, imóveis em geral, adquirira extensa área ao sopé da montanha, com vista para o golfo, beneficiando das vantagens oferecidas pelo governo às obras destinadas a incrementar o turismo.

No local dever ser levantado moderno, imponente conjunto arquitectónico: edifícios de apartamentos, hotéis, restaurantes, lojas, casa de diversão, supermercados, ar refrigerado, jardins tropicais, saunas, piscinas olímpicas, parques de estacionamento, enfim, quanto falta à cidade para o conforto dos moradores e o lazer dos visitantes.

Coloridos folhetos de propaganda convidam o povo a participar do gigantesco empreendimento, nele investindo, adquirindo quotas a serem pagas em vinte e quatro meses, plano ideal, benefícios garantidos, vantagens inúmeras. Seja você também proprietário do Parque Bahia de Todos Os Santos, a maior realização imobiliária do Nordeste. Faça turismo sem sair da Bahia: cada quotista terá direito a vinte dias de hospedagem por ano num dos hotéis do conjunto, pagando apenas cinquenta por cento do preço tabelado para os hóspedes.

Na parte mais baixa da área, na pequena e esconsa Ladeira do Bacalhau, ao lado de meia dúzia de casebres, mantinham-se de pé quatro ou cinco sobradões, remanescentes de solares antigos ao abandono há vários anos. Habitados por marginais, esconderijos de capitães de areia, de maconheiros. Para começo de conversa, a firma mandou derrubar os barracos, expulsar os moradores.

Examinando a área na companhia dos engenheiros o velho Hipólito Sardinha, o grande patrão, capaz de tirar leite de pedra, na opinião geral do mundo dos negócios, considerou longamente os sobradões.


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INFORMAÇÕES ADICIONAIS



À ENTREVISTA Nº 23 SOBRE O TEMA:

“MULHERES APÓSTOLAS” (5)


Século IV: Uma Viragem Dramática



No século IV, com a "conversão" de Constantino, o cristianismo tornou-se a religião oficial do império e a participação das mulheres desapareceu.

O teólogo espanhol José María Marín explica: o cristianismo primitivo era muito mais envolvido na família do que no governo como função pública e, portanto, as mulheres eram mais importantes na base organizacional das comunidades e igrejas. Foi numa fase posterior, quando o cristianismo estava indo para a esfera pública e governamental que os homens activamente retomaram o controle que tinham as mulheres.

E Lesley Hazleton faz a análise seguinte: - Ao ser instituída a ortodoxia no cristianismo simultaneamente com o seu reconhecimento oficial e o seu poder político, o papel das mulheres foi severamente restringido. Porque a religião era, talvez, uma área comum para homens e mulheres, mas a política era estritamente para os homens.

Ele cita o teólogo americano Harvey Cox Batista, em seu livro "Sedução do Espírito" que caracterizou esta reviravolta dramática no cristianismo, como a tentativa mais bem sucedida na história por uma hierarquia para desactivar e controlar o simbolismo religioso feminino.

quinta-feira, novembro 03, 2011

CONCERTO DE ANDRÉ RIEU

(Aproveite a totalidade do ecrã)

NETCHEPORENKO - AS BONECAS RUSSAS

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Cidade de Santarém nos Anos 20/30 do Séc. passado. Largo Passos Manuel que se casou em 1838 dedicando-se à agricultura nesta zona. Tornou-se Senador depois de ter sido Ministro da Fazenda onde empreendeu um conjunto de reformas notáveis.


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Bodes

Era manhã, cidadezinha do sertão desse mundão...
Em frente à igreja passa uma garotinha conduzindo umas cabras.
Com esforço a garotinha fazia caminhar o rebanho.
Um padre observava a cena. Começou a imaginar se aquilo não era um caso de exploração de trabalho infantil e foi conversar com a menina.
- Olá, minha jovem. Como é o seu nome?
- Rosineide, seu padre.
- O que é que você está fazendo com essas cabras, Rosineide?
- É pro bode cobrir elas, seu padre. tô levando elas lá pro sítio de seu João.
- Me diga uma coisa, Rosineide, seu pai ou seu irmão não podiam fazer isso?

- Já fizeram... Mas num dá cria... tem que ser o bode mesmo!

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 247



- Hoje de manhã, Peixe Cação e o detective Coca andaram de casa em casa aqui na Barroquinha, avisando: arrumem os teréns, vai haver mudança – disse Maria Petisco.

Deu uma semana de prazo. Segunda-feira, de hoje a oito, a mudança tem de ser feita – A voz de Assunta, ríspida e cansada.

Negra Domingas possuía uma voz grave, nocturna, cariciosa:

- Diz que vai mudar todo o mundo. Começando por aqui, depois o pessoal do Maciel, das Portas do Carmo, do Pelourinho, o puteiro todo.

- E para onde?

Assunta não conseguia engolir, tamanha a raiva:

- Aí está o pior da história. Para um buraco desinfeliz, na Cidade Baixa, perto da Carne Seca, a Ladeira do Bacalhau, uma imundice. Ninguém morava mais lá, faz tempo. Andaram ajeitando, passando uma mão de cal. Fui espiar, dá vontade de chorar.

As mulheres mastigavam em silêncio, bebiam cerveja. Assunta concluiu:

- Parece que os donos são uns graúdos, parentes do delegado Cotias. Gente protegida, sabe como é. Casa em ponto ruim, chovendo dentro, não vale nada? Alugue para rapariga e cobre caro. É assim que eles fazem, na Delegacia.

- Cambada de urubus.

- E vocês vão-se mudar?

- Que jeito! Quem manda na zona não é a polícia?

- Não há uma maneira de se queixar, de reclamar?

- Reclamar a quem, criatura? Já viu mulher da vida ter direito a reclamação? Se a gente reclamar, vai é levar porrada.

- É um abuso, é preciso fazer alguma coisa.

- O que é que a gente pode fazer?

- Não se mudar, não sair daqui.

- Não se mudar, não sair daqui.

- Não se mudar? Você até parece que ignora como é a vida de mulher-dama. Puta não tem direito de reclamar, puta só tem direito de sofrer.

- Calada, senão toma cadeia e lenha.

- Será que você ainda não sabe? Ainda não aprendeu?

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Quem não sabe, fique sabendo de uma vez para sempre: puta não tem direito algum, puta é para dar gozo aos homens, receber a paga tabelada e se acabou. Fora disso, apanha. Do cafetão, do gigolô, do tira, do guarda, do soldado, do delinquente e da autoridade. Do vício e da virtude, renegada.

Por tolice apanha, dá com os costados na cadeia, quem quiser pode lhe escarrar na cara. Impunemente.

O senhor, paladino das causas populares, com nome elogiado nas gazetas, por gentileza me diga se alguma vez na vida dignou-se a pensar nas putas, excepto, é claro, nas inconfessáveis ocasiões em que nelas se põe em leito de folgança a regalar-se, pois mesmo um incorruptível necessita satisfazer a carne, está sujeito às exigências do instinto. Leito infame, carne vil, baixos instintos, na opinião do mundo inteiro.

Sabe o indómito líder ser excelente negócio possuir casas de aluguer em zona de meretrício? A polícia localiza a zona de acordo com os interesses da política, premiando parentes, amigos, correligionários.

Por ser aluguer de casa de puta bem mais elevada do que as da casas de família.

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 23 SOBRE O TEMA:


“MULHERES APÓSTOLAS” (4)



Os Colaboradores de Paulo



Apesar de sua misoginia, derivado da sua participação na seita judaica dos fariseus, Paulo afirmou que em Cristo não há homem nem mulher (Gálatas 3.28), legitimando a ideia da participação activa das mulheres nas primeiras comunidades Cristãs.
Nas suas cartas ele destaca muitas mulheres, elogiando o seu trabalho: a diaconisa Febe (Romanos 16.1), Junia (Romanos 16,7), Prisca, Julia, Evódia e Sintece, às quais chamou de "colaboradoras" (Filipenses 4, 2).
Refere-se também a Cláudia, Trifena, Trifosa, Priscilla, Lydia, Tiatira e Laodicéia Nymph.
Das 28 pessoas que Paulo elogia, de modo especial, nas suas cartas às primeiras comunidades de cristão, 10 são mulheres.
O caso de Junia é especial e sintomático. Durante séculos, o seu nome esteve escondido sob um nome masculino: Junias. Como Paulo tinha dado a esta mulher, esposa de Andrónico, o título de apóstolo, o que era inconcebível para aqueles que copiaram as suas cartas, ao nome de Junia acrescentaram um "s" que era um diminutivo do nome masculino "Junianus".

quarta-feira, novembro 02, 2011

Trás-me um raio de Sol e um pouco de alegria... esqueçam essas notícias chatas.


Os "Zés" Ninguéns - Para Ouvir e Reflectir

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Sinceramente... aquele equilíbrio parece-me precário. Se o mar estremece... Não lembrava a ninguém pôr ali uma casa com todos aqueles telhadinhos e uma entrada acrobática, mas lembrou!

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Futuro garantido como vendedor...

EU NÂO EXISTO SEM VOCÊ - LEILA PINHEIRO E RUI VELOSO

Esta música de 1958 é dessa pareceria maravilhosa: Tom Jobim e Vinícius de Morais lançada num LP da já consagrada nessa data, Elizete Cardoso. Notável a interpretação de Rui Veloso... a sua voz parece que cola neste tipo de canções, dolentes e sentidas.


Uma mulher leva um bébé ao consultório do pediatra.

Depois da apresentação o médico começa a examinar o bébé e vê que o seu peso está abaixo do normal e pergunta:

- O bébé bebe leite materno ou mamadeira?

- Leite materno - diz a senhora.

- Então, por favor, mostre-me os seus seios.

A mulher obedece e o médico toca, apalpa, aperta ambos os seios; gira os dedos nos mamilos: primeiro suavemente, depois com mais força, coloca as mãos embaixo e os levanta; uma vez, duas vezes; três vezes, num exame detalhado;

Inconformado chupa os mamilos diversas vezes.

Sacode a cabeça para ambos os lados e diz:

- Pode colocar a blusa..

Depois da senhora estar novamente composta o médico diz:

- É claro que o bebê tem peso a menos...

A senhora não tem leite nenhum.

Eu sei, doutor. Eu sou a Avó.

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 246




-Acorreram homens e mulheres, aquela confusão. Nessas ocasiões aparece sempre um alcaguete para chamar a polícia, em geral um tipo que não tem nada a ver com o assunto, nele se metendo de puro vedetismo ou cumprindo vocação de delator. Conduziram Maria para um dos quartos do andar de cima onde mulheres exerciam o preço da tabela, o povaréu foi atrás, deixando a sala praticamente vazia. Do que se aproveitou Tereza para dar fuga ao vingador, lavado em pranto e em arrependimento, no maior cagaço ante a perspectiva de polícia, cadeia, processo.

- Cai fora, maluco, enquanto é tempo. Tem onde se esconder uns dias?

Tinha os parentes estabelecidos na Bahia. Abandonando o punhal e a paixão, jogou-se pela escada, sumiu nos becos. A polícia compareceu meia hora depois, na pessoa de um guarda.

Do acontecido não encontrou rasto, ninguém soube dar notícia do punhal, criminoso e vítima, não passando a denúncia de pilhéria de mau gosto de algum engraçadinho a gozar a autoridade. O patrão do cabaré e do andar de cima abriu uma garrafa de cerveja, geladinha, para o guarda, atrás do balcão.

A quase vítima removida mais tarde para a Barroquinha por Almério, foi medicada por um estudante de farmácia razoavelmente bêbado àquela hora tardia, pelo qual caiu de imediato apaixonada:

- É um rolete de cana… - sussurrou a apunhalada revirando os olhos. Natural de Santo Amaro da Purificação, zona açucareira, para ela homem bonito era rolete de cana.

Dois dias depois voltava a espevitada a ser vista no Flor de Lótus em companhia do aprendiz de boticário, a dançar agarradinha. Em hora de trabalho, não tendo mesmo juízo na cabeça.

Rafael erguera o punhal assassino devido à evidência de macho na cama ardente de Maria Petisco em hora de amor e não de ofício, alta madrugada. A acreditar em certos rumores pertinazes, quem se encontrava com a fogosa pondo cornos no galego (e nos demais xodós da rapariga) não era vivente e, sim, encantado.

Segundo consta, Oxóssi e Ogum, os dois compadres, costumavam vir à Barroquinha, ao menos uma vez por semana, a visitação a Maria Petisco e à negra Domingas, montarias de um e outro, respectivamente.

Nem Tereza nem ninguém conseguiu tirar o assunto a limpo, mantendo-se as duas preferidas em natural reserva.

Na abalizada opinião de Almério, entendido nesses embelecos, é bem provável fosse assim, não sendo essa a primeira vez em que se soube de orixá em cama em cama de feita ou de iaô, ornamentando marido ou amante com chifres esotéricos, nem por isso menos incómodos. Havia casos comprovados. O de Eugénia de Xangô, vendedora de mingau nas Sete Portas, casada. Xangô, não contente de traçá-la às quartas-feiras, terminou por proibir qualquer relação de cama entre ela e o marido e não coube apelação, o chifrudo conformou-se.

Com Ditinha foi triste e divertido o enredo: Oxalá se apaixonou por ela, não saía da cama da criatura, faltando até às obrigações de fundamento. A vida de Vitinha virou um inferno: era Oxalá partir, Nana Burokô descia, no maior dos ciúmes, e aplicava surras colossais na coitada. Ah! Essas surras invisíveis, só quem as tomou sabe quanto doem – concluía Almério, ouvido com respeito e atenção.

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Algum tempo após o incidente com Rafael, tendo ido almoçar a casa de Maria Petisco, Tereza encontrou a rapariga transtornada, outra pessoa. No ombro, a pequena cicatriz, mas onde o riso, a gaitada alegre, a despreocupação, o alvoroço, tudo quanto a fizera tão popular na zona? Cara fechada, rosto preocupado, macambúzia. Não só ela, também a negra Domingas, Doroteia, Pequenota, companheiras de casa, e Assunta, proprietária do bordel. Assunta, na cabeceira da mesa, refugava a comida.

- Gentes, o que é que há com vocês?

- Com a gente só, não. Com nós todas. Vão mudar a zona, não ouviu falar? Na semana que vem se você quiser comer com a gente, tem que ir ao cu de Judas – respondeu Assunta de mau humor.

- Que negócio é esse? Não soube de nada.


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INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 23 SOBRE O TEMA:



“MULHERES APÓSTOLAS?” (3)


Um movimento de muitas mulheres




No grupo de Jesus também participavam "muitas mulheres" (Lucas 8, 3). Além de sua mãe Maria, sabemos os nomes de algumas: Maria Madalena, outras Marias, Susana, Salomé, Marta e Maria de Betânia, Juana…

As primeiras comunidades cristãs continuaram esta tradição: homens e mulheres reuniam-se e tanto pregavam uns como outros, com a mesma autoridade, a mensagem de Jesus e ambos presidiam às celebrações em sua memória. Tal como os homens, as mulheres tinham representação e poder de decisão nas comunidades como sacerdotes e bispos.

A jornalista britânica especializada em questões do Médio Oriente, Lesley Hazleton, apresenta no seu livro "Maria, uma virgem carne e sangue" dados muito interessante sobre dois movimentos espirituais das mulheres em pé de igualdade com os dos homens em cargos de decisão e de poder, antes e depois de Jesus, nos primeiros séculos do cristianismo, influenciando o próprio cristianismo: o movimento dos “terapeutas” e o movimento dos “montanhistas”. Fala também de um movimento similar só as mulheres: o “coliridianas”.

terça-feira, novembro 01, 2011

INEZITA BARROSO - VAMOS FALAR DO BRASIL (1958)

Esta senhora, nascida em São Paulo em 1925, é só: cantora,actriz, instrumentista, folclorista, professora, Doutora Honoris Causa em Folclore e Arte Digital pela Universidade de Lisboa e ainda apresentadora de Rádio e Televisão. Voltaremos a ela. Agora ouçamo-la nesta gravação dos idos de 1958. Ela está a falar do Brasil... de Iemenjá, de mestre Gunzá, dono de saveiro... canta o Brasil de que Jorge Amado escreveu...


Um árabe louco de sede atravessava o deserto há várias horas quando, ao longe, vislumbrou uma banca.
Na esperança de lá ter água, acelerou o passo. Uma hora depois chega finalmente e aproxima-se:
- Boa tarde, tem água?
- Não, a única coisa que tenho são gravatas para venda.
- Gravatas?! Quem é que compra isso no deserto?
- Olhe que estão em promoção, cinco euros cada uma. Quer comprar?
- Claro que não! Estou cheio de sede e o que eu quero é água!
- Veja, tenho aqui umas que combinam com a sua túnica...
- Não quero nada disso, já disse! Quero é matar a sede.
- OK. Mas olhe, depois daquela duna ali, se virar para Oeste encontra um oásis a cerca de 4km.
- A sério?!
- Garantido!
- Então vou indo.
Passadas cinco horas e já quase à noitinha, o árabe volta ao local da banca das gravatas:
- Então, encontrou o oásis?
- Encontrei.
- E?
- O cabrão do porteiro diz que não se pode entrar sem gravata!

A Primeira Menstruação da Mafalda...


Mafalda teve a sua primeira menstruação quando estava sòzinha em sua casa e não sabia o que fazer. Foi então que se lembrou de ir até à casa do seu melhor amigo, o Carlinhos.

Quando chega a sua casa diz:
- Olá Carlinhos, a tua mamã está?
- Não, Mafalda, mas em que posso eu ajudar?
- Não, Carlinhos, não podes ajudar, são coisas de mulheres que nem te posso contar.
- Mas, diz-me Mafalda, claro que posso ajudar, eu sei tudo sobre mulheres.
- Não, Carlinhos, e a tua irmã está?
- Não, Mafalda, mas conta-me, já te disse que sei tudo sobre mulheres.
- Não, Carlos, deixa-me! Não percebes? E a tua empregada, está?
- Não, Mafalda, mas conta-me, quantas vezes preciso de dizer que sei tudo sobre mulheres.
- Bom... Carlinhos, vou-te contar...
Mafalda levanta a saia e Carlinhos vê que ela estava toda cheia de sangue.
Carlinhos, horrorizado, diz-lhe:
- Mas Mafalda, que fizeste, ARRANCASTE OS TOMATES!!!!!

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 245




O bom Calá, um pequenino muito do sem vergonha, não fez um álbum de gravuras tendo como tema incidentes da vida de Tereza? Foi também nessa ocasião que certo seresteiro de olho nela e com esperanças compôs e lhe dedicou modinha, um tal Dorival Caymmi.

Estando na companhia deles, aconteceu mais de uma vez a Tereza recordar os dias de Estância com o doutor, aquele gosto intenso de viver.

Assim Tereza conheceu um mundo de pessoas, assistiu festas de largo, passeou no Rio Vermelho, onde o pintor morava, modelo de vários quadros. Na escola de capoeira, mestre Pastinha lhe ensinou a dançar samba de Angola; na barcaça, mestre Gunzá lhe disse de ventos e marés, contou dos portos do Recôncavo; Camafeu a convidou para sair de figurante nos Diplomatas de Amaralina, tendo ela recusado por lhe faltar ânimo para carnaval. Frequentou candomblés, o Gantois, o Alaketu, a Casa Branca, o Oxumarê, o Apô Afonjá, amigo de mãe Senhora, tinha um posto em casa de Oxalá.

Passeio predilecto, porém, diário e obrigatório, a Rampa do Mercado, o cais dos saveiros, o porto da Bahia. Quando a barcaça Ventania estava atracada, Tereza vinha conversar com mestre Gunzá, revolver o punhal na ferida falando de Januário Gereba.

No cais já o povo a conhecia com as suas perguntas repetidas, ansiosas. Quem dá notícia de um barco panamenho, de nome Balboa, negro cargueiro? Nele embarcaram seis marujos baianos, onde andarão?

Com a ajuda de mestre Gunzá descobriu o Flor das Águas, agora propriedade de velho saveirista, mestre Manuel, por ele rebaptizado Flecha de São Jorge, em honra da mulher, Maria Clara, filha de Oxossi. Tereza demorou sentada junto ao leme, tocou com a mão o madeirame. Maria Clara ao ver a moça morena, tensa e ausente, os olhos no vazio, querendo perceber no tabuado curtido pelo sal das águas a lembrança, o gesto, o calor da mão de Januário, disse:

- Tenha fé, ele há-de voltar. Vou mandar fazer um ebó para Iemenjá.

Além de um vidro de perfume e de um pente largo para os cabelos pentear, Iemenjá pediu duas galinhas-da-guiné para comer e um pombo branco solto sobre o mar.

8

No Flor de Lotus, no castelo de Viviana, Tereza travou conhecimento com várias raparigas, estabelecendo amizade com algumas. Seu nome passara a ser pronunciado com respeito, desde a pega com Nicolau Caução, tira da Delegacia de Jogos e Costumes a botar roça às custas das mulheres-da-vida, em todo o vasto e inquietante território onde se estende, podre e ardente, a zona do meretrício, da Barroquinha ao Pelourinho, do Maciel à Ladeira da Montanha, do Taboão à Carne Seca.

Acontecia-lhe almoçar no Pelourinho, em casa de Anália, uma rapariga de Estância, ou em casa da negra Domingas e de Maria Petisco, na Barroquinha.

Mulatinha jovem e fornida, tramela solta, uma espoleta, riso fácil, choro ainda mais e paixão não se fala, um rabicho por semana, inconstante coração.

Maria Petisco fora salva por Tereza Batista das garras, melhor dito, do punhal do espanhol Rafael Vedra.

Em noite de terça-feira, de pequeno movimento no cabaré, estando a estouvada a conversar numa das mesas do fundo onde as mulheres sentavam-se à espera de convite para dançar ou beber, invadiu o estabelecimento passional galego, recém-importado de Vigo ainda todo vestido de negro e de drama, a representação do ciúme, última paixão da moura infiel. Tudo se passou no melhor estilo do tango argentino, como compete a amores assim rápidos e vorazes.

- Perra maldita!

Rafael ergueu o punhal, a rapariga levantou-se num frito de terror, Tereza avançou a tempo, um rolo. Desviado por Tereza, o punhal resvalou no ombro de Maria Petisco, tirando sangue, o suficiente para levar a honra ibérica e conter o braço trágico do despeitado.




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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES


À ENTRVISTA Nº23 SOBRE O TEMA:


“MULHERES APÓSTOLAS”(2)



Número 12: Um Símbolo




Embora Jesus tivesse tido vinte discípulos no seu grupo mais próximo ou dezoito, ou qualquer outro número, quem escreveu os evangelhos só viria a mencionar os nomes de doze, uma cifra simbólica.

O número 12 teve um sentido especial em Israel significando um todo e sintetizava um único número para todo o povo de Deus. Doze foram os filhos de Jacó, os patriarcas que deram nomes às doze tribos que povoaram a Terra Prometida.

Quando os evangelhos foram escritos, os evangelistas decidiram usar o mesmo número símbolo: o novo povo de Deus também começou com "doze" fundadores, herdeiros das primeiras doze tribos. Até no último livro da Bíblia encontramos o símbolo dos doze: o povo de Deus definitivo no fim dos tempos será de 144 000 (12 × 12 × mil = totalidade de todos os grupos).

segunda-feira, outubro 31, 2011

A morte da executiva bem sucedida!


Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou-se. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.

Ainda meio tonta, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava a acontecer, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:

- Enfermeiro, eu preciso voltar com urgência para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque o meu seguro de saúde é Platina, e isto aqui está a parecer-me mais a urgência dum Hospital público. Onde é que nós estamos?

- No céu.

- No céu?...

- É.

- O céu, CÉU....?! Aquele com querubins, anjinhos e coisas assim?

- Exacto! Aqui vivemos todos em estado de graça permanente.

Apesar das óbvias evidências, ausência de poluição, toda a gente a sorrir, ninguém a usar telemóvel, a executiva bem-sucedida levou tempo a admitir que havia mesmo batido a bota.

Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana iria receber o bónus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.

E foi aí que o interlocutor sugeriu:

- Talvez seja melhor a senhora conversar com Pedro, o coordenador..

- É?! E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?

- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.

- Assim? (...)

- Quem me chama?

A executiva bem-sucedida quase desabava da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.

Mas, a executiva tinha feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu logo:

- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...

- Executiva... Que palavra estranha. De que século veio?

- Do XXI. O distinto vai dizer-me que não conhece o termo 'executiva'?

- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.

- Sabe, meu caro Pedro. Se me permite, gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para essa gente toda aí, só na palheta e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistémica.

- É mesmo?

- Pode acreditar, porque tenho PHD em reorganização. Por exemplo, não vejo ninguém usando identificação. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?

- Ah, não sabemos.

- Percebeu? Sem controlo, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar em anarquia. Mas podemos resolver isso num instante implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.

- Que interessante...

- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.

- !!!...???...!!!...???...!!!

- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Accionista... Ele existe, certo?

- Sobre todas as coisas.

- Óptimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, parece-me extremamente atractivo.

- Incrível!

- É óbvio que, para conseguir tudo isso, teremos de nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias da praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho a certeza de que vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar num Turnaround radical.
- Impressionante!

- Isso significa que podemos partir para a implementação?

- Não. Significa que a senhora terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque acaba de descrever, exactamente, como funciona o Inferno...

Max Gehringer da Revista Exame

SANDOKAN

Um dos meus heróis da juventude. Emílio Salgari e Júlio Verne com as suas aventuras foram os dois escritores que mais me fizeram sonhar e deram asas à minha imaginação. A esta distância, há mais de meio século, recordando com saudade essas leituras, como lhes estou agradecido...


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Definitivamente... é um belo animal!


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Diário de um Padre



Eu estava tão nervoso na minha primeira missa que no sermão não conseguia falar, por isso, antes da segunda missa falei com o Bispo e perguntei-lhe o que poderia fazer para melhorar o meu desempenho no meu próximo sermão.

Coloque umas gotinhas de vodka na água, sugeriu-me o Bispo.

No Domingo seguinte apliquei a sugestão do meu Bispo e estava tão relaxado e descontraído que podia falar alto e fazer-me ouvir até no meio de uma tempestade.

Ao regressar a casa encontrei um bilhete do Bispo que dizia assim:

Caro Padreca:

1º- Da próxima vez coloque umas gotinhas de Vodka na água e não umas gotas de água no Vodka;

2º - Não há necessidade de pôr na borda do Cálice sal e limão;

3º - O Missal não é nem deve ser usado como base de apoio para o copo;

4º - Aquela casinha ao lado do Altar é o Confessionário e não o WC;

5º - Evite apoiar-se na imagem de Nossa Senhora e muito menos abraçá-la e beijá-la;

6º - Os Mandamentos são 10 e não 12;

7º - 12 são os Apóstolos e nenhum deles era anão;

8º - Não deve referir o Salvador como o “JC & Companhia”;

9º - Não deverá referir Judas como o “filho da puta”;

10º - Não deverá tratar o Papa por “padrinho”;

11º - Judas não enforcou Jesus e Bin Laden não tem nada a ver com esta história;

12º - A água benta é para benzer e não para refrescar a nuca;

13º - Nunca reze a Missa sentado nas escadas do Altar;

14º - Quando se ajoelhar, não utilize a Bíblia como apoio para o joelho;

15º - Utiliza-se o termo Ámen e não “o meu”;

16º - As hóstias devem ser distribuídas pelos fiéis e não como aperitivo antes do vinho;

17º - Procure usar roupas debaixo da batina e evite abanar-se quando estiver com calor;

18º - Os pecadores vão para o inferno e não para “a puta que os pariu”;

19º - A ideia de chamar os fiéis para dançar foi plausível mas fazer “um comboio” pela Igreja…;

20º - Não deve sugerir que se escreva na porta da Igreja “Hóstia Bar”;

PS. – Aquele que estava sentado no canto do Altar e a quem se referiu como “paneleiro, travesti de saias” era eu!!!.


Espero que estas suas falhas sejam corrigidas no próximo Domingo.

HISTÓRIAS


DE HODJA



Um vizinho foi pedir o burro emprestado a Hodja mas este não tem vontade nenhuma de o emprestar e então responde-lhe:

- “O burro não está aqui. Enviei-o ao moinho”. Naquele momento o burro começou a zurrar no celeiro. O vizinho, perplexo, diz-lhe:

- “Disseste que o burro não estava aqui mas ele está a zurrar”. Responde o Hodja:

- “Isso significa que não acreditas em mim com as minhas barbas brancas e acreditas na palavra de um burro?”

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA




Episódio Nº 244





De natural repousado e alegre, nem a viuvez nem a paixão recolhida conseguiram afectar o ânimo de Almério das Neves, prendê-lo em casa. Festeiro por demais apesar dos modos tranquilos, tinha sempre um convite a fazer quando aparecia, sólido e risonho, no Flor de Lotus.

Cordial por excelência, presente na vida popular da cidade, dava-se com meia Bahia. Certa noite, ao querer apresentá-lo ao pintor Jenner Augusto que viera ao cabaré para vê-la e contratá-la de modelo para um quadro, Tereza admirou-se: os seus dois amigos se conheciam, amigos entre si também, companheiros nas festas da Conceição da Praia e do Bonfim, no candomblé de Mãe Senhora e em carurus de Cosme e Damião.

Em vida de Natália, no mês de Setembro, o caruru de Almério reunia dezenas de convidados e durante a festa do Bonfim o padeiro se instalava por toda a semana numa das casas de romeiros, na Colina Sagrada, tome festa todos os dias.

Na sala dos milagres da Igreja do Bonfim encontra-se a fotografia da inauguração da nova panificadora, os empregados, os amigos, o padre Nélio, mãe senhora, Natália e Almério, prósperos e festivos. Entre os convidados, o pintor Jenner Augusto.

- Se esqueceu de mim, Almério? E o caruru? (comida do ritual do candomblé)

- Perdi minha adorada esposa, amigo Jenner, fatal desgosto. Antes de tirar o luto, não posso dar festa em casa.

Só então Jenner reparou na tarja preta na botoeira do paletó de linho branco do filho de Oxalá.

- Não soube, me desculpe. Aceite meus pêsames.

Olhou para Tereza, desconfiou haver ali gato escondido. O modesto comerciante, sempre risonho e descansado, a puxar a fumaça do charuto, assim como enfrenta o monopólio dos espanhóis sem se alterar, na maciota, era muito homem para tirar Tereza do Flor de Lótus e levá-la para casa. A moça aceitaria?

Aparentando jovialidade, vive emersa na tristeza, há na sua vida um marinheiro a navegar. Mas Almério é igual a mestre sapo: espera calado, o tempo trabalha a seu favor. Junto dele, Tereza sente-se segura.

7

O pintor a encontrara por acaso, algum tempo antes, nas imediações do Mercado, onde conversava com Camafeu de Oxóssi e mais dois indivíduos, ambos estranhos, extravagantes: um deles com melenas e bigodes enormes, o outro de olho redondo e paletó aberto atrás.

Camafeu, ao ver Tereza, veio-lhe falar, davam-se há tempos. Também o pintor se aproximou:

- Mas se é Tereza Batista! Por aqui?

Ficou a par do Flor de Lótus, onde ela fazia sala aos fregueses e apresentava o número de dança, aquele mesmo de Aracaju com umas fuleragens a mais. Apareceu no cabaré, primeiro sozinho, depois com um bando de boémios, artistas de pouco dinheiro e muita animação. Todos eles, é claro, candidatos a dormirem com ela por xodó e simpatia, no gratuites.

De nenhum ela aceitou cantata e cama e nem por isso se ofenderam.

Para alguns serviu de modelo, incorporando mais uma profissão de reles pagamento às tantas que exerceu.

Quem pousar os olhos na Iemenjá vermelha e azul de Mário Cravo (o bigodudo), madeira viva, poderosa humanidade, amante, esposa e mãe, hoje na posse de um amigo do escultor, pode facilmente reconhecer a face de Tereza e a longa cabeleira negra. Também a Oxum de Carybé (o outro sujeito, o dos olhos redondos, dono do invejado paletó aberto atrás), erguida na agência de um banco, nasceu de Tereza, basta reparar a bunda, a elegância e o dengue. E as mulatas de Genaro de Carvalho, quem as inspirou? Multiplicadas Terezas com gatos e flores, aquele ar de ausência, perdidas todas na distância do mar.


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domingo, outubro 30, 2011

HOJE É



DOMINGO


Na vida, as recordações somam-se aos anos e nesta manhã de Domingo, o primeiro pela hora nova, à mesa do meu Café, na minha cidade de Santarém, lembrei-me da vizinha do 5º Dto do meu prédio.

Num dia, igual a tantos outros, quando saía para tomar o meu cafezinho matinal lá estava, colado ao vidro da porta do prédio, aquele papel das Agências Funerárias com a cruz negra, bem visível, a anunciar a morte de um dos moradores.

Era a minha vizinha do 5º Andar com quem me cruzava frequentemente quando ela levava pela trela, para o passeio higiénico, a cadelinha que mais parecia uma bolinha de carne em cima de quatro patinhas.

-“Os meus sentimentos” disse eu ao viúvo na primeira oportunidade. “… é a vida…” acrescentei sem jeito nem imaginação.

- “Obrigado, meu vizinho, felizmente foi tão rápido que nem chegámos a saber do que morreu… fechou os olhos simplesmente” – disse ele.

Era assim a minha vizinha, despachada a viver, despachada a morrer, um dia cheia de vida no outro sem ela.

Às vezes, encontrava-a no Café que ficava junto da mercearia da nossa rua, e que em tempos fora dela, meia sentada na cadeira como se estivesse sempre preste a levantar-se, de partida, pouco habituada às pausas para descanso, com a cadelinha deitada aos seus pés como se fosse um acrescento seu.

Não era pessoa para grandes conversas, quando falava era em monólogos, bem sonantes, sem cuidar de quem a ouvia, eram desabafos que não aceitavam contraditório porque quem sabia da vida era ela, mulher de trabalho que tinha criado e educado uma filha e servido não sei quantos senhores e senhoras por esse mundo fora: País de Gales, Londres, EUA, trabalhando a sério, no duro, cumprindo ordens, satisfazendo e aturando os caprichos de gente rica, em suma, dobrando a espinha e a alma.


“Não era como agora em que os jovens só querem é gozar... "

Talvez por isso, aos oitenta anos, o orgulho de uma vida de trabalho não chegou para lhe adoçar a velhice tantas são as palavras de crítica azeda com que se refere ao presente.

A minha vizinha do 5º Dtº morreu em paz, tudo o que em consciência devia ter feito na vida ela fez e por isso, quando chegou a hora, nem um ai ou um simples adeus, simplesmente fechou os olhos, a missão estava cumprida, tinha chegado ao fim.

Vi o meu vizinho uns dias mais tarde com a cadelinha pela trela e os meus olhos abriram-se de espanto. O animal estava pela metade.

- “Então, vizinho, que aconteceu à cadelinha que nem parece a mesma?”

-“Ia morrendo de desgosto, vizinho, durante uma semana recusou-se a ingerir fosse o que fosse para além de água. Tive que a levar ao veterinário… agora já está melhorzinha.”

Não fora o apoio do viúvo em carinho e a intervenção do médico veterinário e a “Princesa”, não teria sobrevivido à sua dona, tal a dedicação que lhe devotava.

Com toda a sinceridade, não nutro pelos animais domésticos o mesmo “respeito” e “admiração” que sinto pelos animais selvagens…por questões de origem, proveniência…

Uns, são o resultado do processo evolutivo: estão cá porque mereceram cá estar, são vencedores, campeões, enfrentaram os desafios da natureza e resistiram, adaptaram-se, as suas estratégias de sobrevivência mostraram-se ganhadoras, muitos deles não sabemos até quando… por nossa causa.

Os outros… bem, os outros, são o resultado de negócios vantajosos recíprocos, digamos assim. O homem precisou deles, serviram as nossas estratégias de sobrevivência, mais tarde os nossos caprichos e por isso são da nossa responsabilidade, não da responsabilidade da natureza.

Mas aqui, abro duas excepções:

- A primeira, para o cavalo. Há 5.500 anos entrou na nossa vida e revolucionou-a por completo tornando o mundo mais pequeno. Para o bem e para o mal aproximou-nos uns dos outros, a história ganhou outra dinâmica, ele foi o avião desses tempos no que respeita a encurtar distâncias.

Há 30.000 anos as suas imagens preencheram as paredes das grutas no tempo do Homem do Paleolítico, no sul da europa, fazendo parte do seu imaginário. As suas formas esbeltas, harmoniosas, as crinas ondulando ao vento em galopes libertadores seduziram os nossos antepassados.

É certo que também o caçavam para a alimentação mas o grau de participação na dieta dos nossos antepassados não justificava tantas reproduções de que foi alvo pelos artistas de então… Já por essa época gostávamos mais de os ver do que os comer…

- A segunda excepção é recente, conheci-a agora: é a “Princesa”, a cadelinha do 5º Dtº.



(click na imagem. Ao centro, a estátua do Marquês Sá da Bandeira, que dá o nome à Praça embora, na realidade, ela seja mais conhecida como Largo do Seminário. Em frente, a Igreja de Nª Sª da Conceição ou a Sé Catedral. Foi construida como Colégio dos Jesuitas, no Sec. XVII, mas passou a Seminário com a expulsão destes pelo Marquês de Pombal.)

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