sábado, maio 03, 2008

A DESILUSÂO DE DEUS


“A DESILUSÃO DE DEUS”
(Ritchard Dawkins)


Poder-se-ia esperar que não ser crente é uma opção de vida tão válida como a de o ser mas, efectivamente, estamos longe disso.

A religião, como herança cultural, tem uma força e um tal impacto na sociedade que, dir-se-ia, ela própria faz parte dos alicerces que a constituem e se desmoronaria sem o cimento da religião.

Por isso, quando é ela mesma que está na origem das cisões e rupturas, sempre violentas e difíceis, que mais se assemelham ao tal desmoronamento, logo se fala de “limpezas étnicas”, “guerras civis sectárias” e outros eufemismos como “lealistas” contra “nacionalistas”ou ainda “guerras inter comunitárias” mas o objectivo é sempre o mesmo: expurgar da denominação dessas situações a verdadeira razão que as explica: “guerras religiosas”.

Foi assim na Irlanda do Norte, relativamente à luta entre católicos e protestantes, na guerra da ex-Jugoslávia entre sérvios ortodoxos, croatas católicos e bósnios muçulmanos e no Iraque, após a invasão dos americanos, a guerra entre sunitas e chiitas.

O fundamento da fé religiosa, a sua força e glória resultam do facto de não dependerem de uma justificação racional. Os outros que defendam os seus preconceitos mas pedir a uma pessoa religiosa que justifique a sua fé é atentar contra a “liberdade religiosa”.

Douglas Adams, escritor inglês falecido em 2001, e que ficou célebre por ser o autor dos textos para a série televisiva Os Monty Pyton’s, num discurso improvisado em Cambridge, pouco antes de morrer, exprimiu muito bem esta situação de privilégios da religião:

“ A religião tem no seu âmago algumas ideias a que chamamos sagradas ou santas ou seja o que for. O que significa o seguinte: Aqui está uma ideia ou uma noção sobre a qual não nos é permitido falar mal; pura e simplesmente. Porquê? - Porque não.

Se alguém vota num partido com o qual não concordamos, somos livres de discuti-lo tanto quanto nos apetecer, todos terão algo a dizer mas ninguém se sentirá agastado por isso.

Se alguém acha que os impostos devem subir ou descer, somos livres de ter uma opinião.

Mas, por outro lado, se alguém diz “não devo se quer rodar um interruptor ao Sábado” nós dizemos: “Respeito isso”.

Quando olhamos racionalmente para esta questão vemos que não há razão para que estas ideias não possam ser discutidas como quaisquer outras só que, de alguma forma, concordámos entre nós que não o devemos fazer.

Há, portanto, um pretensioso respeito da nossa sociedade pela religião que afecta o comportamento e a atitude de todos nós dando origem a que se encubra aquilo que muitos de nós, verdadeiramente, sentimos relativamente à religião e fazendo com que as hostes dos não religiosos seja muito maior do que muitas pessoas se julgam.

O fundamentalismo, que não tem nada a ver com paixão, é o “segredo” de todas as religiões. Eles sabem aquilo em que acreditam e sabem também que nada os fará mudar de ideias.

Veja-se o que escreve Kurt Wise:

“…se todas as provas do universo acabassem por contrariar o Criacionismo, eu seria o primeiro a admiti-lo, mas continuaria a ser criacionista porque é para aí que a Palavra de Deus parece apontar e daqui não saio.”

Ora, por mais que um verdadeiro cientista acredite apaixonadamente no Evolucionismo ele sabe precisamente o que o faria mudar de ideias: provas.

Perguntaram uma vez a J. B. S. Haldane que provas poderiam contradizer a evolução e ele respondeu: “Fósseis de coelho no Pré-Câmbrico”.

É esta a diferença entre o fundamentalista e o apaixonado: o primeiro nunca muda, o segundo muda se lhe provarem que ele está errado.

Ritchard Dawkins, o autor de “A Desilusão de Deus”, foi criticado por outros intelectuais, também ateus, por entenderem que este livro é uma tentativa pretensiosa para mudar o mundo.

Em tom de desafio disseram-lhe:

-“ Eu próprio sou ateu, mas a religião veio para ficar, há que aceitar o facto”;

-“Quer ver-se livre da religião? Pois muito boa sorte!”

-“Acha que consegue ver-se livre da religião? Em que planeta vive? A religião já faz parte da mobília. Esqueça!”

-Vai substitui-la porquê? Como se confortam depois os enlutados? Como satisfazer depois essa necessidade?

Estas pessoas podem não ser religiosas mas adoram a ideia de que outras pessoas o sejam, é a chamada “crença na crença”.

Veja-se a resposta de Richard:

-“Que paternalismo! Você e eu somos, é claro, demasiado inteligentes e instruídos para precisarmos de religião mas as pessoas comuns, hoi polloi, as proles orwellianas os semi-idiotas deltas e ípsilones de Huxley, precisam da religião.”

- “Quanto á necessidade de conforto da humanidade, é óbvio que ela é real, mas não existirá algo de infantil na crença de que o universo nos deve conforto como se um direito nosso se tratasse?”

Inspeccionem-se todos os elementos da pseudo ciência e encontrar-se-á um manto protector, um polegar para chuchar, uma saia para agarrar.

Alem disso, é assombroso o número de pessoas incapazes de compreender que aquilo que é reconfortante não implica ser verdadeiro.”

Um outro argumento a favor das religiões e que tem algo a ver com o do consolo é o de ter um “objectivo” na vida.

Diz um crítico canadiano:

-“ Pode ser que os ateus tenham razão acerca de Deus, quem sabe? Mas quer haja Deus quer não, torna-se claro que alguma coisa na alma humana exige uma crença de que a vida tenha um objectivo que transcenda o plano material. Seria de pensar que um empirista ultra racional como Dawkins estaria em condições de reconhecer este aspecto inalterável da natureza humana…será que Dawkins pensa mesmo que este mundo seria um lugar mais humano se, na nossa busca da verdade e conforto, fossemos agora todos trocar a Bíblia por A Desilusão de Deus?

“Efectivamente, e já que fala de “humano”, penso que sim, que seria, mas devo repetir, uma vez mais, que a eventual carga de consolo de uma determinada crença não faz subir o respectivo valor em termos de verdade.

É evidente que existem excepções, mas eu desconfio de que, para muitas pessoas, a principal razão pela qual se mantêm agarradas à religião não é o facto de esta dar consolo, mas o de lhes ter faltado o apoio do sistema educativo e de ensino e de não terem, sequer, a consciência de que a não-crença é uma opção.

O que lhes aconteceu, pura e simplesmente, foi que não lhes ensinaram de maneira adequada a espantosa alternativa proposta por Darwin.

E sucede que as pessoas, quando devidamente incentivadas a pensar pela sua cabeça com toda a informação actualmente disponível, muitas vezes não acreditam em Deus e levam vidas realizadas, felizes efectivamente libertas”

quinta-feira, maio 01, 2008


Falando sobre Religiões…

Nasci e a religião caiu-me, literalmente, em cima. Na parede do quarto, em frente do berço, um crucifixo pendurado, na cabeceira da cama dos pais um rosário, em cima da mesa-de-cabeceira uma bíblia e quando, tempos mais tarde, a minha avó morreu disseram-me que tinha ido para o céu onde me esperava para me contar mais histórias.

Dir-se-ia que eu era uma criança católica, no entanto, não passava de uma criança filha de pais católicos da mesma forma que seria islamita se tivesse nascido de pais islamitas no Afeganistão e assim, para mim o islamismo era falso e o cristianismo verdadeiro e o contrário para o menino islamita.

A religião começa, pois, por ser uma herança cultural que os nossos pais nos transmitem ao nascer exactamente como fizeram com eles, com o apoio da estrutura social, maior ou menor, em função da sociedade de que fazemos parte.

E, como qualquer herança, quem a recebe toma-a como sua e assim, sem que pudéssemos ter tido uma palavra a dizer por sermos demasiado crianças, passamos a ter uma religião e a ser religiosos para o resto da vida com mais ou menos convicção ou mesmo sem convicção nenhuma e isto ao longo de gerações e gerações.

Entre nós, parece que a religião como legado tem vindo a perder valor pois, para além da crise de vocações de que a hierarquia da Igreja tanto se queixa, também o nível de conhecimento de aspectos básicos da religião católica anda muito por baixo.

Em 300 entrevistas efectuadas em Maio do ano passado na Universidade Lusófona a maioria dos entrevistados revelou um confrangedor desconhecimento sobre as datas em que se celebram os feriados religiosos da Páscoa, Corpo de Deus e Imaculada Conceição, quem é a Santíssima Trindade, qual é o primeiro Mandamento ou como se chama o Papa, e sobre outras religiões o panorama não é diferente.

A religião do Dalai Lama revelou-se um mistério, apenas 18% souberam responder mesmo quando o líder Tibetano tinha acabado de visitar o país, e às perguntas sobre o Islão, se era uma religião monoteísta e qual a sua principal cidade santa, a maioria nem tentou responder.

Talvez um pouco por tudo isto o mediático Frei Bento Domingues se sinta na necessidade de escrever artigos intitulados “A religião não vai morrer”.

Como português, também eu recebi como herança dos meus pais, de resto foi a única, a religião católica e todos os seus sacramentos de vinculação me foram ministrados: baptismo, comunhão simples, comunhão solene, crisma e a sagrada união matrimonial.

Durante a minha juventude, enquanto aluno dos jesuítas, rezei terços, confessei-me, comunguei fiz retiros espirituais e peregrinações a Fátima.

Debalde, ao longo dos anos a vida foi perdendo sentido e tornou-se um monte de contradições e equívocos à luz da religião, desta, ou de qualquer outra.

Incapaz de me tornar adepto incondicional do que quer que seja pela crença, para alem dos valores da liberdade e do respeito pela dignidade da pessoa humana em que acredito indiscutivelmente, fiquei entregue a mim mesmo e, surpreendentemente, sinto-me bem e morrerei em paz quando chegar o momento porque não terei que me interrogar sobre o que me esperará exactamente porque nada estará à minha espera.

Ninguém nem nenhuma leitura em especial foram decisivos naquilo que sou hoje: crente na vida, descrente em Deus.

Imagine-se um mundo sem religião com as torres gémeas, sem bombistas suicidas, sem ataques ao Metropolitano de Londres, sem cruzadas, caça às bruxas, divisão da Índia, guerras israelo palestinianas, massacres de sérvio/croatas/muçulmanos, perseguição de judeus enquanto “assassinos de Cristo”, “assassinatos por motivos de honra”, televangelistas de fato lustroso e cabelo armado a tosquiar o dinheiro de rebanhos ingénuos (“Deus quer que dê até doer”).

Imagine-se um mundo sem “talibãs” a fazerem explodir estátuas antigas, decapitações públicas de blasfemos, flagelação de mulheres por exibirem um centímetro de pele, imagine-se tudo isto e muito mais e facilmente se compreende porque, tendo nascido filho de pais católicos, não só deixei de o ser como também não sou crente em Deus.

Acrescentar, porque é justo e importante, que entendi a teoria evolucionista de Charles Darwim como a explicação racional para o desenvolvimento da vida ao cimo da terra, através dos fenómenos de mutação e selecção natural, teoria esta que hoje deixou de o ser por se ter constituído numa verdade científica obviamente comprovada.

“A vida é uma extraordinária oportunidade e eu que vou morrer considero-me bafejado pela sorte porque a maior parte das pessoas nunca vai morrer porque nunca vai chegar a nascer. As pessoas potenciais que poderiam ter estado aqui no meu lugar, mas que na verdade nunca verão a luz do dia, excedem em número os grãos de areia que existem no deserto do Sara. Seguramente que nesses fantasmas que nunca vão chegar a nascer incluem-se poetas maiores do que Keats e maiores cientistas do que Newton. Sabemos isto porque o conjunto de pessoas potenciais pelo nosso ADN é esmagadoramente superior ao conjunto de pessoas com existência efectiva. Não obstante esta ínfima probabilidade, sou eu, somos nós, que na nossa vulgaridade aqui estamos…

Como poderemos nós, então, os poucos privilegiados, que contra todas as probabilidades, ganhámos a lotaria do nascimento, atrever-nos a queixar-nos do nosso inevitável regresso a esse estado anterior do qual a vasta maioria nunca despertou?” (Richard Dawkins).

Continuaremos a falar deste assunto para que ele não seja mais tabu, especialmente para mim, precisamente a partir da obra de Richard Dawkins “A Desilusão de Deus” mas, antes de terminar, esta pergunta pertinente formulada por Douglas Adams:

“Não basta ver que um jardim é belo sem ter que acreditar que lá ao fundo também esconde fadas?”


segunda-feira, abril 28, 2008

Pompeia a cidade dos grafites


Pompeia, a Cidade dos “Grafites”


OS AMANTES, COMO AS ABELHAS, O DOCE BUSCAM
ANTES ASSIM FOSSE!

Esta frase, escrita num mural em Pompeia, foi tema para uma tese de doutoramento que procurou desligar o amor dos homens e das mulheres de Pompeia de uma sina persistente de que era fugaz e furtivo e que a devassidão e a lasciva permeariam os seus encontros.

Os pesquisadores modernos mostram que essa visão não corresponde à realidade, está distorcida, e foi constituída com a ajuda da aristocracia da época cuja obra literária insistia em colocar o povo na condição de pervertido e imoral.

Os estudos efectuados recentemente sobre a sexualidade e o afecto entre a camada popular de Pompeia, para além de se fundamentarem na história e literatura da época, analisaram também os “grafites” encontrados nos locais arqueológicos, centenas deles escritos por homens e mulheres que expressavam nas paredes e nos muros da cidade, as suas alegrias, decepções, ciúmes, tentativas de reconciliação, rusgas amorosas, ou seja: situações e sentimentos em tudo iguaizinhos aos de hoje.

Pompeia era um centro comercial do Império romano, a sua 2ª maior cidade, dispondo, inclusivamente, de um porto e a sua população era constituída por filhos da cidade, peregrinos, trabalhadores livres, escravos e libertos, homens e mulheres que dividiam entre si o mesmo espaço de trabalho que muitas vezes era também a sua casa.


Nesses muros estão referidos imensos ofícios e associações profissionais: alfaiates, professores, vendedores de roupas, jóias, frutas, taberneiros, cocheiros, pequenos proprietários de padarias e tabernas.

Partilhavam os momentos de lazer e os casais interagiam e o masculino, longe da autoridade e poder, construía-se em conformidade com o feminino.

Pompeia é hoje um museu a céu aberto e guarda imensas evidências materiais da participação feminina na dinâmica social e económica da cidade que vivia, não esqueçamos, sob o jugo do Império Romano sendo que, os historiadores concordam que à data se estava a assistir a um período de emancipação social e sexual das mulheres romanas, principalmente das aristocráticas.

E é neste universo de igualdade que os populares usavam os muros e as paredes para registarem factos do seu quotidiano como anúncios, recados, insultos, sátiras a políticos e declarações amorosas do género:

-“Marcos ama Espedusa;”

-“Marcelo ama Pernestina e não é correspondido;”

Ou então:

-“Viva quem ama, morra quem não sabe amar! Duas vezes morra quem proíba o amor!”

- “Qualquer um que ama não deve se banhar em fontes quentes, pois ninguém que esteja escaldado pode amar as chamas”

Mas as paredes registavam também que as mulheres tomavam a iniciativa no campo amoroso:

- “Rogo-te. Desejo teu doce vinho e desejo muito. Colpurnia te diz Saudações”

- “Não vendo meu homem por preço algum”

Havia relações sólidas e duradouras como se percebe por estes escritos:

-“Segundo como Primigénia, de comum acordo”

- “Balbo e Fortunata os dois em comum”

Vénus, a deusa do amor, foi nomeada a protectora da cidade quando da sua anexação ao Império Romano e por isso ela está presente em muitos escritos:

- “Se tem alguém que não viu a Vénus que pintou Apeles, que olhe a minha garota: é tão bonita quanto ela”

Foram catalogadas até agora quase 15.000 grafites (de “graphium”, o instrumento utilizado para escrever, feitos de metal com uma ponta dura capaz de marcar a parede fazendo sulcos) mas o seu número é muito maior e estavam espalhados por todo o lado, nas paredes das casas, edifícios públicos, tabernas, locais de trabalho, etc.

Os “grafites” encontrados teriam, no máximo, 20 anos à data da destruição da cidade e isto porque havia limpezas periódicas dos espaços de publicidade e as próprias intempéries faziam também esse trabalho, e vieram provar que a maioria da população era alfabetizada escrevendo numa língua que era uma mistura do latim com o nativo osco dando lugar a um latim popular que tinha as suas diferenças relativamente ao latim oficial.

Do estudo atento desses “grafites” ficou igualmente comprovado que, para além de uma generalizada alfabetização, havia uma difusão da cultura literária fora das elites pelas citações nesses escritos a homens da cultura como Homero, Vergílio, Tiburtino Catulo, Lucrécio, Prupércio entre outros.

Não se sabe como é que o povo tomou conhecimento deles, talvez na escola, em contactos com os emigrantes, no comércio, no serviço militar, nas representações teatrais dos circuladores que eram pessoas faziam entretenimentos itinerantes.

Em Pompeia, o sexo, representado por um falo, estava por todo o lado, nas paredes das casas de habitação para significar prestígio, riqueza e abundância, no chão das ruas para indicar a direcção para os prostíbulos, nos campos como sinal de fertilidade, nos amuletos para protecção.

Era, portanto, um símbolo ligado à fertilidade e à vida para dar sorte e protecção e ao mesmo tempo defender dos maus-olhados.

As escavações que trouxeram de novo à luz do sol a cidade de Pompeia soterrada em 79 DC pelas cinzas do Vesúvio mostraram que os objectos relacionados com o sexo não se encontravam apenas nos prostíbulos mas nos mais variados ambientes como templos religiosos, residências ou edifícios públicos.

Ou seja, para o mundo romano, a sexualidade tinha também um significado religioso e era entendida como um símbolo de abundância e fertilidade.

O amor impresso nas paredes é imanente à vida como comer e dormir e deste sentimento também faz parte a união sexual e suas práticas.

O sexo em Pompeia não era mais nem menos do que noutras localidades e o estudo atento dos escritos que as pessoas do povo deixaram profusamente por toda a cidade sob a forma de “grafites” foi muito importante para comprovar que era falsa a concepção de que a sociedade pompeiana era sexualmente devassa e perversa.

Diz a investigadora Lourdes Feitosa:

- “As inscrições teimam em fugir da camisa-de-força da inactividade, da apatia social, do preconceito e do obscurantismo com que ainda tem sido tratada a questão da sexualidade e da actuação social dessa significativa parcela da população romana”


Ao contrário do que aconteceu nos estudos de outras civilizações, em Pompeia não foram encontradas representações explícitas dos órgãos sexuais femininos sozinhos pois a ideia da fertilidade era representada pelo falo.

A mulher, para a sociedade de Pompeia, era o receptáculo da semente masculina o que, no entanto, não a terá reduzido a um papel de submissão durante o acto sexual pois em muitas imagens elas aparecem numa posição superior durante a cópula.

A prostituição era então considerada como um mal necessário porque ajudava a garantir a virtude das damas cuja vida sexual, na sociedade das elites, na esmagadora maioria das vezes, estava reduzida à função reprodutora.

Quando o poeta Ovídeo publicou, no ano 2 AC, a obra “A Arte de Amar”, as suas ideias de que o sexo deveria contemplar o prazer mútuo foram consideradas subversivas o que revela o carácter predominantemente machista e conservador de Pompeia contrariando em absoluto a concepção de uma sociedade devassa e promíscua que, de uma forma errada, lhe pretenderam colar.

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