sábado, outubro 15, 2016

Pedra Verde



Na estrada de Luanda para Quibaxe, por alturas do Úcua, do lado esquerdo, fica este imenso maciço de granito, verde pela cor do musgo que o cobriu ao longo da sua longa vida. As tropas portugueses, ao logo do ano de 1962, bem despejaram sobre ele toneladas de bombas sem que ele se tivesse mexido ou alterado.

Depois, os "terroristas" foram-se embora e a aviação deixou-o em paz. Quando cheguei ao Úcua, em fins de 1962, como Alferes, comandante de um grupo de combate,  "essa guerra" já tinha acabado mas, durante cerca de nove meses, todos os dias, eu via aquele enorme pedregulho da varanda da casa desocupada pelos colonos e que nós utilizamos durante o tempo em que lá estivemos.
Aí a temos para me recordar que não é uma visão inventada pela minha memória já gasta pelos anos.

Feira da Ladra (em Lisboa)


Quando começou estava longe de ser o local concorrido que ainda é hoje, mesmo concorrendo com os grandes Centros Comerciais. A Feira da Ladra continua, aqui, em Santa Clara, desde 1903, duas vezes por semana, a receber peregrinações de vendedores e compradores de tudo e mais alguma coisa. Todas as terças-feiras e  sábados, do nascer ao pôr-do-sol, em tendas, bancas ou mesmo por panos espalhados no chão, a especialidade é a segunda mão: móveis, ferro-velho, livros e revistas, roupa, dos discos de vinil mais antigos aos CDs mais recentes, quadros, etc, etc., tudo ali se encontra para encanto dos que adoram velharias.

Então, era assim...


Bob Dylan ( 1964)
Prémio Nobel da 

Literatura















O que há, verdadeiramente de novo, na atribuição deste Prémio Nobel da Literatura, foi a sua entrega a um letrista de canções e não a um escritor de romances ou de poesia, como era tradicional e a reacção não foi agradável para o Júri.

A avaliação das obras literárias depende de quem as faz e de quando são feitas e poucas são consensuais desde o primeiro momento.

No que a nós mais directamente diz respeito, e estamos a pensar em José Saramago, também ele Prémio Nobel da literatura em 1998, basta lembrar a reacção de um Secretário de Estado da Cultura, de seu nome António Sousa Lara, ao seu livro Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra belíssima que tive o gosto de ler, e que ele riscou da lista de concorrentes ao Prémio Literário Europeu, considerando-o contra o património religioso português, o que foi, nitidamente, um acto de censura.

Preconceitos religiosos e políticos interferem sempre na avaliação da qualidade artística das obras para além da crítica dos especialistas.

Tão pouco o volume das vendas são garantia de qualidade pois o público que compra é sensível ao apelo da publicidade, à mediatização dos temas ou dos próprios escritores, como sabemos.

Apreciar uma obra literária apenas pela sua qualidade artística está reservada aos especialistas que valorizam a qualidade dos textos pela riqueza do léxico utilizado, construção gramatical das frases mas, fundamentalmente, pela beleza e harmonia das palavras e o impacto que elas nos provocam que sobreleva tudo o resto.

José Saramago “permitiu-se” escrever um livro, salvo erro, o Memorial do Convento, que não tinha pontuação sem que tal, eu, como leitor, tenha sentido grande diferença...

O enredo, ou seja a história que nos é contada é o mais facilmente apreendido pelos leitores anónimos. A qualidade vem depois.

Eu li quase toda a obra de Jorge Amado que, de resto, transpus para este Blog em episódios, porque sempre gostamos de levar até aos outros aquilo que nos dá prazer, e é por isso que recomendamos aos nossos amigos, uma música, um livro ou um filme, etc... em tempos, em Moçambique, custou-me um disco que nunca esquecerei.

Considero Jorge Amado o melhor contador de histórias da língua portuguesa e José Saramago o melhor escritor de livros, sendo que uma coisa e outra são o mesmo... e Jorge Amado nunca recebeu o Prémio Nobel.

Que me desculpe o Bob Dylan...

sexta-feira, outubro 14, 2016

Bob Dylon - Like a Rolling Stone (legendado)  

·                                  

Considerada por muitos a melhor música já feita, do cantor e compositor Bob Dylan, a música é perfeita combinação de diversos elementos musicais. Ele baseou a música em uma história que ele mesmo escreveu sobre uma debutante que tinha tudo e ficou sem nada, mas esse nada, a libertou.
Apesar do nome a música não faz nenhuma referência a banda Rolling Stones,como alguns pensam, esta é apenas uma expressão que diz que "Pedra que rola não cria musgo", depois de pensar muito decidir seguir a tradução "Como uma perdida", "perdida na vida", "sem rumo".
Eu sempre primo pela qualidade das musicas, mas fiquei de mãos atadas com o Bob, pois a gravadora dele é bem rigorosa com suas músicas e bloqueia as musicas de estúdio dele, então tive de usar essa musica ao vivo, por isso o som esta um pouco ruim.

Alguns ficam revoltados com esta tradução, por causa do "Like a Rolling Stone". Talvez por pensarem que a música fazia referência a banda Rolling Estone (rs),mas não faz, ou que talvez devesse ser traduzida ao pé da letra, não seria má ideia, mas essa é uma expressão que de uso comum na época, era usada de maneira negativa para dizer que a pessoa não finca raízes, não cria musgo. Nós também temos expressões para isso que é, e uma delas seria "como uma perdida", que faz a mesma referência. Eu pesquisei muito antes, e pareceu - meque esse é o consenso comum para tradução dessa música!



          Camada de Nervos


              

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)





Episódio Nº 93



















O que o Rato queria saber era o esconderijo da relíquia, esperando que Fátima se descaísse. Contudo, rápida e atenta, esta limitou-se a dizer:

 - Não sou estúpida, uranista.

Disse-lhes que se fossem embora, pois desejava voltar a dormir. Só tenho paz e sossego junto dos meus fantasmas. A minha mãe e o “assassin” continuam por cá

Com um arrepio na espinha, o Rato dirigiu-se para a saída do casão e Ramiro seguiu-o de cabeça baixa. Já na rua, a culpa que o atormentava voltou a explodir, quando se flagelou:

 - Deitei tudo a perder!

Apesar da hora nona já ir lançada, declarou ao Rato que iria à Sé confessar-se ao bispo Bernardo.

- Que dizeis? – perguntou o colega espantado.

Ramiro abriu os braços, desesperado:

 - Tenho de expiar os meus pecados!

Como um louco desatou a correr, deixando o Rato confundido.

Se Ramiro contasse ao bispo aquelas ternuras masculinas, aí é que se perdia, dificilmente o prelado lhe perdoaria pecados tão graves!

Alarmado, perseguiu o amante pelas ruelas e à porta da Sé ainda tentou demovê-lo daquela abrupta e tonta ideia. Mas Ramiro, sempre de olhar esgazeado, empurrou-o como se dele sentisse asco, gritando:

 - Sois o demónio, afastai-vos de mim!




Naquele dia, o Rato convenceu-se de que Ramiro enlouquecera. E tinha razão. Contudo, as duvidosas acções do bastardo de Paio Soares não eram apenas justificadas pelas suas convulsões íntimas, havia algo mais.

Algo que era superior às perdições individuais dos humanos e que era muito mais vasto e perigoso para o reino de Portugal.

Entusiasmados com a anunciada guerra contra o Trava e Afonso VII, nunca nos passou pela cabeça que era também nestes tortuosos momentos privados, insignificantes e videirinhos, que se jogava o futuro do nosso príncipe e de todos nós.

Como me disse uma vez meu pai, Egas Moniz:

- Lourenço Viegas, o mundo é feito de pessoas e são decisões delas que o fazem avançar, por mais pequenas que sejam. Meu pai tinha razão, como quase sempre, mas naqueles dias nós só pensávamos na guerra que ia começar!


Tui, Março de 1134



O ataque a Tui foi a operação mais mal sucedida que recordo em muitos anos de batalhas portucalenses.

Vendedora ambulante, mãe de 3 filhos.
Mãe Coragem

















Certo dia, uma senhora com o seu bebé de dois ou três meses esperava atendimento no Ministério Público, buscando auxílio para que o pai fosse compelido a pagar a pensão de alimentos. Via-se que era extremamente pobre, jovem, mas com a tez já devorada pelas rugas do sofrimento e, ao que me pareceu, de inanição.

O recém-nascido entrou em pranto estridente, denunciando agonia por fome de leite.

A mãe, ignorando que existia leite em pó ou outro sucedâneo, desesperava, pois os seus seios mirravam da seiva da vida.

Sendo já choro lancinante, a Drª Leonor Esteves, ouvindo do seu gabinete, acercou-se daquela mãe, e como estava em período de aleitação do seu primogénito logo pegou no bebé, à vista de toda a gente que entretanto se juntara, e deu o seu peito, saciando aquele infeliz imberbe.


O dramaturgo Bertolt Brecht autor de uma peça denominada “Mãe Coragem e os Seus Filhos” conta a história de uma vendedora ambulante, mãe de três filhos, que segue um exército em guerra para com ele fazer lucro. Ao longo desse percurso obstinado de 12 anos, ela acaba por ver morrer todos os seus filhos.

O episódio em que intervém a Drª Leonor Esteves aconteceu em Lamego, num Tribunal daquela Comarca, há cerca de duas décadas e é-nos contado no Boletim da Ordem dos Advogados.
Dele, retiramos dois exemplos de “mãe coragem” qualquer deles comprovativo do que as mulheres, na relação da maternidade, sem vacilar, fazem pelos filhos:
- De um lado, a juíza, que sem pruridos ou preconceitos despiu a toga para de imediato, sem hesitações e em público, amamentar um bebé que não era o dela, no superior papel de mulher e mãe;

- Do outro, uma jovem mãe, pobre e frágil que arrosta com os corredores dos Tribunais para pedir ajuda ao Ministério Público no cumprimento da lei naquilo que respeita às mais legítimas, mínimas e elementares obrigações paternais: colaborar na criação do seu filho com o pagamento da pensão de alimentos.

Sem dúvida, ambas “Mãe Coragem”.

APRENDI...























Aprendi....que ninguém
é perfeito enquanto não se apaixona.

Aprendi....que a vida é dura
mas eu sou mais que ela!!

Aprendi que... as oportunidades nunca se perdem, Aquelas que desperdiças... alguém as aproveita.

Aprendi que... quando te importas com rancores e amarguras a felicidade vai para outra parte.

Aprendi que... devemos sempre dar palavras boas... porque amanhã nunca se sabe as que temos que ouvir.

Aprendi que...um sorriso é uma maneira económica de melhorar teu aspecto.

Aprendi que... não posso escolher como me sinto... mas posso sempre fazer alguma coisa.

Aprendi que...quando o teu filho recém-nascido,
segura o teu dedo na sua mão tenta prende-lo para toda a vida.

Aprendi que...todos, todos querem viver no topo da montanha... mas toda a felicidade está durante a subida.

Aprendi que... temos que aproveitar da viagem
e não apenas pensar na chegada.

Aprendi que...o melhor é dar conselhos só em duas circunstâncias... quando são pedidos e quando deles depende a vida.

Aprendi que...quanto menos tempo se desperdiça...
mais coisas posso fazer.


Os Extra-Terrestres















Neste mundo do planeta Terra muitas pessoas se interrogam sobre a existência de seres extra terrenos que andarão por aí fazendo aparições de soslaio, furtivas, perante poucas testemunhas e sem deixarem rastos indesmentíveis da sua passagem.

Outras, têm uma crença visceral sobre a sua existência de tal forma que se associam em grupos organizados para a recolha e tratamento de todas as informações, especialmente aparições, sempre com a preocupação, dizem eles, de estudarem o fenómeno.

Contudo, sobre este assunto, a posição mais correcta e sensata é a agnóstica, de acordo com o pensamento de cientistas que dedicaram as suas vidas ao estudo dos astros como foi o caso de Carl Sagan, prematuramente falecido aos 62 anos, vítima de uma doença rara, e que sobre as visitas de extraterrestres dizia-nos o seguinte:

 Se nós mesmos estamos explorando o nosso sistema solar, se somos capazes, como somos, de enviar as nossas espaçonaves não apenas a outros planetas do nosso sistema solar como também para lá do nosso sistema solar, para as estrelas, então seguramente, outras civilizações, milhares ou milhões de anos mais avançadas que nós, devem ser capazes de alcançar a viagem espacial interestelar muito mais facilmente.

Contudo, eu certamente não excluiria a possibilidade de que a Terra está sendo ou já foi visitada. Mas precisamente porque está tanto em jogo, precisamos, porque esta é uma questão que engloba emoções poderosas, dos mais escrupulosos padrões de evidência”.


São estes os naturais cuidados de um cientista que, acima de tudo, coloca a honestidade e o rigor intelectual como pressupostos para abordar qualquer tema e este muito em especial pelas razões que ele próprio refere.

O cepticismo de Carl Sagan é uma exigência da sua inteligência, ele não se esquece que faz parte dessa grande família do Homo Sapiens e exactamente porque é “Sapiens” é que é céptico.

O cepticismo é, de resto, um apelo permanente à inteligência.

O cientista francês Henri Poincaré afirmou a este propósito o seguinte:-“A credulidade é avassaladora e todos sabemos como a verdade é tantas vezes cruel e por isso nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora.

- Mas não é só porque a credulidade é avassaladora, é que o cepticismo é perigoso, desafia as instituições estabelecidas e se nas escolas ensinarmos os alunos a serem cépticos eles amanhã começarão a fazer perguntas difíceis sobre as instituições económicas, sociais, políticas e religiosas.”


Carl Sagan que passou grande parte da sua vida científica na procura da vida extraterrestre é o primeiro a afirmar:

-“Veja o tempo e o trabalho que eu teria economizado se eles andassem por cá mas quando reconhecemos alguma vulnerabilidade emocional sobre este assunto então temos que redobrar o nosso cepticismo porque é aí que podemos ser enganados”.


Em vida, por vezes, Carl Sagan recebia cartas de alguém que afirmava estar em contacto com um extraterrestre e que o convidava a perguntar-lhe “qualquer coisa”.

Para estes casos C. Sagan tinha já preparada uma lista de perguntas e como os extraterrestres são, obviamente, muito avançados ele questionava coisas como esta:

- Forneça uma prova curta do último teorema de Fermat (já foi resolvido mas por humanos) ou da conjectura de Goldbach e para melhor compreensão por parte do extraterrestre escrevia uma pequena equação com expoentes.


Claro que nunca recebeu qualquer resposta mas se perguntasse algo como “se os humanos devem ser bons” a resposta vinha logo pronta.


Em resumo:

- Qualquer pergunta vaga é respondida com muito prazer mas qualquer coisa de específico, em que haja a possibilidade de se descobrir se sabem alguma coisa, a resposta é sempre o silêncio.
Nestas coisas do cepticismo tem que se encontrar um ponto de equilíbrio porque estamos perante duas necessidades que conflituam uma com a outra:

- Por um lado, o escrutínio mais céptico das hipóteses que nos são oferecidas e pelo outro a necessidade de uma grande abertura a novas idéias.

São, portanto, duas modalidades de pensamento que convivem sobre uma certa tensão e não se pode exercitar só uma delas qualquer que ela seja.

Colocado “apenas” na modalidade do pensamento céptico iremos morrer como velhos excêntricos convencidos que o mundo está a ser governado por idiotas mas, se a nossa abertura de espírito chegar ao ponto da credulidade sem uma certa dose de cepticismo, então estaremos perdidos porque todas as ideias para nós serão boas sem que consigamos distingui-las em função do seu valor.

O sucesso da ciência depende, exactamente, da mistura que se fizer destas duas modalidades de pensamento e é nisso que os cientistas são bons.

Falam sozinhos, criam imensas idéias novas e criticam-nas sem piedade, sendo que, a maior parte delas nunca chega ao mundo exterior e as que conseguem passar pelos rigorosos filtros pessoais têm à sua espera a comunidade científica para as criticar.

Mas vejamos o que, no concreto, Carl Sagan pensava sobre a busca por sinais de rádio da vida inteligente extraterrestre:

- No começo dos anos sessenta os Russos deram uma entrevista em Moscovo para anunciarem que uma distante fonte de rádio, chamada CTA-102 estava variando senoidalmente (como uma onda de seno) com um período aproximadamente de 100 dias.

O porquê desta entrevista em Moscovo residiu no facto de estarem convencidos de que se tratava de uma civilização extraterrestre de enorme poder o que, afinal, não passava de uma “quasar” que ainda hoje não se sabe muito bem o que é mas uma civilização extraterrestre é que ninguém acredita que ela seja.

Logo, do ponto de vista científico, a hipótese extraterrestre é a última em que se pensa e só se todas as outras falharem.


- Outro exemplo:

Em 1967 os cientistas britânicos encontraram uma fonte intensa de rádio próxima que flutuava num tempo mais curto, com um período constante de dez algarismos significativos.

O que seria? E a primeira ideia era de que se tratava de algo como uma mensagem que era emitida para nós ou uma baliza de navegação interestelar para naves espaciais que andam entre estrelas tendo mesmo, na Universidade de Cambridge, sido dado-lhe o nome de LGM-1, ou seja: Little Green Men, Os Homenzinhos Verdes.

Ao contrário, os Russos, foram mais cautelosos e não convocaram nenhuma entrevista para anunciar ao mundo a descoberta e fizeram bem porque não passava de uma “Pulsar”, a primeira Pulsar da nebulosa Caranguejo, e o que é uma Pulsar?

- Mais uma vez não se trata de nenhuma civilização extraterrestre mas de uma estrela encolhida ao tamanho de uma cidade que se mantêm coesa de maneira diferente de qualquer outra estrela, não pela pressão do gás, não pela degeneração dos eléctrodos mas por forças nucleares.


Frequentemente perguntavam a Carl Sagan se existia inteligência extraterrestre e ele dava a resposta habitual:

De que há biliões de lugares no Universo e de que seria incrível que essa inteligência não existisse mas que não havia nenhuma evidência forte, até agora, a seu favor.


Depois, insistiam e voltavam a perguntar-lhe:

- Mas o que é que você acha de verdade?

- Ao que ele respondia: “ Mas eu acabei de dizer exactamente o que penso”.


- Sim, mas a sua intuição o que é que lhe diz e ele respondia:

Mas eu tento não pensar com a minha intuição, não há nenhum problema de adiar a resposta até que as evidências cheguem.

- Eu acredito que em parte, muito do que empurra a ciência, é a sede de nos maravilharmos e isso constitui uma emoção poderosa sentida por todas as crianças.

Mais tarde, na última fase do ensino, o mesmo já não acontece e não será só por uma questão de puberdade mas tem a ver com a instrução que não só não ensina o cepticismo como também dá pouco incentivo a essa agitante sensação de nos maravilharmos.


E, finalmente, Carl Sagan, não deixava de se lamentar:

Na América, todo o jornal diário tem uma coluna sobre astrologia mas sobre astronomia quantos têm, sequer, uma coluna semanal? Eu acredito que também seja culpa do sistema educacional.


Nós não ensinamos como pensar e essa é uma falha muito grave que pode até, num mundo equipado com 60.000 armas nucleares, comprometer o futuro da humanidade.

- Eu afirmo que há uma maravilha muito maior na ciência do que na pseudo ciência caso aquela fosse explicada ao indivíduo médio de uma maneira acessível e emocionante.

- Também aqui há um tipo de lei de Grecham que estabelece que na cultura popular a ciência ruim retira o espaço à boa e a comunidade científica tem muita responsabilidade por não fazer melhor um trabalho de popularização da ciência.


Obrigado, Carl Sagan, pela tua parte não podias ter feito mais nem melhor!
Frank Drake, um apaixonado pela astronomia, depois de tirar o seu Curso em Astronomia Óptica com uma especialização em Radioastronomia foi trabalhar para o Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA e apresentou, em 1961, aquilo que ficaria conhecido por Equação Drake.

Através dela pretendeu calcular o número de civilizações extraterrestres na nossa Galáxia com as quais poderemos entrar em contacto.

Feitas as contas dessa equação complicadíssima que nem me atrevo a transcrevê-la o resultado era do mais pessimista: 0,0000008.

Hoje, passados todos estes anos, com os avanços registados na ciência, existirão 170 planetas extra solares girando na órbita de 147 estrelas o que constitui uma considerável melhoria relativamente ao cálculo de Drake mas não o suficiente para deixarmos de ser agnósticos embora um pouco menos ignorantes do que em 1961.


quinta-feira, outubro 13, 2016

Telejornal


             

             Oh Lady Mary/ 1969


              

A MÁQUINA QUE 

APANHAGATUNOS












Nos EUA fabricaram uma máquina que apanha gatunos.

Testaram-na em New York e em 5 minutos apanhou 1500 gatunos;

Levaram-na para China e em 3 minutos apanhou 3500;

Na África do Sul em 2 minutos apanhou 6000 gatunos;

Trouxeram-na para Portugal e num minuto, roubaram a 'p...' da máquina.
Este caso está em segredo de justiça, para se apurar se faz parte do processo Face Oculta, uma vez que a referida máquina, pode estar numa sucata ou num banco.

DIZERES

“ERRO CRASSO”



SIGNIFICADO: Erro Grosseiro

ORIGEM: Na Roma antiga, o poder dos Generais era tripartido. O primeiro Triunvirato foi constituído por Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Foi dado a este uma missão simples de atacar os Partos, pequeno e aparentemente inocente povo.
Crasso descurou qualquer estratégia e o resultado foi a derrota.







Texto de José Mário Silva


VIRGÍNIA WOOLF ( 1882-1941)No tempo que lhe coube viver, conseguiu impor uma voz feminina num mundo dominado por homens.

“Para escrever ficção, uma mulher precisa de dinheiro e de um quarto que seja seu”, afirmou num famoso ensaio. Ao longo da vida levou a frase à letra, como comprovam os nove romances e dois livros de contos que constam da sua bibliografia.

Pertenceu ao Grupo de Bloomsbury e ao Movimento modernista inglês, tendo contactado de perto com os principais intelectuais britânicos da primeira metade do século XX.

Atormentada pela depressão, pôs fim à vida como sentido trágico das suas personagens, afogando-se no rio Ouse com os bolsos cheios de pedras, depois de escrever ao marido uma pungente nota de suicídio.

A cena está reproduzida no romance As Horas, de Michael Cunningham (adaptado ao cinema em2002), que cruza a vida da escritora com a da protagonista do livro Mrs.Dalloway (1925). Um exemplo dos muitos ecos que a obra de Woolf continua a ter na literatura contemporânea.

O Que nos Ensinou
:

-  A utilização exemplar do monólogo interior.

À direita, vê-se o coberto da capelinha das aparições.
O Negócio da Fé













Mil e quinhentos euros por noite para ficar a 30 Km do Santuário de Fátima e do Papa que afinal garantiu a sua presença para nos visitar a 13 de Maio do próximo ano, pela altura das celebrações do centenário das aparições.
Eu era criança, jovem de 11 ou 12 anos, e também ali andei, há mais de 60 anos, de velinha na mão, na procissão do Adeus à Virgem, como mostra a imagem.
Lembro-me de como então, eu e alguns dos meus colegas, alunos do Colégio de Jesuítas São João de Brito, nos divertimos nesse passeio à luz da vela, cantando, à socapa da vigilância dos padres, aquela velha canção: “... a caminho da Califórnia vai um...” o resto da letra os meus amigos também sabem pelo que me dispenso de continuar.
Os padres andavam numa fona, tentando descobrir os “cantores” profanos, porque esta coisa do mistério da fé não entra facilmente na cabeça das criancinhas, a não ser coladas com cuspo.
Comigo, pelo menos, o vírus não entrou, talvez por troca com o da tuberculose pulmonar que apanhei pelos meus 8 ou 9 anos de idade, por contágio, na paria de Santo Amaro de Oeiras.
Enfim... é tudo o que tem que ser... Uns nascem crentes por natureza, parece até que começam a rezar na barriga da mãe mas, segundo dizem as estatísticas, no mundo ocidental, a religiosidade está em declínio ao que não é estranho, de certo, o uso cada vez maior da razão na instrução que é transmitida às crianças nas escolas.
Fátima, está nas minhas memórias de criança, à época, fenómeno relativamente recente e a Igreja Católica de Roma nunca irá perder esta referência ligada à história romanceada das três criancinhas, pastoras de cabras, a quem Nossa Senhora terá aparecido em cima de uma azinheira, para transmitir a mensagem da fé, talvez por não ter encontrado ninguém mais credível para o fazer.
A Senhora, mãe de Jesus, de resto, de há muitos anos a esta parte, que anda a aparecer às pessoas, um pouco por todo o mundo católico, para reavivar a fé...
Essas aparições têm sido muito bem acolhidas pela Igreja Oficial que depois de algumas breves hesitações, as aceita e celebriza.
A fé e o negócio misturam-se, a Igreja alimenta-se dele. A quantidade de ouro que sai do Santuário de Fátima directamente para Roma nunca será conhecida com rigor e divulgado mas, se ainda fosse aplicado em obras sociais daquela região, seria um bom destino. Mas tenho muitas dúvidas que o seja.
Aquela Igreja monumental que entretanto construíram e faz agora sombra à capelinha das aparições, é uma nota da verdadeira vocação dos bispos: impressionar os crentes com a grandiosidade da fé, que começou com a Igreja de S. Pedro, em Roma, que levou o Papa a vender bulas para arranjar dinheiro para a pagar e à ruptura, por causa disso, da própria igreja em anglicanismo e catolicismo.

terça-feira, outubro 11, 2016

Deolinda - Fado Toninho


Raly Lisboa - Dakar


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