sábado, janeiro 16, 2010


Não Somos
Gregos!




A situação económica e financeira de Portugal não é boa, é aliás muito difícil, mas os portugueses, todos nós, têm uma característica particular que só serve para afundar ainda mais o país.

Agora, passou a ser moda comparar o país à Grécia e afirmar, com gosto, que também estamos à beira da bancarrota. Não é verdade e, por isso, a explicação só pode ser encontrada na luta política e no desgaste do Governo que, infelizmente, em última análise afecta negativamente o país e o seu futuro.

Vamos por partes: a Grécia tem um desequilíbrio orçamental desconhecido. Exactamente:


- O Eurostat fez saber, publicamente, que os números de défice e dívida pública divulgados pelas autoridades estatísticas gregas não foram calculados de forma independente e não são tecnicamente fiáveis. Mais, a Comissão Europeia revelou que as revisões de défice e de dívida pública com a magnitude que se verificaram na Grécia este ano - e que ainda estão por concluir, diga-se de passagem - são recorrentes naquele país. O défice anunciado em Outubro para 2009 era de 12,5%, mas já ninguém acredita neles. Ora, esta desconfiança já está a ter reflexos no prémio que o Estado grego tem de pagar para pedir financiamento a países-terceiros, o chamado spread, como sucederia com qualquer família que estivesse em risco de colapso financeiro e fosse pedir dinheiro emprestado ao banco.

Portugal não está neste situação e seria importante que fossem os economistas portugueses os primeiros a desmistificar este cenário, que, obviamente, só serve para causar alarmismo interno e desconfiança externa, desde logo dos investidores internacionais, como se já não bastassem as análises das agências de rating.

A economia portuguesa tem problemas estruturais que estão ainda longe de ser resolvidos e isso explica porque é que o crescimento continuará a ser fraco em 2010 e insuficiente para travar o aumento do desemprego. Outro indicador basta: o défice externo, corrente (bens e serviços) de capital, vai aumentar, o que revela que quando começarmos a crescer um pouco, temos de financiar esse crescimento com o recurso ao exterior.

Os incentivos de políticas públicas, esses, têm de ser os correctos para aumentar a produtividade e competitividade das empresas portuguesas, particularmente as exportadoras, para aproveitar a retoma económica dos nossos maiores parceiros comerciais. Neste contexto, o orçamento do próximo ano tem de fazer o equilíbrio, difícil, entre estímulos à economia (que continuam a ser necessários, dr. Catroga), os apoios sociais, o investimento e o corte de despesa corrente.

Não existem riscos? Existem, desde logo Portugal não fazer o seu trabalho de casa. E um mais imediato, que nos aproxima dos gregos e que é uma espécie de ‘gripe A financeira', que nos contaminará caso a Grécia entre numa situação-limite de colapso e falência, à semelhança da Islândia, por exemplo. Dito isto, não somos gregos.


António Costa, Director
antonio.costa@economico.pt

Vídeo

Respeito pelo descanso dominical

ANDREA BOCELLI - BESAME MUCHO


BURL IVES - PEARLY SHELES



DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS
EPISÓDIO Nº 20





Olhe quem está aí: minha santa sogrinha, minha segunda mãe, esse coração de ouro, essa pomba sem fel. E a linguinha, como vai, bem afiada?

Sente aqui, minha santa, junto do seu genrinho querido; vamos vasculhar o lixo da Bahia…

E ria, aquela sua risada de homem de homem ladino e satisfeito com a vida: se tanto título a vencer e tanta dívida espalhada, tanta apertura de dinheiro e tanta urgência de numerário para as apostas não conseguiam entristecê-lo nem exasperá-lo, como poderia dona Rozilda alimentar esperanças? Por isso o odiava, e pelo que ele lhe fizera nos primeiros tempos do namoro.

Numa rabanada raivosa abandonava o campo de batalha, atingida pelo riso de Vadinho, ia vingar-se em dona Flor, acusando-a rua afora, em agitados comícios:

- Nunca mais ponho os pés nesta casa, filha amaldiçoada! Fique com o cachorro de seu marido, deixe que ele insulte sua mãe, esqueça o leite que mamou…vou embora antes que ele me bata…Não sou igual a você que gosta de apanhar…

Com a risada de Vadinho a persegui-la pelas esquinas, estourando nos becos, gaitada de mofa – dona Rozilda perdia a cabeça. Uma vez a perdeu por completo; esquecida de sua condição de senhora viúva e recatada, deteve-se na rua cheia de gente e, voltando-se para a janela onde o genro se torcia rir, descascou-lhe, com o braço nu, uma penca, senão todo um cacho de bananas. Acompanhava o gesto grosseiro com pragas e insultos, a voz estrangulada.

- Tome, seu sujo, seu indecente, tome e meta…

Escandalizavam-se os passantes, o grave professor Epaminondas, a pulcra dona Gisa:

- Mulher mais sem compostura… - criticava o professor.

- É uma histérica… - definia a professora.

Apesar de bem conhecer dona Rozilda, testemunha que fora daquele e de outros furores, familiar de seu carácter difícil, de seu congénito azedume, ainda assim, na fila do Elevador, tornava dona Norma a surpreender-se. Nunca imaginara pudesse perdurar a quezília entre a sogra e o genro mais além da morte, não concedendo dona Rozilda ao finado sequer uma palavra de lamentação, mesmo vazia de sentimento, puramente formal, da boca para fora. Nem isso:

- Até o ar que se respira aqui ficou mais leve depois que o desgraçado esticou a canela…

Dona Norma não pôde conter-se:

- Puxa! A senhora tem mesmo raiva de Vadinho, hein?

- Oxente! E não era para ter? Um vagabundo sem eira nem beira, pau d’água, jogador, não valia de nada…E se meteu na minha família, virou a cabeça de minha filha, tirou a desinfeliz de casa para viver às custas dela…

Jogador, cachaceiro, vagabundo, mau marido, era tudo verdade, considerou, pensativa, dona Norma. Como odiar, no entanto, mais além da morte?

Não se deve, no carrego de defuntos, varrer e enterrar os ressentimentos e as discórdias? Não era essa a opinião de dona Rozilda:

- Me chamava de velha xereta, nunca me respeitou, ria nas minhas bochechas…Me enganou quando me conheceu, me fez de boba, me arrastou na rua da amargura…Por que hei-de me
esquecer, só porque está morto no cemitério? Só por isso?

sexta-feira, janeiro 15, 2010


O TRAIDOR



Um amigo apanha outro no WC a urinar sentado na sanita:

- Mas o que é isto, os homens mijam de pé! O que te aconteceu???

- Olha, na 2ª feira passada saí com uma loira, 1,80 m, seios fartos, um corpo inacreditável, e na hora H murchei!

- Na 3ª saí com uma morena, 20 anos, corpo firme, carinha laroca, e na hora H murchei!

- Na 4ª foi com uma ruiva, murchei!

- Na 5ª com uma cota enxuta, tudo em baixo...

O amigo, indignado, pergunta-lhe:

- Epá, tudo bem, murchar faz parte, acontece a qq um, mas por quê mijar sentado???

- Então tu achas que depois disto tudo eu ainda vou dar a mão a este traidor?

VÍDEOS

Benfica/Sporting

FILME FADOS

MORT SHUMAN - LE LAC MAJEUR


ALAIN BARRIERE & NOEL CORDIER - TU T'EN VAS



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

EPISÓDIO Nº 19

- Meus pêsames?
- Pêsames? A mim? Não minha cara, não desperdice sua civilidade. Por mim já podia ter esticado há muito tempo, não sinto a falta. Agora posso bater no peito e dizer de novo que na minha família não tem desclassificado nenhum. E que vergonha, hein? Escolheu para morrer no meio do Carnaval, vestido de máscara…de propósito.

Parava ante dona Norma, descansava a maleta, a cesta e o pacote no chão para melhor examinar a outra, medi-la de alto a baixo, e dizer-lhe num elogio velhaco:

- Pois, sim senhora…Não é para lhe gabar mas vosmicê engordou um bocado…Está bonitona, moderna, gorda de fazer gosto, benza-te Deus e te livre de mau olhado…

Ajeitava a cesta de onde os caranguejos tentavam fugir, persistia renitente:

- Assim é que eu gosto: mulher não liga para besteiras de moda…Essas que andam por aí fazendo regime para emagrecer, termina tudo tísica…Vosmicê…

- Não diga isso, dona Rozilda. E eu que pensei que estava mais magra… Fique sabendo que estou gramando um regime daqueles brabos…Cortei o jantar, tem um mês que não sei o gosto do feijão…

Dona Rozilda voltou a considerá-la com olhar crítico:

- Pois não parece…

Ajudada por dona Norma, recuperou os embrulhos; embicavam para o elevador Lacerda, dona Rozilda a matracar:

- E seu Sampaio? Sempre metido na cama? Nunca vi homem mais sem graça. Parece um cachorro velho…

Dona Norma não gostou da comparação, sorriu num protesto:

- É o génio dele que é assim mesmo…Esmorecido…

Dona Rozilda não era mulher para desculpar as fraquezas humanas:

- T’esconjuro…Um marido engajamento como o seu deve ser um castigo. O meu…o finado Gil…Bem, não vou dizer que valesse grande coisa, não era nenhum santo…Mas, em comparação com o seu…Ah! minha filha, eu lhe digo: se fosse eu não tolerava não…Um homem que não sai, não vai a parte nenhuma, emborcado dentro de casa…

Dona Norma tentava repor a conversa na sua trilha lógica: afinal dona Rozilda perdera um genro, por isso viajara à Capital, sobre tão palpitante e dramático assunto deviam discorrer, para tanto estava dona Norma preparada:

- Flor anda muito triste e abatida, sentiu demais…

- Porque é uma pamonha, uma toleirona. Sempre foi, nem parece minha filha. Saiu ao pai, vosmicê não conheceu o finado Gil. Não é para me elevar, não, mas o homem da casa era eu. Ele não piava nem mugia, quem resolvia tudo era esta sua criada. Flor puxou a ele, saiu molengas, sem vontade; senão, como ia aguentar tanto tempo o tal de marido que arranjou?

Dona Norma considerou para si mesmo que, se o finado Gil não fosse ele também um banana, um molengas sem vontade, certamente não teria suportado por muito tempo tal esposa, e lastimou a sorte do pai de dona Flor. E a de dona Flor agora ameaçada de constantes visitas da mãe, capaz até – quem sabe? - de vir residir com a filha viúva, corrompendo a atmosfera cordial do Sodré e redondezas.

No tempo de Vadinho, quando dona Rozilda aparecia era às carreiras, em rápidas passagens, o indispensável para falar mal do genro e empreender o caminho de volta antes do maldito surgir com as suas graçolas de mau gosto. Porque com Vadinho, dona Rozilda nunca levara vantagem, jamais o dominara, nem sequer conseguia deixá-lo nervoso e irritado. Apenas a enxergava a cochichar, era tomado de riso, demonstrando a maior satisfação, como se a sogra fosse a sua
visita preferida, o pulha.

quinta-feira, janeiro 14, 2010


PRQUE RIR FAZ BEM

À porta da barbearia estava um papagaio. Sempre que a Micas passava por lá ele dizia:

- "Ó Puta!"

Ela já farta, um dia queixou-se ao dono...

Ele, para castigar o papagaio, pintou-o de preto.

Dois dias depois a Micas passou à porta e o papagaio não disse nada...

Perguntou ela:

- "Então, já não dizes nada?"

Respondeu o papagaio:

- "Quando estou de smoking não falo com putas"

VÍDEOS

É hoje, nem que seja à porrada...

GATOS FEDORENTOS - NOMES DIFERENTES PARA O CASAMENTO

BARRY & EILEEN - IF YOU GO


DEMIS ROUSSOS - SING AN OD TO LOVE



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 18




Recolheria as lamúrias de dona Rozilda, servir-lhe-ia o lenitivo da resignação à vontade de Deus, ele sabe o que faz!, juntas debateriam, a mãe e a amiga íntima, a propósito da nova condição de dona Flor, viúva, só no mundo e ainda tão jovem. Para isso viera dona Norma preparada: gestos, palavras, atitudes, e tudo sincero e sentido, não havia jamais em sua maneira de ser e agir a menor parcela de representação. Dona Norma sentia-se um pouco responsável por todo o mundo, era a providência do bairro, uma espécie de pronto-socorro das imediações. De toda a vizinhança acorriam à porta de sua casa – a melhor casa da rua, só a dos argentinos da fábrica de cerâmica, a dos Bernabós, podia com ela comparar-se, talvez um pouco mais luxuosa – vinham por empréstimos, do sal e da pimenta à louça para almoços e jantares e a peças de vestuário para festas:

- Dona Nora, mamãe mandou perguntar se a senhora podia emprestar uma xícara de farinha-do-reino que é para um bolo que ela está fazendo. Depois manda pagar…

Era Aninha, a filha mais jovem do dr. Ives, vizinho próximo, cuja esposa, dona Emina, cantava canções árabes acompanhando-se ao piano.

- Mas, menina, sua mãe não foi ao mercado ontem? Era a mulher mais esquecida…uma xícara basta? Diga a ela que, se quiser, mande buscar…

Ou bem era o moleque da residência de dona Amélia, com sua voz esganiçada:

- Dona Norma, a patroa mandou pedir a gravata preta de seu Sampaio, a de laço de borboleta, que a de seu Ruas a traça roeu…

Quando não aparecia dona Risoleta, dramática, com seu ar de macerada:

- Norminha, acuda por amor de Deus…

- O que é mulher?

- Um bêbado se plantou na porta de casa, não há jeito de sair, o que é que eu vou fazer?

Lá ia dona Norma, reconhecia sorridente:

- Ora, é Sebastião Cachaça, gente minha…Vam’bora, saia daí, vá tirar uma soneca na garagem lá de casa…

E assim o dia inteiro, bilhetes pedindo dinheiro emprestado, chamado urgente para acudir um doido, atender um enfermo, e os fregueses das injecções – dona Norma fazia concorrência gratuita aos médicos e às farmácias, sem falar nos veterinários pois todas as gatas das cercanias vinham dar cria nos fundos de sua casa, ali não lhe faltando jamais assistência e alimento.

Distribuía amostras de remédios – fornecidos pelo dr. Ives – cortava vestidos e moldes – era diplomada em corte e costura – escrevia cartas para o pessoal doméstico, dava conselhos, ouvia lamentações, secundava projectos matrimoniais, chocava namoros, resolvia os mais diferentes problemas, sempre alvoraçada, levando Zé Sampaio a concluir:

- É uma caga voando, não tem paciência nem para sentar no aparelho… - e metia o dedo grande na boca resignado.

Preparara-se a boa vizinha para acolher uma lastimosa dona Rozilda, em seu peito a abrigar e a confortar. E a outra lhe saía com aquele contra-senso absurdo, como se a morte do genro fosse notícia festiva. Lá vinha ela descendo a escada, numa das mãos o clássico embrulho de farinha de Nazareth, bem torrada e olorosa, além de uma cesta onde se movia indócil uma corda de caranguejos adquirida a bordo; na outra a sombrinha e a maleta. Ainda bem, pensou dona Norma, não era a mala grande indicativa de demora, era o pequeno baú de madeira das viagens rápidas, uns poucos dias e até outra. Adiantou-se para ajudá-la e para dar-lhe o cerimonioso abraço de pêsames, por nada no mundo deixaria de cumprir o triste dever das condolências.

HELMUT LOTTI - KALINKA


MIKIS THEODORAKIS - ZORBA


quarta-feira, janeiro 13, 2010


FRASES DA SABEDORIA
POPULAR BRASILEIRA





- MULHER GRANDE É COMO UM FERRARI: QUANDO SOBE PARA A BALANÇA VAI DE ZERO A CEM NUM SEGUNDO.


- AS MULHERES PERDIDAS SÃO AS MAIS PROCURADAS.


- COMO É DIFÍCIL LIVRAR DE MULHER FÁCIL.


- CRIANÇA E TAMANCO SÓ SE FAZEM COM PAU DURO.

- ENQUANTO NÃO ENCONTRO A MULHER CERTA…ME DIVIRTO COM AS ERRADAS.


- VALE MAIS CHEGAR ATRASADO NESTE MUNDO QUE ADIANTADO NO OUTRO.


- MELANCIA GRANDE E MULHER MUITO BOA NINGUÉM COME SOZINHO.


- MULHER FEIA É IGUAL A VENTANIA: SÓ QUEBRA GALHO.


- CASAR É TROCAR A ADMIRAÇÂO DE VÁRIAS MULHERES PELA CRÍTICA DE UMA SÓ.


- NÃO BATA NUM HOMEM QUE ESTIVER CAÍDO…A NÂO SER QUE TENHA A CERTEZA QUE ELE JÁ NÃO SE LEVANTA.


- MALANDRO É O PATO QUE JÁ NASCEU COM OS DEDOS COLADOS PARA NÃO USAR ALIANÇA.

HARRY NILSSON - WITHOUT YOU


MIKE BRANT - LAISSE MOI T'AIMER



DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 17



Dom Clemente, o dorso um pouco curvado, atravessou a nave, a caminho da sacristia. No corredor, deteve-se a contemplar aquela estranha imagem onde o artista desconhecido fixara a um só tempo a graça e o cinismo. Levado por que sentimentos o fizera, que espécie de mensagem desejara transmitir?

Possuído pelas paixões humanas, o anjo devorava com olhos devassos a pobre santa. Olhos de frete, como dissera Vadinho, em sua linguagem pitoresca, sorriso indecente, face deslavada, sem compostura. Igual a Vadinho, tanta postura jamais se vira. Não exagerara ele, Dom Clemente, não fizera uma afirmação precipitada ao colocar Vadinho ao lado de Deus, em sua glória?

Aproximou-se da janela rasgada na pedra, fitou o pátio do convento. Ali Vadinho costumava sentar-se sobre a muralha, a seus pés o mar cortado de saveiros. Vadinho dizia:

- Padre, se Deus quisesse mostrar a sua capacidade fazia o 17 dar doze vezes seguidas. Isso é que era um milagre retado. Aí eu chegava e enchia a Igreja toda de flores…

- Deus não se mete em jogo, meu filho…

- Então, padre, ele não sabe o que é bom e o que é ruim. Aquela agonia vendo a bolinha girando, girando na roleta, a gente arriscando a última ficha, o coração disparado…

E num tom de confidência, num segredo só dele e do sacerdote:

- Com Deus não vai saber, padre?

No átrio, dona Rozilda elevava a voz:

- Dinheiro jogado fora…Não há missa que salve o desgraçado. Deus é justo!

Dona Flor, o xale a esconder-lhe a dolorosa face, surgia, ao fundo, apoiava-se em dona Gisa e em dona Norma. Na claridade azul da manhã, a igreja parecia um barco de pedra a navegar.

Só na terça-feira de Carnaval, á noite, a notícia da morte de Vadinho alcançara Nazaré das Farinhas onde dona Rozilda habitava em companhia do filho casado e funcionário da Estrada de Ferro, amargurando a vida da nora, escrava a seu mando ditatorial. Sem perder tempo, transportou-se para a Bahia quarta-feira de cinzas, um dia parecido com ela, a acreditar-se em outro genro seu, António Morais: “Aquilo não é uma mulher, é uma quarta-feira de cinzas, termina com a alegria de qualquer um”. O desejo de situar a maior distância possível entre sua casa e sua sogra era, sem dúvida, um dos motivos por que esse Morais residia, há vários anos, num subúrbio do Rio de Janeiro.

Hábil mecânico, aceitou o convite de um amigo e fora tentar a vida no Sul onde prosperara. Recusava-se a voltar à Bahia mesmo em passeio enquanto “a megera empestasse o ambiente”.

Dona Rozilda, no entanto, não detestava António Morais como não detestava tão pouco a nora. Detestava, sim, a Vadinho, e jamais perdoara a Flor aquele casamento, resultado de vil conspiração contra sua autoridade e suas decisões. No casamento de Morais com Rosália, a filha mais velha, se não fizera gosto, tão pouco dificultara o namoro, não opusera objecções ao noivado. Não se dava bem com ele ou com a nora, porque a natureza de dona Rozilda era mesmo consagrada a infernizar o próximo. Quando não estava contrariando alguém sentia-se vazia e infeliz.

Com Vadinho era diferente: tinha-lhe aversão desde os tempos do namoro com Flor, quando descobrira a rede de logro e engodos em que a enleara o indesejável pretendente. Tomara-lhe ódio para sempre, não podia ouvir-lhe sequer o nome. “Houvesse polícia nessa terra e aquele canalha estaria na cadeia”, repetia, se lhe falassem no genro, se lhe pediam notícias do valdevinos ou mandavam-lhe lembranças.

Quando visitava dona Flor, de raro em raro, era para infernizar-lhe o dia, não tendo outro assunto senão as trampolinagens de Vadinho, sua existência libertina, sua vergonhosa crónica, escândalo permanente e quotidiano.

Ainda da amurada do navio desatava a boca de azedumes aos gritos para dona Norma no cais da Bahiana a esperá-la, a pedido de dona Flor:

- Enfim, o excomungado bateu as botas, hein!

O paquete estava atracando, repleto de uma impaciente população de viajantes atravancados de pacotes, cestos, de sacolas, de embrulhos os mais diversos, contendo frutas, farinha de mandioca, inhame e aipim, carne-de-sol, chuchu e abóboras. Dona Rozilda desembarcava a vociferar:

- Levou a breca, já devia ter estourado há muito tempo!

Dona Norma sentia-se derrotada, dona Rozilda possuía aquela capacidade de deixá-la sem acção, num desânimo completo.
Amanhecera a prestativa vizinha no pequeno cais, transpirando consolação no rosto bondoso, pronta para animar uma sogra em luto e em lágrimas, para em dueto lastimarem a precariedade das coisas desse mundo: hoje se está vivo e saltitante, amanhã num caixão de defuntos.

terça-feira, janeiro 12, 2010


A MÁQUINA QUE APANHA
GATUNOS



Nos EUA fabricaram uma máquina que apanha gatunos.

Testaram-na em New York e em 5 minutos apanhou 1500 gatunos;

Levaram-na para China e em 3 minutos apanhou 3500;

Na África do Sul em 2 minutos apanhou 6000 gatunos;

Trouxeram-na para Portugal e num minuto, roubaram a 'p...' da máquina.

Este caso está em segredo de justiça, para se apurar se faz parte do processo Face Oculta, uma vez que a referida máquina, pode estar numa sucata ou num banco.

IMAGEM


QUEM APRENDE COM
QUEM



No Editorial de hoje do Diário de Notícias lê-se sob a forma de conclusão:

- “Se foi preciso o PS perder a maioria absoluta para quebrar a crispação – na educação, nas universidades, na justiça -, para quê conceder, seja a quem for, nova maioria absoluta?”

E a pergunta salta-nos à cabeça:

- Foram os cidadãos eleitores que aprenderam com o PS ou foi este que aprendeu com o eleitorado?

VÍDEOS

Veja a música...

PAUL ANKA - CRAZY LOVE


NElL SEKALA - YOU MEAN EVERYTHNG TO ME



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 17




Ora, na missa do sétimo dia, oficiada por dom Clemente Nigra na Igreja de Santa Tereza, envolta a nave esplêndida numa luz matinal azulada e transparente, chegada do mar defronte, como se o templo fora um navio prestes a largar – a simpatia e a solidariedade expressas em comentários sussurrados, dirigiam-se a dona Flor, ajoelhada na primeira fila perante o altar, toda em negro, mantilha de rendas emprestada por dona Norma escondendo-lhe os cabelos e as lágrimas, um terço entre os dedos. Mas os cochichos não a lastimavam por haver perdido o marido e, sim, por tê-lo possuído. Dobrada no genuflexório, nada ouvia dona Flor, como se mais ninguém estivesse no santuário, apenas ela, o padre e a ausência de Vadinho.

Um rumor de beatas, de velhas ratas de sacristia, de rançosas inimigas da graça e do riso, se elevava junto com o incenso, num murmúrio ácido.

- Não valia nem um vintém de reza, o renegado.

- Se ela não fosse uma santa, em vez de missa dava era uma festa. Com dança e tudo…

- Para ela foi uma carta de alforria…

- No altar, celebrando pela alma de Vadinho, dom Clemente, macerado de vigílias sobre livros antigos, sentia na atmosfera mágica da manhã apenas despertara certas perturbações, auras maléficas como se um demónio qualquer, Lucífer ou Exu, mais provavelmente Exu, andasse solto pela nave. Por que não deixavam Vadinho em paz, não lhe permitiam descansar? Bem o conhecera dom Clemente: Vadinho gostava de vir conversar no pátio do convento, sentava-se sobre a muralha, contando histórias nem sempre as mais condizentes com aquelas venerandas paredes, mas ouvidas com atenção pelo frade, curioso e solidário com toda a experiência humana.

Havia no corredor, entre a nave e a sacristia, uma espécie de altar, e nele um anjo talhado em madeira, escultura anónima e popular talvez do século XVII, e era como se o artista houvesse tomado Vadinho de modelo; a mesma fisionomia inocente, idêntica ternura. Estava ele ajoelhado ante a imagem, bem mais recente e barroca, de uma Santa Clara, e para ela estendia as mãos. Certa ocasião dom Clemente levara Vadinho a ver o altar e o anjo, queria saber se o boémio dar se-ia conta da parecença. Vadinho pôs-se a rir apenas enxergou as imagens.

Por que ris assim? – perguntou-lhe o frade.

- Que Deus me perdoe, padre…Mas não parece que o anjo está fretando a santa?

- Está o quê? Que termos são esses Vadinho?

- Desculpe dom Clemente, mas é que esse anjo tem uma cara manjada de gigolô…Nem parece anjo…Espie o olho dele…olho de frete…

Voltando-se no altar para dar a bênção, as mãos levantadas, o sacerdote viu as beatas a resmungarem: ali estava a perturbação, o maligno, ah!, bocas de lama e maldade, ah!, fedidas e azedas donzelices, mesquinhas e cúpidas solteironas, e a comandá-las dona Rozilda, “Deus que as perdoe, pois infinita é a sua bondade!”

- A pobrezinha sofreu na mão dele. Comeu o pão que o diabo amassou…

- Porque quis. Não por falta de conselho meu…Não fosse tão assanhada, tivesse me ouvido…Fiz o que estava em minhas mãos…

Perorava assim dona Rozilda, mãe de dona Flor, nascida para madrasta, tentando com denodo cumprir sua vocação.

- Mas ela estava com o bicho-carpinteiro, estava de pito aceso, Deus me livre, não quis ouvir nada, se revoltou…E encontrou quem apoiasse, casa para se esconder…

Disse e olhou para o lado onde rezava dona Lita, sua irmã, ajoelhada.

Completou:

- Mandar dizer missa por aquele traste é jogar dinheiro fora, é só para encher o bandulho do frade…

Dom Clemente tomou o turíbulo e lançou incenso contra o fétido hálito do demónio a respirar pela boca das beatas. Desceu do altar, parou ante Flor, colocou-lhe a mão afectuosa sobre o ombro, disse para ser ouvido pelo coro sinistro das velhas peçonhentas:

- Mesmo os anjos transviados têm seu assento ao lado de Deus, em sua glória.

- Anjo …T’esconjuro…Era um demónio do inferno… - rosnou dona Rozilda.

segunda-feira, janeiro 11, 2010


Árvore Genealógica


Crónica do Luis Fernando Veríssimo, filho do Eurico Veríssimo, que publica semanalmente na folha de S. Paulo, a não perder...


- Mãe, vou casar!

- Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?

- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.

- Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?

- Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?

- Nada, não.. Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.

- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...

- Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.

- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
- E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo ?

- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.

- Tá ! Biscoito... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?

- Por quê ?

- Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.

- Você acha que o Papai não vai aceitar ?

- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade... E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.

- Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.

- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.

- A Bel já tá namorando.

- A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?

- Uma tal de Veruska.

- Como ?

- Veruska...

- Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.

- Mãe !!!...

- Tá..., tá..., tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...

- Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.

- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?

- Quando ele era hétero... A Veruska.

- Que Veruska ?

- Namorada da Bel...

- "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...

- É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.

- De quem ?

- Da Bel.

- Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska...

- Isso.

- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.

- Em termos...

- A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito.E dois pais: a Veruska e a Bel.

- Por aí...

- Por outro lado, a Bel...,além de mãe, é tia... Ou tio.... Porque é tua irmã.

- Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.

- Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.

- Exato!

- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...

- Entendeu o quê?

- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!

- Que swing, mãe?!!....

- É swing, sim! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...

- Mas..

- Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio...

- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...

- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos...

- Nós ajudamos.

- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...

- Que.. ?

- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser f...


(Luiz Fernando Veríssimo )


MULHER PARA O MARIDO:

- Estamos casados há mais de 20 anos e nem uma jóia me compraste.

- Sabia lá que vendias dessas merdas...

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VÍDEOS

A Mulher trompeta... Oiça.

BINO ARICO - MAMA LEONE


ROGER WHITTAKER - ELOISE



DONA FLOR

E SEUS DOIS

MARIDOS


EPISÓDIO Nº 16



Em meio a tanta discussão, a elegia fez sua carreira, lida e decorada, dita nas mesas dos bares pela madrugada, quando a cachaça desatava os sentimentos mais nobres. Os declamadores mudavam-lhe adjectivos e verbos, por vezes engoliam ou baralhavam estrofes. Mas, correcta ou deturpada, molhada de cachaça, caída no chão dos cabarés, lá ia fazendo o elogio de Vadinho, sua louvação.

Quem quer que a houvesse composto reflectia um sentimento geral naquele submundo em que Vadinho se movimentara desde a adolescência e do qual terminou sendo uma espécie de símbolo.

A elegia foi o ponto mais alto no desparrame de louvores ao moço jogador. Se lhe fosse dado ouvir tanta palavra de elogio e de saudade, Vadinho não acreditaria. Em vida jamais fora alvo de encómios e loas, muito ao contrário: Vivia a lhe martelarem os ouvidos com repreensões e conselhos, sermões a propósito da sua má vida e de seus maus sentimentos.

Aliás, a sua indulgência com seus malfeitos, para com essa exibição pública de suas pretendidas qualidades, a transformarem-no em herói de poema e em figura quase lendária, durou pouco tempo. Uma semana após a sua morte já as coisas começavam a ser repostas em seus lugares, a opinião das classes conservadoras, responsáveis pela moral e pela decência, passou a manifestar-se pela boca das comadres e das vizinhas, tentando sobrepor-se ao anárquico e dissolvente panegírico estabelecido pela subversiva ralé dos castelos e casinos, na criminosa tentativa de solapar os costumes e o regime.

Criava-se assim, um novo e apaixonante problema, como se já não bastasse o da lavra dos versos. De referência a este último, provas foram prometidas de verdadeira identidade do autor, por fim agora revelada e para sempre inscrita para no livro de ouro das letras pátrias.

Quando, anos depois da morte de Vadinho, o poeta Odorico recebeu seu exemplar das Elegias Impuras – um dos três únicos oferecidos de graça pelo poeta – magnífica edição de luxo, tiragem redigida a cem volumes autografados, ilustrada com xilogravuras de Calsans Neto, voltou-se para Carlos Eduardo, estendendo-lhe o livro precioso.

Estavam os dois amigos sentados na mesma sala de redacção na qual, num dia distante, juntos haviam lido e discutido a elegia. Apenas agora eram senhores gordos respeitáveis – e ricos e muito ricos, proprietários de colecções e de imóveis.

Odorico recordou:

- Eu não te disse naquela ocasião? Era dele – E concluiu com o mesmo sorriso e com as mesmas palavras de outrora. – Velho sem vergonha…

Também Carlos Eduardo riu no seu riso cordial, de homem realizado e tranquilo, e admirou a edição primorosa. Na capa, em letras cavadas na madeira, o nome do poeta, Godofredo Filho. Devagar, foi passando as páginas, a interrogar-se (com certa inveja): “Que ruas e ladeiras esconsas, que obscuras sendas de crepúsculo, que negras olorosas grutas, haviam juntos descobertos e amado o poeta ilustre e o pobre vagabundo, a ponto de entre eles desabrochar a rara flor da amizade?”.

Devagar, a reflectir nestes enigmas, Carlos Eduardo tocava o papel como se acariciasse suave epiderme de mulher, quem sabe pele negra, nocturno veludo? A quarta elegia, das cinco a comporem o volume, é dedicada à morte de Vadinho, “a ficha azul esquecida no tapete”.

Resolveu-se assim um problema, como prometido fora. Outro, porém surge e se impõe, e quem sabe se será possível encontrar-lhe solução? À vossa perspicácia fica ele entregue, esse mistério de Vadinho.

Quem era Vadinho? Qual sua verdadeira fisionomia? Quais suas exactas proporções? Era banhada de sol ou coberta de sombra sua face de homem?

Quem era ele, o jogral da elegia, o porreta da frase de Paranaguá Ventura, ou o desprezível malandro, o mordedor incorrigível, o mau marido na voz da vizinhança, das amizades de dona Flor? Quem melhor o conhecera e melhor agora o definia: as piedosas frequentadoras da missa das seis na Igreja de Santa Tereza ou os irrecuperáveis habitués do Tabaris, “a bola girando na roleta, o barulho e os dados, a última parada?”.



INTERVALO

DO TEMPO INICIAL DA VIUVEZ, TEMPO DE NOJO, DO LUTO FECHADO COM AS MEMÓRIAS DE AMBIÇÕES E ENGANOS, DE NAMORO E CASAMENTO, DA VIDA MATRIMONIAL DE VADINHO E DONA FLOR, COM FICHAS E DADOS E A DURA ESPERA AGORA SEM ESPERANÇA ( E A INCÒMODA PRESENÇA DE DONA ROSILDA) (COM EDGAR COCO AO VIOLINO, CAYMMY AO VIOLÃO E O DOUTOR WALTER DA SILVEIRA COM SUA FLAUTA ENCANTADA)

domingo, janeiro 10, 2010

STAND BY ME

VÍDEOS

Tocar e Zurrar ao desafio...

DEBBIE GIBSON - LOSTIN IN YOUR EYES


AUGUSTO CÉSAR - AGUENTA CORAÇÃO



A EUROPA
DAS
PÁTRIAS




A União Europeia é insubstituível: uma espécie de cooperativa fortíssima criada pelos europeus que promove os seus interesses morais e materiais.


Ela é a base do bem-estar e da origem das suas vantagens competitivas no mundo. A livre circulação de pessoas, bens, dinheiro e serviços dentro do mercado interno; a gestão pela Comissão Europeia quer do comércio dos 27 com o resto do mundo quer da concorrência e, dentro de poucos anos, da energia e do ambiente; a moeda única; a promoção, dentro e fora de portas, da decência cívica e política, são pilares essenciais do conforto e segurança das populações e constituem fonte de influência que nenhum membro da União, só por si, poderia ter agora ou no futuro.

Mas, no entanto…falta-lhe coração, porque este ficou na pátria de cada um dos países que a compõem. Muita gente estaria disposta a morrer pela sua pátria, provavelmente ninguém pela Europa.

O futuro Kaiser Guilherme II perguntou ao seu mestre de equitação o que era mais importante para saltar obstáculos: os cavalos, os cavaleiros ou os arreios?

- “O coração, sire, o coração. O resto vai atrás”.

É este, que falta à Europa porque continua lá, agarrado a uma história, a uma língua, a tradições, usos e costumes vividos durante séculos dentro de espaços delimitados por fronteiras mais ou menos estáveis. E quem consegue repartir o coração quando se trata da terra onde nascemos, nasceram os nossos pais e os pais dos nossos pais, um deles, porventura, morto nalguma guerra na defesa dessa terra?

Seria realista esperar que as coisas fossem de maneira diferente...?

Talvez um dia, quando vier uma guerra, e ela virá, e for necessário alguns de nós morrerem para defender a Europa, então, um pouco dos nossos corações pátrios se comece a transferir para esse nosso outro espaço mais alargado que se chama Europa.

Pelos vistos, amor e sangue, em certas circunstâncias, correm juntos.

Entretanto, andamos adormecidos num certo pacifismo esquecendo os meios militares necessários à nossa futura segurança.

Lembram-se quando o Dr. Mário Soares, já aqui há uns anos, falava no contributo financeiro que cada um de nós devia dar para a constituição de um exército europeu?

- Será que alguém vê nele um guerreiro ou um belicista...?

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