sábado, julho 13, 2013

Pedaço de uma peça de teatro que passou em Londres


Magistratura

de 

Vingança


O que estes dias mostraram foram imensas razões de queixa contra um governo e os líderes dos partidos da coligação desde a humilhação pública a que foi sujeito o Presidente da República com a notícia da demissão irrevogável de Paulo Portas, uma hora antes da insólita tomada de posse de Maria Luís Albuquerque como ministra das Finanças.

Depois, a pressão inaceitável sobre Cavaco Silva com o acto público da remodelação da coligação, com o anúncio da promoção de Paulo Portas a vice-primeiro-ministro, no momento preciso em que o Presidente estava ainda na fase de avaliação e decisão. Isto, para além das birras com cartas públicas de uns e outros a apoucar ex colegas de governo…

Mas o que estes dias também trouxeram ao de cima, sem prejuízo dos factos atrás descritos, foi, mais uma vez, a verdadeira natureza do político profissional Cavaco Silva: vingativo e egocêntrico.

(Primeira parte do artigo do jornalista do DN Nuno Saraiva)


 Nota – Há muitos anos que aponto defeitos graves de carácter da pessoa de Cavaco Silva que considero sonso, dissimulado, vingativo, arrogante, inculto, saloio, pensando apenas em si, formal e institucionalista por conveniência e cobardia. Não é, nem nunca foi, um homem do 25 de Abril, um democrata, mas aquele que mais beneficiou em proveito próprio da liberdade e da democracia.

Estava no lugar certo, no momento certo, rodeou-se das pessoas certas (Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Ferreira do Amaral, etc…) e o resto foi fruto da sua manhosice.

Foi ele que em 1989 recusou conceder ao Capitão de Abril, Salgueiro Maia, grande responsável, pela sua coragem, que o dia 25 de Abril não tivesse terminado num banho de sangue, uma pensão por “Serviços Excepcionais e relevantes prestados ao país”, depois de o Conselho Consultivo a ter aprovado por unanimidade, e isto, quando ele já estava bastante doente. Entretanto, assinava os pedidos de reforma de dois inspectores da PIDE, um dos quais, Óscar Cardoso, que se barricou na sede da Maria António Cardoso de onde foram disparados tiros sobre a multidão que festejava a liberdade.

Foi igualmente um governo seu que vetou a candidatura de José Saramago a um Prémio Literário europeu por considerar que o seu romance “Evangelho segundo Jesus Cristo” era um ataque ao património religioso português… (tive já oportunidade de o ler é um livro que revela enorme sensibilidade e amor).

As economias de cada um constituem um assunto privado de cada qual e não é isso que está em causa mas, sendo assim, porque vem Cavaco Silva dizer em público, em Janeiro de 2011, que a sua mulher “tem uma reforma que não chega a 800 euros por mês e, portanto, depende de mim. Eu tenho de trabalhar para ela.”

Vejam agora a Declaração de Rendimentos de Maria Cavaco Silva:

- BCP: Conta à ordem nº 882022 (1ª Titular) - 21.297,61 Euros;

- Depósito a prazo: 350.000,00 Euros (vencimento04/04/2011);

- BPI: Conta à ordem nº 60933.5 - 6.557 Euros;

- Depósito a Prazo: 140.000,00 Euros (juro 2,355%,vencimento em 21/02/2011);

- Depósito a Prazo: 70.000.00 Euros (juro 2.355%,vencimento em 20/03/2011).

- PPR: 52.588,65 Euros;

- Acções detidas:

BPI - 6287;

BCP - 70.475;

BRISA - 500;

COMUNDO - 12;

ZON – 436;

Jerónimo Martins - 15.000;

- Obrigações BCP FINANCE: 330 unidades (Juro Perpétuo 4.239%);

FUNDOS DE INVESTIMENTO:

- Fundo AVACÇÕES DE PORTUGAL - 2.340 unidades;

- Milenium EURO CARTEIRA - 4.324.138 unidades;

- POJRMF FUNDES EURO BAND EQUITY FUND - 118.841.510 unidades !!!!

 - É esta a Declaração de Rendimentos de uma professora reformada com 800 euros que precisa do marido para trabalhar para ela?

  - Mas, afinal, que palavra é esta de um homem que é o Presidente da República do meu país e que durante mais anos tem tido o poder?

Hakuna Matata
HAKUNA MATATA
(Ferreira Fernandes do DN)


Quarta-feira, 10 de Junho, pela tarde, havia governo em Portugal. Havia então duas opiniões no país, ambas legítimas: uns diziam que era um governo com pernas para andar, outros, que era um governo que urgia que caísse.

Como o governo tinha maioria e não pretendia demitir-se, o governo da tarde do dia 10 de Junho era para se manter. Com um porém: o Presidente da República tinha alguns poderes (e só ele os tinha) que lhe permitiam pôr uns pozinhos na engrenagem. E nessa noite o Presidente da República falou.

Podia ter puxado o tapete ao governo, mas não o fez. Podia ter dado a bênção, e também não o fez. O que fez foi dizer: «hakuna matata» que por ser swahilli, poucos entenderam mas eu entendi.

E foi um reboliço – um ex-futuro ministro voltou às cervejas e um promovido teve de voltar ao albergue das Necessidades…

Hoje é sábado e estamos assim. No próximo sábado, dia 20, dez dias depois de ter começado a inquietação, voltamos a conversar, está bem?

E o que disse de importante o Presidente da República? Eu digo já:

- Nas savanas do sopé do Kilimanjaro, os pastores passam horas em cima de uma só perna, sem fazer nada, antes de mudar para a outra perna, dizem: «Hakuna Matata» e depois passam mais horas sem fazer nada.

Em português, «hakuna matata» quer dizer: “Eu bem vos avisei”.

sexta-feira, julho 12, 2013

Praia do Vau, junto a Portimão, onde passei as férias.


Regressámos

de 

Férias







Vejam só as coisas que aconteceram enquanto estive de férias e digam-me lá se podemos estar descansados em algum momento… Sempre é como vos disse: um dia, apenas um dia de cada vez, neste país conturbado e gerido por políticos que por muita cara séria que ponham quando nos falam pela TV não nos dão nenhuma garantia de seriedade no exercício das suas funções.

Tudo foi dito e comentado quando Victor Gaspar se demitiu com uma carta explicativa, num dia, logo seguido da demissão irrevogável de Paulo Portas, no outro, enquanto o Presidente da República, pateticamente, empossava Maria Luís, nova ministra das Finanças sem ter tido a coragem de suspender essa cerimónia perante a derrocada do governo com a saída intempestiva do líder do CDS, parceiro da coligação que o suportava.

A vingança, em Cavaco Silva, serve-se fria e a humilhação sofrida foi agora retribuída quando, no seu discurso de ontem, afasta completamente a hipótese de eleições antecipadas e de seguida nem sequer faz referência à proposta do 1º Ministro para a remodelação do governo surpreendendo tudo e todos com um pedido de entendimento entre os partidos que subscreveram o Acordo de Entendimento com a troika e formação de um governo ou de um entendimento ou seja lá o que for de Salvação Nacional e repete, de Salvação Nacional…

Estava devolvida a humilhação mesmo que à custa da confusão total dos cidadãos normais deste país que sabem perfeitamente, e ele, Presidente, também sabe, que neste momento e com estes líderes políticos não há forma nenhuma de entendimento.


Embora me custe muito dizer isto do Presidente do meu país, este homem tem o carácter de um provinciano sonso, dissimulado, mentiroso e vingativo que sempre pensou só em si e na sua imagem.

Se lhe juntarmos um Paulo Portas que sofre de profundo narcisismo: - «Toda a sua vida pública (e provavelmente a outra) é feita em permanente pose. Tem atitudes; Olhares longamente estudados; máscaras de sisudez de Estado; esgares trabalhadíssimos; soslaios de palco amador; sorrelfas; sorrisinhos desdenhosos; trejeitinhos manhosos; «boquinhas e olhinhos»; meneios de cabeça; artifícios retóricos como o de perguntar repetidamente «sabe que…?». Às vezes tenta o furor tribunício, mas a voz não lhe dá para tanto; experimenta a pose imperial, mas é pequenote mesmo para Napoleão. Ainda é um homem novo. Quando for mais velho lembrará uma deprimente figura de actor que aparece na «Roma» de Federico Fellini» -  no retrato exemplar que faz dele Mário de Carvalho.

Mais um Passos Coelho, complexado pelo poder que nunca justificou ter e aí está um quadro surrealista de políticos num momento, o mais difícil de todos da vida da nação, que tem na oposição ao governo esse outro político tão “altamente” estimulante como é o Tó Zé Seguro, líder do PS, o tal do sorriso de felicidade na noite em que o seu colega Sócrates perdia as eleições e ele se preparava para ascender no partido à custa das palmadinhas nas costas de todos os militantes de base que iriam agora encarregar-se de o levar às costas para a presidência sem que se lhe conhecesse qualquer acção, ideia ou rasgo.

Não são boas estas perspectivas, já não o eram e pioraram com a confusão lançada pelo Presidente por questões de “estado de alma”, como lhe chamou o Dr. Lobo Xavier, mas a que eu chamo “questões de vingança”. Então ele poderia permitir a ascensão de Paulo Portas a Vice-Primeiro-Ministro do Governo depois da “maldade” que lhe fez? – Só quem não o conhecesse poderia admitir tal hipótese…

Foram umas férias “atormentadas” mas ainda bem que as fiz: dias maravilhosos, sol, praia, areias, aguas e temperaturas 10 graus abaixo dos 40 e tal do resto país.

O Algarve, sem qualquer espécie de dúvida, pelo seu micro clima e restantes condições naturais é o melhor destino de férias de mar da Europa.

O país é bom, o resto nem tanto...

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