quinta-feira, março 09, 2006

Sampaio, again...

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Começar por te dizer que li o teu artigo de despedida ao Jorginho e que espero, ele nunca venha a ler, porque senão tem um rebate de consciência e ainda vai devolver “ O GRANDE COLAR DA não sei de quantos…” que, de resto, lhe puseram ao pescoço.

Eu escrevi que não estava em desacordo contigo na abordagem crítica que fazes, simplesmente valorizei a componente de afectividade que ele conseguiu estabelecer com o povo português expressa nas sondagens de opinião que não foram inventadas por mim e nas suas qualidades de pessoa séria e estranha a qualquer tipo de interesses, fossem eles quais fossem, incluindo os seus.

Tu disseste que foi frouxo e eu concordei e só espero que o actual Presidente, ao longo dos últimos 10 anos, tenha tirado ilações dessa frouxidão para estabelecer agora, junto de quem de direito, critérios de exigência, a começar pela Justiça, que resultem na prática porque o Jorginho falava, falava, falava e pelos vistos ninguém ligava, essa é que era essa.

Olhando aos poderes que o Presidente tem, considero os chefes de governo e as maiorias que os apoiam, partidos já se vê, os grandes responsáveis pelos desmandos feitos nos últimos anos, incluindo aqui o nosso amigo Guterres, das cabeças mais brilhantes e de honestidade a toda a prova e à sombra de quem se fez o que se fez a ponto do homem ter desistido e zarpado para outro lado, à imagem e semelhança do senhor que se seguiu como se esta terra fosse uma espécie de destino malvado na continuidade das conclusões do relatório do general Romano de que, nesta ponta da Europa, existe “umas gentes” que não se sabem governar nem deixam que as governem.

Estou sinceramente curioso para ver até que ponto o ascendente do novo Presidente, em quem votei, vai ser eficaz para alterar o curso da história do nosso país fatalista o qual, parece justo dizer, já ameaça algumas mudanças.

Irei, a partir de agora, ler com toda a atenção o teu blog porque a mim escapam-se coisas que tu não deixas passar...

Senão for desta vez, só se for a Srªde Fátima que nos valha, que também é justo dizer ao fim já de tantos anos que ela leva deste país ainda não se viu bem o que Ela fez por ele, tirando os milhões que meteu nos cofres do Patriarcado mas enfim …pode ser que o verdadeiro milagre ainda esteja para acontecer operado pelos portugueses conduzidos pelos profetas Aníbal/Sócrates numa feliz herança deixada… pelo frouxo do Jorginho.

quarta-feira, março 08, 2006

O presidente Sampaio


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Votei no candidato Jorge Sampaio e passados 10 anos despeço-me dele com simpatia sem que me tenha arrependido da orientação do meu voto.

Para que assim seja é importante dizer, independentemente dos poderes e funções que lhe são atribuídos na Constituição, o que é para mim o Presidente da República uma vez que sendo uma opinião pessoal a que vou exprimir ela é diferente da do comentador ou especialista em análise política e a avaliação tem sempre algo de subjectivo relacionada, neste caso, com a minha sensibilidade, independentemente da realidade dos factos os quais, evidentemente, não podemos ignorar nem afastarmo-nos deles.

O Presidente da República, como principal responsável no país, eleito por sufrágio universal e directo pelo povo deverá ser, acima de tudo, para mim, o português de referência de todos os outros portugueses e só o conseguirá ser se pela sua personalidade e comportamento demonstrar dignidade e Jorge Sampaio foi um Presidente digno e sério com tudo aquilo que estas palavras podem significar para o comum dos portugueses.

No exercício do cargo demonstrou elevação e eu nunca me senti tão bem representado quando, numa entrevista em inglês para os ingleses e para o mundo, expressando-se na língua de Shakespeare como eu jamais ouvirei algum político nosso expressar-se, defendeu o direito à independência do povo timorense com uma argumentação tão sólida, lógica e persuasiva que quando acabou a independência do povo de Timor estava ganha na opinião pública internacional. Seria, agora, apenas uma questão de tempo e de salvar a face para a Indonésia.

È verdade que nós somos um país de causas, sabemos vivê-las com o romantismo e a ingenuidade próprias do que nos vai na parte mais profunda da nossa alma, somos assim, com tudo o que isso tem de bom e de mau e eu gosto que sejamos assim porque me revejo nesse espelho, porque também parei na auto-estrada e me pus em sentido durante um minuto ao lado carro, com a grande felicidade de ver a maioria esmagadora dos meus concidadãos fazerem precisamente o mesmo e o meu Presidente estava lá, sentindo como eu e fazendo muito mais do que eu.

Foi o momento alto dos seus 10 anos de mandato e eu valorizo-o especialmente porque sendo, talvez, de importância muito relativa para os interesses do nosso país, Jorge Sampaio foi, sem dúvida, nesse momento, o líder sincero, espontâneo e verdadeiro de um sentimento colectivo que traduziu a nossa identidade de nação pequena que também já sofreu humilhações graves e que naturalmente se alia aos mais fracos, sofre com a sua dor e se indigna com as injustiças, especialmente quando os injustiçados foram um dia portugueses e muitos deles tinham orgulho em sê-lo.

Guardou para o fim do seu segundo mandato a última visita a Timor e percebeu-se como ela estava carregada de emoção e ainda bem porque os comportamentos nobres perduram para sempre dentro de quem os pratica ao contrário dos outros que apenas se somam a tantos mais e deste, Jorge Sampaio, jamais se esquecerá.

Para traz ficaram decisões polémicas que eu não escamoteio, os discursos da praxe e muita, muita pedagogia feita por esse país fora, infelizmente muito dela a entrar por um ouvido e a sair pelo outro mas foi um esforço sério da sua parte e eu não tenho dúvidas de que quem o ouviu acreditou que a sua mensagem era sincera e aquele homem estava verdadeiramente interessado e empenhado na sua missão de dizer aos seus compatriotas aquilo que ele pensava que era melhor para eles.

Como Presidente da República Jorge Sampaio foi exactamente o homem que é, não simulou, não representou, não envaideceu, não inventou e mesmo quando alongava os discursos e era acusado de os fazer redondos percebeu-se sempre que nos falava com sinceridade, do coração, como diz o povo, quando não mesmo com emoção.

À parte tudo isto, Jorge Sampaio teve que gerir os mandatos mais difíceis do pós Constituição e vai sair com a naturalidade de quem acabou o seu trabalho sem pensar em ir liderar novos partidos, presidir a novas Fundações ou partir para o desempenho de cargos políticos de âmbito internacional.

E, no entanto, não foi fácil, senão vejamos:

-Quando Guterres governou o país sem maioria absoluta e teve que “comprar” um voto a um deputado da oposição para poder aprovar o Orçamento de Estado para governar o país deveria o Presidente, “Como Garante do Normal Funcionamento das Instituições”, ter dissolvido a Assembleia e convocado novas eleições sem esperar que o 1ºMinistro viesse mais tarde a abandonar as funções evitando, assim, aquilo a que ele próprio chamou de “pântano político”?

-Quando o 1º Ministro Durão Barroso que governava com uma coligação de direita maioritária na Assembleia, decidiu abandonar as funções que tinha jurado desempenhar e respeitar para ir presidir à Comissão Europeia deveria o Presidente, acto contínuo, ter dissolvido a Assembleia e convocado novas eleições considerando que o quadro político sem Barroso já não expressava a vontade dos portugueses resultante das eleições?

-Se assim tivesse procedido não teria dado ao país um sinal inequívoco de que os compromissos nacionais ao nível de um chefe de governo se devem sobrepor a todos os outros por muito prestigiantes que eles sejam?

-Tendo, desde o primeiro momento, percebido que Santana Lopes não tinha perfil para o exercício do cargo de 1º ministro, nem esse exercício resultava da vontade expressa dos portugueses mas antes de arranjos partidário concertados por Durão Barroso na preparação da sua ida para Bruxelas, não deveria o Presidente ter recusado a sua indigitação pela maioria que o suportava na Assembleia e dissolvido esta e convocado novas eleições?

-E tendo-o investido nas funções de 1º Ministro não o deveria ter mantido enquanto a Assembleia lhe garantisse uma maioria de deputados favoráveis em vez de ter sido ele a despedi-lo e a convocar novas eleições?

-E se tivesse decidido tudo ao contrário daquilo que decidiu estaria o país a viver agora uma situação de estabilidade política sem a qual não há reformas possíveis e com um 1º Ministro que ao fim de um ano de governo beneficia de resultados de sondagens as mais favoráveis alem de ter conseguido devolver ao poder uma parte considerável da respeitabilidade que tinha perdido com o governo anterior?

Os historiadores e os analistas políticos vão ter aqui muito com que se entreter mas para o povo anónimo o que fica como recordação deste Presidente é que ele, em todas as ocasiões, foi um homem sério e ponderado que deu perfeitamente a entender que se esforçava por tomar decisões o melhor que sabia mesmo quando ou talvez por isso, levasse tempo demais e ouvisse demasiadas pessoas.

Mas também foi notório que quando decidia o fazia pela sua própria cabeça no difícil exercício solitário de quem tem que assumir toda a responsabilidade e com a preocupação de que o poder não era dele e por isso tinha que o desempenhar no respeito pela Constituição que jurou defender, inevitavelmente de acordo com o seu critério e a sua interpretação mas sem sujeições de qualquer outra espécie que não fossem o interesse do país e a já referida Constituição.

Este sentido de responsabilidade, esta seriedade, foi, para mim, a grande marca que Jorge Sampaio deixa e que eu julgo foi perfeitamente apreendida pelos portugueses e isso foi deixando-os descansados ao longo dos dois mandatos.

Nas consultas de rua dizia aqui há dias um jovem interrogado sobre o actual Presidente: olhe, para mim, ele ficava lá até ao resto da vida!

Compreendo este jovem mas não estou de acordo com ele.

O país precisa agora de um Presidente com outro perfil, que nos compreenda menos bem e exija mais de nós, que nos fale menos ao coração e mais aos nossos problemas e que dê força às reformas, às medidas que implicam mudança e que neste aspecto combine bem com o 1º Ministro e se potenciem reciprocamente.

As corporações deste país não podem continuar a prevalecer: ou elas ou o país, já não haverá espaço para ambos mas a determinação não se deve substituir à inteligência, ponderação e sensibilidade.

Há largas franjas da população com enorme debilidade e vai ser preciso estar muito atento a essas situações e já agora, falem com as pessoas, expliquem-lhes o que se tem que fazer e por que tem que se fazer, nas situações difíceis governar também é explicar.

O próximo futuro será decisivo para o nosso futuro como nenhum outro o terá sido.

domingo, março 05, 2006

OS FILHOS DAS EXTREMAS E A FAMÍLIA DOS HABSBURGOS

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As crianças brincavam por entre o emaranhado das cêpas ainda por podar que por isso apresentavam aquele aspecto de desalinho e desmazelo a fazer lembrar os palcos das batalhas do antigamente uma vez acabada a luta e retirados os corpos e os destroços que tinham algum valor.

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A vindima também é uma espécie de luta perdida pelas cepas que pretendem esconder entre as parras o produto da sua criação perante o exército de homens e mulheres, mais elas que eles, que as tomam de assalto, tesoura numa mão e balde na outra e que virando e revirando as vides vão cortando os cachos que a cepa escondia ciosamente.

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Retirado o produto do saque a vinha fica uns meses ao abandono e para se retemperar e esquecer da afronta hiberna durante o Inverno que se aproxima e algumas vezes afunda as mágoas nas águas das cheias do rio Tejo, quando o Tejo ainda tinha cheias.

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Depois, a natureza benigna que não é de ressentimentos, faz chegar a Primavera com as papoilas, os malmequeres, as andorinhas e tudo acaba por esquecer entre os risos e as corridas das crianças enquanto os pais se afadigam de volta das cepas cortando e atando as vides junto aos “olhinhos” de onde hão-de brotar, lá para o fim do Verão, mais cachos com uvas resplandecendo de cor.

Mas até lá, entre outras coisas, há que combater o míldio e não há que se atrasar senão a praga avança irremediavelmente e o que haveria de ser para os homens irá para “os bichinhos”.

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É a fase mais difícil quando, a partir do início da Primavera, a doença começa a atacar. O Manuel e a mulher assumem o papel de enfermeiros e todos os dias, bem cedo, lá os temos à cabeceira do doente, mirando e remirando as folhas à procura daqueles sinaizinhos brancos indicadores da doença que depois passará também para os cachos porque a descoberta precoce desses sinais, como em todas as doenças, é decisiva para o êxito no combate à praga.

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A mulher, especialmente vocacionada para as tarefas farmacêuticas prepara o remédio dissolvendo em água, no pequeno tanque que existe para esse efeito a meio da propriedade, o produto que, de todos quantos existem, lhes parece ser o melhor para debelar a doença.

Depois, enche o depósito do pulverizador, ajuda a colocá-lo nas costas do marido e o Manuel lá vai, vinha fora, sem ter perdido o tino à última cepa que pulverizou quando todas parecem exactamente iguais e retoma a tarefa procurando atingir com os borrifos todas as folhas mesmo as que estão menos acessíveis.

Atentemos nos seus movimentos, reparemos na sua expressão e veremos nele, não o trabalhador agrícola mas um especialista de saúde que põe em cada gesto a precisão de uma técnica não aprendida na escola, antes uma herança do seu pai e que ele executa com uma grande dose de amor.


Se não conseguirmos ver estas pequenas diferenças do gesto e da expressão nunca compreenderemos porque a ligação do homem à propriedade terra é tão diferente de todas as outras. Não é o Manuel que é dono daquela terra, é ela que é dona dele.


Mas não é fácil a vida destas famílias, as vinhas não têm dimensão suficiente para rentabilizar a posse de máquinas que tornariam os trabalhos mais rápidos e por conseguinte mais baratos, para além de que uma atitude muito individualista e desconfiada dos proprietários não permite trabalhá-las em comum fazendo grande o que é pequeno.


Por isso, é sem esperança que o Manuel olha para as extremas da sua vinha percebendo que enquanto elas se mantiverem onde estão a sua vida não passará da cepa torta.


Do preço do vinho também não há que esperar grande coisa. Se há anos de fartura, que até os há, logo o seu valor cai por aí abaixo de tal forma que nos anos de escassez se chega a ficar com mais dinheiro no fim da safra.



As grandes casas agrícolas, essas é que se safam, com tantos hectares de vinha podem ter tractores que lavram a terra e procedem à pulverização mecânica e nos anos de fartura armazenam o vinho em grades depósitos que vendem mais tarde quando o preço lhes convém.



O Manuel sabia que era assim mas nada podia fazer, os trabalhos da vinha sabia-os ele de olhos fechados, a sua infância, tal como a do seu filho agora, tinha-a passado entre as cepas daquela vinha, quem sabe mesmo senão teria sido concebido no meio delas. A vinha era a sua segunda casa, à sombra da oliveira ao pé do tanque onde se faz a calda para as “curas” tinha a mãe dado-lhe de mamar e era lá, num berço improvisado, que ele dormira as suas primeiras sestas de criança.


Estava fora de causa vender ou arrendá-la, que pensaria o pai lá no outro mundo, depois daquele esforço que fizera anos antes de morrer para “armar” a vinha, renová-la com castas novas, preencher as falhas das que entretanto tinham morrido e dar-lhe todo aquele aspecto de propriedade dos ricos só que em ponto pequenino já se vê e… o que pensaria ele próprio?


E o seu rapaz, como haveria de se governar só com aquela vinha que mal dava para ele e para a mulher? Lá teria que ir trabalhar para algum dos ricos da terra, que ele não tinha problemas com o trabalho, era sossegado, tinha boas mãos e sempre aprendera tudo com muita facilidade, tomara o patrão que viesse a ficar com ele mas, trabalhar na terra que é nossa é muito diferente, as cepas é como se fossem o prolongamento da família e elas também percebem isso e o rapaz já demonstrava o mesmo apego.


O Manuel nunca ouvira falar na escola na família dos Habsburgos da Casa Imperial da Áustria. O professor só lhe ensinara os Reis de Portugal e alguns, agora, ele já os esquecera mas houve tempo em que os soubera a todos com as dinastias a que pertenciam e tudo… mas dos Habsburgos, esses, nunca ouvira falar.

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O mesmo já não diria dos “filhos das extremas” embora fosse um assunto mais ou menos tabu lá na aldeia, daqueles que eram falados em conversas surdas do…”cala-te boca”e mais pelas mulheres do que os homens que fugiam desse tema mas não deixavam de pensar nele porque o assunto interessava a ambos por igual mas para eles era mais conversa de travesseiros…que é também para isso que servem as mulheres.


A coisa era mais notada por altura das bodas, mais de umas que de outras, especialmente quando os pais dos noivos eram donos de vinhas que confrontavam as extremas umas com as outras e eram inevitáveis alguns sorrisos e aquelas frases perdidas…”lá vamos ter mais filhos das extremas”.


Claro que havia uma intenção premeditada de aumentar o tamanho das propriedades pelo casamento dos filhos, mesmo quando tinham relações próximas de parentesco, o que não quer dizer que os jovens não se gostassem, conheciam-se desde pequenos, brincaram em criança nas extremas das vinhas que eram dos pais, mais tarde foram aos mesmos bailes e tudo sempre abençoado pela família nem sei mesmo se é daqui que vem aquele ditado popular do “quanto mais prima mais se lhe arrima”.

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Era tudo tão intrincado que era difícil dizer onde acabava a verdade e começava a má-língua, eram zonas de fronteira tal como as extremas das vinhas.


O que eles tinham era mais pudor que a família dos Habsburgos que nem sequer dava para disfarçar a intenção dos casamentos entre parentes chegados mas enfim…por ignorância, à data o povo falava em maldição, muitas pessoas da tão distinta família, ao longo de várias gerações, nasceram defeituosas com degenerescências faciais, o famoso queixo dos Habsburgos, como resultado de uma desordem genética pelo acumular de casamentos consanguíneos, dos quais, o mais célebre, terá sido Carlos II de Espanha que morreu cedo e estéril pondo ali termo à dinastia à qual se seguiu a dos Bourbons mas com esta astuta política de casamentos, concebida por Maximiliano, pouparam-se muitas guerras, muitas vidas e muito sofrimento que de outra forma seriam inevitáveis para manter e aumentar o poder desta família na Europa que, veja-se, começa quando o Rei Rodolfo de Roma conquistou a Áustria em 1273 e só terminou em 1918 com a 1ª G.G. mundial.

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Pelo meio governaram a Europa como Imperadores, Reis, Duques e Arquiduques de vários países, inclusive de Portugal, no tempo da denominação Filipina, mesmo defeituosos, melancólicos e meio loucos pela doença de que padeciam.

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Mas destas coisas o Manuel e a mulher não sabiam nada e nesse dia à noite, deitados na cama, ele cansado de um dia inteiro com o pulverizador às costas puxando para cima e para baixo o manípulo nem sei quantas milhares de vezes e ela derreada dos braços de mexer a calda e carregar os pulverizadores, começaram a falar do filho:

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- Oh homem, já reparaste que o nosso rapaz parece agradado da filha dos nossos vizinhos, os que têm a vinha pegada com a nossa, com a extrema também a acabar na vala grande onde está a figueira que dá os figos pingo de mel?

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-Então, e oh mulher, eu não sei onde fica a figueira e acaba a vinha do vizinho, mas a rapariga ainda é nossa sobrinha…

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- OH, é prima dele em 2º grau, já se viram coisas bem piores e a vinha, olha que ainda é um bom bocado maior que a nossa, não estará tão bem tratada, é verdade, mas isso é porque o Hermenegildo não chega aos teus calcanhares e depois, também com aquela doença que ele tem já não vai longe…

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-E a rapariga, gostará dele?


-Oh, vê-se mesmo que és homem, nunca reparas em nada, deixa isso por minha conta e dorme que amanhã é outro dia de canseira…

…algures, na década de sessenta, no seio de uma família de uma freguesia no coração do Ribatejo deste Portugal pequenino, que nunca conheceu a política casamenteira concebida pelo rei Maximiliano da Casa Imperial da Áustria.


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