Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, junho 16, 2012
IMAGEM
Estamos na praia de Pipa, no nordeste brasileiro. Aqui, o meu sobrinho construiu um empreendimento turístico que tive oportunidade de visitar. O local é lindíssimo mas, como tudo na indústria turística, é preciso "cair no goto" e, neste caso, caiu mais aos estrangeiros, nomeadamente portugueses, do que aos brasileiros. Agora, passados vários anos, não sei como está a procura deste destino turístico.
Nesta imagem, deixei cair demais o sol no horizonte que já mal se vê lá ao longe, mas o recorte negro das folhas da árvores no cinzento do céu não deixa de ter o seu encanto.
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 126
É verdade que o padre Cecílio, com sua
magreza e seu ar místico, reprovara-lhes o gesto. O padre Basílio, ao saber,
comentara:
-
Cecílio é um pernóstico, gosta mais das penas do Inferno que dos gozos do Céu.
Não se importem, minhas filhas, eu as absolvo.
Em torno do pai desconsolado e activo
iam o Dr. Ezequi el, o Capitão,
Nhô-Galo, o próprio Mundinho Falcão. Não fora ele quase vizinho do dentista,
seu companheiro nos banhos de mar? Coroas mortuárias as que haviam faltado no
enterro: flores em profusão, as que haviam recusado ao esqui fe.
Mármore mortuário cobria agora a cova
rasa, uma inscrição com o nome de Osmundo, data de nascimento e morte e, para
que o crime não fosse esquecido, duas palavras gravadas a buril: «Covardemente
Assassinado».
O Dr. Ezequi el
começara a agitar o caso. Requerera a prisão preventiva do fazendeiro, o Juiz
recusou, ele apelara para o Tribunal da Baía, onde o recurso esperava
julgamento. Diziam ter-lhe o pai de Osmundo prometido cinquenta contos de réis,
uma fortuna!, se ele conseguisse botar o coronel na cadeia.
Pouco duraram os comentários sobre
Jesuíno Mendonça. A sensação do dia era o engenheiro. Ezequi el
não conseguira transmitir ao auditório sua indignação bem paga, terminou também
ele na conversa sobre o caso da barra e suas consequências:
-
Bem feito para quebrar o topete desse velho jagunço.
-
Não me diga que você também vai apoiar Mundinho Falcão? – perguntou João
Fulgêncio.
-
E o que me impede? – replicava o advogado.
-
Acompanhei os Bastos um ror de tempo, advoguei várias causas para eles e que
recompensa tive? A eleição para conselheiro? Com eles ou sem eles me elejo
quantas vezes qui ser. Na hora de
escolher o presidente do Conselho Municipal preferiram Melk Tavares, analfabeto
de pai e mãe. Isso que meu nome já estava falado, era coisa assente.
-
E faz muito bem – a voz fanhosa de Nhô-Galo – Mundinho Falcão tem outra
mentalidade. Com ele no governo muita coisa vai mudar em Ilhéus. Se eu fosse
homem de influência, estava nessa panela…
Nacib comentou:
-
O engenheiro é simpático. Tipo atleta, hem? Parece mais artista de cinema… Vai
virar a cabeça de muita menina…
-
É casado – informou João Fulgêncio.
-
Separado da mulher… - completou Nhô-Galo.
Como já sabiam daquelas intimidades do
engenheiro? João Fulgêncio explicava: ele próprio contara depois do almoço
quando o Capitão o trouxera à Papelaria. A mulher era maluca, estava num
sanatório.
Sabe quem está neste momento conversando
com Mundinho? – perguntou Clóvis Costa, até então calado, olhos na rua,
esperando ver os moleques a vozear o Diário de Ilhéus.
-
Quem?
-
O coronel Altino Brandão… Vende este ano sua safra a Mundinho. E pode ser que
negocie seus votos também… - Mudava o tom de voz – Porque diabo não está o
jornal já circulando?
(Click na imagem da jovem meditando nos mistérios da noite)
À ENTREVISTA Nº 53 SOBRE O
TEMA:
“ABORTO? (4)
Quando começa a vida humana a ter "alma"
Se a pergunta
à ciência é quando começa a ser humana a vida, a questão "religiosa"
é quando Deus "infunde a alma" no corpo de um ser humano. Esta pergunta tem respostas diferentes
em diferentes religiões e também teve respostas variadas ao longo da história
da teologia cristã.
A primeira é
responder à pergunta o que é a "alma", como defini-la. Para a teóloga brasileira católica Ivone Gebara, “a alma é a metáfora que tenta
expressar o que há de mais profundo em nós. A
metáfora que tenta revelar os nossos desejos mais bonitos, nossas esperanças
pessoais. A alma é a forma
poética de falar sobre nossos sonhos, nossas utopias, nossas aspirações, nossa
privacidade.”
Nós também
podemos responder que a "alma" é o que nos torna humanos. Podemos dizer também que a
"alma" reside no cérebro. Nunca
haverá como provar o momento exacto em que o homem "recebe a alma"… porque
não existe “esse momento”.
Em várias
religiões, e até mesmo no cristianismo, houve muitas opiniões diferentes e muitos
debates que ainda estão em aberto havendo, assim, muitos pontos de vista possíveis,
cristãos e religiosos, ao aborto.
Dentro da
cultura ocidental cristã pensou-se por muito tempo que a alma entrava no corpo
humano aos 40 dias de gestação. Pela importância simbólica que o número 40 tem na
Bíblia mas os teólogos mais
misóginos apontaram que, sendo mulheres, a alma não entraria até aos 80 dias.
Eram cálculos para além de ideológicos,
completamente imprecisos, porque, como o sémen masculino era observável, o
papel das mulheres na procriação foi considerado totalmente "passivo",
um receptor do esperma masculino. A
existência do ovo só foi cientificamente comprovado em 1827.
Agostinho de
Hipona (século IV) e Tomás de Aqui no
(século XIII), os dois teólogos mais influentes da história da teologia
católica, falaram sem conhecimento científico, especulando. Agostinho disse: “De acordo com a lei cristã, o
aborto não se considera crime no início, porque ainda não se pode dizer que tem
uma alma viva num corpo que carece de sensação”. Thomas acreditava que a alma não era
recebida no início, mas mais tarde. E
foi ele que fixou o "infusão da alma" aos 40 dias, se fosse um menino
e aos 80 se fosse uma menina. Para
Tomás de Aqui no, a mulher era um
"homem falido".
Quando no
século XVII se começaram a usar microscópios, os teólogos, sempre misóginos,
"provaram" que a alma estava no esperma. Os movimentos dos espermatozóides fazia-os
lembrar pessoas pequenas e consideravam
que esses “homenzitos” com alma se alimentavam do sangue menstrual da mãe. Depois, pensaram de alma só entrava no
feto quando este já tinha forma humana ou quando a mãe sentia os seus
movimentos. Eles também achavam
que Deus infundia a alma no momento exacto do nascimento.
Os avanços da
ciência levaram a que muitos teólogos cristãos à ideia de que não há "alma"
enquanto o bebé não tiver formado o córtex cinzento de seu cérebro e não tiver a
capacidade de ser independente, viável fora do útero sua mãe. Há teólogos que não se propõem a falar
de "alma" até que não haja uma evidência biológica da "vida
cerebral", como nós actualmente entendemos a morte como "morte
cerebral", que ocorre quando o cérebro pára de funcionar, apesar de
permanecer outros órgãos em funcionamento.
Somente há
cerca de século e meio, a partir da proclamação do dogma da imaculada
concepção de Maria, o Vaticano tem vindo a impor na Igreja Católica a ideia de
que a alma existe desde o momento da fecundação ou fusão ovo/espermatozóide, a
que se chama de "concepção", um termo que não é usado na ciência nem na ginecologia. Esta ideia foi adoptada
também por várias igrejas evangélicas. Em
igrejas protestantes históricas – que têm como princípio fundamental a
liberdade de consciência sobre a interpretação dogmática - são muito mais
flexíveis as posições sobre o aborto.
sexta-feira, junho 15, 2012
Numa ocasião, o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, saiu para jantar com sua esposa, Mi
chelle, e
foram a um restaurante não muito luxuoso, porque queriam fazer algo diferente
e sair da rotina.
Estando sentados à mesa no restaurante, o dono pediu aos
guarda-costas para se aproximar e cumprimentar a primeira dama, e ele
assim o fez.
Quando o dono do restaurante se afastou, Obama perguntou a Michelle: Qual é o interesse deste homem em te cumprimentar? Acontece, que na minha adolescência, este homem foi apaixonado por mim durante muito tempo.
Obama disse então: Ah, quer dizer que
se você se tivesse casado com ele, hoje seria dona deste restaurante?
Michelle respondeu: Não, meu querido,
se eu me tivesse casado com ele, hoje seria ELE o Presidente dos Estados Unidos.
|
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 125
Estranho! – Não falavam do engenheiro.
Comentavam a volta à cidade, inesperada, do coronel Jesuíno Mendonça, recolhido
à sua fazenda desde o assassinato da esposa e do dentista. Ainda há pouco ele
passara em frente à Intendência, entrara em casa do coronel Ramiro Bastos.
Contra esse regresso, por ele
considerado ofensivo aos brios Ilheenses, clamava o advogado. João Fulgêncio
ria:
-
Ora, Ezequi el, quando você já viu a
gente daqui ofender-se com
assassínios soltos na rua? Se todos os coronéis criminosos de morte tivessem
que viver nas fazendas, as ruas de Ilhéus ficariam desertas, os cabarés e bares
cerrariam suas portas, nosso amigo Nacib, aqui
presente, ia ter prejuízo.
O advogado não concordava. Afinal, não
concordar era a sua obrigação, fora contratado pelo pai de Osmundo para acusar
Jesuíno no júri, o comerciante não confiava no promotor. Em casos de crime como
aquele, mortes por adultério, a acusação não passava de simples formalidade.
O pai de Osmundo, abastado comerciante
com poderosas relações na Baía, movimentara Ilhéus durante uma semana. Dois
dias depois dos enterros saltara de um navio, envergando luto fechado.
Adorava aquele filho, o mais velho, cuja
formatura recente fora motivo de grandes festas. Sua esposa estava
inconsolável, entregue aos médicos. Ele vinha a Ilhéus disposto a todas as
providências para não deixar o assassino sem castigo.
De tudo isso logo se soube na cidade, a
figura dramática do pai enlutado comoveu muita gente. E ocorreu um facto
curioso: no enterro de Osmundo não houvera quase ninguém, mal chegavam para as
alças do caixão.
Uma das primeiras medidas do pai fora
organizar uma visita ao túmulo do filho. Encomendara coroas num desparrame de
flores, fizera vir um pastor protestante de Itabuna, saíra convidando todos
aqueles que, por um ou por outro motivo, haviam mantido relações com Osmundo.
Até a casa das irmãs Dos Reis foi bater,
de chapéu na mão, a dor estampada nos olhos secos. Quinqui na,
numa noite terrível de dor de dentes, de enlouquecer, fora socorrida pelo
dentista.
Na sala, o comerciante contara às
solteironas pedaços da infância de Osmundo, sua aplicação nos estudos, falara
da pobre Mãe desfeita, perdida a alegria de viver, andando pela casa como uma
demente.
Terminaram chorando os três e mais a
velha empregada a escutar na porta do corredor. As Dos Reis mostraram-lhe o
presépio, elogiavam o dentista:
-
Bom moço, tão delicado.
E não é que a romaria ao cemitério foi
todo um sucesso, o oposto do enterro? Muita gente: comerciantes, o grémio Rui
Barbosa em peso, directores do Clube Progresso, o professor Josué, vários
outros. As irmãs Dos Reis lá estavam, muito empertigadas, cada uma com seu
ramalhete de flores.
Haviam consultado o padre Basílio. Não
seria pecado visitar o túmulo de um protestante?
- Pecado é não rezar pelos mortos… respondera o apressado sacerdote.
(Click na imagem da jovem emaranhada nas cordas "da vida")
SOBRE A ENTREVISTA Nº 53
SOBRE O TEMA: “ABORTO?” (3)
Quando a vida começa a ser Humana
Quando é que
um feto se torna humano? A
resposta é dada pela ciência. O
facto de um feto sentir, mover-se ou respirar não faz dele um humano.
Os animais, mesmo as plantas,
também sentem e se movem e respiram. O
que nos torna humanos é não se mover, sentir, ou respirar. O que faz um feto ser humano também
não é a "forma" que vai ganhando ao longo do seu desenvolvimento. Quando vemos uma ecografia o feto parece-nos
uma pessoa humana "em miniatura". É
simples aparência. Se víssemos
um feto de macaco seria muito parecido ao de um ser humano.
Aqui lo que é próprio, específico do ser humano está
no nosso cérebro, e mais especificamente ainda na casca cinzenta do cérebro,
com suas centenas de biliões de neurónios. Com
biliões e biliões de conexões possíveis entre eles, os neurónios permitem-nos
pensar, falar, aprender que nós escolhemos, planear, transformar sonho em realidade,
decidir, criar, saber que vamos morrer. Isto
é o que nos torna humanos.
Os padrões regulares específicos do cérebro humano no feto não aparecem até cerca de 30 semanas de gestação, no início do terceiro trimestre. Um embrião e um feto são vida humana potencial, em processo, em caminho. É uma semente com a capacidade de se tornar uma árvore, mas não uma árvore. Será que temos a obrigação de processar toda a semente da árvore?
quinta-feira, junho 14, 2012
JOÃO MARIA TUDELA - KANIMAMBO
Nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, em Agosto de 1929, de família aristocrata. Tudela foi o nome artístico que escolheu. Faleceu em Cascais em Abril de 2011. Foi cantor, músico e artista português e esta música o seu grande êxito de carreira.
O respeito pela natureza devia ser ensinado às crianças desde o berço pelos pais e nas escolas pelos professores. É fundamental na formação da personalidade:
Numa sala de aulas uma aluna pergunta à
professora o que é o amor.
A professora entendendo que a criança
merecia uma resposta à altura da pergunta e como já estava na hora do recreio, pediu que cada aluno
desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o
sentimento de amor.
As crianças saíram apressadas e ao voltarem
a professora disse:
- Quero que cada um mostre o que trouxe
consigo.
A primeira criança disse:
- Eu trouxe esta flor, não é linda?
A segunda criança trouxe uma borboleta. Veja,
professora, o colorido de suas asas, vou colocá-la na minha colecção.
A terceira trouxe um filhote de passarinho
que tinha caído do ninho juntamente com outro irmão. Não é bonito, professora?
Terminada a exposição a professora notou que
havia uma criança que tinha ficado qui eta
e silenciosa o tempo todo.
Estava cheia de vergonha pois não tinha
trazido nada. A professora dirigiu-se-lhe e perguntou:
- Minha querida, porque não trouxeste nada?
E a criança, timidamente, respondeu:
- Desculpe professora, vi uma flor, senti o
seu perfume, pensei em arrancá-la mas preferi deixá-la para que seu perfume
exalasse por mais tempo.
- Vi
também uma borboleta, leve, colorida mas ela parecia tão feliz que não tive
coragem de aprisioná-la.
- Vi
também um passarinho caído entre as folhas, mas ao subir na árvore notei o
olhar triste da mãe e preferi devolvê-lo ao ninho.
Portanto, professora, trago comigo o perfume
da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos
da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?
A professora agradeceu à criança e deu-lhe
nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no
coração e não em nada físico.
O verdadeiro amor traduz-se no respeito que
devemos sentir pela natureza seja ela uma flor, uma borboleta ou um passarinho
Numa sala de aulas uma aluna pergunta à
professora o que é o amor.
A professora entendendo que a criança
merecia uma resposta à altura da pergunta e como já estava na hora do recreio, pediu que cada aluno
desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o
sentimento de amor.
As crianças saíram apressadas e ao voltarem
a professora disse:
- Quero que cada um mostre o que trouxe
consigo.
A primeira criança disse:
- Eu trouxe esta flor, não é linda?
A segunda criança trouxe uma borboleta. Veja,
professora, o colorido de suas asas, vou colocá-la na minha colecção.
A terceira trouxe um filhote de passarinho
que tinha caído do ninho juntamente com outro irmão. Não é bonito, professora?
Terminada a exposição a professora notou que
havia uma criança que tinha ficado qui eta
e silenciosa o tempo todo.
Estava cheia de vergonha pois não tinha
trazido nada. A professora dirigiu-se-lhe e perguntou:
- Minha querida, porque não trouxeste nada?
E a criança, timidamente, respondeu:
- Desculpe professora, vi uma flor, senti o
seu perfume, pensei em arrancá-la mas preferi deixá-la para que seu perfume
exalasse por mais tempo.
- Vi
também uma borboleta, leve, colorida mas ela parecia tão feliz que não tive
coragem de aprisioná-la.
- Vi
também um passarinho caído entre as folhas, mas ao subir na árvore notei o
olhar triste da mãe e preferi devolvê-lo ao ninho.
Portanto, professora, trago comigo o perfume
da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos
da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?
A professora agradeceu à criança e deu-lhe
nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no
coração e não em nada físico.
O verdadeiro amor traduz-se no respeito que
devemos sentir pela natureza seja ela uma flor, uma borboleta ou um passarinho.
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 124
Pois, apenas haviam-se
encostado ao balcão, servindo-se Tonico do amargo, e já Nacib para ir varrer
suas melancolias, lhe foi dizendo:
- Então o homem chegou finalmente… Mundinho
levou um tento, essa é a verdade.
Tonico, sorumbático
botou-lhe uns olhos maus:
- Porque você não cuida da sua vida, seu
turco? Quem avisa amigo é. Em vez de ficar falando tolices, porque não fica
tomando conta do que é seu?
Queria Tonico apenas
evitar o assunto do engenheiro, ou sabia de alguma coisa?
- Que quer você dizer com isso?
- Cuide do seu tesouro. Tem gente querendo
roubar.
- Tesouro?
- Gabriela, bestalhão. Até casa querem botar
para ela.
- O Juiz?
- Ele também? Ouvi falar de Manuel das Onças.
Não seria intriga de Tonico? O velho coronel estava muito do lado de Mundinho…
Mas, também era verdade, agora aparecia em Ilhéus constantemente, não arredava
do bar.
Nacib estremeceu; viria do
mar aquele vento gelado? Apanhou no escondido do balcão uma garrafa de conhaque
sem mistura, serviu-se um trago respeitável. Quis puxar mais por Tonico, porém
o tabelião arrenegava de Ilhéus:
- Merda de terra atrasada que se alvoroça toda
com a presença de um engenheiro. Como se fosse coisa do outro mundo.
De conversas e acontecimentos
com auto-de-fé.
Com o decorrer da tarde
cresceram nostalgias no peito de Nacib, como se Gabriela já não estivesse,
inevitável fosse sua partida. Decidiu comprar-lhe uma lembrança, necessitada
estava de um par de sapatos. Andava descalça o tempo todo em casa, vinha de
chinelas ao bar, não ficava bem.
Uma vez Nacib já
reclamara: “Arranje uns sapatos”, brincando na cama, coçando seus pés. Os
tempos na roça, a caminhada do serão para o Sul, o hábito de andar de pés no
chão, não os haviam deformado, ela calçava número 36, eram apenas um pouco
esparramados, o dedo grande engraçado, para um lado. Cada detalhe recordado
enchia-o de ternura e de saudade, como se a houvesse perdido.
Vinha com o embrulho rua
abaixo, uns sapatos amarelos, pareciam-lhe lindos, avistou a Papelaria Modelo em efervescência. Não
pôde resistir, estava mesmo precisando de distracções, para lá se dirigiu.
As poucas cadeiras em
frente ao balcão todas ocupadas, havia gente em pé. Nacib sentiu dentro
de si renascer, ainda indecisa chama, a curiosidade. Comentariam sobre o
engenheiro, fariam previsões acerca da luta política. Apressou o passo, viu o
Dr. Ezequi el Prado agitando os
braços. Escutou, ao chegar suas últimas palavras.
…falta de respeito à sociedade e ao povo…
(click na imagem de Nacib que parece estar a "despertar" para uma nova realidade na sua vida: não mais pode passar sem Gabriela na sua vida)
SOBRE A ENTREVISTA Nº 53 SOBRE O TEMA:
“ABORTO?” (2)
O que Jesus disse sobre o aborto
Jesus não ensinou
nada sobre o aborto. Nem sequer
o mencionou. É significativo que
Jesus, que tão fortemente denunciou aqueles que “atropelavam” a vida humana, que
desprezavam as mulheres e os doentes e os excluíam, condenavam e marginalizavam,
que defendeu as crianças, leprosos, aleijados e os que estavam em risco de vida,
nunca tivesse falado do aborto.
Usando como pretexto alguns textos fora do contexto
Ainda que
nada, na abundante documentação dos livros do Antigo Testamento ou em
qualquer mensagem dos profetas ou qualquer palavra de Jesus, ou nas cartas dos
apóstolos às primeiras comunidades, se refere à interrupção da gravidez ou sancione essa prática, o catecismo católico e grupos que se opôem à interrupção
de gravidez dizendo que é um pecado grave, usam textos bíblicos cujo sentido tiraram
do contexto e interpretaram literalmente de forma grosseira.
Alguns dos
textos bíblicos que mencionam são: Isaías 49.1, Salmo 139,13-15, Jeremias
1,4-5. Estes três textos e um semelhante sobre o destino dos grandes homens de
Israel, o rei David, Isaías e Jeremias, profetas "antes do
nascimento", "desde o ventre" e "das entranhas" de
suas mães já o eram desde esses momentos da concepção.
Os grupos contra o
aborto deduzem destas expressões simbólicas e metafóricas um princípio
“científico” de que a vida humana começa na "concepção", no momento
em que se fundem o óvulo e o espermatozóide.
Deduzem que Jeremias já era Jeremias no útero da sua mãe e que Isaías, era Isaías no momento da fecundação. Além disso, também tiraram do contexto,
igualmente simbólico, de Isaías 66.9 que se refere ao nascimento de todas as
pessoas de Israel.
quarta-feira, junho 13, 2012
Um Pai tinha 3 Filhos
O mais velho
pediu:
-Oh pai, queria 1
carro! Na faculdade só eu não tenho!
-Com esta crise?
Só quando eu pagar o tractor.
Vem o 'do meio' :
-Oh pai quero uma moto!
Com esta crise?
Só quando eu pagar o tractor.
A seguir vem o
mais novo.
-Pai e eu quero
uma bicicleta!
- Com esta crise?
Só quando eu pagar o tractor.
O miúdo vai pró qui ntal amuado, vê o galo em cima da galinha, dá-lhe
um pontapé e diz:
-Nesta casa,
enquanto o pai não pagar o tractor, anda tudo a pé!!!
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 123
Broches de dez tostões,
brincos de mil e qui nhentos, com
isso lhe agradecia as noites de amor, os suspiros, os desmaios, fogo a crepitar
inextinguível. Cortes de fazenda vagabunda duas vezes lhe dera, um par de chinelos,
pouco para as atenções, as delicadezas de Gabriela. Os pratos do seu agrado, os
sucos de frutas, as camisas tão alvas e bem passadas, a rosa caída dos cabelos
na espreguiçadeira.
De cima, superior e distante,
ele a tratara como se estivesse a pagar-lhe regiamente o trabalho, a fazer-lhe
um favor deitando-se com ela.
Os outros no bar a rondá-la.
A rondá-la talvez na Ladeira de São Sebastião, a mandar-lhe recados, a
fazer-lhe propostas, porque não seria assim? Nem todos haviam de usar Tuísca de
portador, como ele, Nacib iria saber?
Que vinha fazer no bar o
Juiz de Direito senão tentá-la? A rapariga do Juiz, uma jovem cabrocha da roça,
aparecera alastrada de doenças feias, ele a largara.
Quando Gabriela começara a
vir do bar, ele, idiota! – alegrara-se interessado apenas nos vinténs a mais
das rodadas repetidas, sem pensar no perigo dessa tentação diariamente
renovada. Impedi-la de vir não devia fazê-lo, deixaria de ganhar dinheiro. Mas
era preciso trazê-la de olho, dar-lhe mais atenção, comprar-lhe um presente
melhor, fazer-lhe promessas de novo aumento.
Boa cozinheira era coisa
rara em Ilhéus, ninguém o sabia melhor do que ele. Muita família rica, donos de
bar e hotéis deviam estar cobiçando sua empregada, dispostos a fazer-lhe
escandalosos ordenados.
E como iria continuar o bar
sem os doces e os salgados de Gabriela, sem o seu sorriso diário, sua
momentânea presença ao meio-dia? E como iria ele viver sem o almoço e o jantar
de Gabriela, os pratos perfumados, os molhos escuros de pimenta, os cuscuz pela
manhã?
E como viver sem ela, sem
seu riso tímido e claro, sua cor queimada de canela, seu perfume de cravo, seu
calor, seu abandono, sua voz a dizer-lhe «moço bonito», o morrer nocturno nos
seus braços, aquele calor do seio, fogueira de pernas, como? E sentiu então o
significado de Gabriela. Meu Deus!, que se passava, porquê aquele súbito temor
de perdê-la, porquê a brisa do mar era vento gelado a estremecer-lhe as banhas?
Não, nem pensar em perdê-la, como viver sem ela?
Jamais poderia gostar de outra
comida, feita por outras mãos, temperada por outros dedos. Jamais, ah!, jamais
poderia querer assim, tanto desejar, tanto necessitar sem falta urgente,
permanentemente, uma outra mulher, por mais branca que fosse, mais bem vestida
e bem tratada, mais rica ou bem casada. Que significava esse medo, esse terror
de perdê-la, a raiva repentina contra os fregueses a fitá-la, a dizerem-lhe
coisas, sem respeito ao cargo?
Nacib perguntava-se ansioso:
afinal que sentia por Gabriela, não era uma simples cozinheira, mulata bonita,
cor de canela, com quem deitava por desfastio? Ou não era tão simples assim?
Não se animava a procurar a resposta.
SOBRE A
ENTREVISTA Nº 53 SOBRE O TEMA:
“ABORTO?” (1)
O que a Bíblia sobre o aborto
A única referência ao aborto em todos os livros da Bíblia tem apenas um conteúdo jurídico-judicial, não um conteúdo moral:
-
“ Se os homens durante uma
briga, baterem numa mulher grávida causando um aborto sem que a mulher morra,
serão multados segundo o que o marido impuser diante dos juízes. Se ela morrer, pagará a vida com vida. Olho por olho dente por dente." (Êxodo 21,22-25)
Em nenhum dos
livros do Novo Testamento encontramos qualquer referência ao aborto. Nem na palavra de Jesus nos Evangelhos
ou nas cartas de Paulo ou outros apóstolos, tão cheias de abundantes padrões de
conduta.
terça-feira, junho 12, 2012
VÍDEO
Em pleno Campeonato Europeu de Futebol, um lance destes seria ainda mais mediático que o próprio europeu...
RUI VELOSO - JURA
Ele e o seu parceiro letrista, Carlos Tê, constituem a melhor dupla musical dos últimos trinta anos em Portugal.
Ele e o seu parceiro letrista, Carlos Tê, constituem a melhor dupla musical dos últimos trinta anos em Portugal.
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 122
Como ia importar se a
presença dela era mais uma atracção para a freguesia? Nacib logo se deu conta:
demoravam-se mais, pedindo outro trago, os ocasionais passavam a permanentes,
vindo todos os dias. Para vê-la, dizer-lhe coisas, sorrir-lhe, tocar-lhe a mão.
Afinal, que lhe importava,
era apenas sua cozinheira, com quem dormia sem nenhum compromisso. Ela
servia-lhe a comida, armava-lhe a cadeira de lona, deixava a rosa com seu
perfume. Nacib satisfeito da vida, acendia o charuto, tomava dos jornais,
adormecia na santa paz de deus, a brisa do mar a acariciar-lhe os bigodões
florescentes.
Mas nesse começo de tarde
não conseguia dormir. Fazia mentalmente o balanço daqueles três meses e dezoito
dias, agitados para a cidade, calmos para Nacib. Gostaria, no entanto, de
cochilar pelo menos uns dez minutos em vez de deter-se a relembrar coisas à
toa, sem maior importância.
De repente, sentiu que algo
lhe faltava, talvez por isso não conseguisse dormir. Faltava-lhe a rosa cada
tarde encontrada caída no bojo da espreguiçadeira. Ele vira quando o juiz de
Direito, sem dar-se o devido respeito ao seu cargo a furtá-la da orelha de
Gabriela e a pô-la em sua botoeira… Um homem idoso, dos seus cinquenta anos,
aproveitando-se da confusão em torno do engenheiro para roubar a rosa, um juiz…
Ficara com medo de um gesto brusco de Gabriela; ela fez como se não tivesse
percebido.
Esse juiz estava saindo do
sério. Antigamente nunca vinha ao bar na hora do aperitivo, aparecendo apenas,
de quando em vez, à tardinha, com João Fulgêncio ou com o Dr. Maurício. Agora
esquecia todos os preconceitos e, sempre que podia, lá estava no bar, bebendo
um vinho do Porto, rondando Gabriela.
Rondando Gabriela… Nacib
ficou a pensar. Sim, rondando, de súbito dava-se conta. E não era só ele,
muitos outros também… Porque se demoravam além da hora do almoço criando
problemas em casa? Senão para vê-la, sorrir para ela, dizer-lhe gracinhas,
roçar-lhe a mão, fazer-lhe propostas, quem sabe?
De propostas Nacib sabia
apenas de uma feita por Plínio Araçá. Mas aquela dirigia-se à cozinheira.
Fregueses do Pinga de Ouro haviam-se mudado para o Vesúvio, Plínio mandara
oferecer um ordenado maior a Gabriela. Apenas escolhera mal o mediador,
confiando a mensagem ao negrinho Tuísca, fiel do bar Vesúvio, leal a Nacib.
Assim fora o próprio árabe que dera o recado a Gabriela, ela sorriu:
- Quero não… Só se seu Nacib me botar fora…
Ele a tomara nos braços, era
de noite, envolveu-se em seu calor. E aumentou-lhe em dez mil réis o ordenado:
- Tou pedindo não… - disse ela.
Por vezes comprava-lhe um
brinco para as orelhas, um broche para o peito, lembranças baratas, algumas nem
lhe custavam nada, trazia da loja do tio. Entregava-as à noite, ela
enternecia-se, agradecia-lhe humilde, beijando-lhe a palma da mão num gesto
quase oriental.
- Moço bom, seu Nacib…
(Click na imagem da Gabriela... sempre doce, sempre reconhecida, sempre linda!?)