Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, maio 28, 2011
PORTUGAL MELHOR
É Precisso acreditar nos portugueses, eles são a verdadeira riqueza de Portugal. Pede-se aos políticos que cumpram com competência as suas funções e ajudem a libertar todas estas energias.
ROBERTO CARLOS - DETALHES
Uma das mais lindas canções do reportório da dupla Roberto/Erasmo Carlos. Nunca saíu da preferência do público em geral desde que foi lançada em 1971. Poesia e música, uma delícia.
Uma das mais lindas canções do reportório da dupla Roberto/Erasmo Carlos. Nunca saíu da preferência do público em geral desde que foi lançada em 1971. Poesia e música, uma delícia.
Histórias de Hodja
Existe uma lei contra a posse de armas e o chefe da polícia detém Hodja por carregar uma adaga curva.
“Hodja”, pergunta: “Não sabes que é proibido o porte de armas? O que fazes com esta adaga enorme?”
“Isto não é uma arma” explica Hodja: “Há erros em alguns livros e eu corrijo-os com isto”.
“A sério, Hodja”, diz o chefe da polícia. “Como é que alguém pode corrigir erros nos livros com uma faca enorme como esta?”
Hodja sorri: “Alguns livros têm erros tão grandes que até mesmo esta enorme faca é pequena demais para corrigi-los”.
Existe uma lei contra a posse de armas e o chefe da polícia detém Hodja por carregar uma adaga curva.
“Hodja”, pergunta: “Não sabes que é proibido o porte de armas? O que fazes com esta adaga enorme?”
“Isto não é uma arma” explica Hodja: “Há erros em alguns livros e eu corrijo-os com isto”.
“A sério, Hodja”, diz o chefe da polícia. “Como é que alguém pode corrigir erros nos livros com uma faca enorme como esta?”
Hodja sorri: “Alguns livros têm erros tão grandes que até mesmo esta enorme faca é pequena demais para corrigi-los”.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 96 SOB O TEMA:
“O MESSIAS ESPERADO?” (2)
O Proletariado Messiânico
Edgar Morin, antropólogo, filósofo e sociólogo francês explica as raízes da idéia de Cristo como um libertador, e também de um Messias coletivo na cultura judaica:
- "A idéia de povo escolhido é fundamental para a religião judaica, como a idéia de um Messias Salvador. No pensamento judeu secular, Karl Marx, o "escolhido", o "ungido" é o proletariado e a sua missão messiânica é para salvar a humanidade: a classe proletária salvá-la-á. A noção do Messias, que é a junção entre o judeu e o mundo cristão, reaparece em Marx. Para ele o Messias virá, não num tempo indeterminado mas num concreto. Ele já aí está a fazer o trabalho messiânico, ou seja, a salvação. A salvação cristã é a salvação post mortem e supraterrestre. O marxista é a salvação na Terra."
Na Tradição dos Profetas
- "A idéia de povo escolhido é fundamental para a religião judaica, como a idéia de um Messias Salvador. No pensamento judeu secular, Karl Marx, o "escolhido", o "ungido" é o proletariado e a sua missão messiânica é para salvar a humanidade: a classe proletária salvá-la-á. A noção do Messias, que é a junção entre o judeu e o mundo cristão, reaparece em Marx. Para ele o Messias virá, não num tempo indeterminado mas num concreto. Ele já aí está a fazer o trabalho messiânico, ou seja, a salvação. A salvação cristã é a salvação post mortem e supraterrestre. O marxista é a salvação na Terra."
Na Tradição dos Profetas
Jesus fala com confiança a Rachel num Messias coletivo. Suas palavras são baseadas em textos proféticos, especialmente na história de "ossos secos", uma das páginas mais sugestivo do profeta Ezequiel (37,1-14).
Paulo também recuperou a idéia de um Messias coletivo (1 Coríntios 12,1-29 e 13-11). Desde o profeta Miquéias (Miquéias 2,12-13) começou a invadir a mentalidade de Israel a idéia de um messianismo dos pobres: um "resto" do povo de Israel, em cativeiro na Babilônia, seria o portador das promessas messiânicas ( Sofonias 3,11-13).
Fiel a essa tradição, Jesus nunca reivindicou o monopólio da atividade messiânica. Assumiu-se como integrando um messianismo de pessoas humildes e pobres e não um messianismo individual, personalizado e triunfalismo esperado por muitos de seus compatriotas.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 112
33
Há quem despreze milagre, não serei eu. Faça pouco ou faça caso, como vosmicê preferir, como melhor entender. Vosmicê vem na maciota, com um cabedal de perguntas, cada qual mais matreira – gente que fala macio é baú de esperteza, enrola o zé-povo, obtém confissão e testemunho. Conheci um delegado igualzinho, ninguém dava nada por ele, não gritava, não batia, preso em sua mão nunca apanhou, era só na conversa mole, me conte, me diga, me faça o favor, jogando verde colhendo maduro. Vosmicê não é da polícia, eu sei, sim senhor, não estou querendo lhe ofender, não leve a mal a comparação mas indaga tanto de Tereza Batista que a gente fica com a pulga atrás da orelha, onde tem fumaça tem fogo, quem pergunta quer saber, e qual o motivo de seus cuidados? Para de volta à sua terra passar a notícia adiante, contar os particulares na roda do cais?
Pois fique sabendo que só aqui na feira vosmicê adquire para cima de trinta fascículos narrando passagens de Tereza Batista, tudo na cadência do verso, na trama e na rima. Cada um trezentos réis, não é dinheiro uma barateza; mas nesse mundo careiro, tudo pelo preço da morte, vosmicê só encontra ao alcance da pobreza do povo a poesia da vida. Em troca de ninharia vosmicê aprende valor de Tereza.
Sobre o que lhe contaram e garantiram, só adianto que milagre acontece; não tivesse a nação povoada de santos beatos e milagreiros, o que seria do povo? Padre Cícero Romão, a beata Melânia de Pernambuco, a beata Afonsina Donzela, o santo leproso das barrancas de Propriá, de nome Arlindo das Chagas, o Senhor Bom Jesus da Lapa, que é beato também e cura qualquer doença, se não fosse por eles, que acabam com a seca, com as pestes, com as enchentes do rio, que cuidam da fome, das mazelas do povo e ajudam os cangaceiros na caatinga a vingar tanta desgraça, ah! se não fosse por eles, me diga senhor, cavalheiro, o que seria da gente? Esperar adjutório de doutor, de coronel, do governo? Ai de nós, a depender do governo e dos graúdos, dos lordes, o sertão se acabava de fome e doença; se o povo ainda vive é de puro milagre.
Diz que foi o anjo Gabriel, testemunha de vista do que Tereza passou, menina estrompada, arrombada, rebocada, pipiricada, desonrada, inocente, no sangue salgada, quem fez o milagre, mas vosmicê não se espante se encontrar envolvida no caso a beata Afonsina Donzela com muito traquejo nesse capítulo: comeram seus tampos dezoito jagunços de uma assentada, o último foi Berilo Lima, pelo tamanho muito horrível do instrumento dito Berilo Pau-de-Cancela, cujo Berilo ali mesmo na hora morreu de uma dor nas entranhas; a beata no fim da folgança estava tão perfeita e cabaçuda quanto antes. Tenha sido o anjo ou a beata, ou os dois reunidos para arcar com o milagre, todo o mundo sabe que Tereza Batista quando muda de homem fica outra vez donzela, virgem de cabaço novo em folha, o buraco fechado, e isso lhe trouxe muita fama e proveito.
33
Há quem despreze milagre, não serei eu. Faça pouco ou faça caso, como vosmicê preferir, como melhor entender. Vosmicê vem na maciota, com um cabedal de perguntas, cada qual mais matreira – gente que fala macio é baú de esperteza, enrola o zé-povo, obtém confissão e testemunho. Conheci um delegado igualzinho, ninguém dava nada por ele, não gritava, não batia, preso em sua mão nunca apanhou, era só na conversa mole, me conte, me diga, me faça o favor, jogando verde colhendo maduro. Vosmicê não é da polícia, eu sei, sim senhor, não estou querendo lhe ofender, não leve a mal a comparação mas indaga tanto de Tereza Batista que a gente fica com a pulga atrás da orelha, onde tem fumaça tem fogo, quem pergunta quer saber, e qual o motivo de seus cuidados? Para de volta à sua terra passar a notícia adiante, contar os particulares na roda do cais?
Pois fique sabendo que só aqui na feira vosmicê adquire para cima de trinta fascículos narrando passagens de Tereza Batista, tudo na cadência do verso, na trama e na rima. Cada um trezentos réis, não é dinheiro uma barateza; mas nesse mundo careiro, tudo pelo preço da morte, vosmicê só encontra ao alcance da pobreza do povo a poesia da vida. Em troca de ninharia vosmicê aprende valor de Tereza.
Sobre o que lhe contaram e garantiram, só adianto que milagre acontece; não tivesse a nação povoada de santos beatos e milagreiros, o que seria do povo? Padre Cícero Romão, a beata Melânia de Pernambuco, a beata Afonsina Donzela, o santo leproso das barrancas de Propriá, de nome Arlindo das Chagas, o Senhor Bom Jesus da Lapa, que é beato também e cura qualquer doença, se não fosse por eles, que acabam com a seca, com as pestes, com as enchentes do rio, que cuidam da fome, das mazelas do povo e ajudam os cangaceiros na caatinga a vingar tanta desgraça, ah! se não fosse por eles, me diga senhor, cavalheiro, o que seria da gente? Esperar adjutório de doutor, de coronel, do governo? Ai de nós, a depender do governo e dos graúdos, dos lordes, o sertão se acabava de fome e doença; se o povo ainda vive é de puro milagre.
Diz que foi o anjo Gabriel, testemunha de vista do que Tereza passou, menina estrompada, arrombada, rebocada, pipiricada, desonrada, inocente, no sangue salgada, quem fez o milagre, mas vosmicê não se espante se encontrar envolvida no caso a beata Afonsina Donzela com muito traquejo nesse capítulo: comeram seus tampos dezoito jagunços de uma assentada, o último foi Berilo Lima, pelo tamanho muito horrível do instrumento dito Berilo Pau-de-Cancela, cujo Berilo ali mesmo na hora morreu de uma dor nas entranhas; a beata no fim da folgança estava tão perfeita e cabaçuda quanto antes. Tenha sido o anjo ou a beata, ou os dois reunidos para arcar com o milagre, todo o mundo sabe que Tereza Batista quando muda de homem fica outra vez donzela, virgem de cabaço novo em folha, o buraco fechado, e isso lhe trouxe muita fama e proveito.
sexta-feira, maio 27, 2011
LOJA DOS MARIDOS
Foi inaugurada em New York, The Husband Store, uma nova e incrível loja, onde as damas vão escolher um marido.
Na entrada, as clientes recebem instruções de como a loja funciona:
Você pode visitar a loja APENAS UMA VEZ!
São seis andares e os atributos dos maridos à venda melhoram à medida que você sobe os andares.
Mas há uma restrição - pode comprar o marido de sua escolha em um andar ou subir mais um.
MAS NÃO PODE DESCER, a não ser para sair da loja, directamente para a rua.
Assim, uma dama foi até a Loja para escolher um marido.
No primeiro andar, um cartaz na porta:
Andar 1 - Aqui todos os homens tem bons empregos.
Não se contentando, subiu mais um andar....
No segundo andar, o cartaz dizia:
Andar 2 - Aqui os homens tem bons empregos e adoram crianças.
No terceiro andar, o aviso dizia:
Andar 3 - Aqui os homens tem ótimos empregos, adoram crianças são todos bonitões.
'Uau!,' ela disse, mas foi tentada e subiu mais um andar.
No andar seguinte, o aviso:
oAndar 4 - Aqui os homens tem ótimos empregos, adoram crianças, são bonitos e adoram ajudar nos trabalhos domésticos.
'Ai, meu Deus', disse a mulher, mas continuou subindo.
No andar seguinte, o aviso:
Andar 5 - Aqui os homens tem ótimos empregos, adoram crianças, são bonitões, adoram ajudar nos trabalhos domésticos, e ainda são extremamente românticos.
Ela insistiu, e subiu até o sexto andar e encontrou o seguinte aviso:
Andar 6 - Você é a visitante número 31.456.012 neste andar.
Não existem homens à venda aqui. Este andar existe apenas para provar que as mulheres são impossíveis de contentar.
Obrigado por visitar a Loja de Maridos.
LOJA DAS ESPOSAS
Posteriormente, abriu uma loja do outro lado da rua da Loja dos Maridos mas esta das Esposas, também com seis andares e idêntico regulamento para os compradores masculinos.
Andar 1, - Mulheres que adoram fazer sexo.
Andar 2, - Mulheres que adoram fazer sexo e são muito bonitas.
Os Andares 3, 4, 5 e 6 nunca foram visitados.
Os Homens são menos ambiciosos e sabem melhor o que querem, quando encontram não perdem tempo a subir mais andares!
Gente "fina" é outra coisa...
Um casal de Cascais foi de férias para o Amazonas.
Estão no hotel e, para passar o tempo, resolvem alugar uma lancha e vão
navegar para o rio.
Acontece que a embarcação bate num tronco, faz um rombo, começa a meter água e a afundar-se.
Os jacarés que se encontravam na margem atiram-se imediatamente à água...
Ela, ao ver aquilo, exclama para o marido:
"Oh, Bernardo!... Eu acho o máximo o Amazonas!... Já viu???... Para além do hotel ser super-estupendo e a lancha ser, imensamente, de todo!... Olhe os salva-vidas!... São da Lacoste!!!..."
CHRIS MONTEZ - THE MORE I SEE YOU
Nasceu em Los Angeles em 1943. Este sucesso foi gravado em 1966, ano em que a selecção portugusa de futebol ficou em 3º lugar no Campeonato do Mundo em Inglaterra depois de ter ganho ao Brasil com a lesão de Pelé. Foi a consagração de Eusébio, o "pantera negra". Recordam-se... e desta maravilhosa canção também?
Um vizinho pede ao Hodja o seu burro. Mas Hodja não quer emprestar o animal. Então ele responde: “O burro não está aqui. Eu enviei-o ao moinho”. Naquele momento ouviram o burro zurrar no celeiro. O vizinho, perplexo, diz: “Tu disseste que o burro não está aqui, no entanto está a zurrar”. Hodja responde: “Isso significa que não acreditas em mim com as minhas barbas brancas, mas sim na palavra de um burro”.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 111
- Para quem é o presente, então?
- Para uma desimpedida, sem eira nem beira, sem enredo e sem arenga, fique tranquilo.
- Outra coisa: sua mãe mora na Bahia por causa de vocês. Por meu gosto viveria aqui, mas ela não pode deixar sua mãe sozinha.
- Verinha? – Riu Daniel: - Paterno, acredite no que lhe vou dizer: Verinha é a melhor cabeça da família. Decidiu que vai casar com milionário, considera o facto consumado, quando Verinha quer uma coisa, ela a obtém. Por Verinha não se preocupe.
Para a respeitabilidade do meritíssimo, Daniel era um tanto cínico demais. Dona Beatriz voltou à sala trazendo uma pequena figa encastoada em ouro. Serve, meu filho? Perfeita, Mater, merci.
No beco, no canto do portal, brinca com a figa no bolso da capa. Acende mais um cigarro, as ráfagas da chuva lavam-lhe o rosto. Na rua da frente se extingue a grande fogueira das irmãs Morais, já não se ouve o crepitar das achas da lenha no fogo renovado pela criadagem. Na noite milagrosa de São João solitárias no chalé ante a mesa posta com canjica e pamonha, manuês e licores, as quatro irmãs à espera também. A chuva pesada impede as visitas; as comadres, vagos parentes, algumas amizades. E Daniel? Em diversas casas de família realizam-se assustados, em qual deles dançará Daniel? Ou recebeu convite para o fandango de Raimundo Alicate? Daniel pensa nas quatro irmãs, simpáticas as quatro nos impacientes limites da última esperança, a mais moça ainda desejável, de seios acesos; amanhã com certeza irá visitá-las, comer canjica em companhia das quatro, com as quatro namorar timidamente, Magda, Amália, Berta, Teodora, sua perfeita cobertura. A chuva escorre pelo rosto do rapaz; não conservasse na boca o gosto de Tereza, não houvesse sentido junto ao peito o estremecer do corpo esguio, visto nos olhos húmidos o repentino fulgor, já teria ido embora.
O ouvido atento percebe por fim o ruído do motor do caminhão, parado diante do armazém: o capitão vai partir, vai com atraso, o filho da mãe. Logo a luz dos faróis surge na esquina, rompendo o escuro, desaparece na chuva. Daniel gasta outro cigarro americano, de contrabando. Abandona o abrigo do portal, vem para mais perto, de onde possa enxergar, a chuva o envolve, ensopa-lhe os caracóis. Abre-se uma nesga no portão do quintal do armazém. Daniel divisa o rosto molhado, os cabelos corridos pingando água, a face de Tereza Batista. (clik na imagem e aumente)
DE
GUERRA
Episódio Nº 111
- Para quem é o presente, então?
- Para uma desimpedida, sem eira nem beira, sem enredo e sem arenga, fique tranquilo.
- Outra coisa: sua mãe mora na Bahia por causa de vocês. Por meu gosto viveria aqui, mas ela não pode deixar sua mãe sozinha.
- Verinha? – Riu Daniel: - Paterno, acredite no que lhe vou dizer: Verinha é a melhor cabeça da família. Decidiu que vai casar com milionário, considera o facto consumado, quando Verinha quer uma coisa, ela a obtém. Por Verinha não se preocupe.
Para a respeitabilidade do meritíssimo, Daniel era um tanto cínico demais. Dona Beatriz voltou à sala trazendo uma pequena figa encastoada em ouro. Serve, meu filho? Perfeita, Mater, merci.
No beco, no canto do portal, brinca com a figa no bolso da capa. Acende mais um cigarro, as ráfagas da chuva lavam-lhe o rosto. Na rua da frente se extingue a grande fogueira das irmãs Morais, já não se ouve o crepitar das achas da lenha no fogo renovado pela criadagem. Na noite milagrosa de São João solitárias no chalé ante a mesa posta com canjica e pamonha, manuês e licores, as quatro irmãs à espera também. A chuva pesada impede as visitas; as comadres, vagos parentes, algumas amizades. E Daniel? Em diversas casas de família realizam-se assustados, em qual deles dançará Daniel? Ou recebeu convite para o fandango de Raimundo Alicate? Daniel pensa nas quatro irmãs, simpáticas as quatro nos impacientes limites da última esperança, a mais moça ainda desejável, de seios acesos; amanhã com certeza irá visitá-las, comer canjica em companhia das quatro, com as quatro namorar timidamente, Magda, Amália, Berta, Teodora, sua perfeita cobertura. A chuva escorre pelo rosto do rapaz; não conservasse na boca o gosto de Tereza, não houvesse sentido junto ao peito o estremecer do corpo esguio, visto nos olhos húmidos o repentino fulgor, já teria ido embora.
O ouvido atento percebe por fim o ruído do motor do caminhão, parado diante do armazém: o capitão vai partir, vai com atraso, o filho da mãe. Logo a luz dos faróis surge na esquina, rompendo o escuro, desaparece na chuva. Daniel gasta outro cigarro americano, de contrabando. Abandona o abrigo do portal, vem para mais perto, de onde possa enxergar, a chuva o envolve, ensopa-lhe os caracóis. Abre-se uma nesga no portão do quintal do armazém. Daniel divisa o rosto molhado, os cabelos corridos pingando água, a face de Tereza Batista. (clik na imagem e aumente)
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
À ENTREVISTA Nº 96 SOB O TEMA:
“O MESSIAS ESPERADO? (1)
A Expectativa do Messias
A palavra "Messias" é uma palavra hebraica que significa "ungido". Na tradição bíblica, o rei é ungido pelo profeta com óleo na cabeça e que o legítimo para o povo. O primeiro ungido na história de Israel foi o rei Saul. Depois, David e Salomão. Portanto, o significado primeiro de Messias é político.
Desde o século VI antes de Cristo, e depois de seu cativeiro na Babilónia, o povo de Israel, começou a nutrir grandes esperanças pela vinda de um Messias libertador. Na expectativa de Jesus, o Messias era um tema nas discussões populares. O Cristianismo reconheceu a Jesus judeu como o Messias esperado e anunciado. É por isso que ele chamou de Jesus Cristo. "Cristo" é a tradução grega do termo hebraico "Messias".
Os judeus esperavam que o Messias fosse uma personalidade individual mas também admitiram que fosse um coletivo, da mesma forma que se esperava uma época messiânica de que falava o profeta Isaías.
A expectativa sobre a chegada de um Messias sempre influenciou a história do judaísmo. Nos períodos negros da sua história, o povo de Israel sempre encontrou consolo e esperança na promessa de que o ungido viria para os libertar. Essa crença levou ao aparecimento de falsos Messias.
Um dos mais famosos foi Sabbatai Zevi que nasceu em 1626 no Império Turco, na cidade de Smirna e proclamou que 1666 seria o ano da libertação dos judeus. Preso pelo Sultão optou pelo islamismo para salvar a vida. No nosso tempo houve rabinos que viram um acontecimento messiânico aquando da instalação do Estado de Israel em 1948.
A palavra "Messias" é uma palavra hebraica que significa "ungido". Na tradição bíblica, o rei é ungido pelo profeta com óleo na cabeça e que o legítimo para o povo. O primeiro ungido na história de Israel foi o rei Saul. Depois, David e Salomão. Portanto, o significado primeiro de Messias é político.
Desde o século VI antes de Cristo, e depois de seu cativeiro na Babilónia, o povo de Israel, começou a nutrir grandes esperanças pela vinda de um Messias libertador. Na expectativa de Jesus, o Messias era um tema nas discussões populares. O Cristianismo reconheceu a Jesus judeu como o Messias esperado e anunciado. É por isso que ele chamou de Jesus Cristo. "Cristo" é a tradução grega do termo hebraico "Messias".
Os judeus esperavam que o Messias fosse uma personalidade individual mas também admitiram que fosse um coletivo, da mesma forma que se esperava uma época messiânica de que falava o profeta Isaías.
A expectativa sobre a chegada de um Messias sempre influenciou a história do judaísmo. Nos períodos negros da sua história, o povo de Israel sempre encontrou consolo e esperança na promessa de que o ungido viria para os libertar. Essa crença levou ao aparecimento de falsos Messias.
Um dos mais famosos foi Sabbatai Zevi que nasceu em 1626 no Império Turco, na cidade de Smirna e proclamou que 1666 seria o ano da libertação dos judeus. Preso pelo Sultão optou pelo islamismo para salvar a vida. No nosso tempo houve rabinos que viram um acontecimento messiânico aquando da instalação do Estado de Israel em 1948.
quinta-feira, maio 26, 2011
ATATURK
Em poucos países terá havido um político tão sinceramente amado e respeitado do que Ataturk, Mustafa Kemal Ataturk, na Turquia.
Não há cidade em todo o país, e são quase 800.000 Km2 de território, que não tenha pelo menos uma estátua, uma placa, uma rua ou praça com o nome de Ataturk.
Às 9h05 minutos, quando faleceu, no dia 10 de Novembro de 1938, todos os anos, durante esse minuto, os turcos param o que estão a fazer e celebram ruidosamente a memória do seu líder Ataturk, considerado o “pai dos turcos”.
Foi oficial do exército, estadista, revolucionário e o fundador da República de que foi o 1º Presidente. Como militar foi extremamente capaz e inteligente combatendo nas frentes de batalha da Anatólia e Palestina na 1ª G.G. Mundial onde conquistou renome.
Finda esta guerra e com a derrota sofrida pelo Império Otomano às mãos dos Aliados e os planos subsequentes de partilha do território, Ataturk liderou o Movimento Nacional Turco naquela que viria a ser a Guerra da Independência turca. E fê-lo, acreditando na soberania popular em oposição ao poder absoluto que vigorava no Império Otomano.
Estabeleceu um governo provisório em Ancara e derrotou as forças enviadas contra si pela Tríplice Entende, aliança militar entre ingleses, franceses e russos, assegurando a libertação do país e a proclamação da República em 1923.
Ancara era, então, uma cidade provinciana do interior que foi transformada no centro do movimento Independentista e mais tarde na capital do país.
Nos anos que se seguiram teve de lutar contra a oposição de forças do anterior regime e de novas correntes políticas estranhas ao país como o comunismo e o fascismo.
As suas reformas foram tão profundas que a elas se referem como “Kemalismo”, de Kemal Ataturk e constituem a fundação política de um estado moderno.
Basta dizer que foi ele que introduziu o apelido nos nomes das pessoas. Antes dele, o motorista do autocarro onde viajei denominar-se-ia como Hussein, filho de Maomé, o motorista…
Atribuiu pensões de reforma extensivas às viúvas e às filhas desde que permanecessem solteiras, apenas com 25 anos de trabalho para os homens e vinte para as mulheres. Hoje, os trabalhadores reformam-se aos 63 anos porque a anterior situação, naturalmente, era insustentável do ponto de vista da sustentabilidade financeira do sistema.
Estabeleceu a instrução pública obrigatória para ambos os sexos o que constitui um esforço contínuo da República.
A partir de 1925 encorajou os turcos a vestirem-se à ocidental abandonando os trajes tradicionais como véus e turbantes.
A transcrição deste pequeno trecho de um discurso seu diz tudo sobre Ataturk como homem e como político:
“Diante do conhecimento, da ciência, e de toda a extensão da radiante civilização, não posso aceitar a presença na comunidade civilizada da Turquia de pessoas tão primitivas a ponto de procurar benefícios materiais e espirituais sob a orientação de xeques. A república turca não pode ser um país de xeques, dervixes e discípulos. A melhor ordem, a mais verdadeira, é a ordem da civilização. Ser um homem é o bastante para preencher as exigências da civilização. Os líderes das ordens dervixes compreenderão a verdade de minhas palavras, e eles próprios fecharão suas lojas [tekke] e admitirão que suas disciplinas cresceram”.
Esta forma usada pelo governo turco de convidar pessoas, neste caso Sócios do Círculo de Leitores em Portugal, alojando-os e alimentando-os nos seus melhores hotéis, levando-os a visitar as belezas naturais, históricas e arqueológicas, das mais importantes do mundo, para promover a venda aos estrangeiros dos seus melhores produtos tradicionais: jóias, tapetes e vestuário de peles, continua a representar uma estratégia moderna de relacionamento com os outros povos, na linha do grande Ataturk.
Em poucos países terá havido um político tão sinceramente amado e respeitado do que Ataturk, Mustafa Kemal Ataturk, na Turquia.
Não há cidade em todo o país, e são quase 800.000 Km2 de território, que não tenha pelo menos uma estátua, uma placa, uma rua ou praça com o nome de Ataturk.
Às 9h05 minutos, quando faleceu, no dia 10 de Novembro de 1938, todos os anos, durante esse minuto, os turcos param o que estão a fazer e celebram ruidosamente a memória do seu líder Ataturk, considerado o “pai dos turcos”.
Foi oficial do exército, estadista, revolucionário e o fundador da República de que foi o 1º Presidente. Como militar foi extremamente capaz e inteligente combatendo nas frentes de batalha da Anatólia e Palestina na 1ª G.G. Mundial onde conquistou renome.
Finda esta guerra e com a derrota sofrida pelo Império Otomano às mãos dos Aliados e os planos subsequentes de partilha do território, Ataturk liderou o Movimento Nacional Turco naquela que viria a ser a Guerra da Independência turca. E fê-lo, acreditando na soberania popular em oposição ao poder absoluto que vigorava no Império Otomano.
Estabeleceu um governo provisório em Ancara e derrotou as forças enviadas contra si pela Tríplice Entende, aliança militar entre ingleses, franceses e russos, assegurando a libertação do país e a proclamação da República em 1923.
Ancara era, então, uma cidade provinciana do interior que foi transformada no centro do movimento Independentista e mais tarde na capital do país.
Nos anos que se seguiram teve de lutar contra a oposição de forças do anterior regime e de novas correntes políticas estranhas ao país como o comunismo e o fascismo.
As suas reformas foram tão profundas que a elas se referem como “Kemalismo”, de Kemal Ataturk e constituem a fundação política de um estado moderno.
Basta dizer que foi ele que introduziu o apelido nos nomes das pessoas. Antes dele, o motorista do autocarro onde viajei denominar-se-ia como Hussein, filho de Maomé, o motorista…
Atribuiu pensões de reforma extensivas às viúvas e às filhas desde que permanecessem solteiras, apenas com 25 anos de trabalho para os homens e vinte para as mulheres. Hoje, os trabalhadores reformam-se aos 63 anos porque a anterior situação, naturalmente, era insustentável do ponto de vista da sustentabilidade financeira do sistema.
Estabeleceu a instrução pública obrigatória para ambos os sexos o que constitui um esforço contínuo da República.
A partir de 1925 encorajou os turcos a vestirem-se à ocidental abandonando os trajes tradicionais como véus e turbantes.
A transcrição deste pequeno trecho de um discurso seu diz tudo sobre Ataturk como homem e como político:
“Diante do conhecimento, da ciência, e de toda a extensão da radiante civilização, não posso aceitar a presença na comunidade civilizada da Turquia de pessoas tão primitivas a ponto de procurar benefícios materiais e espirituais sob a orientação de xeques. A república turca não pode ser um país de xeques, dervixes e discípulos. A melhor ordem, a mais verdadeira, é a ordem da civilização. Ser um homem é o bastante para preencher as exigências da civilização. Os líderes das ordens dervixes compreenderão a verdade de minhas palavras, e eles próprios fecharão suas lojas [tekke] e admitirão que suas disciplinas cresceram”.
Esta forma usada pelo governo turco de convidar pessoas, neste caso Sócios do Círculo de Leitores em Portugal, alojando-os e alimentando-os nos seus melhores hotéis, levando-os a visitar as belezas naturais, históricas e arqueológicas, das mais importantes do mundo, para promover a venda aos estrangeiros dos seus melhores produtos tradicionais: jóias, tapetes e vestuário de peles, continua a representar uma estratégia moderna de relacionamento com os outros povos, na linha do grande Ataturk.
SCOTT MCKENZIE - SÃO FRANCISCO
Canção escrita por John Filips para o Conjunto Mamas & Papas. Foi
escrita e composta em Junho de 1967 para o Festival Pop de Monterey e de imediato tornou-se um sucesso com mais de 5 milhões de cópias vendidas e levou milhares de jovens a São Francisco na Califórnia. Na Europa os jovens adotaram-na como uma canção à liberdade depois da ocupação daChecoslováquia em 1968.
Hodja pede emprestada ao seu vizinho uma panela e quando a devolve coloca uma pequena panela dentro da outra. O vizinho, admirado, pergunta porquê.
- “A panela”, responde Hodja, “estava grávida. Esse é o bebé”.
Passados dias, Hodja pede novamente a panela ao vizinho que lha empresta de boa vontade.
Passado tempo sem que Hodja devolvesse a panela o vizinho, finalmente, vai pedi-la.
Com uma expressão triste Hodja diz-lhe:
- “Os meus pêsames. A panela morreu”.
- “Hodja, por favor”, diz o vizinho. “Como pode uma panela morrer?”
- “Meu querido vizinho”, explica Hodja, “Não tivestes dúvidas quando ela engravidou e deu à luz, e agora duvidas que ela tenha morrido?”
- “A panela”, responde Hodja, “estava grávida. Esse é o bebé”.
Passados dias, Hodja pede novamente a panela ao vizinho que lha empresta de boa vontade.
Passado tempo sem que Hodja devolvesse a panela o vizinho, finalmente, vai pedi-la.
Com uma expressão triste Hodja diz-lhe:
- “Os meus pêsames. A panela morreu”.
- “Hodja, por favor”, diz o vizinho. “Como pode uma panela morrer?”
- “Meu querido vizinho”, explica Hodja, “Não tivestes dúvidas quando ela engravidou e deu à luz, e agora duvidas que ela tenha morrido?”
ENTREVISTAS FICCIONADAS
COM JESUS Nº 96 SOB O TEMA:
"O MESSIAS ESPERADO?"
RAQUEL – Aqui Emissoras Latinas, de algum lugar no esplêndido vale da Galileia, transmitindo as últimas entrevistas com Jesus Cristo na sua segunda vinda à
Terra.
JESUS - Shalim, Raquel!
RAQUEL - Shalim?... Sempre me cumprimentou com "Shalom"
JESUS – Shalim, dizia-se no meu tempo em aramaico… Shalom é em hebraico, como se diz agora... É a mesma coisa, eu estou a desejar-te a paz.
RAQUEL - Bem, diga como gosta, porque a paz é o que este mundo mais precisa. Já notou que as três religiões que acreditam num Deus encheram a história da humanidade de violência. Falo do Judaísmo, a religião de seus pais, o cristianismo, a religião que fundou, e do islamismo, a religião que Maomé pregou depois de si.
JESUS – Raquel, repito, eu não preguei nenhuma religião...
RAQUEL - Pois então a fundaram sem a sua permissão. Porque ele aí está e faz muito barulho.
JESUS - E com que nome invocam a Deus na religião cristã?
RAQUEL - O que acha o senhor? Com o seu, Jesus Cristo. Assim, em todas as entrevistas eu o tenho chamado de Jesus Cristo. O senhor não é o Cristo, o Messias, o libertador?
- JESUS - Escuta, Raquel, durante tempos, o meu povo esperou um ungido, um messias, alguém com condições de consertar as coisas neste mundo. Quebrar o jugo dos tiranos, fazer justiça aos pobres. Primeiro, eles imaginaram-no a cavalo, um grande guerreiro, depois um servo sofredor. E depois…
RAQUEL - E logo, chegou o senhor.
JESUS - Não, vieram muitos. Antes de mim lutaram muitos. Desde Moisés aos Macabeus, muitos deram suas vidas para libertar o povo. Também muitas mulheres, Miriam, Judith, Esther... Muitos profetas que anunciaram um novo mundo...
RAQUEL - E então veio o senhor.
JESUS - Alguns acharam que o Cristo, o Messias esperado, talvez não fosse uma pessoa, mas muitas pessoas.
RAQUEL - Um Messias colectivo?
JESUS - Sim, o povo. Um povo que andava nas trevas e viu uma grande luz. Essa luz era o seu próprio rosto reflexo do próprio rosto de Deus.
RAQUEL - Confesso que eu não entendo.
JESUS – É que o Messias não veio, como pensam alguns, e não virá como esperam outros. O Messias está sempre presente. De onde sopra o Espírito de Deus, está o Messias. Onde dois ou três estão lutando pela justiça, aí está lutando o Messias.
RAQUEL - Mas então o senhor...
JESUS - Escuta, Raquel. Uma vez o rabino de Nazaré leu o livro de Ezequiel. O profeta estava triste, derrotado, pela miséria em que vivia o seu povo ... Então, Deus o levou para um campo cheio de ossos e disse-lhe que soprasse sobre aqueles ossos secos e ganhariam vida. E os ossos cobriram-se de carne e sangue, uniram-se, o espírito de Deus, entrou neles, e eles ganharam vida, reviveram. Foi um grande povo, uma multidão incontável como a areia das praias, como as estrelas do céu. Sempre gostei muito desta história.
RAQUEL - E essa cidade era o Messias?
JESUS – Assim o entendi eu. O Messias, o Cristo, são os pobres quando fortalecem os joelhos, as mulheres quando levantam as cabeças. Um grande corpo que se põe de pé e ressuscita.
RACHEL Mas então… o senhor?
JESUS - Eu, o quê?
RAQUEL - Tu és o Messias, o Cristo, ou ...?
JESUS – Eu o sou… e tu e todos os homens e mulheres que lutam.
RAQUEL - Então, Jesus Cristo…
JESUS - Chama-me antes Jesus.
RAQUEL - Bem, assim o continuaremos a chamar nas próximas e últimas entrevistas nesta cobertura especial da sua segunda vinda à terra. De algum lugar na Galileia para os ouvintes das Emissoras Latinas, Raquel Perez.
Terra.
JESUS - Shalim, Raquel!
RAQUEL - Shalim?... Sempre me cumprimentou com "Shalom"
JESUS – Shalim, dizia-se no meu tempo em aramaico… Shalom é em hebraico, como se diz agora... É a mesma coisa, eu estou a desejar-te a paz.
RAQUEL - Bem, diga como gosta, porque a paz é o que este mundo mais precisa. Já notou que as três religiões que acreditam num Deus encheram a história da humanidade de violência. Falo do Judaísmo, a religião de seus pais, o cristianismo, a religião que fundou, e do islamismo, a religião que Maomé pregou depois de si.
JESUS – Raquel, repito, eu não preguei nenhuma religião...
RAQUEL - Pois então a fundaram sem a sua permissão. Porque ele aí está e faz muito barulho.
JESUS - E com que nome invocam a Deus na religião cristã?
RAQUEL - O que acha o senhor? Com o seu, Jesus Cristo. Assim, em todas as entrevistas eu o tenho chamado de Jesus Cristo. O senhor não é o Cristo, o Messias, o libertador?
- JESUS - Escuta, Raquel, durante tempos, o meu povo esperou um ungido, um messias, alguém com condições de consertar as coisas neste mundo. Quebrar o jugo dos tiranos, fazer justiça aos pobres. Primeiro, eles imaginaram-no a cavalo, um grande guerreiro, depois um servo sofredor. E depois…
RAQUEL - E logo, chegou o senhor.
JESUS - Não, vieram muitos. Antes de mim lutaram muitos. Desde Moisés aos Macabeus, muitos deram suas vidas para libertar o povo. Também muitas mulheres, Miriam, Judith, Esther... Muitos profetas que anunciaram um novo mundo...
RAQUEL - E então veio o senhor.
JESUS - Alguns acharam que o Cristo, o Messias esperado, talvez não fosse uma pessoa, mas muitas pessoas.
RAQUEL - Um Messias colectivo?
JESUS - Sim, o povo. Um povo que andava nas trevas e viu uma grande luz. Essa luz era o seu próprio rosto reflexo do próprio rosto de Deus.
RAQUEL - Confesso que eu não entendo.
JESUS – É que o Messias não veio, como pensam alguns, e não virá como esperam outros. O Messias está sempre presente. De onde sopra o Espírito de Deus, está o Messias. Onde dois ou três estão lutando pela justiça, aí está lutando o Messias.
RAQUEL - Mas então o senhor...
JESUS - Escuta, Raquel. Uma vez o rabino de Nazaré leu o livro de Ezequiel. O profeta estava triste, derrotado, pela miséria em que vivia o seu povo ... Então, Deus o levou para um campo cheio de ossos e disse-lhe que soprasse sobre aqueles ossos secos e ganhariam vida. E os ossos cobriram-se de carne e sangue, uniram-se, o espírito de Deus, entrou neles, e eles ganharam vida, reviveram. Foi um grande povo, uma multidão incontável como a areia das praias, como as estrelas do céu. Sempre gostei muito desta história.
RAQUEL - E essa cidade era o Messias?
JESUS – Assim o entendi eu. O Messias, o Cristo, são os pobres quando fortalecem os joelhos, as mulheres quando levantam as cabeças. Um grande corpo que se põe de pé e ressuscita.
RACHEL Mas então… o senhor?
JESUS - Eu, o quê?
RAQUEL - Tu és o Messias, o Cristo, ou ...?
JESUS – Eu o sou… e tu e todos os homens e mulheres que lutam.
RAQUEL - Então, Jesus Cristo…
JESUS - Chama-me antes Jesus.
RAQUEL - Bem, assim o continuaremos a chamar nas próximas e últimas entrevistas nesta cobertura especial da sua segunda vinda à terra. De algum lugar na Galileia para os ouvintes das Emissoras Latinas, Raquel Perez.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 110
Homem de respeito não se rebaixa a essas nojeiras. Mas esses moços da capital são uns bananas na mão das mulheres. Daniel não ficara trancado com a moça do chalé – assim lhe contou – sem lhe comer o cabaço, com receio das consequências? Mas o resto fizera. Que resto. Ora que pergunta, caro amigo, senhor capitão, existem coxas e pregas, dedos e língua. Certamente com a língua, lulu de francesa. Quanto a ele, Justiniano, se na festa encontrar um cabaço a seu gosto, não vai ter contemplação e deferência; para depois coxas e pregas, língua jamais, não é cachorro de gringa. Não vale a pena levar Tereza. Hoje a moleca já teve boa ração.
Quando eu sair, apague a luz e vá dormir.
Sim, senhor – Tereza respira; ai tantos medos diversos penara nesse começo de noite de são João.
Encaminha-se o capitão Justo para o armazém, abre a porta. Chove na rua.
32
O quintal dava para um beco estreito, todo ele de fundos de residências, onde o caminhão e a carroça descarregavam mercadorias em seguida estocadas nos quartos da casa para não atulhar o armazém. O capitão, em suas viagens, comprava saldos baratos, artigos em liquidação, colheitas de feijão, café e milho, tendo dinheiro líquido para pagar à vista, obtinha descontos especiais dos atacadistas – ganhar na compra e ganhar na venda, eis sua divisa pouco original talvez, mas nem por isso menos original.
A chuva apaga as fogueiras nas ruas, no beco forma poças de água, vira lama no chão. Envergando capa de borracha, no ângulo de um portal fronteiro ao muro do armazém, Daniel perscruta a noite, ouvido atento a qualquer ruído, olhos querendo varar a cortina de chuva e escuridão.
Naquele dia, após o jantar, Daniel perguntara à dona Beatriz.
- Velha, será que você não tem um balangandã qualquer, sem valor mas bonitinho, que dê para eu dar de presente a uma diva? O comércio local é uma droga, dá pena.
- Não gosto que me chame de velha, Dan, você bem sabe. Não sou assim tão velha nem tão acabada.
- Desculpe Mater, apenas uma maneira carinhosa de falar. Você é uma balzaca ainda em perfeita forma e se eu fosse o paterno aqui presente não lhe deixava badalar sozinha na Bahia.
- Riu bem humorado, achando-se inteligente e divertido.
- Seu pai, meu filho, pouco liga para mim. Deixe ver se encontro alguma tolice que lhe sirva.
Na sala, sozinhos, pai e filho, o juiz advertiu Daniel:
- Consta-me estar você rondando a casa das senhoritas Morais, talvez atrás da Teodora, deve ter ouvido cochichos, invencionices; a moça é perfeita, tudo não passou de namorico tolo. Eu lhe recomendo cuidado, essas moças são de família distinta, um escândalo com elas seria de péssima repercussão. Afinal, o lugar está cheio de raparigas desimpedidas, sem eira nem beira, sem enredos nem arengas.
- Não se preocupe, paterno, não sou menino, não meto a mão em cumbuca, nem vim aqui causar dor de cabeça. Essas moças são simpáticas, me dou com elas, é tudo. Não tenho preferência por nenhuma, aliás. (clik na imagem e aumente)
Homem de respeito não se rebaixa a essas nojeiras. Mas esses moços da capital são uns bananas na mão das mulheres. Daniel não ficara trancado com a moça do chalé – assim lhe contou – sem lhe comer o cabaço, com receio das consequências? Mas o resto fizera. Que resto. Ora que pergunta, caro amigo, senhor capitão, existem coxas e pregas, dedos e língua. Certamente com a língua, lulu de francesa. Quanto a ele, Justiniano, se na festa encontrar um cabaço a seu gosto, não vai ter contemplação e deferência; para depois coxas e pregas, língua jamais, não é cachorro de gringa. Não vale a pena levar Tereza. Hoje a moleca já teve boa ração.
Quando eu sair, apague a luz e vá dormir.
Sim, senhor – Tereza respira; ai tantos medos diversos penara nesse começo de noite de são João.
Encaminha-se o capitão Justo para o armazém, abre a porta. Chove na rua.
32
O quintal dava para um beco estreito, todo ele de fundos de residências, onde o caminhão e a carroça descarregavam mercadorias em seguida estocadas nos quartos da casa para não atulhar o armazém. O capitão, em suas viagens, comprava saldos baratos, artigos em liquidação, colheitas de feijão, café e milho, tendo dinheiro líquido para pagar à vista, obtinha descontos especiais dos atacadistas – ganhar na compra e ganhar na venda, eis sua divisa pouco original talvez, mas nem por isso menos original.
A chuva apaga as fogueiras nas ruas, no beco forma poças de água, vira lama no chão. Envergando capa de borracha, no ângulo de um portal fronteiro ao muro do armazém, Daniel perscruta a noite, ouvido atento a qualquer ruído, olhos querendo varar a cortina de chuva e escuridão.
Naquele dia, após o jantar, Daniel perguntara à dona Beatriz.
- Velha, será que você não tem um balangandã qualquer, sem valor mas bonitinho, que dê para eu dar de presente a uma diva? O comércio local é uma droga, dá pena.
- Não gosto que me chame de velha, Dan, você bem sabe. Não sou assim tão velha nem tão acabada.
- Desculpe Mater, apenas uma maneira carinhosa de falar. Você é uma balzaca ainda em perfeita forma e se eu fosse o paterno aqui presente não lhe deixava badalar sozinha na Bahia.
- Riu bem humorado, achando-se inteligente e divertido.
- Seu pai, meu filho, pouco liga para mim. Deixe ver se encontro alguma tolice que lhe sirva.
Na sala, sozinhos, pai e filho, o juiz advertiu Daniel:
- Consta-me estar você rondando a casa das senhoritas Morais, talvez atrás da Teodora, deve ter ouvido cochichos, invencionices; a moça é perfeita, tudo não passou de namorico tolo. Eu lhe recomendo cuidado, essas moças são de família distinta, um escândalo com elas seria de péssima repercussão. Afinal, o lugar está cheio de raparigas desimpedidas, sem eira nem beira, sem enredos nem arengas.
- Não se preocupe, paterno, não sou menino, não meto a mão em cumbuca, nem vim aqui causar dor de cabeça. Essas moças são simpáticas, me dou com elas, é tudo. Não tenho preferência por nenhuma, aliás. (clik na imagem e aumente)
quarta-feira, maio 25, 2011
DEMÉTRIUS - O RITMO DA CHUVA
Esta é uma versão do próprio Demétrius ( de seu nome Demétrio Zahra Neto, nascido em 1942) para "Rhythm of the Rain", gravada originalmente pelo grupo The Cascades e composta por John Claude Gummoe, membro da Banda. No Brasil foi lançada em 1964 e o êxito foi absoluto, tanto que estando presente em várias colectâneas, nunca deixou de ser vendida e passa nas rádios de todo o país até aos dias de hoje.
HISTÓRIAS DE HODJA
Hodja tinha duas mulheres que tinham ciúmes uma da outra. Sempre que perguntavam de qual delas ele gostava mais Hodja respondia que gostava de ambas da mesma forma.
Um dia a jovem esposa pergunta:
- “Suponhamos que estávamos num barco no lago Aksehir. O barco virava e as duas caíamos ao lago. Qual de nós as duas salvavas?”
Hodja olha para a esposa mais velha e diz: “Eu acho que tu sabes nadar, não sabes?
Hodja tinha duas mulheres que tinham ciúmes uma da outra. Sempre que perguntavam de qual delas ele gostava mais Hodja respondia que gostava de ambas da mesma forma.
Um dia a jovem esposa pergunta:
- “Suponhamos que estávamos num barco no lago Aksehir. O barco virava e as duas caíamos ao lago. Qual de nós as duas salvavas?”
Hodja olha para a esposa mais velha e diz: “Eu acho que tu sabes nadar, não sabes?
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 109
Na pressa de se vestir nem se lavou o capitão; quando Tereza veio com a bacia cheia, já ele enfiara a cueca, após limpar-se com a ponta do lençol. Tereza põe a calçola, quem lhe dera tomar um banho; fizera-o antes, terminada a labuta da casa e no armazém, bombeando água do poço para a pequena caixa do banheiro. Tereza de joelhos, calça meias e sapatos no capitão; depois vai-lhe passando a camisa, as calças, a gravata, o paletó, por último o punhal e o revólver.
Terto Cachorro espera na boleia do caminhão, em frente ao armazém; motorista, capanga e parceiro festejado nas danças, tocador de harmónica e o xaxado um porreta. Chico Meia-Sola já saíra para a interminável maratona da noite de São João; de casa em casa, bebendo aguardente, conhaque, licores – de jenipapo, de caju, de jurubeba, não faz questão de espécie ou marca. Pela manhã arrastar-se-á para a cama-de-vento num dos cubículos da casa, de mistura com fardos de carne seca, sacos de peixe salgado, o chão lamacento e as moscas incontáveis; se não fosse escornado em quarto de rapariga no derradeiro bordel da Cuia Dágua.
De branco trajado como ordena o figurino, um manda chuva, um prócer, ajeitando o laço da gravata, o capitão considerou por um instante a possibilidade de levar Tereza consigo, metida num vestido de Dóris, de pouco uso; moleca bonita, estampa digna de ser exibida no baile de Mundinho Rompe-Mato. Encontrando-se na usina pelo São João, o doutor Emiliano Guedes sempre dava um pulo com parentes e convidados no fandango de Alicate para mostrar aos hóspedes da capital “uma típica festa junina de roça!” A demora era pouca, um trago, uma contradança e o regresso aos luxos da casa da usina, mas o doutor, confiando o bigode, pesava com olhos de conhecedor a mulherada presente, Raimundo atento a qualquer demonstração de interesse, ao menor sinal de agrado, para tratar dos pormenores e colocar a escolhida à disposição do dono da terra.
O capitão gostaria de ostentar a moleca Tereza na vista e na inveja do mais velho dos Guedes, do senhor das Cajazeiras do Norte. Mas o doutor Emiliano anda em viagem de turismo pelas estranjas, recém embarcou e só voltará meses depois. Ainda assim o capitão chega a entreabrir os lábios para dar ordens a Tereza de se trajar para a festa, após medi-la da cabeça aos pés aprovativo.
Tereza adivinhando-lhe as intenções, foi novamente tomada de medo, não mais de maus-tratos e nojos de cama, um medo ainda maior: se o capitão a levasse, ficaria o moço esperando na chuva, junto ao portão do quintal, para sempre impossível a festa prometida, nunca mais aquela chama no peito, a lã de cabelo, a boca de cócegas.
Doutor Emiliano se divertia com as gringas na França e, ademais, se na festa aparecesse uma novidade, um pitéu, menina ao agrado do capitão e ele quisesse levá-la para a roça? Que fazer de Tereza? Pô-la de volta no caminhão, sozinha com Terto Cachorro? Mulher de Justiniano Duarte da Rosa não anda sozinha de noite com outro homem; embora cabra de confiança, não lhe consta fosse Terto capado e o diabo atenta no escuro. Mesmo não acontecendo nada, o povo espalha que aconteceu o pior, e quem pode provar o contrário? Justiniano Duarte da Rosa não nasceu para cabrão; dele tudo se pode dizer e tudo se diz pelas costas. Tratam-no de bandido cruel, de sedutor de menores, deflorador e tarado, de ladrão de terras, de gatuno no peso e nas contas, de trapaceiro nas rinhas de galo, de criminoso de morte – pelas costas, porque de frente cadê coragem? Nunca, porém o acusaram de corno, de chifrudo, devoto de São Cornélio, cabrão enganado por fêmea. Nem de corno nem de chibungo, nem de beija-flor chupador de xibiu. O jovem Daniel, com aquela cara de boneco, conversa malandra, olhos melosos, fama de gigolô, é bem capaz de lamber quirica, ora se é, o capitão não se engana.
(clik na imagem e aumente)
Terto Cachorro espera na boleia do caminhão, em frente ao armazém; motorista, capanga e parceiro festejado nas danças, tocador de harmónica e o xaxado um porreta. Chico Meia-Sola já saíra para a interminável maratona da noite de São João; de casa em casa, bebendo aguardente, conhaque, licores – de jenipapo, de caju, de jurubeba, não faz questão de espécie ou marca. Pela manhã arrastar-se-á para a cama-de-vento num dos cubículos da casa, de mistura com fardos de carne seca, sacos de peixe salgado, o chão lamacento e as moscas incontáveis; se não fosse escornado em quarto de rapariga no derradeiro bordel da Cuia Dágua.
De branco trajado como ordena o figurino, um manda chuva, um prócer, ajeitando o laço da gravata, o capitão considerou por um instante a possibilidade de levar Tereza consigo, metida num vestido de Dóris, de pouco uso; moleca bonita, estampa digna de ser exibida no baile de Mundinho Rompe-Mato. Encontrando-se na usina pelo São João, o doutor Emiliano Guedes sempre dava um pulo com parentes e convidados no fandango de Alicate para mostrar aos hóspedes da capital “uma típica festa junina de roça!” A demora era pouca, um trago, uma contradança e o regresso aos luxos da casa da usina, mas o doutor, confiando o bigode, pesava com olhos de conhecedor a mulherada presente, Raimundo atento a qualquer demonstração de interesse, ao menor sinal de agrado, para tratar dos pormenores e colocar a escolhida à disposição do dono da terra.
O capitão gostaria de ostentar a moleca Tereza na vista e na inveja do mais velho dos Guedes, do senhor das Cajazeiras do Norte. Mas o doutor Emiliano anda em viagem de turismo pelas estranjas, recém embarcou e só voltará meses depois. Ainda assim o capitão chega a entreabrir os lábios para dar ordens a Tereza de se trajar para a festa, após medi-la da cabeça aos pés aprovativo.
Tereza adivinhando-lhe as intenções, foi novamente tomada de medo, não mais de maus-tratos e nojos de cama, um medo ainda maior: se o capitão a levasse, ficaria o moço esperando na chuva, junto ao portão do quintal, para sempre impossível a festa prometida, nunca mais aquela chama no peito, a lã de cabelo, a boca de cócegas.
Doutor Emiliano se divertia com as gringas na França e, ademais, se na festa aparecesse uma novidade, um pitéu, menina ao agrado do capitão e ele quisesse levá-la para a roça? Que fazer de Tereza? Pô-la de volta no caminhão, sozinha com Terto Cachorro? Mulher de Justiniano Duarte da Rosa não anda sozinha de noite com outro homem; embora cabra de confiança, não lhe consta fosse Terto capado e o diabo atenta no escuro. Mesmo não acontecendo nada, o povo espalha que aconteceu o pior, e quem pode provar o contrário? Justiniano Duarte da Rosa não nasceu para cabrão; dele tudo se pode dizer e tudo se diz pelas costas. Tratam-no de bandido cruel, de sedutor de menores, deflorador e tarado, de ladrão de terras, de gatuno no peso e nas contas, de trapaceiro nas rinhas de galo, de criminoso de morte – pelas costas, porque de frente cadê coragem? Nunca, porém o acusaram de corno, de chifrudo, devoto de São Cornélio, cabrão enganado por fêmea. Nem de corno nem de chibungo, nem de beija-flor chupador de xibiu. O jovem Daniel, com aquela cara de boneco, conversa malandra, olhos melosos, fama de gigolô, é bem capaz de lamber quirica, ora se é, o capitão não se engana.
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 95 SOB O TEMA:
“QUE RELIGIÃO FUNDOU JESUS?” (7)
Nenhuma Religião, Todas as Religiões
Jesus não fundou nenhuma religião. Ele foi educado na religião de seu povo, mas viveu, experimentou e proclamou um Deus que não caberia dentro dos ritos, das leis e das crenças da religião com que ele estava familiarizado ou como em qualquer uma das outras. Há muitas pessoas que, reconhecendo os valores espirituais que existem em todas as grandes religiões, acham que só o Cristianismo poderá assimilar e assumir a mensagem de Jesus, entender a sua espiritualidade, sem aprender do judaísmo o que o judeu Jesus aprendeu da tradição do seu povo e quis mudar, sem aprender com o Budismo o caminho místico para encontrar-se a si mesmo, e aprender com o Islão a simplicidade da fé, e não o amontoado de leis que as hierarquias arrogantes do Cristianismo impõem ao povo.
terça-feira, maio 24, 2011
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 108
Raimundo Alicate matava um porco, um cabrito, um carneiro, galinhas e frangos, festa de muita comilança. Cavaquinhos, harmónicas e violas, valsas, xotes, polcas, mazurcas, foxes e sambas-de-roda, música e dança a noite inteira. O capitão puxava quadrilha, bom de baile não perdia vez; bom de bebida, bom de garfo e olho a buscar no meio da concorrência material a seu gosto; quando se decidia, Raimundo, interesseiro e adulador, se encarregava do acerto. Daquela festa nunca saíra o capitão de mãos abanando.
Tereza engomara o terno branco, a camisa azul. A roupa lavada e passada, disposta em cima da cama, na beira, sentado nu, o capitão. Tereza lava e enxuga-lhe os pés, depois sai para esvaziar a bacia, trémula de medo. Não era o medo habitual de maus-tratos e pancada; hoje teme que ele, como soía fazer, a mande deitar, abrir as pernas, e nela se espoje antes de se vestir para a festa. Hoje não, meu Deus! Desagradável, penosa obrigação. Tereza submissa a cumpre quase todos os dias, no receio do castigo. Mas hoje, não, meu Deus! Que ele não se lembre!
Caso o capitão ordene, terá de obedecer, não há como se opor. Não adianta sequer mentir, dizendo-se incomodada, em dia de paquete; Justiniano adora tê-la nas regras, se excita ao ver o sangue machucado do mênstruo dizendo ao derrubá-la: é a guerra! (outra expressão aprendida com Veneranda). Viva a guerra! Assim sucede desde que o sangue da vida irrompera pela primeira vez, tornando-a mulher capaz. É a guerra, sujeira e nojo, fazendo-se nesses dias mais penosa a obrigação. Mas hoje seria ainda mais terrível. Hoje, não, meu Deus do Céu!
Regressa ao quarto; ai, meu deus! o capitão mudou da cama para a cadeira as peças de roupa, estirado ao comprido, o tronco forte, o corpo cevado, à espera – apenas o colar de argolas sobre os peitos gordos. Tereza sabe qual a sua obrigação – se o capitão se deitou deve ela deitar-se também, sem aguardar ordens. Desobedecer é impossível. Morta de medo, do medo permanente de apanhar, ainda assim Tereza, como se não o visse, anda em busca de roupa.
- Onde diabo vai? Por que não deita?
Marcha para a cama com pés de chumbo, por dentro um engulho, pior do que nos dias do incómodo – mas não tem jeito a dar, retira a calçola com a mão lenta.
- Depressa. Vamos!
Sobe na cama, deita-se, a mão pesada toca-lhe na coxa, abrindo-lhe as pernas. Tereza se contrai, um bolo na garganta; sempre lhe foi custoso, nunca tanto assim, porém; hoje é por demais, é outro sofrimento, maior, dói o coração. Quando ele a cobre e cavalga, a resistência interior é tamanha a ponto de lhe trancar as portas do corpo por ele arrombadas na porrada há mais de dois anos.
- ‘tá ficando donzela de novo ou será que tu andou passando pedra-ume? Assim faz Veneranda com as furadas de pouca idade, lasca-lhes pedra-ume na quirica para enganar os trouxas.
Para o capitão foi quase tão bom como quanto cabaço novo. Tereza, tensa, dura. Não mais aquele corpo amorfo, largado, inerte; agora, reteso, difícil, resistente – finalmente participando, pensa satisfeito o capitão, sentindo-se mais uma vez vitorioso sobre a rebelde natureza da menina, macho igual a ele não há outro.
De tão excitado, na hora de gozo, tomou-lhe da boca. Boca amarga, de fel. (clik na imagem e aumente)
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 108
Raimundo Alicate matava um porco, um cabrito, um carneiro, galinhas e frangos, festa de muita comilança. Cavaquinhos, harmónicas e violas, valsas, xotes, polcas, mazurcas, foxes e sambas-de-roda, música e dança a noite inteira. O capitão puxava quadrilha, bom de baile não perdia vez; bom de bebida, bom de garfo e olho a buscar no meio da concorrência material a seu gosto; quando se decidia, Raimundo, interesseiro e adulador, se encarregava do acerto. Daquela festa nunca saíra o capitão de mãos abanando.
Tereza engomara o terno branco, a camisa azul. A roupa lavada e passada, disposta em cima da cama, na beira, sentado nu, o capitão. Tereza lava e enxuga-lhe os pés, depois sai para esvaziar a bacia, trémula de medo. Não era o medo habitual de maus-tratos e pancada; hoje teme que ele, como soía fazer, a mande deitar, abrir as pernas, e nela se espoje antes de se vestir para a festa. Hoje não, meu Deus! Desagradável, penosa obrigação. Tereza submissa a cumpre quase todos os dias, no receio do castigo. Mas hoje, não, meu Deus! Que ele não se lembre!
Caso o capitão ordene, terá de obedecer, não há como se opor. Não adianta sequer mentir, dizendo-se incomodada, em dia de paquete; Justiniano adora tê-la nas regras, se excita ao ver o sangue machucado do mênstruo dizendo ao derrubá-la: é a guerra! (outra expressão aprendida com Veneranda). Viva a guerra! Assim sucede desde que o sangue da vida irrompera pela primeira vez, tornando-a mulher capaz. É a guerra, sujeira e nojo, fazendo-se nesses dias mais penosa a obrigação. Mas hoje seria ainda mais terrível. Hoje, não, meu Deus do Céu!
Regressa ao quarto; ai, meu deus! o capitão mudou da cama para a cadeira as peças de roupa, estirado ao comprido, o tronco forte, o corpo cevado, à espera – apenas o colar de argolas sobre os peitos gordos. Tereza sabe qual a sua obrigação – se o capitão se deitou deve ela deitar-se também, sem aguardar ordens. Desobedecer é impossível. Morta de medo, do medo permanente de apanhar, ainda assim Tereza, como se não o visse, anda em busca de roupa.
- Onde diabo vai? Por que não deita?
Marcha para a cama com pés de chumbo, por dentro um engulho, pior do que nos dias do incómodo – mas não tem jeito a dar, retira a calçola com a mão lenta.
- Depressa. Vamos!
Sobe na cama, deita-se, a mão pesada toca-lhe na coxa, abrindo-lhe as pernas. Tereza se contrai, um bolo na garganta; sempre lhe foi custoso, nunca tanto assim, porém; hoje é por demais, é outro sofrimento, maior, dói o coração. Quando ele a cobre e cavalga, a resistência interior é tamanha a ponto de lhe trancar as portas do corpo por ele arrombadas na porrada há mais de dois anos.
- ‘tá ficando donzela de novo ou será que tu andou passando pedra-ume? Assim faz Veneranda com as furadas de pouca idade, lasca-lhes pedra-ume na quirica para enganar os trouxas.
Para o capitão foi quase tão bom como quanto cabaço novo. Tereza, tensa, dura. Não mais aquele corpo amorfo, largado, inerte; agora, reteso, difícil, resistente – finalmente participando, pensa satisfeito o capitão, sentindo-se mais uma vez vitorioso sobre a rebelde natureza da menina, macho igual a ele não há outro.
De tão excitado, na hora de gozo, tomou-lhe da boca. Boca amarga, de fel. (clik na imagem e aumente)
HISTÓRIAS DE HODJA
Roubaram o burro ao Hodja. Os seus vizinhos vão ajudá-lo. Um deles pergunta:
- Hodja, porque não substituis esta porta frágil por uma mais sólida?
Outro vizinho diz:
- Olha, tu esqueceste-te de fechar a porta.
Diz outro:
- O ladrão entrou em tua casa, roubou-te o burro e tu dormiste a noite toda?
- Hodja, como é que conseguiste dormir a noite toda sem acordar?
Em suma, toda a gente critica o Hodja e ele já não suporta mais.
- Então, meus vizinhos, diz ele. Sejam justos. Devo ser criticado por tudo?
- Hodja, porque não substituis esta porta frágil por uma mais sólida?
Outro vizinho diz:
- Olha, tu esqueceste-te de fechar a porta.
Diz outro:
- O ladrão entrou em tua casa, roubou-te o burro e tu dormiste a noite toda?
- Hodja, como é que conseguiste dormir a noite toda sem acordar?
Em suma, toda a gente critica o Hodja e ele já não suporta mais.
- Então, meus vizinhos, diz ele. Sejam justos. Devo ser criticado por tudo?
E o ladrão não fez nada de errado?
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVITA Nº 95 SOB O TEMA:
“QUE RELIGIÂO FUNDOU JESUS CRISTO?” (6)
Jesus Virou a Religião de “Pernas para o Ar”
No Congresso de Teologia na Semana da Andaluzia (Málaga, Novembro de 2006), o teólogo espanhol Juan Luís Herrero del Pozo, afirmou:
No Congresso de Teologia na Semana da Andaluzia (Málaga, Novembro de 2006), o teólogo espanhol Juan Luís Herrero del Pozo, afirmou:
- Para Jesus, o ícone definitivo de Deus é o próximo. Quando alguém aposta seriamente no próximo está aceitando a Deus, mesmo que ele negue tal conceito. Isto significa colocar a religião tradicional "de cabeça para baixo". Hoje, condenar-se-ia Jesus, como um laicista, relativista, reducionista, um modernista. Sem dúvida, Jesus de Nazaré foi o primeiro e decisivo grande dessacrilizador do cosmos e da história.
A Religião Matou Jesus
A Religião Matou Jesus
O teólogo católico francês Joseph Moingt, autor do livro O homem que vem de Deus (Cerf, 1993), afirma:
- A religião tende sempre a colocar-se no lugar de Deus para obrigar as pessoas a passar por ela para encontrar Deus. Muitas pessoas acreditam que Deus só é encontrado no culto ou em cerimónias religiosas. A religião passa então a ser as obrigações e tradições religiosas através das quais as pessoas acreditam estar a agradar a Deus e a ter acesso a ele.
Jesus rompeu com essa concepção da religião e não era o único que atacou a religião de seu povo. O escândalo que causou resultou da quebra, da ruptura dos pontos de apoio constituídos pelas pessoas religiosas em que acreditavam. A liberdade da sua palavra e da procura de Deus desestabilizava as instituições religiosas retirando-lhes a credibilidade e minava as práticas religiosas que eram muito seguras de si mesmas.
Ele mudou o curso das tradições religiosas estabelecidas e aceites. Por esse motivo, mataram-no. A religião matou Jesus. No julgamento e morte de Jesus eu vejo a saída de Deus da religião e a sua entrada no mundo dos humanos. Esta é a boa notícia: Deus sai do recinto do sagrado onde estava encerrado. Deus liberta-nos do peso da religião e do sagrado, com todos os terrores e todas as servidões que impunham aos homens.
Jesus rompeu com essa concepção da religião e não era o único que atacou a religião de seu povo. O escândalo que causou resultou da quebra, da ruptura dos pontos de apoio constituídos pelas pessoas religiosas em que acreditavam. A liberdade da sua palavra e da procura de Deus desestabilizava as instituições religiosas retirando-lhes a credibilidade e minava as práticas religiosas que eram muito seguras de si mesmas.
Ele mudou o curso das tradições religiosas estabelecidas e aceites. Por esse motivo, mataram-no. A religião matou Jesus. No julgamento e morte de Jesus eu vejo a saída de Deus da religião e a sua entrada no mundo dos humanos. Esta é a boa notícia: Deus sai do recinto do sagrado onde estava encerrado. Deus liberta-nos do peso da religião e do sagrado, com todos os terrores e todas as servidões que impunham aos homens.
segunda-feira, maio 23, 2011
NASREDDIN HODJA
Terá nascido no Séc. XIII numa pequena cidade chamada Aksehir, localizada no centro da Turquia. Numa outra versão diz-se que foi contemporâneo do grande Tamerlão quando este invadiu a Anatólia no Sec. XV, tendo nascido em Sivrihisar, cidade famosa pelo senso de humor da sua população.
Verdade, é que o Festival Internacional de Nasreddin Hodja tem lugar em Aksehir, todos os anos de 5 a 10 de Julho, com a presença de artistas turcos que usam a figura de Hodja em peças de teatro, músicas, filmes, desenhos animados e pinturas.
Hodja era um homem de grande inteligência, um filósofo, com um enorme sentido de humor e as suas histórias ouvidas pelas crianças ao longo das gerações fazem parte da cultura turca contribuindo para o desenvolvimento de uma mentalidade crítica entre o seu povo.
Era um grande observador do ser humano nos seus aspectos quotidianos e usava essa observação para satirizas as situações do dia-a-dia fazendo com que as pessoas dessem por isso.
Nasr-ed-Din significa “Vitória da Fé” e Hodja significa “Mestre” ou “Professor” título que lhe foi atribuído mais tarde.
As suas histórias e piadas pertencem ao povo turco e ao mundo na medida em que ultrapassaram as fronteiras. Como já contei, a minha avó materna, uma campeã de histórias contou-me algumas quando eu era menino que, afinal eram do Hodja.
Passarei a colocar aqui, no Memórias Futuras, diariamente, uma das suas histórias.
A utilidade destas histórias, pequenas, simples, aparentemente ingénuas, mas sábias são um contributo para a resolução de dilemas.
O Prof. Fuat Koprulu, importante historiador da literatura turca e ministro dos Negócios Estrangeiros, declarou que o presidente do EUA, Woodrow Wilson, de 1913 a 1921 gostava muito de uma história de Hodja e contava-a frequentemente com entusiasmo aos jornalistas.
No final da 1ª G.G., o Presidente Wilson apresentou os seus Catorze Pontos para o mundo que ficaram conhecidos como “Princípios de Wilson” que nunca foram cumpridos.
Sentindo-se desanimado, o presidente contava a seguinte história de Hodja:
- Numa noite de Verão, Hodja vai para o seu jardim, levanta a tampa do poço, olha lá para dentro e assusta-se ao ver a lua lá no fundo. Incomodado por a lua ter caído lá em baixo vai buscar uma corda na ponta da qual amarra um gancho de ferro e atira-a para o poço na esperança de voltar a colocar a lua no seu lugar. Começa a puxar a corda, faz força, mas o gancho fica preso. Ele faz mais força, o gancho solta-se e o Hodja cai para trás de costas – olha para o céu e vê que a lua está no sítio onde pertence e diz para si mesmo: “Bem, eu caí e magoei-me nas costas mas pelo menos tirei a lua do poço e coloquei-a novamente no lugar”.
Enquanto Hodja tentava repor a lua no céu, o presidente Wilson tinha apresentado vários princípios para salvar a paz mas o seu idealismo não estava em consonância com a realidade permanente, tal como a lua permanecia no seu lugar no céu. Portanto, nada foi salvo. A história de Hodja resolveu um problema relativamente à maneira de ser de Wilson.
Terá nascido no Séc. XIII numa pequena cidade chamada Aksehir, localizada no centro da Turquia. Numa outra versão diz-se que foi contemporâneo do grande Tamerlão quando este invadiu a Anatólia no Sec. XV, tendo nascido em Sivrihisar, cidade famosa pelo senso de humor da sua população.
Verdade, é que o Festival Internacional de Nasreddin Hodja tem lugar em Aksehir, todos os anos de 5 a 10 de Julho, com a presença de artistas turcos que usam a figura de Hodja em peças de teatro, músicas, filmes, desenhos animados e pinturas.
Hodja era um homem de grande inteligência, um filósofo, com um enorme sentido de humor e as suas histórias ouvidas pelas crianças ao longo das gerações fazem parte da cultura turca contribuindo para o desenvolvimento de uma mentalidade crítica entre o seu povo.
Era um grande observador do ser humano nos seus aspectos quotidianos e usava essa observação para satirizas as situações do dia-a-dia fazendo com que as pessoas dessem por isso.
Nasr-ed-Din significa “Vitória da Fé” e Hodja significa “Mestre” ou “Professor” título que lhe foi atribuído mais tarde.
As suas histórias e piadas pertencem ao povo turco e ao mundo na medida em que ultrapassaram as fronteiras. Como já contei, a minha avó materna, uma campeã de histórias contou-me algumas quando eu era menino que, afinal eram do Hodja.
Passarei a colocar aqui, no Memórias Futuras, diariamente, uma das suas histórias.
A utilidade destas histórias, pequenas, simples, aparentemente ingénuas, mas sábias são um contributo para a resolução de dilemas.
O Prof. Fuat Koprulu, importante historiador da literatura turca e ministro dos Negócios Estrangeiros, declarou que o presidente do EUA, Woodrow Wilson, de 1913 a 1921 gostava muito de uma história de Hodja e contava-a frequentemente com entusiasmo aos jornalistas.
No final da 1ª G.G., o Presidente Wilson apresentou os seus Catorze Pontos para o mundo que ficaram conhecidos como “Princípios de Wilson” que nunca foram cumpridos.
Sentindo-se desanimado, o presidente contava a seguinte história de Hodja:
- Numa noite de Verão, Hodja vai para o seu jardim, levanta a tampa do poço, olha lá para dentro e assusta-se ao ver a lua lá no fundo. Incomodado por a lua ter caído lá em baixo vai buscar uma corda na ponta da qual amarra um gancho de ferro e atira-a para o poço na esperança de voltar a colocar a lua no seu lugar. Começa a puxar a corda, faz força, mas o gancho fica preso. Ele faz mais força, o gancho solta-se e o Hodja cai para trás de costas – olha para o céu e vê que a lua está no sítio onde pertence e diz para si mesmo: “Bem, eu caí e magoei-me nas costas mas pelo menos tirei a lua do poço e coloquei-a novamente no lugar”.
Enquanto Hodja tentava repor a lua no céu, o presidente Wilson tinha apresentado vários princípios para salvar a paz mas o seu idealismo não estava em consonância com a realidade permanente, tal como a lua permanecia no seu lugar no céu. Portanto, nada foi salvo. A história de Hodja resolveu um problema relativamente à maneira de ser de Wilson.
A SAPIÊNCIA DO POVO
Um lisboeta vai ao consultório de um conhecido psicólogo e diz-lhe:
- Todas as vezes que estou na cama, acho que está alguém debaixo da cama. Nessa altura eu vou para baixo da cama para ver e acho que há alguém em cima da cama. Para baixo, para cima, para baixo, para cima. Estou a ficar maluco doutor!
- Deixe-me tratar de si durante dois anos - diz o psicólogo. Venha três
vezes por semana, e eu curo esse problema.
- E quanto é que eu vou pagar por cada sessão? - pergunta o lisboeta.
- 80 Euros por sessão - responde o psicólogo
- Bem, eu vou pensar - conclui o sujeito.
Passados seis meses, eles encontram-se na rua.
- Então porque não apareceu no meu consultório? - pergunta o psicólogo.
- 80 euros a consulta, três vezes por semana, dois anos = 12.480 euros. Ia
ficar-me muito caro. Além disso, falei com um alentejano na minha herdade que me curou por 20 euros.
- Ah é? Como? - Pergunta o psicólogo.
O sujeito responde:
- Por 20 euros ele cortou os pés da cama...
*Muitas vezes o problema é sério, mas a solução pode ser muito simples!
Pense numa solução, em vez de ficar focado no problema.
AMÁLIA RODRIGUES - O FADO DO ABANDONO
A letra é do poeta David Mourão Ferreira e a letra de Alain Ulman. Uma homenagem aos presos do Forte de Caxias durante a ditadura facista de Salazar. Durante alguns meses esta canção esteve proibida pela Censura.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 107
Dan a beijou nos olhos, logo na boca, a mão direita escorregando das costas para as ancas, a mão esquerda enfiada nos cabelos de Tereza. Quatro dias se haviam passado do primeiro beijo recebido do moço, mas Tereza ainda o tinha inteiro nos lábios por ocasião do segundo. A voz quente a lhe acender uma fogueira no peito:
- Amanhã é noite de São João – disse Daniel – e o capitão me contou que vai a uma festa que dura a noite toda, entra pelo dia…
- Eu sei, ele vai todo o ano, é no roçado de seu Mundinho Alicate.
- Amanhã esteja às nove da noite no portão dos fundos, às nove em ponto. Vai ser nossa festa de São João.
Novamente a boca e o beijo, Tereza tocou de leve, a medo, nos anéis dos cabelos de Dan, maciez de lã de barriguda. Amanhã nossa festa sem falta.
31
Nem sequer a Dóris, esposa legal, quanto mais a Tereza, simples moleca, costumava o capitão informar de seus passos, idas e vindas, pousadas nocturnas, projectos e decisões; não deu nunca a mulher alguma a ousadia de comunicar onde passaria a noite, se em casa com ela, se no serralho de Gabi bebendo cerveja, provando pensionista nova, se em localidade próxima preso aos múltiplos negócios ou a combate de galos – homem que se preza mantém a mulher no devido lugar.
De viagens mais longas, à Bahia ou a Aracaju, Tereza tomava conhecimento nas vésperas, a tempo de lhe arranjar a mala – camisas passadas na perfeição, ternos brancos brilhando no espermacete. Casualmente vinha a saber através de um pedaço de conversa entre o capitão e Chico Meia-Sola, de programada demora na roça para activar os trabalhos; de ida a Cristina para controlar a venda do negro Baptista, do negro só de nome, dinheiro e mercadorias de Justiniano; de noites inteiras aqui e ali, nos fandangos em casas conhecidas, em povoados e plantações, sendo ele bom dançador sempre disposto a um arrasta-pé e sendo tais dancinhas os melhores postos de recrutamento de verdes meninas, no ponto exacto do capitão. Noites de descanso para Tereza.
Da festa de São João, em casa de Raimundo Alicate, numa lavoura distante, em terras da usina. Tereza sabia, pois o capitão não falhava, presença principal e infalível todos os anos. Esse Mundinho Alicate, protegido dos Guedes, espoleta de Justiniano, era figura popular na região além de lavourar cana de açúcar, vendia cachaças, algumas ditas afrodisíacas, catuaba, pau-de-resposta, num galpão nos fundos da casa, recebia caboclos, à frente dos quais o caboclo Rompe Mato; por isso o conheciam também por Raimundo Rompe-Mato ou Mundinho de Obatualá, pois se dizia feito em santo angola na Bahia pelo falecido baba-lorixá Bernardino do Bate-Folha. Tudo isso e mais as raparigas que arrebanhava e fornecia ao capitão e a outras pessoas gradas (reservando para os Guedes da usina as mais atractivas, segundo voz corrente, à pensão de Gabi e a diversos covis da Guia Dágua.
Festeiro sem rival, atravessava o mês de Junho com forros em casa, no galpão dos caboclos, salvando Santo António, São João, São Pedro. Festa maior a de São João, com grande fogueira, montanhas de milho, rojões de fogueira, salvas de morteiro, estouro de bombas e a dança arretada. Vinha gente de toda a redondeza, a cavalo, em carro de boi, a pé, de caminhão e de Ford. (clik na imagem e aumente)
- Amanhã é noite de São João – disse Daniel – e o capitão me contou que vai a uma festa que dura a noite toda, entra pelo dia…
- Eu sei, ele vai todo o ano, é no roçado de seu Mundinho Alicate.
- Amanhã esteja às nove da noite no portão dos fundos, às nove em ponto. Vai ser nossa festa de São João.
Novamente a boca e o beijo, Tereza tocou de leve, a medo, nos anéis dos cabelos de Dan, maciez de lã de barriguda. Amanhã nossa festa sem falta.
31
Nem sequer a Dóris, esposa legal, quanto mais a Tereza, simples moleca, costumava o capitão informar de seus passos, idas e vindas, pousadas nocturnas, projectos e decisões; não deu nunca a mulher alguma a ousadia de comunicar onde passaria a noite, se em casa com ela, se no serralho de Gabi bebendo cerveja, provando pensionista nova, se em localidade próxima preso aos múltiplos negócios ou a combate de galos – homem que se preza mantém a mulher no devido lugar.
De viagens mais longas, à Bahia ou a Aracaju, Tereza tomava conhecimento nas vésperas, a tempo de lhe arranjar a mala – camisas passadas na perfeição, ternos brancos brilhando no espermacete. Casualmente vinha a saber através de um pedaço de conversa entre o capitão e Chico Meia-Sola, de programada demora na roça para activar os trabalhos; de ida a Cristina para controlar a venda do negro Baptista, do negro só de nome, dinheiro e mercadorias de Justiniano; de noites inteiras aqui e ali, nos fandangos em casas conhecidas, em povoados e plantações, sendo ele bom dançador sempre disposto a um arrasta-pé e sendo tais dancinhas os melhores postos de recrutamento de verdes meninas, no ponto exacto do capitão. Noites de descanso para Tereza.
Da festa de São João, em casa de Raimundo Alicate, numa lavoura distante, em terras da usina. Tereza sabia, pois o capitão não falhava, presença principal e infalível todos os anos. Esse Mundinho Alicate, protegido dos Guedes, espoleta de Justiniano, era figura popular na região além de lavourar cana de açúcar, vendia cachaças, algumas ditas afrodisíacas, catuaba, pau-de-resposta, num galpão nos fundos da casa, recebia caboclos, à frente dos quais o caboclo Rompe Mato; por isso o conheciam também por Raimundo Rompe-Mato ou Mundinho de Obatualá, pois se dizia feito em santo angola na Bahia pelo falecido baba-lorixá Bernardino do Bate-Folha. Tudo isso e mais as raparigas que arrebanhava e fornecia ao capitão e a outras pessoas gradas (reservando para os Guedes da usina as mais atractivas, segundo voz corrente, à pensão de Gabi e a diversos covis da Guia Dágua.
Festeiro sem rival, atravessava o mês de Junho com forros em casa, no galpão dos caboclos, salvando Santo António, São João, São Pedro. Festa maior a de São João, com grande fogueira, montanhas de milho, rojões de fogueira, salvas de morteiro, estouro de bombas e a dança arretada. Vinha gente de toda a redondeza, a cavalo, em carro de boi, a pé, de caminhão e de Ford. (clik na imagem e aumente)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTRVISTA Nº 95 SOB O TEMA:
“QUE RELIGIÂO FUNDOU JESUS?” (5)
A Religião é Como uma Corda
O teólogo alemão Eugen Drewermann usa outra metáfora:
- A maioria dos seres humanos agarra-se à religião como a pessoa que está prestes a afogar-se e se agarra à corda que lhe lançam. Agarra-se à corda com toda a sua força e esta deve ser suficientemente forte porque ela é a verdade. Se a corda se parte, abre-se um abismo por abaixo. Por essa razão, é a minha própria religião e não outra a que me importa, é a única, a verdadeira…
Tudo o que se prende com a vida e a segurança depende da corda, e tem que ser verdade. Mas às vezes, com a ajuda da corda as pessoas põem o pé em terra. Eles, então, eles devem ter calma e deixar ir a corda, porque agora eles têm a terra firme sob seus pés. Então, já tranquilos, abandonam a corda conscientes que, de facto, é a terra que lhes fornece a segurança. A verdadeira religião consiste precisamente em que é a mão de Deus que nos sustenta e não a corda a que nos agarramos.
A corda, a religião, é apenas uma ferramenta, um meio. A verdadeira religião é apenas um tipo de confiança a que não consigo encontrar palavras para definir.
O ateísmo tira a corda e diz às pessoas: "Quando é que vão parar de fingir que se estão a afogar? A Terra está sob seus pés, firme e segura, mas você continua agarrado ao seu trauma. Houve um momento em que você pensou que ia cair nas profundezas e afogar-se mas isso foi há muito tempo. Então, você era uma criança miserável e necessitava de segurança. A essa necessidade de segurança correspondeu a religião.
Buda expressou isso muito bem quando disse:
Buda expressou isso muito bem quando disse:
- “Minha religião, a minha palavra, é simplesmente um barco para atravessar o rio. Quando chegarem à outra margem, as pessoas não vão pensar em levar o barco consigo, à cabeça. Pelo contrário, deixá-lo-ão lá e seguirão livremente por si próprios”.
domingo, maio 22, 2011
HOJE É
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)
Retemperado da minha viagem à Turquia durante uma semana, aqui estou novamente sentado à mesa do meu Café nesta manhã de Domingo.
Parece que foi muito mais tempo do que apenas uma semana mas todos nós sabemos que, embora cada hora tenha rigorosamente sessenta minutos e cada dia vinte e quatro horas, a nossa mente faz uma gestão diferente das horas e dos dias consoante as circunstâncias, fazendo lembrar o tema de um programa cultural de televisão: O Tempo e o Modo. Sim, o modo de como vivemos o tempo.
Bem, esqueci-me completamente da crise do país e percebi que as minhas”dores” não ajudam nem desajudam à situação e por isso estou mais liberto de espírito.
Politicamente, vim encontrar um panorama em que parece estarmos no ponto zero pois os dois maiores partidos, a duas semanas das eleições, estão empatados: é forte a rejeição ao governo como não é forte a alternativa. Duas forças iguais e de sentido contrário anulam-se e nesta situação o eleitor atrasa a tomada de decisão mas, por outro lado, pode sentir-se estimulado ao voto pensando que ele pode ser decisivo.
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)
Retemperado da minha viagem à Turquia durante uma semana, aqui estou novamente sentado à mesa do meu Café nesta manhã de Domingo.
Parece que foi muito mais tempo do que apenas uma semana mas todos nós sabemos que, embora cada hora tenha rigorosamente sessenta minutos e cada dia vinte e quatro horas, a nossa mente faz uma gestão diferente das horas e dos dias consoante as circunstâncias, fazendo lembrar o tema de um programa cultural de televisão: O Tempo e o Modo. Sim, o modo de como vivemos o tempo.
Bem, esqueci-me completamente da crise do país e percebi que as minhas”dores” não ajudam nem desajudam à situação e por isso estou mais liberto de espírito.
Politicamente, vim encontrar um panorama em que parece estarmos no ponto zero pois os dois maiores partidos, a duas semanas das eleições, estão empatados: é forte a rejeição ao governo como não é forte a alternativa. Duas forças iguais e de sentido contrário anulam-se e nesta situação o eleitor atrasa a tomada de decisão mas, por outro lado, pode sentir-se estimulado ao voto pensando que ele pode ser decisivo.
O debate de ontem à noite parece ter ajudado Passos Coelho tornando-o mais credível mas durante as próximas duas semanas Sócrates e a máquina socialista vão repetir os seus argumentos de que o país não pode correr riscos em aventuras e radicalismos de políticos inexperientes que põem em causa o estado social, fundamentalmente o Sector da Saúde o qual, para uma população envelhecida e carente de cuidados médicos, é muito importante.
Aguardemos, que é aquilo que não podemos deixar de fazer… é que embora o programa de governo já esteja escrito e negociado com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o FMI, a sua execução não vai ser fácil e dela depende o nosso futuro próximo.
Regressando á Turquia que deixei há dois dias e que já tinha visitado em 2009, deixem-me dizer-lhes que quem não a conhece é capaz de imaginar um país muito diferente daquele que realmente é. Com quase 800.000 Km2 não se pode falar dele como um todo pois as diferenças entre as várias regiões que a compõem são muito grandes como acontece com o Brasil ou os E.U.A.
Com uma população de 75 milhões de habitantes, 27,5% são jovens, 50% têm até 45 anos e a idade média é de 27,5 anos. Esta é uma das grandes riquezas do país: a sua juventude. Istambul, por exemplo, que nos anos 60/70 tinha 1.500.000 habitantes tem hoje 16 milhões.
Aguardemos, que é aquilo que não podemos deixar de fazer… é que embora o programa de governo já esteja escrito e negociado com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o FMI, a sua execução não vai ser fácil e dela depende o nosso futuro próximo.
Regressando á Turquia que deixei há dois dias e que já tinha visitado em 2009, deixem-me dizer-lhes que quem não a conhece é capaz de imaginar um país muito diferente daquele que realmente é. Com quase 800.000 Km2 não se pode falar dele como um todo pois as diferenças entre as várias regiões que a compõem são muito grandes como acontece com o Brasil ou os E.U.A.
Com uma população de 75 milhões de habitantes, 27,5% são jovens, 50% têm até 45 anos e a idade média é de 27,5 anos. Esta é uma das grandes riquezas do país: a sua juventude. Istambul, por exemplo, que nos anos 60/70 tinha 1.500.000 habitantes tem hoje 16 milhões.
A mim foi-me dado conhecer a região Sul/Oeste, banhada pelo Mediterrâneo, mais turística, mais desenvolvida, historicamente mais influenciada pela presença de Gregos (com os quais os turcos têm afinidades) e Romanos. As primeiras comunidades cristãs viveram na região da Capadócia onde se encontram as primeiras capelas do Séc. VI embora hoje a principal e dominante religião seja a Islamita.
Na primeira visita em 2009, fui à região da Capadócia, ao centro, a Norte de Antalya, notável pelas características formações geológicas, com as suas planícies lunares onde se elevam formações rochosas longilíneas que se assemelham a cogumelos ou, como lhes chamam, “chaminés-de-fada”e, acima de tudo, por notáveis cidades subterrâneas com cerca de 150 Km de extensão, capazes de albergar e esconder até 20.000 pessoas e começadas a construir há mais de 3 mil anos.
Entrei dentro de uma delas e a sensação é de que estava na presença da maior obra de engenharia da antiguidade só possível pela qualidade das rochas sedimentares resultantes da acumulação e compressão das cinzas de três vulcões há cinco milhões de anos e, naturalmente, pelo admirável engenho dos homens que ao longo dos séculos as foram talhando.
Bem, por agora, não vos maço mais. Numa próxima ocasião falar-vos-ei de dois homens, duas figuras incontornáveis na Turquia: Ataturk, (Mustafá Kemal Ataturk), fundador da República da Turquia, considerado o “pai dos turcos”, falecido relativamente novo, de cirrose, com 50 anos de idade, em 1938, às 9 horas e 5 minutos de 10 de Novembro. Todos os turcos, durante esse minuto, param o que estão a fazer e celebram efusivamente o seu Presidente.
O outro é Nasredin Hodja, filósofo que viveu no Século XIII na região central da Turquia e que com as suas histórias bem humoradas, aparentemente simples e ingénuas mas muito inteligentes e sábias, atravessou todas as gerações de turcos até hoje influenciando positivamente as mentalidades e ultrapassou fronteiras. Algumas delas foram-me contadas pela minha avó materna quando era menino sem saber que afinal… eram do sábio Hodja. Contá-las-ei aqui no Memórias Futuras.
Um Bom Domingo para todos.
Na primeira visita em 2009, fui à região da Capadócia, ao centro, a Norte de Antalya, notável pelas características formações geológicas, com as suas planícies lunares onde se elevam formações rochosas longilíneas que se assemelham a cogumelos ou, como lhes chamam, “chaminés-de-fada”e, acima de tudo, por notáveis cidades subterrâneas com cerca de 150 Km de extensão, capazes de albergar e esconder até 20.000 pessoas e começadas a construir há mais de 3 mil anos.
Entrei dentro de uma delas e a sensação é de que estava na presença da maior obra de engenharia da antiguidade só possível pela qualidade das rochas sedimentares resultantes da acumulação e compressão das cinzas de três vulcões há cinco milhões de anos e, naturalmente, pelo admirável engenho dos homens que ao longo dos séculos as foram talhando.
Bem, por agora, não vos maço mais. Numa próxima ocasião falar-vos-ei de dois homens, duas figuras incontornáveis na Turquia: Ataturk, (Mustafá Kemal Ataturk), fundador da República da Turquia, considerado o “pai dos turcos”, falecido relativamente novo, de cirrose, com 50 anos de idade, em 1938, às 9 horas e 5 minutos de 10 de Novembro. Todos os turcos, durante esse minuto, param o que estão a fazer e celebram efusivamente o seu Presidente.
O outro é Nasredin Hodja, filósofo que viveu no Século XIII na região central da Turquia e que com as suas histórias bem humoradas, aparentemente simples e ingénuas mas muito inteligentes e sábias, atravessou todas as gerações de turcos até hoje influenciando positivamente as mentalidades e ultrapassou fronteiras. Algumas delas foram-me contadas pela minha avó materna quando era menino sem saber que afinal… eram do sábio Hodja. Contá-las-ei aqui no Memórias Futuras.
Um Bom Domingo para todos.
(Na imagem o Convento de São Francisco fundado em 1242 por D. Sancho II para instalação dos franciscanos.É um dos melhores exemplares do Gótico em Portugal)