Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, maio 18, 2013
Este, o título do Manifesto Ateísta de Sam Harris, escritor e filósofo americano, que adverte os possíveis interessados na sua leitura que ele é um espaço para ateus, agnósticos e simpatizantes e todos aqueles que não sendo nada disto se arriscam, ao lê-lo, a plantarem dentro de si “a semente da dúvida”.
Sam Harris discute contra a fé irracional e os seus partidários:
“Em um qualquer lugar do mundo um homem sequestra uma menina, a estupra, tortura e mata. Se uma atrocidade deste género não estiver a acontecer neste momento ela irá acontecer dentro de horas ou dias no máximo.
Esta afirmação resulta da confiança que temos nas leis estatísticas que governam as vidas de mais de 6 biliões de seres humanos, as mesmas estatísticas que também sugerem que os pais desta menina acreditam que, neste momento, um Deus Todo-Poderoso e Todo -Amoroso está assistindo a eles e à sua família.
Terão eles razão em acreditar nisto? Será bom acreditarem nisto?
Não.
A totalidade do ateísmo está contida nesta resposta porque ele não é uma filosofia, nem mesmo uma visão do mundo, tão-somente uma recusa, negar o óbvio e isso é um trabalho ingrato, um trabalho que o ateu não quer.
Vale a pena notar que ninguém precisa de se identificar como um não-astrólogo ou um não-alquimista e por isso nós não temos nomes para designar as pessoas que negam a evidência destas pseudo disciplinas e por esta razão o ateísmo é uma palavra que nem devia existir.
O ateísmo não passa de “barulhos” que as pessoas razoáveis fazem quando na presença de dogmas religiosos.
O ateu é apenas uma pessoa que acredita que os 260 milhões de americanos (87% da população) que reivindicam nunca duvidar da existência de Deus deviam ser obrigados a apresentar evidências não só da sua existência como igualmente da sua benevolência perante a inexorável destruição de seres humanos inocentes que, no dia a dia, testemunhamos por todo o mundo.
No entanto, parece que só ateu é que se apercebe desta situação:
-A maioria de nós acredita num Deus que é tão poderoso quanto os deuses do Monte Olimpo;
-Nenhuma pessoa, sejam quais forem as suas qualificações, pode assumir a um cargo público nos EUA sem fingir que tem a certeza que tal Deus existe;
-Muito do que passa para a vida política daquele país está conforme com tabus religiosos e superstições, como uma teocracia medieval.
Nós vivemos num mundo onde todas as coisas, as boas e as más, são destruídas pela mudança: os filhos perdem os pais, estes os filhos, os maridos separam-se das esposas para nunca mais as encontrarem. Os amigos separam-se sem saberem que é a última vez que se vêem.
Esta vida, quando inspeccionada com um olhar amplo, apresenta pouco mais que um espectáculo de perda e, no entanto, a maioria de nós pensa que há um remédio para isto.
Se não vivermos de acordo com a ética mas dentro de um edifício de convicções religiosas, antigas e estereotipadas, poderemos adquirir o que quisermos depois de morrermos.
Quando, finalmente, os nossos corpos fracassam, derramamos o nosso lastro corpóreo e viajamos para uma terra onde estaremos reunidos com tudo aquilo que amámos enquanto vivos com a vantagem de que, nesse mundo, as pessoas racionais e as “populaças” serão mantidos fora desse lugar feliz e aqueles que acreditaram nisso enquanto vivos, desfrutarão dele por toda a eternidade.
Consideremos a destruição provocada pelo furacão Katrina em Nova Orleans. Mais de mil pessoas morreram, dezenas de milhar ficaram sem as suas casas e os seus bens e quase um milhão de pessoas foram deslocadas.
É seguro dizer que quase todas as pessoas que moravam em Nova Orleans, no momento em que o Katrina passou acreditavam num Deus omnipotente, omnisciente e compassivo.
Mas o que estava Ele fazendo quando o furacão destruiu a cidade deles? Seguramente, Ele ouviu as orações dos homens e mulheres anciãos que fugiram para os sótãos enquanto as águas subiam para depois, aí, muitos deles serem submersos.
Essas, eram pessoas de fé, homens e mulheres que tinham rezado ao longo de todas as suas vidas.
No entanto, só o ateu tem coragem para admitir o óbvio: “essas pessoas pobres morreram enquanto falavam com um amigo imaginário”.
Claro que tinha havido uma ampla advertência efectuada pelos Serviços Meteorológicos com a ajuda das imagens de satélite, foram eles que arrancaram essa informação à natureza porque Deus, mais uma vez, não contou a ninguém acerca dos seus planos e se os residentes tivessem contado, exclusivamente, com a benevolência de Deus, jamais saberiam que um furacão assassino os estava abordando até receberem na cara as primeiras rajadas.
No entanto, num inquérito levado a efeito pelo Washington Post, 80% dos entrevistados, sobreviventes do Katrina, declararam que aquele desastre apenas lhes tinha reforçado a fé em Deus…
Enquanto isto acontecia em Nova Orleans quase mil peregrinos Xiitas morriam espezinhados numa ponte no Iraque.
Não há qualquer dúvida que todos estes peregrinos acreditam poderosamente no Deus do Alcorão: as suas vidas são organizadas à volta da sua existência, as suas mulheres caminhavam cobertas e os seus homens assassinam-se uns aos outros regularmente por causa de interpretações diferentes da palavra desse Deus.
Seria notável se um único sobrevivente desta catástrofe perdesse a fé nele. O mais provável é que os sobreviventes acreditem que foram poupados graças a Deus.
Só o ateu reconhece o narcisismo ilimitado.
Só a ateu percebe como é moralmente censurável para os sobreviventes de uma catástrofe, considerarem-se poupados por um Deus amoroso enquanto, esse mesmo Deus, submergiu crianças nos berços.
Porque recusa encarar a realidade do mundo, sofre, farto da fantasia da vida eterna, o ateu sente nos ossos como a vida é preciosa e, realmente, como é triste que milhões de seres humanos sofram as abreviações mais horríveis da felicidade por nenhuma razão.
Uma pessoa pode pensar que uma catástrofe teria que fazer tremer a fé no mundo. O holocausto não fez isso, o genocídio no Ruanda também não, a morte, no século XX, de 20 milhões de pessoas por varíola, também não.
Realmente, os desígnios de Deus são ininterpretáveis e, qualquer facto, não importa quão infeliz, é compatível com a fé religiosa.
Claro que, as pessoas de fé, asseguram, regularmente, umas às outras, que Deus não é responsável pelo sofrimento humano mas, sendo assim, como podemos nós entender a reivindicação de que Deus é omnipotente e omnisciente?
Não há nenhum modo de entender esta incompatibilidade e está na hora de isso ser confessado.
Se Deus existe, ou ele não pode fazer nada para parar as calamidades ou então pode mas não se preocupa e, sendo assim, ou é impotente ou é mau.
Neste ponto, as pessoas piedosas dirão, simplesmente, que Deus não pode ser julgado por padrões meramente humanos de moralidade mas são exactamente esses padrões que servem para estabelecer a bondade de Deus em primeiro lugar.
E um Deus que se interessa por algo tão trivial como matrimónios ou o nome pelo qual é chamado em oração, não só é inescrutável como igualmente, se o Deus de Abraão existe, é desmerecedor da criação do mundo e do próprio homem.
Há outra possibilidade que é mais razoável e menos odiosa: O Deus bíblico é uma ficção.
Como observou Richard Dawkins nós somos todos ateus no que respeita a Zeus ou a Thor e só o ateu percebeu que o Deus bíblico não é em nada diferente daqueles.
Por conseguinte, só o ateu é suficientemente compadecido para ver a profundidade do sofrimento do mundo.
É terrível que percamos aquilo que amamos; é duplamente terrível que tantos seres humanos sofram desnecessariamente enquanto vivos.
O facto de tanto deste sofrimento poder ser atribuído directamente à religião – guerras religiosas, ódios religiosos, ilusões religiosas – é o que faz do ateísmo uma necessidade moral e intelectual.
Porém, mesmo apesar de ser uma necessidade, o ateu é colocado às margens da sociedade.
O ateu, só por estar em contacto com a realidade, parece vergonhosamente fora de sintonia da vida de fantasia dos seus semelhantes.
Sam Harris discute contra a fé irracional e os seus partidários:
“Em um qualquer lugar do mundo um homem sequestra uma menina, a estupra, tortura e mata. Se uma atrocidade deste género não estiver a acontecer neste momento ela irá acontecer dentro de horas ou dias no máximo.
Esta afirmação resulta da confiança que temos nas leis estatísticas que governam as vidas de mais de 6 biliões de seres humanos, as mesmas estatísticas que também sugerem que os pais desta menina acreditam que, neste momento, um Deus Todo-Poderoso e Todo -Amoroso está assistindo a eles e à sua família.
Terão eles razão em acreditar nisto? Será bom acreditarem nisto?
Não.
A totalidade do ateísmo está contida nesta resposta porque ele não é uma filosofia, nem mesmo uma visão do mundo, tão-somente uma recusa, negar o óbvio e isso é um trabalho ingrato, um trabalho que o ateu não quer.
Vale a pena notar que ninguém precisa de se identificar como um não-astrólogo ou um não-alquimista e por isso nós não temos nomes para designar as pessoas que negam a evidência destas pseudo disciplinas e por esta razão o ateísmo é uma palavra que nem devia existir.
O ateísmo não passa de “barulhos” que as pessoas razoáveis fazem quando na presença de dogmas religiosos.
O ateu é apenas uma pessoa que acredita que os 260 milhões de americanos (87% da população) que reivindicam nunca duvidar da existência de Deus deviam ser obrigados a apresentar evidências não só da sua existência como igualmente da sua benevolência perante a inexorável destruição de seres humanos inocentes que, no dia a dia, testemunhamos por todo o mundo.
No entanto, parece que só ateu é que se apercebe desta situação:
-A maioria de nós acredita num Deus que é tão poderoso quanto os deuses do Monte Olimpo;
-Nenhuma pessoa, sejam quais forem as suas qualificações, pode assumir a um cargo público nos EUA sem fingir que tem a certeza que tal Deus existe;
-Muito do que passa para a vida política daquele país está conforme com tabus religiosos e superstições, como uma teocracia medieval.
Nós vivemos num mundo onde todas as coisas, as boas e as más, são destruídas pela mudança: os filhos perdem os pais, estes os filhos, os maridos separam-se das esposas para nunca mais as encontrarem. Os amigos separam-se sem saberem que é a última vez que se vêem.
Esta vida, quando inspeccionada com um olhar amplo, apresenta pouco mais que um espectáculo de perda e, no entanto, a maioria de nós pensa que há um remédio para isto.
Se não vivermos de acordo com a ética mas dentro de um edifício de convicções religiosas, antigas e estereotipadas, poderemos adquirir o que quisermos depois de morrermos.
Quando, finalmente, os nossos corpos fracassam, derramamos o nosso lastro corpóreo e viajamos para uma terra onde estaremos reunidos com tudo aquilo que amámos enquanto vivos com a vantagem de que, nesse mundo, as pessoas racionais e as “populaças” serão mantidos fora desse lugar feliz e aqueles que acreditaram nisso enquanto vivos, desfrutarão dele por toda a eternidade.
Consideremos a destruição provocada pelo furacão Katrina em Nova Orleans. Mais de mil pessoas morreram, dezenas de milhar ficaram sem as suas casas e os seus bens e quase um milhão de pessoas foram deslocadas.
É seguro dizer que quase todas as pessoas que moravam em Nova Orleans, no momento em que o Katrina passou acreditavam num Deus omnipotente, omnisciente e compassivo.
Mas o que estava Ele fazendo quando o furacão destruiu a cidade deles? Seguramente, Ele ouviu as orações dos homens e mulheres anciãos que fugiram para os sótãos enquanto as águas subiam para depois, aí, muitos deles serem submersos.
Essas, eram pessoas de fé, homens e mulheres que tinham rezado ao longo de todas as suas vidas.
No entanto, só o ateu tem coragem para admitir o óbvio: “essas pessoas pobres morreram enquanto falavam com um amigo imaginário”.
Claro que tinha havido uma ampla advertência efectuada pelos Serviços Meteorológicos com a ajuda das imagens de satélite, foram eles que arrancaram essa informação à natureza porque Deus, mais uma vez, não contou a ninguém acerca dos seus planos e se os residentes tivessem contado, exclusivamente, com a benevolência de Deus, jamais saberiam que um furacão assassino os estava abordando até receberem na cara as primeiras rajadas.
No entanto, num inquérito levado a efeito pelo Washington Post, 80% dos entrevistados, sobreviventes do Katrina, declararam que aquele desastre apenas lhes tinha reforçado a fé em Deus…
Enquanto isto acontecia em Nova Orleans quase mil peregrinos Xiitas morriam espezinhados numa ponte no Iraque.
Não há qualquer dúvida que todos estes peregrinos acreditam poderosamente no Deus do Alcorão: as suas vidas são organizadas à volta da sua existência, as suas mulheres caminhavam cobertas e os seus homens assassinam-se uns aos outros regularmente por causa de interpretações diferentes da palavra desse Deus.
Seria notável se um único sobrevivente desta catástrofe perdesse a fé nele. O mais provável é que os sobreviventes acreditem que foram poupados graças a Deus.
Só o ateu reconhece o narcisismo ilimitado.
Só a ateu percebe como é moralmente censurável para os sobreviventes de uma catástrofe, considerarem-se poupados por um Deus amoroso enquanto, esse mesmo Deus, submergiu crianças nos berços.
Porque recusa encarar a realidade do mundo, sofre, farto da fantasia da vida eterna, o ateu sente nos ossos como a vida é preciosa e, realmente, como é triste que milhões de seres humanos sofram as abreviações mais horríveis da felicidade por nenhuma razão.
Uma pessoa pode pensar que uma catástrofe teria que fazer tremer a fé no mundo. O holocausto não fez isso, o genocídio no Ruanda também não, a morte, no século XX, de 20 milhões de pessoas por varíola, também não.
Realmente, os desígnios de Deus são ininterpretáveis e, qualquer facto, não importa quão infeliz, é compatível com a fé religiosa.
Claro que, as pessoas de fé, asseguram, regularmente, umas às outras, que Deus não é responsável pelo sofrimento humano mas, sendo assim, como podemos nós entender a reivindicação de que Deus é omnipotente e omnisciente?
Não há nenhum modo de entender esta incompatibilidade e está na hora de isso ser confessado.
Se Deus existe, ou ele não pode fazer nada para parar as calamidades ou então pode mas não se preocupa e, sendo assim, ou é impotente ou é mau.
Neste ponto, as pessoas piedosas dirão, simplesmente, que Deus não pode ser julgado por padrões meramente humanos de moralidade mas são exactamente esses padrões que servem para estabelecer a bondade de Deus em primeiro lugar.
E um Deus que se interessa por algo tão trivial como matrimónios ou o nome pelo qual é chamado em oração, não só é inescrutável como igualmente, se o Deus de Abraão existe, é desmerecedor da criação do mundo e do próprio homem.
Há outra possibilidade que é mais razoável e menos odiosa: O Deus bíblico é uma ficção.
Como observou Richard Dawkins nós somos todos ateus no que respeita a Zeus ou a Thor e só o ateu percebeu que o Deus bíblico não é em nada diferente daqueles.
Por conseguinte, só o ateu é suficientemente compadecido para ver a profundidade do sofrimento do mundo.
É terrível que percamos aquilo que amamos; é duplamente terrível que tantos seres humanos sofram desnecessariamente enquanto vivos.
O facto de tanto deste sofrimento poder ser atribuído directamente à religião – guerras religiosas, ódios religiosos, ilusões religiosas – é o que faz do ateísmo uma necessidade moral e intelectual.
Porém, mesmo apesar de ser uma necessidade, o ateu é colocado às margens da sociedade.
O ateu, só por estar em contacto com a realidade, parece vergonhosamente fora de sintonia da vida de fantasia dos seus semelhantes.
- Por favor, não tenhamos medo de raciocinar!
JUBIABÁ
Episódio Nº 19
António Balduíno tentou virar lobisomem. Fez mal criação à velha Luísa, levou duas boas surras, deixou crescer as unhas e não cortava mais a carapinha.
Nas noites de lua cheia ia
para o fundo da casa e ficava de quatro, andando assim de um lado para o outro.
E não virava. Ia-se desiludindo, já andava aborrecido com as pilhérias dos
garotos que todos os dias perguntavam quando é que ele virava lobisomem, quando
pensou que não era bastante mau para virar bicho.
Resolveu então fazer uma
maldade muito grande. Passou vários dias matutando o que faria, quando, uma
tarde, viu Joana, uma pretinha mimada, brincando com as bonecas.
Tinha muitas, que seu
Eleutério trazia, feitas de pano, “bruxas” pretas e brancas, às quais dava
nomes de conhecidos. Fazia vestidos para elas e passava o dia brincando na
porta de casa. Realizava baptizados e casamentos daqueles bonecos todos, e eram
dias de festa para a garotada do morro.
Ainda se lembrava da festa
que Joana dera quando baptizara a Iracema, uma boneca de porcelana, que seu
padrinho lhe oferecera no dia de seu aniversário. António Balduíno foi-se
aproximando com o plano já formado. E chegou com a voz amiga e doce:
- O que é isto, Joana?
- Minha boneca está
namorando…
- É bonita… Quem é o namorado?...
O namorado era um
polichinelo de pernas bambas.
- Você quer ser o padre?
António Balduíno queria
era pegar no polichinelo. Mas Joana disse que não e fez um biqui nho de choro.
- Não pegue que eu conto a mamãe… Vá embora…
António Balduíno adoçou
mais a voz, sorriu, baixou os olhos.
- Deixe, Joana. Deixe eu pegar nele…
- Não que você quer quebrar. E segurou o
boneco contra o peito.
António Balduíno se
assustou como um ladrão pegado em flagrante.
Como ela teria adivinhado?
Sentiu medo e qui s recuar. Mas Joana
fazia novamente o biqui nho de choro,
as lágrimas estavam a saltar dos olhos e ele não resistiu.
Ficou como cego, como
alucinado, atirou-se em cima dos bonecos e rebentou quantos pôde.
Joana ficou ali parada,
chorando sem gritos. As lágrimas pingavam, escorriam pelo rosto, se metiam na
boca. António Balduíno ficou espiando, também parado, mas achando Joana bonita
com os olhos chorando.
De repente a pretinha
olhou as bonecas rebentadas e se largou num choro alto, cheio de gritos.
António Balduíno, que
antes estava com pena e achava ela bonita, ficou com raiva. Ficou encostado
gozando o choro. Podia ter fugido e talvez se escondesse a tempo de evitar a
surra, porque a velha Luísa, quando a raiva passava, achava graça e não batia mais.
Porém ficou encostado
gozando na sua raiva aquele choro sincero. Só saíu dali arrastado. Apanhou
desde a porta de Joana até à cozinha de casa. Nesse dia nem pretendeu furtar o
corpo às chicotadas.
sexta-feira, maio 17, 2013
TAXAR OS RICOS
Esta pequena história animada foi feita a pensar nos americanos e o Presidente Obama perde esta luta porque o Congresso é maioritariamente Conservador e quem lá manda são exactamente os ricos... Logo, mesmo que os Democratas ganhem as eleições, em termos de impostos e de uma sociedade mais justa, as coisas não se alteram muito... o dinheiro continua a mandar e ponto final.
NICO FIDENCO - A CASA DE IRENE
Desculpem, mas quando quero recordar Nico Fidenco "caio" sempre na Casa de Irene.
Ellis Rivkin estudioso judeu insiste em que temos de reformular a pergunta de "Quem matou Jesus?" para a pergunta "O que o matou?".
Ele argumenta que Jesus não foi crucificado por suas crenças e ensinamentos religiosos, mas por causa das potenciais consequências dos seus ensinamentos.
Não foi o povo judeu nem o romano que crucificaram Jesus. Foi o sistema de poder que vitimou judeus e romanos. Era um sistema que vitimava todos os homens que não tinham poder e, ainda mais, a todas as mulheres.
O slogan "O Reino de Deus está perto" tinha um conteúdo político-religioso e social. Dizer que o Reino de Deus chegou, proclamar o Reino de Deus, era a mesma coisa que dizer :"Outro mundo é possível".
É o que se chama ir à raiz do problema...
O Padre e a Pecadora
- Padre, perdoa-me porque pequei (voz feminina)
- Diga-me filha - quais são os teus pecados?
- Padre, o demónio da tentação se apoderou de mim, pobre pecadora.
- Como é isso filha?
- É que quando falo com um homem, tenho sensações no corpo que não saberia descrever...
- Filha, apesar de padre, eu também sou um homem...
- Sim, padre, por isso vim confessar-me contigo.
- Bem filha, como são essas sensações?
- Não sei bem como explicá-las - neste momento meu corpo se recusa a ficar de joelhos e necessito ficar mais a vontade.
- Sério??
- Sim, desejo relaxar - o melhor seria deitar-me...
- Filha, deitada como?
- De costas para o piso, até que passe a tensão...
- E que mais?
- É como um sofrimento que não encontro palavras.
- Continue minha filha.
- Talvez um pouco de calor me alivie...
- Calor?
- Calor padre, calor humano, que leve alívio ao meu padecer...
- E com que frequência é essa tentação?
- Permanente padre. Por exemplo, neste momento imagino que suas mãos massajando a minha pele me dariam muito alívio...
- Filha?!
- Sim padre, me perdoa, mas sinto necessidade de que alguém forte me estreite em seus braços e me dê o alívio de que necessito...
- Por exemplo, eu?
- Sim padre, você é a categoria de homem que imagino poder me aliviar.
- Perdoa-me minha filha, mas preciso saber tua idade...
- Setenta e quatro, padre.
- Minha Filha, vai em paz ......... o teu problema é reumatismo...
- Padre, perdoa-me porque pequei (voz feminina)
- Diga-me filha - quais são os teus pecados?
- Padre, o demónio da tentação se apoderou de mim, pobre pecadora.
- Como é isso filha?
- É que quando falo com um homem, tenho sensações no corpo que não saberia descrever...
- Filha, apesar de padre, eu também sou um homem...
- Sim, padre, por isso vim confessar-me contigo.
- Bem filha, como são essas sensações?
- Não sei bem como explicá-las - neste momento meu corpo se recusa a ficar de joelhos e necessito ficar mais a vontade.
- Sério??
- Sim, desejo relaxar - o melhor seria deitar-me...
- Filha, deitada como?
- De costas para o piso, até que passe a tensão...
- E que mais?
- É como um sofrimento que não encontro palavras.
- Continue minha filha.
- Talvez um pouco de calor me alivie...
- Calor?
- Calor padre, calor humano, que leve alívio ao meu padecer...
- E com que frequência é essa tentação?
- Permanente padre. Por exemplo, neste momento imagino que suas mãos massajando a minha pele me dariam muito alívio...
- Filha?!
- Sim padre, me perdoa, mas sinto necessidade de que alguém forte me estreite em seus braços e me dê o alívio de que necessito...
- Por exemplo, eu?
- Sim padre, você é a categoria de homem que imagino poder me aliviar.
- Perdoa-me minha filha, mas preciso saber tua idade...
- Setenta e quatro, padre.
- Minha Filha, vai em paz ......... o teu problema é reumatismo...
JUBIABÁ
Episódio Nº 18
- Você é uma besta, um mofino…
- Por que você não vira?
- Pois vou virar, pronto. Como é?
Havia um menino que sabia
como era e contou:
- Você deixe crescer as unhas, o cabelo, não
se lave mais, toda a noite vai ver a lua. Faça mal criação para sua tia. Quando
for ver a lua fique de quatro pés…
- Quando você tiver de
quatro pés me chame que eu meto…
- Eu meto é o braço em você. Sua mãe está em
casa porque não mete nela?
O outro menino se
levantou. António Balduíno foi dizendo:
- Não gostou dê sei jeito…
- Pois dou mesmo – e largou a mão na cara do
negrinho.
Rolaram pelo chão. A
garotada torcia. O menino era mais forte do que António Balduíno, porém este
era o melhor aluno de Zé Camarão e derrubou logo o outro.
E só pararam de brigar
quando seu Lourenço pulou do balcão e desapartou:
- Parece que não tem pai…
O garoto foi para um canto
e António Balduíno, com a roupa rasgada, perguntou ao que sabia como era que se
virava lobisomem:
- É preciso mesmo andar de quatro pés?
- É sim, para se acostumar…
- E depois?
- Depois vai virando… Vai
ficando cheio de cabelos, começa a dar pinotes como cavalo, a cavar a terra com
as unhas. Chega um dia está lobisomem. Sai correndo pelo morro assombrando
gente…
António Balduíno se virou
para o menino que tinha brigado com ele.
- Quando eu virar lobisomem o primeiro que eu
pego é você…
Foi saindo. Mas do meio do
caminho voltou para perguntar:
- E para desvirar como é?
- Ah! Isso não sei não…
De tarde o menino que tinha
brigado com ele se chegou e disse:
- Olhe, Baldo, você devia começar era pegando
o Joaqui m que disse que você era
fundo no futebol.
- Ele disse mesmo?
- Juro.
- Por Deus?
- Por Deus.
- Então ele me paga.
O outro deu um bocado de
cigarro a António Balduíno e fizeram as
pazes.
quinta-feira, maio 16, 2013
IMAGEM
Apresento-vos a Dª Orangotango e o seu bebé. Tivemos um antepassado comum há cerca de 15 milhões de anos pelo que somo primos já afastados, mas as nossas mães carregam-nos no ventre os mesmo 9 meses que ela. Agora, durante 8 anos, vai preparar o seu filho para a vida, que na floresta poderá chegar aos 40 anos, ensinando-lhe tudo o que ele precisa e é muito. Não estejam em cuidados que ele não cai... aqueles longos pêlos do corpo da mãe são as melhores agarras que ele podia encontrar e às quais se prende com mãos e pés.
ELIS REGINA - ATRÀS DA PORTA
Ouvir Elis Regina é entrar num mundo de drama e sofrimento... a alma que se expressa através da voz.
Feministas...
QUANDO É QUE UM
HOMEM MOSTRA QUE TEM PLANOS PARA O FUTURO?
- Quando compra 2 caixas de cerveja .
QUAL A DIFERENÇA ENTRE UM HOMEM E UMA MANGA VERDE?
- A manga amadurece .
PORQUE É QUE AS PIADAS SOBRE LOIRAS SÃO TÃO CURTAS?
PORQUE É QUE AS PIADAS SOBRE LOIRAS SÃO TÃO CURTAS?
- Para que os homens se consigam
lembrar delas .
QUANTOS HOMENS SÃO NECESSÁRIOS PARA TROCAR UM ROLO DE PAPEL HIGIÉ NICO?
QUANTOS HOMENS SÃO NECESSÁRIOS PARA TROCAR UM ROLO DE PAPEL HIGIÉ NICO?
- Não sabemos, nunca aconteceu
antes!!!
POR QUE MULHERES CASADAS SÃO MAIS GORDAS DO QUE AS SOLTEIRAS?
POR QUE MULHERES CASADAS SÃO MAIS GORDAS DO QUE AS SOLTEIRAS?
- A solteira chega em casa, vê o que
tem no frigorífico e vai para a cama, a casada vê o que tem na cama e vai para
o frigorífico.
POR QUE É TÃO DIFÍCIL ACHAR HOMENS BONITOS, SENSÍVEIS·E CARINHOSO?
POR QUE É TÃO DIFÍCIL ACHAR HOMENS BONITOS, SENSÍVEIS·E CARINHOSO?
- Porque normalmente eles já têm
namorados .
COMO SE CHAMA UMA MULHER QUE SABE ONDE ESTÁ O SEU MARIDO TODAS AS NOITES?
COMO SE CHAMA UMA MULHER QUE SABE ONDE ESTÁ O SEU MARIDO TODAS AS NOITES?
- Viúva.
COMO CONSEGUIR QUE UM HOMEM FAÇA ABDOMINAIS?
COMO CONSEGUIR QUE UM HOMEM FAÇA ABDOMINAIS?
- Colocando o controle remoto entre os dedos do pé.
O QUE EXISTE
- Todos são casados.
O HOMEM PERGUNTOU A DEUS: PORQUE FEZ A MULHER TÃO BONITA?
O HOMEM PERGUNTOU A DEUS: PORQUE FEZ A MULHER TÃO BONITA?
- Deus: para que pudesses amá-la.
Homem: MAS PORQUE A FEZ TÃO ' BURRA?'
- Deus: para que ela te pudesse amar
.
O QUE DISSE DEUS DEPOIS DE CRIAR O HOMEM?
O QUE DISSE DEUS DEPOIS DE CRIAR O HOMEM?
- Tenho que ser capaz de fazer coisa
melhor.
O QUE DISSE DEUS DEPOIS DE CRIAR A MULHER?
O QUE DISSE DEUS DEPOIS DE CRIAR A MULHER?
- A prática traz a perfeição.
UMA HISTÓRIA
PARA REFLECTIR
PARA REFLECTIR
Um agricultor coleccionava cavalos e só lhe faltava uma
determinada raça.
Um dia ele descobriu que o seu
vizinho tinha esse determinado cavalo e atazanou-o até conseguir comprá-lo.
Um mês depois o cavalo adoeceu e ele
chamou o veterinário:
- Bem, o seu cavalo está com uma
virose; é preciso tomar este medicamento durante 3 dias, no terceiro dia eu
regressarei e, caso ele não esteja melhor, será necessário sacrificá-lo.
Ali perto, o porco escutava a
conversa toda...
No dia seguinte deram o medicamento
ao cavalo e foram-se embora. O porco aproximou-se
do cavalo e disse:
- Força, amigo! Levanta-te daí, senão
serás sacrificado!!!
No segundo dia, deram-lhe o
medicamento e foram-se embora. O porco aproximou-se do cavalo e disse:
- Vamos lá amigo, levanta-te senão
vais morrer! Vamos lá, eu ajudo-te a
levantar... Upa! Um, dois, três!
No terceiro dia deram-lhe o
medicamento e o veterinário disse:
- Infelizmente, vamos ter que
sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.
- Quando se foram embora, o porco
aproximou-se do cavalo e disse:
- É agora ou nunca, levanta-te
depressa! Coragem! Upa! Upa! Isso, devagar! Óptimo, vamos, um, dois, três,
agora mais depressa, vá... Fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa!!! Tu
venceste, Campeão!!!
Então, de repente o dono chegou, viu
o cavalo a correr no campo e gritou:
- Milagre!!! O cavalo melhorou! Isto
merece uma festa... para comemorar, vamos matar o porco!!!
Episódio Nº 17
E continuava a tirar
linhas invisíveis. Mas se lhe perguntavam alguma coisa sobre quem teria sido
aquele espírito, Augusta nada dizia. Ficava olhando ao longe, o seu sorriso
triste E as mulheres diziam:
- Augusta é pancada que sofreu muito… Vida
triste a dela…
- Mas o que foi que ela
teve?
- Cala a boca… Cada qual sabe da sua vida…
Foi Augusta das Rendas
quem primeiro viu o lobisomem que apareceu no morro. Era por uma noite sem lua,
quando a escuridão dominava nos becos enlameados do morro e só raros fifós
brilhavam nas casas.
Noite assombrada, noite
para ladrões e assassinos. Augusta vinha pela ladeira quando ouviu no mato um
ronco de estremecer. Olhou e viu os olhos de fogo do lobisomem.
Até nem acreditava muito
em histórias de lobisomens e mulas e mulas de padre. Mas daquela vez, ela tinha
visto com os seus olhos. Largou o cesto onde levava as rendas e disparou numa
carreira até a casa de Luísa.
Contou a novidade com
grandes gestos de espanto, a voz ainda engasgada, os olhos desta vez
esbugalhados, as pernas tremendo da carreira.
- Beba um gole de água –
ofereceu Luísa.
- É bom para passar o susto… – agradecido.
António Balduíno ouviu e
tratou de espalhar a notícia.
Dentro em pouco todo o
morro sabia que tinha aparecido um lobisomem e na noite seguinte mais três
pessoas viram o monstro: uma cozinheira que voltava do trabalho, Ricardo
tamanqueiro e Zé Camarão que jogara o punhal no bicho que deu uma grande
gargalhada e se meteu nos matos.
E nas noites que se seguiram
os demais moradores do morro foram vendo a assombração que ria e fugia. E o
medo tomou conta do morro, fechavam-se cedo as portas, as pessoas não saíam à
noite.
Zé Camarão propôs que
fizessem uma batida para pegar o bicho, porém poucas pessoas tiveram coragem.
Só mesmo o negrinho António Balduíno exultou com a proposta e escolheu pedras pontiagudas
para o seu bodoque.
As notícias do lobisomem
continuavam. Luísa viu a sua sombra num dia em que voltava mais tarde. Pedro
levara uma carreira do bicho.
O morro vivia inqui eto e só falava naqui lo.
Até um homem do jornal apareceu e tirou fotografias. De tarde saiu a notícia
dizendo que não tinha lobisomem nenhum, que era invenção do pessoal do morro do
capa Negro.
Seu Lourenço da venda
comprou o jornal mas ninguém acreditou no que ele dizia porque tinham visto o
lobisomem e lobisomem foi coisa que sempre existiu. Os meninos comentavam o
caso no intervalo das carreiras:
- Mamãe me disse que é menino ruim que vira
lobisomem… menino que faz maldade.
- É sim. Cresce as unhas e depois vira
lobisomem numa noite de lua grande.
António Balduíno se
entusiasmou:
- Vamos virar lobisomem?
quarta-feira, maio 15, 2013
ADORINAN BARBOSA - O TREM DAS ONZE
Esta preocupação "da mãe que não dorme sem ele chegar" diz bem como os tempos eram diferentes... delicioso!
PILOTOS
- E quando o pessoal, um dia, não gritar, estamos f*didos... ??? .... !!!
Conclusão: - OUVIR OS CLIENTES É FUNDAMENTAL!!!
No aeroporto, o pessoal estava na sala de espera a aguardarem pela chamada para embarcar. Nisto aparece o co-piloto, todo fardado, de óculos escuros e de bengala, a tactear o caminho.
A hospedeira da companhia encaminha-o até ao avião e assim que volta, explica que, apesar dele ser cego, é o melhor co-piloto da companhia.
Alguns minutos depois, chega outro funcionário também fardado, de óculos escuros, de bengala branca e amparado por duas hospedeiras.
Uma das hospedeiras, mais uma vez, informa que apesar dele ser cego é o melhor piloto da empresa e, tanto ele como o co-piloto, fazem a melhor dupla da companhia.
Todos os passageiros embarcam no avião preocupados com os pilotos.
O comandante avisa que o avião vai levantar voo e começa a acelerar pela pista, cada vez com mais velocidade. Todos os passageiros olham-se, a suarem, com muito medo da situação. O avião vai aumentando a velocidade e nada de levantar voo. A pista está quase a acabar e nada do avião sair do chão. Todos começam a ficar cada vez mais preocupados. O avião a acelerar e a pista a terminar. O desespero toma conta de todos.
Começa uma gritaria histérica no avião.
Nesse exacto momento o avião descola, erguendo-se no céu a subir suavemente.O piloto vira-se para o co-piloto e diz:
A hospedeira da companhia encaminha-o até ao avião e assim que volta, explica que, apesar dele ser cego, é o melhor co-piloto da companhia.
Alguns minutos depois, chega outro funcionário também fardado, de óculos escuros, de bengala branca e amparado por duas hospedeiras.
Uma das hospedeiras, mais uma vez, informa que apesar dele ser cego é o melhor piloto da empresa e, tanto ele como o co-piloto, fazem a melhor dupla da companhia.
Todos os passageiros embarcam no avião preocupados com os pilotos.
O comandante avisa que o avião vai levantar voo e começa a acelerar pela pista, cada vez com mais velocidade. Todos os passageiros olham-se, a suarem, com muito medo da situação. O avião vai aumentando a velocidade e nada de levantar voo. A pista está quase a acabar e nada do avião sair do chão. Todos começam a ficar cada vez mais preocupados. O avião a acelerar e a pista a terminar. O desespero toma conta de todos.
Começa uma gritaria histérica no avião.
Nesse exacto momento o avião descola, erguendo-se no céu a subir suavemente.O piloto vira-se para o co-piloto e diz:
- E quando o pessoal, um dia, não gritar, estamos f*didos... ??? .... !!!
Conclusão: - OUVIR OS CLIENTES É FUNDAMENTAL!!!
Episódio Nº 16
Foi no morro do Capa Negro
que resolveu lutar. Tudo o que fez, depois, foi devido às histórias que ouviu
nas noites de lua na porta da casa de sua tia.
Aquelas histórias, aquelas
cantigas tinham sido feitas para mostrar aos homens o exemplo dos que se
revoltaram. Mas os homens não compreendiam ou já estavam muito escravizados.
Porém alguns ouviam e
entendiam. António Balduíno foi destes que entenderam.
Havia uma mulher chamada
Augusta das Rendas, que vivia no morro e morava pegada à casa de Luísa.
Chamavam-na das Rendas, porque ela passava o dia fazendo rendas que vendia, aos
sábados, na cidade.
Quando pensavam que ela
estava olhando para uma determinada coisa, ela estava era com os olhos perdidos
no céu, numa coisa invisível.
Era das assíduas na
macumba de Jubiabá e se bem não fosse negra gozava ante o pai de santo de um
grande prestígio. Dava tostões a António Balduíno, tostões que ele gastava
comprando queimadas, ou fazendo vaca para comprar de cigarro vagabundo, de sociedade
com Zebedeu.
Inventavam histórias sobre
a vida de Augusta, pois ela aparecera um dia no morro sem dizer de onde vinha
nem para onde ia.
Ficou, ninguém sabia nada da sua vida. Mas,
como ela tinha aquele olhar perdido e um sorriso triste imaginavam coisas sobre
ela, histórias de infelicidades amorosas, de aventuras tristes. Ela mesmo
quando lhe perguntavam algo sobre a sua vida, dizia somente:
- Minha vida é um romance… É só escrever…
Quando estava vendendo
rendas (e ainda contava os metros por um processo muito rudimentar: juntando a
renda e a mão direita por debaixo do queixo) não raro se atrapalhava:
- Um… dois… três… – parava zangada e agitada –
vinte o quê… Quem foi que disse vinte? Eu ainda estou em três…
Olhava para a freguesa e
explicava:
- Ele me atrapalha que a senhora não imagina…
Eu estou contando direito e ele começa contando ao meu ouvido depressa que faz
medo. Quando eu ainda estou em três já ele está em vinte… Eu não posso com ele.
E fazia súplicas:
- Vá embora que eu quero vender minhas rendas
direito… vá embora…
- Mas quem é ele, sinhá Augusta?
- Quem é, tá aí… Quem pode ser? É esse malvado
que vive me acompanhando. Nem depois de morto deixa de me perseguir.
Outras vezes o espírito
resolvia se divertir e então enlinhavava as pernas de Augusta. Ela parava no
meio da rua e com uma paciência imensa começava a tirar as linhas que ele tinha
passado nas suas pernas.
- O que é que está fazendo, sinhá Augusta? –
perguntavam
- Não está vendo? Estou tirando as linhas que
aquele desgraçado pôs nas minhas pernas para eu não poder andar e não vender as
minhas rendas… Ele quer que eu morra de fome…
terça-feira, maio 14, 2013
Uma galinha põe um ovo de meio qui lo. Jornais, televisão, repórteres.... todos
atrás da galinha.
Como conseguiu esta façanha, Srª
Galinha?
- Segredo de família...
- E os planos para o futuro?
- Segredo de família...
- E os planos para o futuro?
- Pôr um ovo de um
Então as atenções voltam-se para o
galo-
- Segredo de família...
- E os planos para o futuro?
- Partir os cornos ao Peru!!!
NA AMÉRICA LATINA
Nem Sempre Foi
Assim…
- O historiador dos E.U.A, John Boswell, que
dirigiu o Departamento de História da Universidade de Yale, escreveu em 1994 o
livro “As Bodas dos Semelhantes”. Depois de uma investigação de 12 anos,
encontrou documentos da igreja Cristã dos séculos VI a XIII que contêm a
liturgia com a qual se celebravam as uniões eróticas entre os homens.
Boswell procurou nas grandes
bibliotecas da Europa, incluindo a do Vaticano, e encontrou dezenas de
manuscritos originais, com orações, gestos, salmos e cerimonial que se praticavam
nas bênçãos do amor homossexual celebradas nas igrejas e oficiadas por
sacerdotes.
Só a partir do Concílio de Letrão,
1215, é que se estabeleceu que a relação heterossexual era a única legítima e é
a partir do século XIV que na Europa se começa a desenvolver a obsessão
homofóbica considerando a homossexualidade o mais degradante dos pecados.
Boswell observou páginas arrancadas
ou mutiladas posteriormente com o objectivo de esconder o que até então era
visto com naturalidade e se celebrava com apoio religioso.
Acto Contra-Natura – “contra-natura” mas muito presente na
natureza. O Museu de História Natural de Oslo abriu em 2006 uma surpreendente
Exposição sobre Homossexualidade entre animais. Com fotos e filmes foram
mostrados esses comportamentos e o zoólogo Meter Bockman, um dos organizadores
da exposição, explicou que os cientistas observaram comportamentos homossexuais
em 1.500 espécies de animais entre as quais, girafas, baleias, macacos, cães,
gatos, polvos, flamingos, etc… o que permite concluir que a homossexualidade é
uma realidade natural e frequente.
Estes comportamentos verificam-se nos
animais em liberdade, no seu ambiente, assinalando-se que há casais gays de
aves e mamíferos que duram juntas uma vida inteira. Em algumas colónias de pinguins
a frequência de casais gays é de um em dez, semelhante ao que se observa entre
humanos. No caso dos chimpanzés bonobos toda a espécie é bissexual e entre os
peixes encontramos transsexuais e travestis.
Em conclusão, Bockman afirma que a
ideia de que o sexo serve apenas para a reprodução não está certa nem sequer
entre os animais, para os quais a relação sexual, tal como para os humanos, é
mais um assunto de prazer e inter-acção do que de reprodução.
Com esta exposição os seus
organizadores pretenderam rebater cientificamente todos os argumentos e juízos
homofóbicos que qualificam o comportamento homossexual como uma perversão
“contra-natura” contra a Natureza.
Episódio Nº 15
- O que foi que ele fez? – a assistência
não se continha mais. Só Zé Camarão sorria como se conhecesse uma história
ainda mais impressionante que a do homem de Ilhéus.
- De noite, Zé Estique veio… saltou do cavalo
e em vez de encontrar a mulher encontrou mas foi o gringo atrás de um pau com
um machado desta idade. Abriu a cabeça do negro meio a meio. Uma morte
desgraçada…
Uma mulher disse:
- Merecida… Bem feito…
Outra se benzeu
amedrontada. E o homem de Ilhéus se demorou contando histórias e mais histórias
de mortes e tiros da sua terra heróica. E quando ele foi embora, curado,
António Balduíno sentiu a tristeza de quem se separa de uma namorada.
É que nas conversas das
noites de lua no Morro do Capa Negro, o moleque António Balduíno ouvia e
aprendia. E antes de ter dez anos ele jurou a si mesmo que um dia havia de ser
cantado num A B C e as suas aventuras seriam relatadas e ouvidas com admiração
por outros homens, em outros morros.
A vida do morro do Capa
Negro era difícil e dura. Aqueles homens todos trabalhavam muito, alguns no
cais, carregando e descarregando navios, ou conduzindo malas de viajantes,
outros em fábricas distantes e em ofícios pobres: sapateiro, alfaiate,
barbeiro.
Negras vendiam arroz doce,
mungunzá, sarapatel, acarajá, nas ruas tortuosas da cidade, negras lavavam
roupa, negras eram cozinheiras em casas ricas de bairros chiques. Muitos dos
garotos trabalhavam também.
Eram engraxates, levavam
recados, vendiam jornais. Alguns iam para casas bonitas e eram crias de
famílias de dinheiro. Os mais se estendiam pelas ladeiras do morro em brigas,
brincadeiras. Esses eram os mais novinhos. Já sabiam do seu destino desde cedo:
cresceriam e iriam para o cais, onde ficavam curvos sob o peso dos sacos cheios
de cacau, ou ganhariam a vida nas fábricas enormes.
E não se revoltavam porque
desde há muitos anos vinha sendo assim: os meninos das ruas bonitas e
arborizadas iam ser médicos, advogados, engenheiros, comerciantes, homens
ricos. E eles iriam ser criados destes homens.
Para isto é que existia o
morro e os moradores dos morros. Coisa que o negrinho António Balduíno aprendeu
desde cedo no exemplo diário dos maiores. Como nas casas ricas tinha a tradição
do tio, pai ou avô, engenheiro célebre, discursador de sucesso, político sagaz,
no morro onde morava tanto negro, tanto mulato, havia a tradição da escravidão
ao senhor branco e rico.
E essa era a única
tradição. Porque a da liberdade nas florestas de África já a haviam esquecido e
raros a recordavam e esses raros eram exterminados ou perseguidos.
No morro só Jubiabá a
conservava, mas isto António Balduíno ainda não sabia. Raros eram os homens
livres do morro: Jubiabá, Zé Camarão. Mas ambos eram perseguidos: um por ser
macumbeiro, outro por malandragem.
António Balduíno aprendeu
muito nas histórias heróicas que contavam ao povo do morro e esqueceu a
tradição de servir.
Resolveu ser do número dos
livres, dos que depois teriam A B C e modinhas e serviriam de exemplo aos
homens negros, brancos e mulatos, que se escravizavam sem remédio.