Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, agosto 31, 2013
IDADE... ...
Com o passar dos dias sempre iguais
Perdi a noção do tempo.
esqueci o ano, o mês, o dia em que nasci
até ao dia em que te vi…
Estavas imóvel, serena e absorta á espera do elevador.
finalmente encantado.
Senti dentro de mim uma enorme ebulição,
estava apaixonado!
Apercebi-me, então, que acabara de fazer dezoito anos de idade.
Lamento, meu amor, não o poder comprovar com a apresentação do Bilhete de Identidade.
Mas se olhares para dentro dos meus olhos, com atenção,
verás dezoito estrelinhas, cada uma brilhando para ti.
E se visitares o meu jardim, encontrarás á tua espera
dezoito lindos botões de rosa que aguardam o conforto do teu olhar,
Perdi a noção do tempo.
Não sei que idade tenho,
esqueci o ano, o mês, o dia em que nasci
até ao dia em que te vi…
Estavas imóvel, serena e absorta á espera do elevador.
Olhei para ti, primeiro, normalmente, depois com atenção,
finalmente encantado.
Senti dentro de mim uma enorme ebulição,
estava apaixonado!
Apercebi-me, então, que acabara de fazer dezoito anos de idade.
Lamento, meu amor, não o poder comprovar com a apresentação do Bilhete de Identidade.
Mas se olhares para dentro dos meus olhos, com atenção,
verás dezoito estrelinhas, cada uma brilhando para ti.
E se visitares o meu jardim, encontrarás á tua espera
dezoito lindos botões de rosa que aguardam o conforto do teu olhar,
a carícia dos teus dedos e o roçar dos teus lábios.
É falso dizer que o amor não tem idade.
Aquele de nós, que alguma vez se apaixonou, em qualquer momento da sua vida, fez nesse dia, precisamente, dezoito anos de idade…
DARWINISTA
Neste campo pode dizer-se que o homem, ao longo da história, utilizou inteligentemente a capacidade de algumas plantas para combater micróbios e insectos invasores.
De acordo com a teoria evolucionista da culinária, a que alguns também chamam de “gastronomia darwinista” – é bem possível que os portugueses tenham tido um papel importante no aumento da longevidade de muitas populações, através do comércio das especiarias trazidas de países longínquos onde chegaram na época dos descobrimentos, no Sec. XVI (a primeira circum-navegação à terra data de 1520 e foi possível com as novas técnicas de navegação adoptadas no século XV).
E sabe-se que, entre essas especiarias, a pimenta era a “rainha” sendo paga, literalmente, a peso de ouro em balanças nas quais se punha ouro num dos pratos e pimenta no outro.
Quando os Godos cercaram Roma, em 408 D.C., pediram um resgate de 5.000 libras de ouro e 3.000 de pimenta.
Na nossa prática culinária ficaram-nos hábitos transmitidos desses tempos. Lembremo-nos, por exemplo:
- Do arroz doce polvilhado com canela, a qual tem uma acção anti microbiana;
- Da açorda de marisco com muitos alhos e coentros, bem picadinhos, que têm uma acção análoga;
- Dos camarões cozidos com muito piripiri ou caril;
- Dos orégãos espalhados sobre as pizas;
- Da carne temperada em vinha de alhos para se tornar mais tenra, sem esquecer que a presença do alho impede que a carne seja um meio para o desenvolvimento de micro-organismos.
O alho é um dos condimentos mais utilizados nos países mediterrâneos sendo um potente agente microbiano de reconhecidos efeitos terapêuticos. É muito natural que aquelas famílias que tradicionalmente mais utilizavam o alho na confecção dos seus pratos apresentassem uma menor incidência de doenças infecciosas.
Por isso, podemos imaginar que a existência de alguns de nós ter-se-á ficado a dever ao alho pela protecção que ao longo de muitas gerações proporcionou aos nossos antepassados.
As plantas, contrariamente aos animais, não dispõem de sistema imunitário. A sua protecção contra micro-organismos invasores reside nas fortes paredes celulares que contêm celulose e lenhina, no seu carácter ácido (baixo ph) e em certos compostos que sintetizam e que têm uma acção anti – microbiana constituindo uma defesa.
O caril é uma mistura de várias especiarias: cominhos, coentros, gengibre, pimenta preta, cártamo, cravinho, etc.
O chili é também uma mistura, mas de pó de pimentas, paprica (obtido de pimentão doce depois de seco e moído), alho, cominhos e orégãos.
O próprio sal, sendo um mineral, também se pode chamar de especiaria.
Para além do papel anti-microbiano, os condimentos têm, igualmente, uma acção anti-oxidante sobre os alimentos retardando a oxidação dos lípidos e proteínas, uma das causas da sua deterioração, tanto a nível nutricional como organolítico.
Mas como “não há bela sem senão” nem tudo são benefícios na utilização das ervas aromáticas e das especiarias que se consomem secas.
As ervas aromáticas devem ser muito bem lavadas em água corrente porque elas próprias podem ser portadoras de agentes patogénicos presentes na água da rega ou do solo.
As especiarias consomem-se secas e devem ser guardadas em frascos bem fechados para não perderem os aromas voláteis, para além de que hidratam favorecendo o crescimento de micróbios que podem conter.
De acordo com a teoria evolucionista da culinária, a que alguns também chamam de “gastronomia darwinista” – é bem possível que os portugueses tenham tido um papel importante no aumento da longevidade de muitas populações, através do comércio das especiarias trazidas de países longínquos onde chegaram na época dos descobrimentos, no Sec. XVI (a primeira circum-navegação à terra data de 1520 e foi possível com as novas técnicas de navegação adoptadas no século XV).
E sabe-se que, entre essas especiarias, a pimenta era a “rainha” sendo paga, literalmente, a peso de ouro em balanças nas quais se punha ouro num dos pratos e pimenta no outro.
Quando os Godos cercaram Roma, em 408 D.C., pediram um resgate de 5.000 libras de ouro e 3.000 de pimenta.
Na nossa prática culinária ficaram-nos hábitos transmitidos desses tempos. Lembremo-nos, por exemplo:
- Do arroz doce polvilhado com canela, a qual tem uma acção anti microbiana;
- Da açorda de marisco com muitos alhos e coentros, bem picadinhos, que têm uma acção análoga;
- Dos camarões cozidos com muito piripiri ou caril;
- Dos orégãos espalhados sobre as pizas;
- Da carne temperada em vinha de alhos para se tornar mais tenra, sem esquecer que a presença do alho impede que a carne seja um meio para o desenvolvimento de micro-organismos.
O alho é um dos condimentos mais utilizados nos países mediterrâneos sendo um potente agente microbiano de reconhecidos efeitos terapêuticos. É muito natural que aquelas famílias que tradicionalmente mais utilizavam o alho na confecção dos seus pratos apresentassem uma menor incidência de doenças infecciosas.
Por isso, podemos imaginar que a existência de alguns de nós ter-se-á ficado a dever ao alho pela protecção que ao longo de muitas gerações proporcionou aos nossos antepassados.
As plantas, contrariamente aos animais, não dispõem de sistema imunitário. A sua protecção contra micro-organismos invasores reside nas fortes paredes celulares que contêm celulose e lenhina, no seu carácter ácido (baixo ph) e em certos compostos que sintetizam e que têm uma acção anti – microbiana constituindo uma defesa.
O caril é uma mistura de várias especiarias: cominhos, coentros, gengibre, pimenta preta, cártamo, cravinho, etc.
O chili é também uma mistura, mas de pó de pimentas, paprica (obtido de pimentão doce depois de seco e moído), alho, cominhos e orégãos.
O próprio sal, sendo um mineral, também se pode chamar de especiaria.
Para além do papel anti-microbiano, os condimentos têm, igualmente, uma acção anti-oxidante sobre os alimentos retardando a oxidação dos lípidos e proteínas, uma das causas da sua deterioração, tanto a nível nutricional como organolítico.
Mas como “não há bela sem senão” nem tudo são benefícios na utilização das ervas aromáticas e das especiarias que se consomem secas.
As ervas aromáticas devem ser muito bem lavadas em água corrente porque elas próprias podem ser portadoras de agentes patogénicos presentes na água da rega ou do solo.
As especiarias consomem-se secas e devem ser guardadas em frascos bem fechados para não perderem os aromas voláteis, para além de que hidratam favorecendo o crescimento de micróbios que podem conter.
PAUL SHERMAN - Prof. de Biologia da Universidade de Cornel
Episódio Nº 99
Uma vela estava colocada perto da cabeça da defunta e
despenhava a sua luz baça sobre o rosto parado, ainda torcido numa expressão de
sofrimento. E aqueles olhos parados pareciam olhar fixamente os homens e as
mulheres, que agora estavam todos nos bancos e cochichavam.
Uma garrafa de cachaça passou de mão em mão. Bebiam pelo
gargalo em grandes tragos. Dois homens saíram para fumar lá fora.
Zèqui nha
chegou e passou a mão na cabeça de Arminda. Então começaram as orações puxadas
pelo Gordo:
«Senhor, tomai essa alma»
Os presentes respondiam em coro:
«Orai por ela»
António Balduíno levantou os olhos e espiou Arminda. Ela
chorava do outro lado da sala. Mas o rosto inchado da defunta impede que ele a
veja direito.
Também o negro Filomeno olha para a órfã. António
Balduíno bem vê que os olhos do negro estão pousados nos seios de Arminda que
sobem e descem com os soluços que lhe sacodem o colo. E António Balduíno teve
raiva. Murmura para o vizinho.
- O miserável
do negro nem respeita os mortos…
Mas ele também olha os seios que se movimentam debaixo
do vestido. De repente, o negro Filomeno desvia o olhar e espia as pessoas que
estão na sala. Ele está com medo, todos estão vendo.
De que será que o negro Filomeno tem medo, pensa António
Balduíno? E olha quase risonho o decote do vestido de Arminda.
A luz do fifó bate em cima do começo dos seios. E quer
entrar…
Sim, a luz do fifó quer entrar pelos seios de Arminda
como uma mão. Lá está ela tentando… António Balduíno segue a cena com os olhos
brilhantes.
Afinal parece que a luz conseguiu entrar pelo decote. Naturalmente
agora está amassando os seios que sobem e descem. António Balduíno sorri e
quase murmura:
- Conseguiu, a
peste…
Mas agora ele também retira o olhar e está tremendo. Pois
não é que a morta fixou nele os olhos parados com uma expressão de ódio?
António Balduíno olha o chão, espia as mãos grossas,
mas sente que o olhar raivoso da defunta o acompanha. Pensa:
- Por que o
diabo desta velha não toma tento com o peste do Filomeno que quer comer a filha
dela?
Se recorda que ele também tem más intenções e foge do
olhar da velha. Olha para o Gordo cuja boca se abre e se fecha cantando as
rezas dos defuntos.
Quer ver se
pensa numa mosca entrando na boca do Gordo. Mas a morta está olhando para ele e
Filomeno está espiando os seios de Arminda.
sexta-feira, agosto 30, 2013
As primeiras explicações são as que ficam na cabeça das criancinhas... e o trabalho que dá depois...
INFLUÊNCIA
DO
MEIO SOCIAL
MEIO SOCIAL
Dois homens discutem por causa de um
jogo de bilhar ou porque um insulta a namorada de outro e a animosidade vai
subindo até chegar ao assassínio, muitas vezes à vista de quem está perto.
A este tipo de homicídio os
criminologistas costumam chamar de “altercação trivial” mas, será?
Para mim foi fácil casar e ter filhos.
Tudo o que tive de fazer foi ir para a Universidade e depois garantir um bom
emprego.
Eu gostaria de atribuir o meu
comportamento de pessoa civilizada ao meu excelente carácter mas, acima de
tudo, tenho de estar grato ao extracto social a que pertenço.
No meu caso não me envolveria em luta
que me pudesse levar a um homicídio que erradamente seria chamado de
“altercação trivial” porque teria muito a perder e pouco a ganhar.
Naquela luta o que estava
verdadeiramente em causa era a competição entre indivíduos de sexo masculino
pelo “estatuto” que pode ser tudo menos trivial.
Tenho cinquenta e seis anos, ultrapassei
a idade média em que morre o homem das zonas deprimidas da cidade de Chicago e
ainda estou de boa saúde.
Eu sou como os homens dos bairros
sociais de Chicago mais favorecidos com muito menor probabilidade de cometerem
homicídios em lutas de “altercação trivial” porque a sua frequência está
relacionada com o meio social a que se pertence.
A cidade de Chicago está dividida em
setenta e sete bairros para os quais as taxas de homicídio e outros dados
estatísticos vitais estão compilados separadamente.
Estes bairros variam imenso quanto a
qualidade de vida, incluindo a própria duração média de vida de tal forma que a
esperança de vida dos bebés nascidos nos melhores bairros é vinte anos superior
à dos nascidos nos piores (cinquenta e tal anos para setenta e tal anos).
Estas mesmas diferenças verificam-se em
geral entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.
Nos bairros com menor esperança de vida,
as mulheres têm tendência a começar a ter filhos mais cedo e esta gravidez na
adolescência é amplamente reconhecida como um problema social mas, quando se
perguntava às mulheres de um geto porque tinham filhos tão cedo as respostas
suscitavam simpatia. Diziam elas que queriam que as suas mães conhecessem os
netos.
Usavam o termo de “desgaste” para
descrever a deterioração de saúde que observavam à sua volta.
E a pergunta aqui fica:
-
Se o meu amigo e aqueles que lhe são chegados estivessem a desgastar-se a um
rito rápido não gostaria de começar a ter filhos suficientemente cedo para os
conhecer e ajudá-los a criar os seus próprios filhos?
As taxas de homicídio variam imenso
oscilando de 1,3 e 156 por 100.000, entre bairros de pessoas ricas e de pessoas
pobres porque nestes o panorama é uns quantos bem sucedidos e muitos falhados
e, nestas circunstâncias, um “zé-ninguém” assume comportamentos de riscos
extremos na perspectiva de ser “alguém”.
A desvalorização acentuada do futuro
pode ser uma resposta “racional” à informação que indica uma probabilidade
incerta ou baixa de sobreviver para mais tarde colher benefícios, por exemplo,
e correr “riscos impensados” pode ser a solução óptima quando os benefícios de
uma escolha de acções mais segura são insignificantes.
A evolução tem intrinsecamente a ver com
organismos que reagem a modificações ambientais sendo impossível negar a
capacidade de mudança.
O Criacionismo religioso e secular
sempre se baseou no medo das consequências de aceitar a evolução, mas se
encararmos a teoria da evolução como um instrumento capaz de proporcionar uma
modificação positiva, ela será fácil de aceitar.
No que toca à evolução o futuro pode ser
diferente do passado, para melhor.
Richard Dawkins
Episódio Nº 98
- Está inchada que nem um
boi… Faz até medo…
- Que doença mais esqui sita…
- Ninguém me tira que aqui lo
foi espírito ruim…
Zèqui nha
vinha chegando. Os homens se curvaram de novo sobre as folhas de fumo. Totonha
falou com ele e depois avisou:
- Eu vou ficar com a menina. De noite tem
sentinela…
O negro Filomeno segredou
para António Balduíno:
- Quem me dera ser eu. Sozinho com ela, era um
Deus nos acuda…
O Gordo bebeu um trago de
cachaça porque tinha muito medo de defunto. E, na hora do almoço, ficaram
relembrando histórias de defuntos conhecidos, contando casos de doenças e
mortes.
O negro Filomeno não
falava. Estava com um plano na cabeça. Pensava em Arminda, na frescura da sua
carne moça.
Os fifós pareciam andar. A
luz vacilante se aproximava da casa de taipa. Não se viam as pessoas. Sòmente
aquela luz vermelha que bruxuleava e mudava de lugar como uma alma penada.
Na porta, Totonha recebia
as visitas que vinham fazer a sentinela da morte. E distribuía abraços e
recebia pêsames como se fosse parente da sinhá Laura.
Estava com os olhos
húmidos e narrava os sofrimentos da defunta:
- Coitada, gritava tanto… Também com aquela
doença danada…
- Aqui lo
era espírito…
- Deu de inchar, ficou com
a barriga estufada…
- Agora descansou…
Uma mulher se benzeu. O
negro Filomeno perguntou:
- E Arminda?
- Tá lá dentro chorando… Coitadinha, ficou sem
ninguém no mundo…
Ofereceu cachaça que todos
tomaram.
No único cómodo da casa
dois bancos se alinhavam ao lado de uma parede. Alguns homens e mulheres, de pés
descalços e cabeças descobertas, velavam a morta. Do outro lado da sala uma
cadeira velha onde Arminda sentada chorava um choro sem lágrimas, intercalado
de soluços altos.
Tinha os olhos tapados com
um lenço vermelho. Os recém chegados foram até onde ela estava e apertaram-lhe
a mão sem que ela se movesse. Não diziam palavra.
E no meio da sala,
estendido em cima de uma mesa, que era nos dias comuns cama e mesa de jantar,
estava o cadáver, inchado, parecendo querer estourar.
Uma coberta de chitão, de
grandes flores amarelas e verdes, cobria o corpo, deixando do lado de fora o
rosto enrugado com a boca torcida e os pés enormes e achatados de dedos
abertos.
Os homens ao voltar
espiavam o rosto da morta e as mulheres se benziam.
quinta-feira, agosto 29, 2013
CONCAVADA
No Largo da Chã-da-Eira, onde dava xutos na bola, está agora um local de convívio. "Coisas" do meu irmão quando, após o 25 de Abril, foi Presidente da Junta de Freguesia.
|
CONCAVADA - A aldeia dos meus
avós. Espaço de Vivos…
Tudo o que então
podia fazer a minha felicidade de rapaz ali estava. O Largo da Chã- da- Eira
onde dava chutos na bola contra a parede da velha capela, o rio Tejo que passava a
meia hora de caminho, nem tanto, local ideal para piqueniques, banhos e pescarias
e as longas tardes de verão para conversas amenas ou jogo de cartas…
Há anos voltei à
aldeia dos meus avós com o meu sobrinho e de novo percorri todas aquelas ruas,
a fonte onde as mulheres iam buscar água para beber , com a bilha à cabeça, pequenos largos, recantos, o local das tabernas,
comércio de então, lugares que de tão familiares eu parava para os cumprimentar
com o olhar… e eles até parecia que me falavam das pessoas com quem eu, em
jovem, por ali me cruzava, cada uma com o seu passo característico nas rotinas
próprias da hora do dia.
Para mim, era já uma
enorme lista de gente a que o meu sobrinho, ao meu lado, não tinha acesso - já
não eram do tempo dele - e com as quais, nas minhas mais recuadas memórias, me ia
encontrando como se tivessem sido avisadas por alguém da minha visita...
- “… Enxada
às costas, tamancos nos pés, calças arregaçadas, o meu tio Firmino lá vai regar
a horta, sempre composto, muito educado, bem apresentado, não fosse ele
alfaiate:
- “O Sr. Lopes (o meu pai era António
Lopes) arruma à esquerda ou à direita?” - perguntava-me ele, meio ajoelhado aos
meus pés, metro esticado, a tirar as medidas para as calças.
Eu não teria, então, mais que catorze
ou qui nze anos e o meu tio Firmino
foi a primeira pessoa que me tratou por senhor, o que me deixava um pouco
encabelado… eu era apenas um rapaz, um menino já crescido, mas o meu tio Firmino era um perfeito
cavalheiro, muito educado.
A minha tia, vinha à
porta e eu dava-lhe um beijinho como era próprio da educação das crianças da cidade, e ela
perguntava-me: - "Como estás?”
Eram pessoas de
expressão serena, palavras calmas, de vidas rotineiras, ao sabor e ritmo de uma
aldeia da província que há uns anos atrás tinha sido atravessada pela estrada
alcatroada que ia para as Beiras, o interior do país, e que na hora da passagem
da camioneta da carreira ganhava alguma agitação.
A camioneta parava,
exactamente, no Largo da Chã-da-Eira para despejar passageiros, fazer a entrega
do saco do Correio e seguir viagem até ao Gavião, uns qui nze
a vinte qui lómetros à frente, no
limite do Distrito.
O saco do Correio
era deixado na loja da minha prima Clementina responsável pela entrega das
cartas e ainda pelo único Telefone que era público.
Era um espaço social que ganhava vida às seis horas da tarde com a chegada da
camioneta e dos passageiros.
As pessoas, à falta do que fazer, encontravam-se
ali para ver quem chegava, dar dois dedos de conversa e de coscuvilhice e eu…
principalmente, para ver a Bia, moça mais velha, filha do Cabo de Ordens da
aldeia, que estudava na Faculdade de Letras em Lisboa, única universitária que
havia por aquelas paragens e que não nos passava cartão, a nós, miúdos do
liceu…
Mas era difícil
fugir ao seu poder de atracção, sempre muito bem arranjada, bonita, lábios
pintados rigorosamente de um encarnado vivo que lhe ia a matar com o seu
penteado de cabelos negros.
Assuntos arrumados, a
camioneta partia e lá ia a Bia, estrada fora, de regresso a casa no seu passo
elegante como se desfilasse numa "passerelle" mas melhor, muito melhor, sem
artificialismos parvos.
Ela sabia bem que
nos deixava a nós, rapazes, de olhar pendurado no seu corpo ondulante até que,
finalmente, desaparecia na curva. Voltaria amanhã ou no meu próximo sonho…
Tudo isto são imagens tão fortes na minha memória que embora sendo longínquas no tempo de uma vida,
permanecem de tal forma frescas e recentes que eu continuo a ver-me, passados sessenta
anos, a passar férias na aldeia dos meus avós…
Por isso, me custa a
envelhecer… compreendem?
Episódio Nº 97
As mulheres riem e todas o querem mas ele está com a
actriz que conheceu num teatro e que se dependura no braço dele de uma maneira
que roça os seios no seu peito.
Agora vão cear num restaurante chique, de mulheres
decotadas, onde bebem vinhos caros. Ele já beijou repetidas vezes a mulher que,
sem dúvida, o ama, pois consente que ele lhe machuque os seios e suspenda por
baixo da mesa o seu vestido de seda.
Mas agora ela está novamente no quadro, com o leque em
cima do sexo, porque o girau está balançando muito e António Balduíno de moveu
na sua cama de tábuas, no outro lado da sala.
Ricardo espera com raiva que tudo fique calmo de novo.
Puxa a coberta esburacada até ao queixo. Volta com a mulher do restaurante
para, logo depois, tomarem um carro e se deixarem ficar num quarto onde há cama
e perfumes.
Ele a despe devagarinho gozando os seus encantos um a
um. Pouco lhe importa agora que o girau ranja e que António Balduíno se mova. Não,
não é a sua mão calosa que ele tem em cima do sexo.
É o sexo alvo da actriz loira, que não está com
vestido nem com leque e que ama Ricardo, trabalhador das plantações de fumo. Acorde
quem qui ser que ele não está fazendo
nada de mais, está amando uma mulher bonita, de seios duros e ventre redondo. A
sua mão é uma mulher.
A actriz voltou ao quadro, o sexo tapado com o leque. Na
estrada brilha a luz de um fifó que ilumina as plantações de fumo. Ricardo
deita a cabeça sobre as tábuas do girau e dorme.
Num domingo Ricardo disse que ia pescar nas águas do
rio. Tinha comprado uma bomba e com ela esperava matar muito peixe.
Convidou os outros. Somente o Gordo se resolveu a ir. Conversaram
o caminho todo. Na margem do rio ele tirou a camisa. O Gordo se deitou na
relva.
As plantações de tabaco se estendiam lá atrás. Passava
um trem. Ricardo preparou a bomba e acendeu a mecha. Sorria. Estendeu as mãos
para a frente, mas antes que jogasse a bomba ela estourou levando-lhe as mãos e
os braços, encharcando o rio de sangue.
Ricardo olhou os cotos dos braços e era como se houvesse
se suicidado.
SENTINELA
Arminda, a filha de sinhá Laura, que ao terminar os
trabalhos corria pelos campos a sua meninice de doze anos, não corre mais e
trabalha com o rosto angustiado. Até uma vez pediu licença a Zéqui nha para ir a casa.
É que há uma semana, sinhá Laura está estendida em
cima de uma cama, inchando com uma doença desconhecida. Antes Arminda era
alegre e tomava banho no rio, nadando como um peixe, excitando os homens com o
seu corpo de menina. Agora apenas trabalha porque senão trabalhar morre de fome.
Na terça-feira nem no trabalho apareceu. Totonha que
veio da casa da doente, avisou:
- A velha
esticou as canelas…
Os homens pararam o trabalho por um minuto. Um disse:
- Já estava na
idade…
quarta-feira, agosto 28, 2013
Um homem conheceu uma mulher e decidiu casar-se com
ela.
Ela disse:
- Mas não
sabemos nada um do outro!
Ele respondeu:
- Não há
problema, nós nos conheceremos com o tempo…
Ela concordou.
Casaram-se e foram passar a lua – de – mel num luxuoso
resort.
Certa manhã, estavam ambos recostados junto à piscina
quando ele se levantou, subiu no trampolim de 10 metros e realizou uma
demonstração de todos os saltos e voltou para junto da esposa.
Ela disse:
- Isso foi
incrível!
- Fui campeão
olímpico de saltos ornamentais. Eu te disse que nos conheceríamos com o tempo –
respondeu ele.
Nisto, ela levantou-se, entrou na piscina e fez mais
de 30 voltas, saíu da água e sentou-se junto marido sem demonstrar cansaço.
Ele disse:
- Estou
surpreso! Foste nadadora olímpica?
- Não,
explicou… fui puta em Veneza e atendia ao domicílio.
Episódio Nº 96
Pareciam pessoas que
oravam. E aquele trabalho dava uma dor nas costas, dor fina e prolongada que
ficava pela noite adentro, magoando.
Zéqui nha
passava olhando o serviço, dando ordens, brigando. Montes de folhas de fumo se
juntavam e, quando a tarde vinha, as mãos dos homens haviam ganho dez tostões
que eles não viam, porque já deviam ao patrão quantias desconhecidas.
Com as mãos calosas e
feias acenavam adeuses aos trens que passavam apitando.
Na casa de taipa moravam
quatro: Ricardo, o negro. Filomeno, António Balduíno e o Gordo. Filomeno só
falava em tiros e mortos, isso quando falava, porque geralmente estava calado,
ouvindo.
Ricardo tinha em cima das
tábuas em que dormia, colado na parede, o retrato de uma actriz de cinema toda
nua com um leque apenas cobrindo o sexo.
Havia pregado o retrato na
parede com muito cuidado, retrato que dera o filho do patrão, há uns três anos,
quando viera à fazenda. E colocava o fifó de tal jeito que a luz vermelha dava
bem em cima da actriz que aparecia nua como um convite.
O gordo tinha um santo em
cima da cama, santo que trocara por qui nhentos
réis nas festas do Bonfim. António Balduíno juntava nos pés do girau - espécie
rudimentar de cama – a figa que Jubiabá lhe dera e os punhais que trazia no
cinto. O negro Filomeno não tinha nada.
Vinham para o terreiro
após o jantar e eles que não tinham cinema, nem teatro, nem cabarés, tocavam
violão e cantavam ao desafio.
As mãos brutas dos homens
negros tiravam das cordas sonoridades que enchiam de alegria e de tristeza os
camponeses todos das plantações de fumo.
Cantavam cantigas tristes,
sambas alegres, e no desafio Ricardo era perito. As suas mãos corriam pelas
cordas do violão e não eram mais aquelas mãos calosas da enxada e da terra.
Eram mãos de artistas, rápidas
e certas, que levavam ao coração dos homens a história de amores e lutas. As mãos
que antes davam o pão, davam agora a alegria na terra sem mulheres.
Os violões repenicavam
noite afora e era o cinema, o teatro, o cabaré. As mãos rápidas corriam pelas
cordas e a música se espalhava entre as plantações de fumo que, à luz da lua,
apresentavam aspectos estranhos.
Quando o silêncio baixava
sobre tudo, quando não se ouvia mais o som das violas e os homens já estavam
estirados nos giraus, o fifó apagado, Ricardo olhava o retrato da actriz nua
com um leque cobrindo o sexo.
Estava com os olhos fitos
nela e eis que ela se move. Porém agora está vestida e eles não estão mais nas
plantações de fumo. Estão na grande cidade, numa cidade que Ricardo nunca viu,
cidade iluminada, cheia de automóveis e de avenidas, maior que cachoeira e São Félix
reunidas.
Deve ser a Baía e talvez
seja até o Rio de Janeiro. Passam mulheres loiras, mulheres morenas e toas
sorriem para Ricardo que está elegante, vestido de casimira, com uns sapatos
vermelhos como os que ele vira numa loja em Sant’Ana.
terça-feira, agosto 27, 2013
O Pikaia, não mais de 5 cm de tamanho... |
A História do
Pikaia
Era uma vez um pequeno animal ao qual viríamos a pôr, 500 milhões de anos mais tarde, o nome de Pikaia. Não era grande, cerca de 5 centímetros de tamanho, e tão poucas probabilidades de sobreviver que bem se pode afirmar, não fosse por uma inesperada fortuna, ele teria ficado para sempre esquecido lá nos mares do Câmbrico e nós… bem… nós não estaríamos cá e tudo quanto é vida à superfície da terra teria sido diferente.
Claro que o Pikaia já não existe mas à sua época e contra todas as probabilidades ele ganhou a sua guerra entre presas e predadores e fez vingar o seu modelo anatómico, o primeiro, que iria servir de base evolutiva a tudo quanto foram peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Notável, não é?
É que o Pikaia tinha a particularidade de possuir, como originalidade, uma espécie de cérebro e de espinha dorsal, ou melhor, uma corda nervosa ao longo do resto do corpo e assim, alguém que queira procurar o seu mais remoto antepassado, vai encontrar O Pikaia.
Apareceu no período Câmbrico, quando houve uma explosão de vida nos mares então existentes que de há muito eram apenas habitados por esponjas, organismos semelhantes a flores sem capacidade para se moverem nem fazer coisas que associamos a animais. Mesmo assim, foi a partir delas que se deu uma revolução genética pois inventaram tipos de células que interagiam, comunicavam e cooperavam entre si constituindo-se em organismos pluricelulares que tinham a capacidade revolucionária do movimento.
Foi quando apareceram em cena os Cnidários. Tinha começado a guerra, a paz das esponjas terminara. Daí para a frente, a evolução consistiu no desenvolvimento de esquemas de ataque e defesa ou seja, a procura, por parte de uns, de vantagens para não serem comidos, e de outros a vantagem de os comerem.
Esta guerra foi factor para a explosão de vida então registada, permitida, muito provavelmente, pelo aumento dos níveis de oxigénio no planeta mas, de qualquer maneira, a conclusão a retirar da leitura do Livro da Terra feita por Geólogos, Paleontólogos, Arqueólogos e especialistas afins, é a de que a Vida está ligada à guerra e não à paz. Com a paz das esponjas não se foi a lado nenhum durante centenas de milhões de anos.
As variações do modelo anatómico herdado do Pikaia, 35 ao todo, foi tudo quanto aconteceu ao longo dos últimos 500 milhões de anos ao longo dos quais milhões de espécies existiram e desapareceram até chegarmos às actuais.
Claro que o Pikaia já não existe mas à sua época e contra todas as probabilidades ele ganhou a sua guerra entre presas e predadores e fez vingar o seu modelo anatómico, o primeiro, que iria servir de base evolutiva a tudo quanto foram peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Notável, não é?
É que o Pikaia tinha a particularidade de possuir, como originalidade, uma espécie de cérebro e de espinha dorsal, ou melhor, uma corda nervosa ao longo do resto do corpo e assim, alguém que queira procurar o seu mais remoto antepassado, vai encontrar O Pikaia.
Apareceu no período Câmbrico, quando houve uma explosão de vida nos mares então existentes que de há muito eram apenas habitados por esponjas, organismos semelhantes a flores sem capacidade para se moverem nem fazer coisas que associamos a animais. Mesmo assim, foi a partir delas que se deu uma revolução genética pois inventaram tipos de células que interagiam, comunicavam e cooperavam entre si constituindo-se em organismos pluricelulares que tinham a capacidade revolucionária do movimento.
Foi quando apareceram em cena os Cnidários. Tinha começado a guerra, a paz das esponjas terminara. Daí para a frente, a evolução consistiu no desenvolvimento de esquemas de ataque e defesa ou seja, a procura, por parte de uns, de vantagens para não serem comidos, e de outros a vantagem de os comerem.
Esta guerra foi factor para a explosão de vida então registada, permitida, muito provavelmente, pelo aumento dos níveis de oxigénio no planeta mas, de qualquer maneira, a conclusão a retirar da leitura do Livro da Terra feita por Geólogos, Paleontólogos, Arqueólogos e especialistas afins, é a de que a Vida está ligada à guerra e não à paz. Com a paz das esponjas não se foi a lado nenhum durante centenas de milhões de anos.
As variações do modelo anatómico herdado do Pikaia, 35 ao todo, foi tudo quanto aconteceu ao longo dos últimos 500 milhões de anos ao longo dos quais milhões de espécies existiram e desapareceram até chegarmos às actuais.
Está tudo escrito nas pedras, uma história real, verídica, a dos herdeiros do Pikaia.
O ALEIJADINHO
Num circo, durante a apresentação , um leão escapou da jaula e foi para cima do público.As pessoas começaram a correr de um lado para o outro, enquanto um aleijadinho, numa cadeira de rodas, se esforçava para sair dali.
Alguns, ao verem o pobre deficiente, gritavam para que alguém lhe acudisse:
- Olha o aleijado!!! Olha o aleijado!!
E o aleijado girava cada vez mais rapidamente na sua cadeira.
- Olha o aleijado!!! Olha o aleijado!!!
E o aleijado, sem aguentar mais gritou:
- VÃO-SE TODOS LIXAR, SEUS FILHOS DA PUTA!!! DEIXEM O LEÃO ESCOLHER SOZINHO, PORRA!!!
Episódio Nº 95
Negro dava em cima que nem
urubu em carniça… Mas tudo tinha medo do velho João que era feroz. Ele tinha
dito que negro que roubasse a filha dele tava morto.
Mas, homem, eu não via
cheiro de mulher fazia dois ano… Disse que morrer era besteira, que a gente só
morre quando chega o tempo. Numa noite tava um chuvisqui nho,
eu chamei a Celeste para conversar.
O velho tava dentro da
casa limpando a repetição. Ainda falou comigo se rindo… Eu não tinha tido ainda
medo, tive naquela hora… Mas Celeste já vinha, eu não pude mais. Ali mesmo nuns
mato que tinha perto derrubei a bicha…
Os homens estavam com os
olhos baixos. António Balduíno riscava o chão com o punhal. Ricardo batia as
mãos uma na outra, impaciente… O velho continuou:
- Fazia dois ano que eu não sabia o que era
mulher…
Ela ficou com o vestido
todo rasgado… Eu fugi para esse mato de Deus, esperando o velho para me matar.
- E depois?
- No outro dia tomei coragem, fui lá falar com
o velho João… Ele tava limpando a repetição e quando me viu encostou a bicha no
chão. Eu sabia que ele me matava, mas eu queria andar com a Celeste de novo…
Peguei e disse a ele tudo.
Falei que queria casar, que era um homem direito e trabalhador.
Aí o velho fechou a cara, eu pensei, eu pensei que tinha chegado a minha
hora.
Mas ele não fez nada, só
que disse: «Isso tinha que acontecer… Aqui
não tem mulher e homem precisa de mulher. Leve ela pra sua casa mas se case com
ela».
Eu fiquei sem acreditar e
João disse ainda: - «gostei de você vir contar tudo. Homem faz é assim». Depois
chamou a Celeste e mandou que ela fosse comigo. E ficou limpando a repetição.
Mas quando eu saí eu juro que ele tava chorando…
Os homens ficaram calados.
O vento balançava os pés de tabaco, as folhas largas lembravam sexos estranhos
de mulheres. Ricardo engoliu em seco e disse:
- Não sei como a gente
pode trabalhar sem ter mulher…
Aqui
só tem essas duas casadas…
- E a filha de sinhá
Laura?
- Eu casava com ela, se ela qui sesse… - disse Ricardo.
António Balduíno enfiou o
punhal na terra. Um negro alto afirmou:
- Um dia eu chamo ela aos peitos, ela deixe ou
não deixe…
- Mas é uma menina de doze
anos – se espantou o Gordo.
Os montes atrás cobertos
de neblina. A estrada de ferro que passava longe. De vez enquanto um trem que
apitava com mulheres que davam adeus nas portinholas. A estrada onde os homens
passavam levando sacos de frutas para as feiras, conduzindo burros carregados,
levando bois para vender em Feira de Sant’Ana.
Ora seguravam sacos
enormes com as mãos calosas, ora tangiam os burros ou conduziam os bois. Passavam
boiadas, os vaqueiros cantando tristemente:
- Ouuuuuu booiiii…
E as mãos que se baixavam
para a terra, mãos grandes e calosas que colhiam as folhas cheirosas do tabaco.
As mãos se baixavam e se levantavam num certo ritmo sempre igual.
segunda-feira, agosto 26, 2013
JUCA CHAVES - A CÚMPLICE
O humorista costumava contar a seguinte história sobre o Sdruws, perto do qual ficava uma favela. Juca convidara para o circo, políticos, empresários e também pessoal da alta-sociedade carioca, e antes da primeira apresentação resolveu reunir os líderes da favela para lhes falar com franqueza, indo directo ao assunto:
- "Vim aqui para saber como vai ficar o negócio do roubo!"
- Uma mulher baixinha, morena, (líder da favela), foi logo respondendo com firmeza: - - "Olha aqui seu Juca, nós entendemos a sua preocupação e lhe agradecemos pela sinceridade, mas pode o senhor ficar tranquilo, porque a nossa comunidade já se garantiu, e pediu protecção à polícia! "
Nota - As duas crianças que aparecem numa fotografia do vídeo, são filhos adoptados.
Nota - As duas crianças que aparecem numa fotografia do vídeo, são filhos adoptados.