sábado, março 19, 2011

Um estudante Arabe em Berlim manda um e-mail para o Pai dizendo:


Meu querido pai. Berlim é maravilhoso. As pessoas são excelentes e eu estou realmente a gostar disto. Mas, Pai eu estou um bocado envergonhado em chegar a minha Faculdade com o meu Ferrari 599GTB em puro ouro, quando todos os meus professores e meus colegas vem de Comboio.


Seu filho, Nasser


No dia seguinte o Pai responde ao e-mail do Nasser:


Meu amado filho:

20 milhões de USD acabaram de ser transferidos para a tua conta. Por favor pára de nos envergonhar. Vái comprar um comboio para ti também....

Love, your Dad

POR FAVOR, OUÇA O ZÉ PEDRO ATÉ AO FIM...

NOITE INESQUECÍVEL NA NORUEGA


Um industrial de Paços de Ferreira (capital do móvel em Portugal)foi à Noruega comprar madeira para a sua fábrica de móveis. À noite, sózinho no bar do hotel, repara numa loira encostada ao bar.

Não sabendo falar norueguês, pediu ao barman um bloco e uma caneta.
Desenhou um copo com dois cubos de gelo e mostrou-o à loira.

Ela, sorriu e tomaram um copo.

De seguida começou a tocar uma música romântica.

Ele, pega novamente no bloco, desenha um casal a dançar e mostra-lhe.

Ela levanta-se e vão dançar.

Terminada a música, regressam ao bar e desta vez é a loira que pega no bloco.

Desenha uma cama, uma cadeira e uma cómoda e mostra-lhe.
Ele vê e diz:

- "Sim, sim, sou de Paços de Ferreira..."

TSUNAMI
No Japão, quando se constroi uma habitação tem que se contar com os efeitos da actividade sísmica, com os tsunamis nas linhas costeiras e com os deslizamentos de terras nas encostas das montanhas mas, não fica por aqui: é preciso evitar que a casa seja invadida pelas inúmeras cobras venenosas, pelas vespas gigantes cujo veneno ataca o sistema nervoso central provocando uma morte lenta em agonia e, já agora, atenção aos macacos, ursos e lobos. Cinco mil anos a enfrentar todos estes riscos dizem muito do que são os japoneses...

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EDOARDO VIANNELLO - O MIO SIGNORE
Anos 60, os das músicas melodiosas. Vianello, nasceu em Roma, em 1938 e como Nico Fidenco, Gianni Meceia e Jimmy Fontana, pode consderar-se um expoente de uma "Escola Romana" que se contrapôe à Escola de Veneza" por ser um género mais simples e descomprometido que se presta principalmente à fruição, bailes e convívios.

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA

Episódio Nº 59


Viera passar uns dias de férias com o marido e trouxera o filho de dezassete anos, Daniel, adolescente de suave formosura, um pequeno dândi, imagem para medalhão. Na sala de frente, outras figuras gradas em conversa elevada e cerimoniosa. Visita de curta duração.

Na rua, dona Brígida comenta para a absorta Dóris:

- Bonito rapaz! Parece um quadro.

A voz de Dóris, como sempre desfalecente:

- Rapaz, aquilo? Menino bobo agarrado nas fraldas da mãe. Não aguento menino mimado.

Admira-se dona Brígida da opinião e do tom de desprezo.

Quem lhe ouvisse falar, minha filha, era capaz de pensar que você entende de meninos e rapazes… - graceja dona Brígida.

- Menino bobo, diz você, menino sabido lhe digo eu. Não tirou os olhos do decote de Neusa, aliás aquilo já não é decote é deboche, os peitos de fora, você reparou? Você nunca repara nessas coisas – E de repente as palavras saem-lhe da boca: - Garanto que ainda não reparou que o capitão Justo anda de olho em você.

- Já sim, mãe.

Um choque, um soco no peito de dona Brígida.

- Reparou quando?

- Faz tempo, mãe.

Andam uns passos em silêncio, dona Brígida busca recompor-se.

- Faz tempo e não me disse nada.

- Tinha medo que a senhora fosse contra.

- Hem?

Dóris ri, riso estranho, inquietante, dona Brígida segura o coração, põe a mão sobre o seio arfante, Deus do Céu!

- Quer dizer que você… Quer dizer que não está aborrecida com ele… não está…

- Aborrecida? Porquê? Nós estamos noivos, mãe.

Dona Brígida sente o coração descompassado disparar, necessita urgente água-de-flor, uma cadeira onde sentar-se, o sol de verão ofusca-lhe a vista e, de certo, os sentidos. Estará ouvindo bem, será realmente Dóris, sua filha, pobre e inocente menina, essa que a segue a seu lado pela rua, a afirmar-se noiva do capitão com a mesma voz baixa e mole de puxar as rezas do terço, ou tal diálogo não passa de alucinação?

- Minha filha, pelo amor de Deus, me conte tudo antes que eu sufoque.

O riso novamente: de triunfo, seria?

- Ele me escreveu um bilhete, me mandou…

- Mandou? Para onde? Quem trouxe?

- Mandou para o colégio, recebi quando ia indo, no caminho.

Foi Chico, empregado dele quem trouxe. Aí eu respondi, ele escreveu de novo, respondi outra vez. Chico me dá o bilhete dele na ida para o colégio, na volta vem buscar a resposta. Anteontem ele escreveu perguntando se eu aceitava ser sua noiva, se eu aceitasse ele ia falar com a senhora.

- E você? Já respondeu?

- No mesmo dia, Mãe. Disse que por mim já me considerava sua noiva.

Detém-se dona Brígida no meio da rua, olha a filha, magricela, vestido curto de menina, sapatos de salto baixo, rosto macerado, quase sem pintura, quase sem busto, escolar tola e inocente – ah! o fogo a consumi-la!

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 86 SOB O TEMA:

“A EUTANÁSIA” (4)


Direitos dos Moribundos


A filosofia dos cuidados paliativos está reflectida na Declaração dos Direitos dos Moribundos e das Moribundas:
- Direito a serem tratados como pessoas, como seres humanos vivos até ao final.

- O direito de manter até ao fim a esperança, seja ela qualquer for.

- Direito a ser atendidos por aqueles que podem inspirar confiança.

- O direito de expressar a sua própria maneira de ser, seus sentimentos e emoções na proximidade de sua própria morte.

- Direito de participar nas decisões tomadas sobre como cuidá-los.

- Direito à assistência médica, mesmo que não haja nenhuma possibilidade de cura e também para mudar os seus métodos de tratamento na procura de maior conforto.

- O direito de não morrer sozinho e solitário.

- Direito de aliviar as suas dores.

- O direito de resposta honesta e sincera para qualquer uma das suas perguntas.

- Direito a não ser enganado sobre sua condição.

- Direito a receber a ajuda de sua família, e a que a sua família seja ajudada a aceitar a morte do seu familiar.

- Direito a manter a sua individualidade e a não ser julgado pelas suas decisões, embora contrárias às crenças dos outros.

- O direito de discutir e aprofundar a sua experiência espiritual e religiosa, seja ela qual for o significado para os demais.

- Direito a ser cuidado por pessoas competentes e sensíveis que compreendam as suas necessidades e sejam capazes de ajudá-los a enfrentar a morte.

- O direito de morrer em paz e com dignidade.

- O direito a ter seu corpo respeitado após a morte.

sexta-feira, março 18, 2011

VÍDEO

I Love Rússia...

TSUNAMI
Nestas ilhas parcas de recursos mas plenas de perigos vive, há mais de 5 mil anos, o povo Yamato, os Japoneses.

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TSUNAMI
As condições da natureza e os espartilhos sociais inibem-nos de libertar as emoções e, neste aspecto, são muito diferentes de nós que fazemos "teatros e dramas" por tudo e por nada...

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RUI VELOSO - TODO O TEMPO DO MUNDO
As canções de Rui Veloso têm uma componente poética que lhes é dada pelo autor das letras, seu parceiro de sucessos, Carlos Tê, que fazem do resultado final: voz, música e letra autênticas obras primas.

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA



Episódio Nº 58



Dona Brígida, no entanto, detinha-se também em outros aspectos da conduta do capitão, analisando o verdadeiro valor das histórias narradas, algumas com detalhes de arrepiar.

Quanto a desonestidade nas contas e a cobrá-las no grito e no tapa, qual o comerciante livre da acusação de desonesto? E ai daquele que não usar de todos os meios para cobrar dívidas em atraso. Deixará a família ao desamparo. O melhor exemplo é o falecido doutor Ubaldo, incapaz de apresentar conta, de apertar um cliente.

Deixou um ror de devedores, gente atendida e tratada por ele durante anos; muitos deviam-lhe a vida. Nem um só procurou a família em luto, precisada, na necessidade, para saldar essas dívidas de honra. Em troca surgiram os credores falando grosso.

Nas noites de insónia, dona Brígida esclarece com isenção acontecimentos e acusações. A imagem de Justiniano Duarte Rosa ganha contornos de humano. O monstro já não é tão assustador. Sem falar nas qualidades positivas: solteiro e rico.

Isenção ou boa vontade? Embora toda a boa vontade, dona Brígida não pode ignorar escuras zonas sem explicação, suspeitas jamais extintas, ecos de tiros nas tocaias, visão de covas abertas à noite.

No processo pelo assassinato dos irmãos Barreto, Isidro e Alcino, mortos enquanto dormiam, não ficou provada a responsabilidade do capitão, apontado como mandante por um dos criminosos, Gaspar. Nas vésperas de depor, esse tal Gaspar apareceu enforcado no xadrez; remorsos certamente.

Ao pensar em tais coisas dona Brígida estremece. Gostaria de inocentar o capitão por completo. Necessita fazê-lo para ficar bem com a sua consciência e para poder convencer Dóris. Tola menina de catorze anos, tão distante de tais enredos, indiferente aos mexericos, olhos postos no chão ou voltados para o céu, Dóris decerto nem se dera ainda conta dos avanços do capitão.

Dona Brígida quer concluir a favor, para tanto se esforça noite a dentro: o casamento de Dóris com Justiniano Duarte Rosa, eis a milagrosa, a perfeita solução para todos os problemas. Vagas sombras fugidias, porém perturbam-na, fazem-lhe medo, adiam a decisão e a conversa.

Conversa difícil fica sempre para o dia seguinte. Dona Brígida teme a reacção da filha nervosa e choramingas quando lhe revelar o interesse do discutido prócer. Quem vem se preparando para místicas núpcias com o doce Jesus de Nazaré, no silêncio do claustro, como sequer imaginar o capitão e sua torpe legenda?

Ah! Dóris jamais aceitará discutir o assunto: franzina e lacrimosa, nervos à flor da pele mas obstinada como ela só, é capaz de trancar no quarto e recusar-se a voltar à rua.

Na madrugada insone, Dona Brígida, mãe amantíssima, pesa sentimentos e deveres. Sabe que lhe será impossível obrigar Dóris a casar-se com Justiniano Duarte da Rosa se a filha bater o pé e disser não. A pulso, não dá. Então, meu Deus, como fazer para convencê-la?


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A conversa aconteceu inesperadamente quando, à tarde, mãe e filha voltavam da protocolar visita à dona Beatriz, esposa do juiz de direito, perfumada madame da capital.
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 86 SOB O TEMA:
“EUTANÀSIA” (3)




Os "Cuidados Desproporcionais”


Os avanços na tecnologia médica são tantos que abriram uma brecha na oposição oficial da Igreja Católica à eutanásia, permitindo o que pode ser chamado de eutanásia passiva: o alívio da dor quando já não há cura possível, ou quando a técnica é dispendiosa e complexa. Na Carta de Saúde de Honings Bonifácio a que já fizemos referência podemos ler:

- Quando se depara com a impossibilidade de cura do paciente o profissional de saúde é sempre obrigado a aplicar todos os cuidados proporcionais mas pode interromper, lícitamente, os cuidados desproporcionais. Aqui é muito importante o problema da humanização da dor mediante a analgesia e a anestesia. Ainda que para o o cristão a dor tenha um elevado significado penitencial, a mesma caridade cristã exige que os profissionais de saúde aliviem o sofrimento físico.

"Os Cuidados Paliativos"

O conceito de "cuidados paliativos" para alívio da dor surgiu na década de 60. Cecily Saunders, uma enfermeira britânica, preocupada com o sofrimento dos doentes terminais internados, revolucionou o tratamento que lhes era dado, propondo tratá-los a partir de um conceito integrado: espiritual, físico, psicológico e social.

quinta-feira, março 17, 2011

VÍDEO

A Garota de Ipanema

Apenas vozes... o da direita, de camisa azul é o baterista...

A anarquia e a confusão do Tsunami

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CARMELO PAGANO - L' AMORE SE NE VA
Canção de 1966. Autores: A. Morina G. D'Erlole - P. Melfa

...O amor se vai, quantos sonhos levará consigo.Me pergunto se estás sofrendo como eu...e amanhã o que será de mim!...A noite virá e no escuro chorarei a chamar-te..


TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA



Episódio Nº 57


Falavam horrores, “dizem que…”, “quem me contou assistiu…” “não faz muito tempo…”; dona Brígida ouvia as histórias espantosas balançava a cabeça, não dizia sim nem não, uma esfinge Rainha-mãe. As comadres cercavam-na, banda de baratas cascudas rua acima rua abaixo, na missa, na bênção, no imenso tempo vazio. Dona Brígida moita como se tudo aquilo não lhe dissesse respeito.

No silêncio da casa trancada, sem o murmúrio das comadres, à noite, à noite, dona Brígida em vigília, no balanço da situação, passava em revista os horrores do capitão, infinito rosário.

Afinal, tais horrores, reduziam-se bastante quando alguém se detinha a estudar o assunto com isenção e calma. As comadres colocavam o acento sobretudo na questão do mulherio, na devassidão em que transcorria a vida de Justiniano Duarte da Rosa. Desfile de meninas e moças em leito de desfloramentos, orgias nas pensões e castelos, cabrochas violadas, batidas, abandonadas no meretrício.

Ora, o capitão era solteiro e qual o homem solteiro cuja crónica não registara factos e peripécias desse género? A não ser um anormal, um invertido, como Nenem Violeta, porteiro do cinema e chibungo oficial da cidade; segundo dizem, um dos filhos de Milton Guedes também era duvidoso, mas esse os parentes deportaram para o Rio de Janeiro.

A crónica de Justiniano parecia um tanto quanto sobrecarregada, mas quem escapa da boca das comadres? Mesmo os homens casados mais respeitáveis não estavam isentos, uns prevaricadores. Do próprio doutor Ubaldo – um santo, como se sabe – murmuravam; atribuíram-lhe as irmãs Loreto, duas moças sozinhas, herdeiras de casa própria e de pequeno pecúlio, clientes do médico. Deram-lhe as duas por amante, logo de vez. Ninguém se sobrepunha às más línguas em terra de tão poucos afazeres, de tanta solteirona em tarde de crepúsculos lentos, infindáveis horas.

Certamente, concluía dona Brígida, não há de se tomar o capitão como exemplo de castidade nas aulas de catecismo. Tendo dinheiro e sendo livre, não lhe faltará diversão de mulher.

Famílias enormes cresciam nos cantos de rua e nos cantos, oferta, os preços baixos. Não existia escolha: as ditas de boa família, à excepção das raras a casar ou a fugir, estiolavam solteironas e ágrias. Das outras, ditas gentinha, a grande maioria de cedo exercia nos bordéis ou à escuteira, um exército.

Solteiro, o capitão tinha direito a divertir-se. Os exageros iam por conta da saúde vigorosa, da disposição. Aliás, há quem diga que os de vida mais desregrada convertem-se nos melhores maridos, exemplares: tendo gasto quando solteiros a sua cota de sem-vergonhice, assentam a cabeça e o resto.

Para as comadres, o capítulo da vida sexual do capitão, devassa e acintosa, importa e pesa muito mais que todo o resto. A desonestidade nas contas, múltiplas vezes comprovada, a violência no trato, dívidas cobradas na ameaça, brigas e embustes nas rinhas de galo, trapaças no negócio de terras, crimes, mortes mandadas e feitas – tudo isso parece-lhes menos grave. Imperdoável, só a descaração – tanta patifaria! Imperdoável ao capitão e às raparigas, às moças e às meninas, julgadas e condenadas no mesmo acto de acusação. Naquele capítulo não havia vítimas, culpado ele, o tarado, culpadas todas elas, “umas vagabundas, umas perdidas”.
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 86 SOB O TEMA:
"EUTANÁSIA" (2)




A "Bela Morte" é Um Crime


O teólogo suíço Hans Küng Católica define a eutanásia como uma “bela morte”, isto é, boa, rápida, suave e sem sofrimento. No entanto, a teologia católica tradicional, e agora a posição oficial do Vaticano, rejeita a eutanásia, considerada um crime, e afirma a defesa da vida "desde a concepção até ao seu fim natural".


Como no caso da contracepção e do aborto, há uma forte oposição da tradição católica a toda a forma "artificial" de decidir sobre a vida.


Esta é uma expressão dessa posição oficial, a partir da Carta de Saúde Pessoal a todo o mundo católico que em 1995 foi firmada pelo carmelita Honings Bonifacio, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé:


- "A eutanásia perturba o relacionamento médico-paciente. Da parte do paciente porque ele se relaciona com o médico como alguém que pode garantir a morte. Do médico, porque ele não é a mais absoluta garantia de sua vida e o paciente deve temer a morte. O contato médico-paciente é uma relação de confiança da vida e como tal deve permanecer."


A eutanásia é um crime a que os agentes de saúde, garantes sempre e só simplesmente da vida, não podem cooperar de forma alguma. O mesmo vale para o aborto, mesmo que a saúde da mãe: malformação fetal grave e queixas de uma gravidez provocada por violência sexual.


Na verdade, a vida é um bem tão primordial e de base, que não podemos colocar em comparação, igual ou mesmo inferior, com algumas desvantagens, ainda que sejam gravíssimas.


Neste ponto, a síntese da ética hipocrática e da moral cristã é inegável: tanto a ética hipocrática como a moral cristã rejeitam todas as formas de aborto directo, a eutanásia directa e activa ou passiva, porque é um ato de repressão da vida pré-natal e um acto assassino que nenhum fim pode legitimar.

quarta-feira, março 16, 2011

Sair de Cima...


Manuel estava há dois anos no Brasil, trabalhando numa multinacional até que não aguentou as saudades da Maria e voltou para Lisboa.

Chegando foi correndo ver sua esposa e confessou-lhe uma coisa:

- Maria, o Brasil é um país maravilhoso, cheio de lindas mulheres e eu não pude resistir a envolver-me com elas ...

Maria olhou, sem se alterar e Manuel prosseguiu:
- Mas eu quero que saibas que quando eu me deitava com elas, eu lembrava-me de ti e, na hora H, saía de cima !

Maria ficou pensativa.
- Agora diz-me uma coisa, Maria ... você foi-me fiel durante estes dois anos ?

Maria deu um sorriso com o canto da boca e respondeu:
- Bem Manuel ... Eu também pensei muito em ti ... Mas você tem que entender que sair de baixo é bem mais difícil que sair de cima !!!

O Tsunami pôe à prova a determinação e a coragem desta criança. Reparem na sua expressão, ela vai condeguir superar todas as dificuldades... Será uma grande japonesa do pós tsunami!

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O insólito provocado pelo tsunami...

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Pois é...

« Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental."


O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:


- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.


- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?


- Nós descendemos dos que ficaram por aqui... »

AMÁLIA RODRIGUES - GAIVOTA (1970)
Música de Alain Oulman, letra de Alexandre O'Neil e a voz soberba, única, da grande Amália... e um povo de carácter fatalista que não esconde uma certa esperança.

TEREZA
BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA

Episódio Nº 56

Cap. Nº 9


Dona Brígida amargou noites em claro, dias de aflição, pesando prós e contras, analisando o problema, reflectindo sobre o futuro da filha. Cabia-lhe tudo calcular e decidir, a inocente menina vivia longe do mundo, interesse mesmo só pelas coisas da igreja – aluna desatenta nas aulas, a pior companheira para brincadeiras e festas; de rapazes e namoros nem falar, pobrezinha!

Dóris nascera solteirona, por assim dizer. Por temperamento e modos e por ser difícil conseguir noivado e casamento no burgo, onde sobravam moças casadoiras e rareavam pretendentes. Os rapazes, apenas emplumados, tomavam os caminhos do sul em busca das oportunidades ali tão escassas.

O orçamento municipal decorria praticamente dos impostos pagos pela usina de açúcar, de propriedade dos Guedes, banqueiros na capital, senhores de terras realmente férteis, as banhadas pelo rio; nelas cresciam os canaviais, paisagem verde em contraste com o agreste em derredor. A usina empregava uns poucos privilegiados, o medíocre comércio de lojas e armazéns acolhia alguns outros, os demais embarcavam no trem de ferro. As moças batiam-se, ferozes, na disputa dos remanescentes; de quando em quando uma arribava pelo braço de caixeiro-viajante casado e pai de filhos, fugindo à mansa loucura das vitalinas, na lama para sempre a honra da família. Vibravam as comadres.

O povo dos Guedes raramente aparecia pela cidade. Os três irmãos, as esposas, os filhos e sobrinhos iam e vinham da usina para a capital directamente, tomavam o comboio numa parada em meio ao canavial. No chalé da Praça do Convento, o ano inteiro fechado, apenas seu Lírio, jardineiro e vigia, vagava entre as árvores centenárias. Vez por outra, cada dois ou três anos, um dos irmãos, com a esposa e os filhos, comparecia à festa da Senhora de Sant’Ana, padroeira do município e da família.

Abriam-se as janelas do chalé, risos nos corredores e salas, visitas da capital, as moças locais no maior assanhamento, os rapazes de fora não davam conta de tanta fartura. Durava uma semana, dez dias, quinze no máximo. Beijadas, apertadas, dedilhadas e logo abandonadas no melhor da festa, virgens agora acendidas em brasa, as moças retornavam aos insignificantes colegas e aos infelizes balconistas, ao interior das casas e às festas de igreja, solteironas aos vinte anos. Mesmo se quisessem estender-se nos colchões do capitão, ele as recusaria por velhas e fretadas.

Fazendo-se moça e mulher na leseira da cidade, a que poderia Dóris aspirar? Concluído o curso normal no colégio das Irmãs, ou bem arranjaria, com muito pedido e pistolão, por ser órfã do doutor Ubaldo, mísero lugar de professora primária numa das poucas escolas do Município ou do estado, ou bem professaria, ingressando no convento. Regente de escola primária ou irmã de caridade, dona Brígida não conseguia enxergar terceira opção. Marido, casamento? Impossível. Outras, em melhor situação de finanças e de físico, filhas de lavradores, de comerciantes, de funcionários, bonitas, saudáveis, oferecidas, feneciam às janelas, sem possibilidades, quanto mais a triste Dóris, magricela, desajeitada, feia, taciturna, de pouca saúde e pobre de fazer dó. Só por milagre.

O milagre de súbito aconteceu: o capitão Justo demonstrava claramente seu interesse, na cidade teve início o grande festival de murmurações, as comadres no maior assanhamento.

Vinham de duas em duas, de três em três, as mais íntimas sozinhas, de preto, abanando os leques, e tome lenha no capitão!
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 86 SOB O TEMA:

“A EUTANÁSIA” (1)

Uma Questão do Nosso Tempo



Jesus de Nazaré falou muito mais sobre a vida que a morte. Ele nunca falou de eutanásia ou algo semelhante, porque na sua época não viver muitos anos era natural e não havia conhecimentos científicos para prolongar a vida.

Embora a eutanásia ("bem morrer") seja um conceito antigo, a polémica sobre a eutanásia é uma questão do nosso tempo porque as pessoas vivem muitos mais anos tendo a medicina conseguido prolongar a vida de forma significativa no último século.


Gary S. Becker, Prémio Nobel de Economia em 1992, considera que aumentar os anos de vida das pessoas foi das maiores conquistas do século XX.


“Escrevi-o quando terminávamos o Séc. XX e entrávamos no Séc. XXI: Em 31 de Dezembro, na festa de passagem de ano em minha casa, perguntei aos meus convidados a opiniões deles sobre a conquista mais importante do século XX. Houve várias respostas: o crescimento da democracia, a invenção dos computadores... Eu disse-lhes o que pensava: o que mais beneficiou a generalidade das pessoas comuns no século XX foi a ampliação da expectativa de vida.


As melhorias na assistência à saúde a partir de 1900 até o final do século foram espectaculares. No mundo ocidental, a expectativa de vida aumentou de 45 anos no início do século a mais de 75 anos na véspera do século XXI.

terça-feira, março 15, 2011

VÍDEO

TSUNAMI
Um momento de recolhimento pelos familiares e amigos desaparecidos.
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CLAUDIO VILLA - GUITARRA ROMANA
Um clássico da música italiana. Claudio dedica-o a todas as mulheres, aos homens, apenas aos que são amigos dele... compreende-se.

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA


Episódio Nº 55


Vaidosas, exibiam-lhe manchas roxas no pescoço, lábios mordidos. Em silêncio, sem risos nem comentários, Dóris escutava. Nenhum moço a convidara a uma volta atrás do outeiro.

Eis que de repente o capitão, homem rico e maduro, considerado solteirão definitivo, bugalhava os olhos na magrela, quem havia de dizer! O capitão Justo, homem de má fama, de péssima fama, pior não podia ser. Respeitado, sem dúvida, pelo dinheiro e pelos capangas, chefete municipal matreiro, prepotente, violento, sanguinário. Inclusive o doutor Ubaldo que antes de se meter em política não dizia mal de ninguém, benevolente ao extremo para os defeitos alheios, nunca tolerou Justiniano, “um monstro” segundo ele. Uma das razões da eleição do doutor, candidato da oposição, foi a coragem de denunciar nos comícios o conluio entre o antigo prefeito, o delegado e o capitão, associados contra a cidade.

Tantas e tais coisas tornaram-se públicas, tamanho foi o escândalo, a ponto de sensibilizar os Guedes, espécie de grei protectora da cidade, levando-os a retirar o apoio decisivo à “tenebrosa clique no poder”. Eleito, o doutor pouco ou nada pôde fazer contra os acusados, falto de provas e de solidariedade; contentou-se em administrar honradamente, em demasia, na opinião dos Guedes.

Tudo deve ter seu limite, inclusivé a honra administrativa, e ai daquele político incapaz de distinguir tais subtilezas da vida pública, curta será sua carreira.

De longe, dos campos de cana, da casa-grande da usina de açúcar, os Guedes primeiro elegeram, depois derrotaram o doutor Ubaldo Curvelo, incontinente da honradez.

O capitão Justo andara de corda curta durante aqueles anos, passara pelo dissabor de ver dois cabras seus serem presos numa rinha de galos.

Quando o doutor Ubaldo, nas eleições seguintes, foi vencido, Justiniano Duarte da Rosa atravessara a rua principal e a praça da Matriz montado a cavalo, descarregando a garrucha para o ar. O novo prefeito nem sequer tomara posse, já o medo se impunha novamente nas patas dos cavalos, nos tiros de revólver.

Pois não era outro senão Justiniano Duarte da Rosa, mais conhecido como capitão Justo, quem vinha pela calçada de olho na menina. Fora visto inclusivé na Matriz, ao crepúsculo, na hora da bênção: os olhos de suíno cravados em Dóris.

Dona Brígida põe as mãos na cabeça – que fazer, meu Deus? Vontade de correr a discutir com o padre Cirilo, com a comadre Teca Meneses, com o farmacêutico Trigueiros, mas a prudência a contém. Antes de sair comentando, deve estudar o assunto em todos os detalhes, sobra-lhe matéria para muita reflexão.

Sentadas em cadeiras, na calçada, após o jantar, a viúva e as vizinhas gozam a fresca da noite na diversão maior, inigualável – retalhar a vida alheia. Dóris ouve calada. No crivo das comadres não há perdão nem imunidade: os comerciantes uns ladrões, os maridos uns calhordas, as moças umas desavergonhadas, sem falar nos adultérios e nos mansos cornudos.

Ao ressoar dos passos do capitão, fez-se silêncio, nervoso, excitado silêncio, todos os olhos fitos em Justiniano e os dele fitos em Dóris. Dona Brígida pensou em levantar-se e ostensivamente retirar a filha do passeio, levá-la para dentro, bater a porta. A prudência, porém, a conteve mais uma vez, respondeu amável ao boa-noite do monstro e lhe sorriu.

ENTREVISTAS FICCIONADAS
COM JESUS CRISTO
Nº 86 SOB O TEMA :
“EUTANÁSIA”



RAQUEL - Emissoras Latinas continua com os seus microfones em Jerusalém. Hoje, Domingo de Páscoa, Jesus e eu estamos sentados num canto do populoso bairro árabe. Algo lhe chama a sua atenção? É o bulício, a roupa das pessoas, os edifícios?

JESUS - Os velhos

RAQUEL - Por quê os velhos?

JESUS - Vejo muitos idosos, Raquel. Antes, não era assim... As pessoas não viviam tanto tempo, a morte acontecia mais cedo…

RAQUEL - Agora é diferente. Com tantos medicamentos, qualquer um chega aos oitenta.

JESUS - Como Matusalém ...

RACHEL - E então aí surge a pergunta: uma pessoa idosa, doente e sem esperança... quando deve morrer?

JESUS - Não entendo ... deve morrer quando sua hora chegar ...

RACHEL – Sim… Mas quem marca essa hora? Hoje, uma pessoa pode estar muito doente e não morrer porque internado em bons hospitais colocam-no ligado a todo o tipo de aparelhos e... ele não morre...

JESUS - Não o deixam morrer?

RAQUEL - Essa é a discussão. Dizem que Deus é o senhor absoluto da vida e não podemos decidir ...
Estão chamando ao telefone... está lá?... sim? ... vê, Jesus Cristo, nosso ouvinte online quer saber sua opinião sobre a eutanásia ...

JESUS - Que palavra é essa, Raquel?

RAQUEL - O que lhe falava. Ter uma morte digna, decidir sobre a própria morte. Ouça...

JOVEM – A minha mãe é muito velha e tem uma doença terminal. A dor é terrível e os calmantes já não fazem nada. Ela não quer viver mais tempo e nós não queremos vê-la sofrer assim...

JESUS – E…

JOVEM - No hospital dizem que seu coração é forte, que lhe darão novas drogas e que ela ainda poderá viver meses, até anos ...

JESUS - Mas que vida seria essa se o cântaro já se partiu na fonte, e se quebrou o fio de prata?

JOVEM - Ela não quer ficar no hospital, quer morrer em casa ...

JESUS - Por que não fazer o que ela quer? Revela sabedoria perceber quando se abre a porta à morte.

JOVEM – E podemos passar ao lado de medicamentos e… apressar a partida?

JESUS - Falem com ela, acompanhem-na. Se ela está em paz e pronta para a viagem, ela decide. Se não, vocês, seus filhos, aqueles que realmente lhe querem, tomam a decisão.

RAQUEL - A ligação foi cortada ... O jovem estava chorando...

JESUS - Tem que estar sofrendo muito ...

RAQUEL - É que existem leis que proíbem a eutanásia. Acima de tudo, há pessoas religiosas que dizem que essa senhora deveria aceitar a sua dor e oferecê-la a si ...

JESUS – A mim? Por quê, eu?

RAQUEL - Porque o senhor sofreu por causa dela e agora ela tem que sofrer para si.

JESUS - Mas, que absurdo ... eu sofri por causa dos poderosos que ordenaram a minha morte. E ela sofre porque está doente, Raquel.

RAQUEL - Mas não dizem que o sofrimento purifica, que agrada a Deus?

JESUS - Deus ama a vida. A plenitude da vida e, sendo assim, como poderia Deus querer o sofrimento dos seus filhos e das suas filhas, quando a dor pode ser evitada? A dor, Raquel, é um bom mestre mas não se vai ter com ela. Ela vem sem aviso prévio.

RAQUEL - E quando não há recuperação possível, quando a vida é dor prolongada artificialmente e inútil?

RAQUEL - Eu disse-te na semana passada que Deus nos deu dois presentes: a vida e a liberdade. Quem tem ouvidos para entender, que entenda.

RAQUEL - Tentando entender, de um recanto do bairro árabe de Jerusalém, Raquel Pérez.


segunda-feira, março 14, 2011

O genro não quis arriscar...


O marido ganhou num sorteio 3 passagens para Jerusalém.

Chegou em casa, contou para a esposa e mandou-a arrumar as malas. Entretanto foi ligar à mãe para ir com eles mas a sogra começou uma grande discussão porque queria ser ela a ir.

Para dar final na briga ele concordou e lá foi a sogra.

Chegando lá, estavam visitando os locais onde Cristo passou quando de repente a sogra, emocionada, passa mal. Levam a velha paro o hospital mas ela acaba morrendo.

O marido, conversando com o pessoal do hospital, para ver o que ia fazer, perguntou quanto custava o enterro em Jerusalém.

Disseram que na moeda brasileira, seriam uns R$ 1.000,00.

Perguntou também quanto ficaria para mandar o corpo para o Brasil.

Responderam que com o transporte e tudo ficaria uns R$ 40.000,00.

O marido então escolheu mandar para o Brasil. O pessoal do hospital e a esposa olharam espantados para ele sem entender e perguntaram por que mandar para o Brasil se é muito mais caro?

O marido respondeu:

- Vocês já tiveram um caso de ressurreição aqui... Prefiro não arriscar...

DEUS E AS CATÁSTROFES
(Por Richard Dawkins)



É com tristeza que todos pensamos nas centenas de milhares de pessoas cujas vidas foram horrivelmente perdidas ou afectadas pelo terramoto e pelo tsunami do Japão, e que marcaram a negro os anais deste ano de 2011, e que vieram logo a seguir ao terramoto que atingiu Christchurch na Nova Zelândia.

Estes acontecimentos, que estão certamente ligados do ponto de vista tectónico, lembram-nos das vastas forças da natureza que, se são normais para o próprio planeta, são já prejudiciais para a vida humana, especialmente para aqueles que vivem perigosamente perto do quebra-cabeças que são as falhas da superfície terrestre.

Alguém me disse que na igreja da sua terra iria haver orações especiais pelas pessoas no Japão. Este comportamento bem-intencionado e fundamentalmente simpático mostra, no entanto, quão absurdas, no sentido literal do termo, são as práticas e as crenças religiosas.
Quando vi na televisão uma reportagem de pessoas a dirigirem-se para a igreja em Christchurch após o trágico terramoto, foram estes pensamentos que me assaltaram.

Não seria simpático da minha parte pensar que aqueles que foram à igreja o foram para dar graças por eles próprios terem escapado pessoalmente; não lhes quero imputar egoísmo e alívio pessoal no meio de um desastre no qual tantas pessoas arbitrária e subitamente perderam as suas vidas por causa de um “acto de Deus”.
Mas se essas pessoas foram rezar para que o seu deus olhe pelas almas daqueles que morreram, por que pensariam elas que esse deus o faria, uma vez que foi ele próprio quem causou, ou permitiu, que os seus corpos fossem súbita e violentamente esmagados ou afogados?

De facto, estariam elas a suplicar e a louvar uma divindade que idealizou um mundo onde existem tantas arbitrárias e súbitas mortes?
Um ser omnisciente conheceria bem todas as implicações daquilo que faz, e por isso saberia também que iria proporcionar estes acontecimentos e todas estas suas horríveis consequências.
Estariam elas a louvar o causador do seu sofrimento, pelo seu sofrimento, e também a suplicar a sua ajuda para escapar àquilo que ele próprio tinha planeado?

Talvez elas pensem que o seu deus não é o responsável pelo terramoto. Mas se elas acreditam que o seu deus idealizou um mundo no qual estas coisas acontecem, mas depois deixou esse mundo sozinho e não intervém mesmo quando ele se torna letal para as suas criaturas, então essas pessoas estão implicitamente a questionar a moralidade do seu carácter.

E se ele não é suficientemente poderoso para fazer alguma coisa sobre a criminosa indiferença do mundo para com os seres humanos, então em que sentido tem este deus?

Pelo contrário, ele parece ser um espírito impotente, para quem é inútil rezar e que é indigno de ser louvado.

- Porque se ele não é capaz de impedir um terramoto ou salvar as suas vítimas, então não está qualificado para criar um mundo.

- Mas se ele é poderoso o suficiente para ambas as coisas, mas ainda assim cria um mundo perigoso que inflige arbitrariamente sofrimentos violentos e agonizantes a criaturas racionais, então ele é perverso.

De qualquer modo, o que pensam as pessoas que acreditam em tal ser, e vão à igreja para o louvar e adorar?

Como, perante acontecimentos que a bondade e a preocupação humana consideram trágicos e que exigem ajuda – ajuda que são os próprios seres humanos que proporcionam aos seus semelhantes: nunca aparecem anjos vindos do céu para ajudar – podem as pessoas acreditar em tal incoerente ficção, como é a ideia desta divindade?

É este um enigma sem fim.

VÍDEO

Maldita Miopia...

TSUNAMI

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FAUSTO LIALI - TI AMO
Nesta canção é mais nítida a sonoridade poderosa e agressiva da voz de Fausto Liali, a tal que lhe valeu a alcunha do "branco negro".

TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA

Episódio Nº 54



Nas proximidades do Palácio de Despachos, alguém lhe apresentara um secretário de Estado, dizendo: “Doutor Dias é um prócer do Governo”. Justiniano apreciara o termo, ainda mais por que o conhecido o empregava igualmente em referência a ele: “Excelência, o capitão Justiniano Duarte tem um bocado de prestígio no sertão. Não demora e será um prócer também”. Satisfeito, pagou a cerveja e charutos para o tipo, vago jornalista à cata de jantar, e, pondo o orgulho de lado, perguntou:

- Prócer, que diabo é? Essas palavras estrangeiras, sabe, tem umas que ignoro.

Prócer, quer dizer chefe político, figura de proa, importante, homem de valor comprovado, ilustre. Por exemplo, Rui Barbosa, J. J. Seabra, Goês Calmon, o coronel Franklin…

- É francês ou inglês?

- Alemão – valorizou o charlata, ordenando mais cerveja.

Os próceres devem-se certas obrigações, a não ser quando se defrontam em campanha política. Mesmo tais divergências, porém, a morte as apaga, fica o dito por não dito, os agravos se enterram com o defunto, o doutor tinha sido um prócer e acabou-se. Conta aberta no armazém, Excelentíssima.

Inacreditável oferta; alguns dias depois, dona Brígida descobriu o motivo real do crédito e da aproximação do comerciante.

Só faltou cair dura no chão – não, não era possível, não podia crer! Absurdo sem tamanho, inimaginável e, no entanto, facto patente: o capitão estava de olho em Dóris, rondava-lhe as saias.

Saias curtas, sapatos baixos, dona Brígida ainda não a promovera a moça, apesar dos catorze anos e das regras mensais. Mantivera-a menina por mais barato e mais adequado à sua condição e à falta de perspectivas. Jamais passou pela cabeça de dona Brígida – essa a verdade nua e crua – fosse alguém interessar-se por Dóris, calada, trancada em si mesma, difícil, sem amigas, toda da igreja, de missas e novenas. “Essa vai ser freira”, repetiam as comadres e dona Brígida não desaprovava. Não via melhor saída, solução mais favorável.

Dóris, herdara os nervos do pai, magoava-se facilmente, chorava por um nada, metia-se pelos cantos, emburrada, o terço na mão. Sem insistir na falta de atributos físicos, capítulo que dona Brígida preferia silenciar – não sendo de todo feia de rosto, olhos grandes e claros, espantados, cabelo loiro em franjinhas, o corpo era uma tristeza, magro feixe de ossos, as pernas uns gravetos, busto raso, seios sem volume – jamais tivera namorado.

Dona Brígida, de cujo amor maternal ninguém ousaria duvidar, ao apertar a filha contra o corpo opíparo de Rainha-mãe, declamava, dramática: “Minha Gata Borralheira!” Sim, tudo apontava Jesus como príncipe encantado dessa borralheira sertaneja; as freiras da Escola Normal e do Hospital cultivavam-lhe a vocação taciturna e as colegas, cruéis, apelidaram-na de madre Esqueleto.

Ora, já se viu, o capitão! Nenhum rapaz da rua ou menino do colégio levantou jamais os olhos para Dóris com ternura ou malícia, nem um só propôs-se a levá-la atrás do outeiro, clássico couto de namorados, caminho por onde passavam quase todas na saída das aulas, em rudimentar aprendizagem. Dessas coisas, Dóris só sabia por ouvir dizer. As colegas tinham maligno prazer em tomá-la por confidente de beijos, agarramentos, bolinagens, com detalhes excitantes.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 85 SOB O TEMA:

“O SANTO SUDÀRIO” (4)



O SANTO SUDÁRIO: UMA FARSA

O teste do carbono 14 foi realizado com o lençol do "santo sudário” em 1988 por 21 especialistas dos laboratórios em Oxford, Zurique e Tucson, supervisionadas pelo Museu Britânico em Londres, mostrou que o tecido era de um período de entre os anos de 1260 e 1390, datas que coincidem com o tempo em que se sabe, pela história, que esta relíquia foi doada a uma igreja em Paris. O relatório dos três laboratórios que utilizaram técnicas diferentes e obtiveram resultados semelhantes, foi publicado pela comunidade científica "Nature" ,prestigiosa Revista, na sua edição de 16 de Fevereiro de 1989.


Os testes de rádio-carbono foram realizados em 1988 a pedido do Vaticano em 1977, depois de dois jovens físicos terem sobredimensionado o prodígio do sudário. Ambos, ocasionalmente, submeteram alguns slides do sudário a um novo analisador de imagens desenvolvido pela Nasa, a agência espacial dos EUA.


O poderoso dispositivo devolveu-lhes a imagem plana em três dimensões. Experiência superficial e ocasional realizada por estes dois físicos, permitiu deduzir que o homem "do pano” era uma pessoa influente. Isso alimentou ainda mais a imaginação do sindonólogos sobre a prova "científica" da ressurreição de Jesus que a tela representava. No entanto, a análise de rádio-carbono, mostrando que o tecido era do século XIV, recolocou seriedade no debate deste assunto. Apesar disso, continua-se a espalhar-se a ideia de que "A NASA” testou a autenticidade do milagre representado pelo Sudário.

O sudário é uma farsa, assim como são farsas a maioria das relíquias que circularam pela Europa durante séculos. O "artista" que a fabricou recorreu a um procedimento, sem dúvida muito original, ao imprimir no tecido, chamuscando-o, um verdadeiro "negativo". Quando a fotografia ainda não tinha sido inventada aquele homem devia conhecer os seus princípios. Mas o negativo que ele conseguiu não era perfeito e o "homem" do Sudário ficou com os braços extremamente longos, esticados pelo pretenso fotógrafo, para cobrir com eles os órgãos genitais – o pudor era essencial para a religião do politicamente correcto daquela época – e a cabeça e a cara aparecem desproporcionalmente nítidas relativamente àquilo que se vê da parte restante do corpo.

Estes dois aspectos são particularmente suspeitos no negativo: os judeus enterravam seus mortos envolvidos em mortalhas mas com os braços cruzados sobre o peito, e o negativo do rosto e do cabelo do homem do pano não fazem o contraste que faria um rosto verdadeiro num negativo verdadeiro.

domingo, março 13, 2011

TSUNAMI

(clique na imagem)

HOJE È
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)



No passado sábado, dia 5 deste mês de Março, estive no almoço anual com os camaradas que fizeram comigo a guerra colonial de Angola de Novembro de 1962 a Março de 1965.

Ao longo de 13 anos, de 1961 até 1974, centenas de milhar de compatriotas meus embarcaram no Cais da Rocha de Conde Óbidos, em Lisboa, para uma realidade completamente desconhecida que era combater nas matas de Angola, Guiné e Moçambique.

Jovens preparados à pressa, recrutados por todo o país, de norte a sul, foram enviados para África, ao que lhes disseram, para defender a pátria.

Como “perdemos” essas guerras, retirámos desses territórios e a pátria continua, percebemos, mais tarde, que o argumento foi forçado. Não era tanto a defesa da pátria, talvez antes a salvaguarda de interesses, na melhor das hipóteses, na fase inicial, a protecção de compatriotas nossos que lá viviam, especialmente depois daquele horrível massacre de civis no qual, brancos e negros, velhos e crianças foram mortos à catanada, em Março de 1961, da responsabilidade da UPA (União dos Povos de Angola).

Nestes almoços de confraternização, como o meu, existirão provavelmente dezenas por todo o país, a problemática da guerra já passou completamente à história. O que se recorda, o que se revive, foram as experiências por que um grupo de jovens, durante 27 meses, viveram num ambiente estranho, hostil, adverso, perigoso, fatal para alguns… mas marcante.

Sentimos, passados todos estes anos, que ficámos irmanados… foi tudo demasiado forte, intenso, desenquadrado das vidas normais que levávamos nas nossas terras, para que laços indestrutíveis não se tivessem criado.

A carta que a seguir transcrevo e que dirigi aos camaradas que estiveram comigo neste almoço, poderia ser enviada a todos os meus compatriotas de outros almoços idênticos ou, mais generalizadamente, a todos os que não indo a almoços de confraternização passaram, no entanto, pela experiência dessa guerra.


Almoço Anual de Confraternização da Companhia de Caçadores Nº 388 do Batalhão 381

5 de Março de 2011

Camaradas e Amigos

Há dias, revolvendo numa gaveta fotografias há muito guardadas, encontrei entre elas, rigorosamente dobrado em quatro, um papel com aspecto de envelhecido que, pela cor e textura já quase parecia um papiro. Os anos deram-lhe um ar de dignidade, de documento importante, daqueles que se guardavam no cofre, tipo escrituras ou certidões, quando certas pessoas, poucas, ainda tinham cofre em casa.

Os papéis que ficam muitos anos intocados envelhecem com respeitabilidade, não se amarrotam, não enrugam, não engelham, apenas a patine do tempo a conferir-lhes distinção e respeito.

Desdobrei-o cuidadosamente. Ao cimo e ao centro um carimbo de tinta desbotada do Regimento de Infantaria 16 e por baixo, em letra impressa:

- “Passa à disponibilidade, desde amanhã…” e agora em letra manuscrita: “o Alf. Miliciano Joaquim Luís…”; em baixo, antes da assinatura do Comandante, “Quartel em Évora, 3 de Março de 1965.”

Olhei-o, sorri e continuei a lê-lo: “O portador deste documento deverá apresentá-lo quando lhe for exigido pela autoridade militar ou civil, em substituição da sua caderneta militar…” caramba, quase me deu vontade de fazer continência!

Voltei a dobrá-lo com o mesmo cuidado com que o desdobrei e pensei que afinal a nossa vida são memórias, memórias que se vão avolumando à medida que os anos passam e ficamos gratos quando alguém ou alguma coisa as recupera para nós.

Podem os corações continuarem a bater no peito mas se as memórias se apagam nas nossas cabeças, não passaremos de mortos-vivos:

- Cais da Rocha do Conde Óbidos, Vera Cruz, a escadaria do portaló salpicada de militares a descê-la de saco às costas, beijos e abraços intermináveis… e as imagens continuam a desfilar no pensamento como naqueles tempos das máquinas de passar fitas a preto e branco e o filme chegava ao fim.

Uma página tinha-se virado pondo fim a um capítulo das nossas vidas, outros se iriam seguir… hoje conhecemo-los, então, ao descer os degraus da escada do portaló, apenas projectos vagos, mais ou menos óbvios em que não queríamos pensar naqueles momentos.

Para trás, tinha ficado a “nossa guerra”:

- Úcua, Piri, Pango, Quibaxe, Fazenda Rainha Santa, Maria Fernanda, Cazombo, Lumbala, Caripande,… os medos de quando éramos “maçaricos”, o sobressalto dos tiros, o desgosto dos camaradas mortos na emboscada na estrada do Pango, o matraquear dos motores dos Unimogs nas apavorantes viagens pelas picadas ladeadas de verde onde sobressaíam milhões de olhos negros que nos espiavam… (que o diga o nosso camarada “Cu de Alfinete”: “Ó meu alferes, tive tanto medo que não me cabia no cu a cabeça de um alfinete!”).

O emaranhado das florestas a Norte, os grandes espaços do Leste, a serenidade do povo Luena e a beleza das suas jovens a quem terão chamado as “espanholas de África”. O soba, bem lá ao Sul, de bigodes entrelaçados, o ritmo dos tambores nos batuques de sábado à noite regados a copos de hidromel e acompanhados de furtivas escapadelas para o mato.

Os banhos da jangada para o rio Zambeze, as caçadas nas planícies a perder de vista, de bússola na mão para o caminho de regresso, sempre já de noite fechada, atravessando o rio com o jeep e o atrelado carregado de animais.

Os bifes de palanca e gnu ao pequeno almoço para dar vazão á carne que a geleira a petróleo não aguentava e, vejam lá, até passeios de barco a motor com piqueniques ao Domingo, na ilha, bem a meio do rio, como um grupo de amigos que, na verdade, éramos.

… e ali estávamos de novo, vinte e oito meses depois de termos embarcado naquele mesmo navio, naquele mesmo porto, agora para o último dispersar.

Cada um de nós dirá hoje se aquela foi ou não a grande “aventura das nossas vidas” mas, meus amigos, a que propósito nos iríamos nós reunir todos os anos num almoço, trocando abraços, conversas, cânticos se não fosse mesmo por termos vivido em comum a maior “aventura das nossas vidas?”

Compreendo aqueles que a quiseram esquecer: muitas das recordações não foram boas, algumas foram mesmo muito más, outros as tiveram bem piores, mas existirá, por acaso, “aventura” feita de rotinas insípidas, boas e agradáveis? …que também as tivemos!

É o “fio da navalha” que confere às situações a marca de “aventura”: a dor, o cansaço, a sede dentro daquele capim húmido que nos submergia e abafava, o perigo, o medo, a incerteza, o desconhecido, o receio da morte, o contar dos dias no calendário pondo uma cruzinha em cada um… e finalmente o regresso, o acordar de novo para a vida, aquela que nos esperava no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, depois do último degrau da escada do portaló do navio Vera Cruz, na nossa terra ou nas terras da emigração, para a verdadeira aventura da vida.

Cais da Rocha de Conde Óbitos, e o papel, então, muito branquinho, sem a patine do tempo:

- “Passa à disponibilidade, desde amanhã o Alferes Miliciano Joaquim Luís

Évora, 3 de Março de 1965.”


Um abraço, saúde para todos e até para o ano.


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