sábado, outubro 16, 2010


“A CASA DOS SEGREDOS”

“A Casa dos Segredos” novo programa em exibição na TVI, não é apenas um lastimável programa, é pior que isso. É, não sei com dizer, o retrato da falência moral de uma parte do país e da sociedade. Eu sei que não representam mais do que uma franja de uma juventude absolutamente descartável, sem valores nem objectivos que não sejam trepar na vida rapidamente e de qualquer maneira (“estou disposta a tudo”, garantia uma concorrente perante o entusiasmo da Júlia Pinheiro). Mas imediatamente se transformou no programa mais visto da nossa televisão e talvez isso queira dizer alguma coisa.

Não será por isso que o Chile vai crescer este ano 6,5%, enquanto nós vamos entrar em recessão. Mas não pude deixar de meditar na distância que vai entre os soterrados de Atacama e os auto-reclusos de Queluz de Baixo.

O Chile mostrou-nos a lição da dignidade, da coragem e vontade de um grupo de mineiros lutando pela vida, enquanto cá em cima muitos outros lutavam pela vida deles. A TVI mostra-nos o espectáculo degradante da prostituição moral e da indigência mental feitas para um milhão e meio de voyeurs. Dá que pensar…



Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro

Quem foram os ministros das Finanças e da Economia dos últimos 30 anos neste país que acharam que o Estado podia sustentar 14.000 empresas estatais e locais?

Que aceitaram fazer sistematicamente obra sem a pagar (as parcerias público-privadas (inauguradas pelo austero ex- primeiro ministro Cavaco Silva: Ponte Vasco da Gama, 400 milhões acima do previsto e para a travessia do comboio na Ponte 25 de Abril, 114 milhões) negociando contratos onde o Estado foi sempre aldrabado e as facturas foram irresponsavelmente chutadas para quem viesse depois?

Eles não sabiam que um dia teríamos de pagar isto e nunca se perguntaram como o faríamos?

Miguel Sousa Tavares

(Jornal Expresso)

VÍDEO

Smpre acabou por dar geito...

Rapidinha



Um papagaio acidentalmente engoliu uma dose de Viagra.

O dono, preocupado, mete o papagaio no frigorífico para acalmá-lo.

Um hora mais tarde abre a porta e vê o papagaio suado.

- Como pode você estar suando no congelador?

- Responde o papagaio:

- Você pensa que é fácil abrir as pernas de uma galinha congelada?


DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS

Episódio Nº 245



1


Não tardaria o crupiê anunciar a última bola, eram a madrugada e o cansaço. Em desespero, Madame Claudette andou de jogador em jogador, estendendo a um e a outros, a mão de pedinte. Já não conseguia sequer dar à voz e aos olhos entoação de convite, toque de malícia, promessa de doce pagamento. Já não tinha nem um resquício de amor-próprio, apenas medo da fome. Já não dizia com seu puro acento parisiense: mon chéri, mon petit coco, mon chou, apenas suplicava, numa voz de dentes podres, uma ficha, ao menos uma das pequenas, de cinco mil-réis. Não para jogar, para remir, garantindo o de comer no outro dia.

Se a houvessem atendido quando penetrara, frustrando a vigilância do porteiro ou comovendo-o (havia ordens para barrar-lhe a entrada, então colocaria a ficha na roleta para multiplicá-la com certeza e obter o dinheiro para o aluguel vencido da pocilga no sobradão do Pelourinho onde habitava com ratos e baratas (umas baratas negras e cascudas: subiam-lhe pela cama, um nojo). Cada manhã era acordada com gritos e escarros, pelas ameaças de despejo imediato do Fedorento, proposto da senhora dona Imaculada Taveira Pires, proprietária daquele e de muitos outros cortiços, cuja renda total o comendador lhe destinara, para suas caridades.

O aluguel, quem sabe? talvez ainda conseguisse um prazo, um dia ou dois, se o Fedorento aparecesse disposto a “aliviar a matéria” como ele dizia, e ela lhe satisfizesse as necessidades. Preço terrível, no dizer dos que conheciam o Fedorento (mesmo conhecendo também madame Claudette e a sua extrema decadência; perto dele Madame era perfume e flor).

Próxima dos setenta – se lá não chegara ainda – quase calva, uns ralos cabelos, cacos de dentes, olhos de catarata, já não tinha ela como professar o honrado ofício no qual um dia fora excelsa majestade, quando os clientes faziam fila na sala da pensão de mulheres onde o exercitava com requinte.

Desembarcara em Salvador na força e no encanto dos quarenta anos, parecendo vinte e cinco, via Buenos Aires, Montevideu, São Paulo, Rio, “sensação de Paris” e do alto meretrício da Bahia, num tempo tão distante que dela Madame Claudette não guardava senão débil memória, não lhe servindo assim aquele fausto nem mesmo como fonte de alegria.

Foi descendo aos poucos, rua a rua, da Pensão Europa, na Praça do Teatro, supra-sumo do chique, onde os coronéis do cacau rasgavam notas de quinhentos e aprendiam, em curso em curso intenso, as finuras gálicas do prazer. Foi baixando de hierarquia e preço, até chegar, numa viagem de anos e anos, implacável, à última imundice no sopé das ladeiras, nas sarjetas do Julião e do Pilar, do Beco da Carne Podre. E, por fim, nem isso. Viveu, então nos quartos miseráveis sua amarga fome. Num trotoar escuso, oferecia-se por um níquel nas esquinas mais sombrias, “michê de Paris, mon coco”.

Certa ocasião um negro, no começo da cachaça lhe disse quase afectuosamente, dando-lhe um níquel.

- Vá criar seus netos, vovó, você não serve mais pra puta…

Não tinha netos, nem um só parente, nem um só amigo, ninguém, nada.

SALVATORE ADAMO - AFIDA UNA LAGRIMA EN LAS NUBES
O meu cantor favorito da juventude, meu e ainda mais das jovens todas do meu tempo. Gostávamos das vozes e das canções românticas, das que faziam suspirar... outros tempos... tempos de esperança e de sonho.
"... entrega uma lágrima ao vento e faz com que a traga para mim, o vento me disse:"presta atenção a tua bela não pensa mais em ti..."


INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTRVISTA Nº 65 SOB O TEMA:

OS SACERDOTES

(5ª e último, continuam as entrevistas)


Sacerdócio Feminino

Até ao séc. V foi prática habitual na cristandade ordenar as mulheres como diaconisas (mulheres de conduta irrepreensível chamadas a participar dos serviços da igreja), um grau inferior ao dos sacerdotes com algumas funções na liturgia e na vida da igreja, embora estas funções fossem mais limitadas que as dos diáconos. A partir deste século esta prática desapareceu.

Em várias igrejas protestantes (luterana, anglicana, morava, episcopaliana, etc.) as mulheres começaram recentemente a ascender ao sacerdócio. A igreja católica é mais relutante nesta mudança.

A questão da ordenação das mulheres na igreja católica ganhou força nos meados do século XX pelo decréscimo das vocações sacerdotais. A igreja católica nos E.U. reflectiu pioneiramente sobre a conveniência do sacerdócio feminino.

As primeiras ordenações de mulheres na igreja anglicana, em Março de 1994, em Inglaterra, deram mais força ao debate. Em Carta Apostólica de Maio de 1994, o Papa João Paulo II quis deixar encerrado este assunto ao afirmar textualmente: “Declaro que a Igreja não tem de modo algum a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres e que este ditame deve ser considerado como definitivo para todos os fiéis”.

Em 1995, a Congregação para a Doutrina de Fé ratificou esta posição na Carta Apostólica “Ordenato Sacerdotalis” para tirar todas as dúvidas sobre uma questão de grande importância respeitante mesmo à constituição divina da Igreja.

Neste documento diz-se que a exclusão das mulheres do sacerdócio deve ser sempre respeitado, em todo o lado e por todos os fiéis na medida em que se trata de uma “questão de fé”. É uma recusa contundente já que, a expressão “questão de fé” representa o grau máximo da certeza teológica anterior á declaração oficial de um “dogma católico”. De facto, indica que essa doutrina se considera infalível e, por isso, garante que nenhum outro Papa a pode anular.

Por todos estes indícios doutrinais, deve entender-se que o sacerdócio das mulheres é um assunto arrumado entre os católicos.

Perante “este cerrar de portas”, a pergunta é: vale a pena lutar pelo sacerdócio feminino na igreja católica? Se as mulheres acederem hoje ao sacerdócio católico, tal como o conhecemos, transformá-lo-iam ou seria elas as transformadas? Contribuiriam as mulheres para a mudança ou simplesmente serviriam para alimentar com nova seiva um modelo contrário à mensagem de Jesus e do seu Movimento por separar o sagrado do profano e estabelecer uma hierarquia poderosa que Jesus recusou e o seu Movimento desconheceu?

O que está claro é que Jesus estava contra qualquer sacerdócio fosse ele masculino ou feminino.

sexta-feira, outubro 15, 2010


RAPIDINHA


Passageiro para uma hospedeira muita boa:

- Como se chama?

Hospedeira: Mercedes, Senhor !

Passageiro: Que lindo nome ! Tem alguma relação com a Mercedes Benz ?

Hospedeira: O mesmo preço…

VÍDEO

Uma modalidade de tiro aos pratos... mas de "homem"!

ROBERTO MULLER - NUNCA MAIS BRIGAREI CONTIGO

José Ribamar da Silva, mais conhecido por Roberto Muller, natural de Piracuruca, nasceu em 1937 e em 1955 iniciou a carreira artística. Em 1963, no Rio de Janeiro, gravou esta canção. Tem um público fiel que lhe chama "o romântico pinga ouro do Brasil).

DONA FLOR

E SEUS DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 244




Transpondo a porta, doutor Teodoro lhe fez os devidos elogios:

- Festa de primeira, minha querida. Tudo em ordem, nada faltou, tudo perfeito. Assim é que eu gosto, sem um deslize… - e foi mudar a roupa atrás da cabeceira do leito de ferro, enquanto ela vestia a camisola.

Felizmente tudo correu bem, Teodoro.

Para comemorar o aniversário, escolhera aquela camisola de rendas e babados da noite núpcias em Paripe, obra de dona Enaide, e desde então guardada. Viu-se ao espelho, bonita e desejável. Teve vontade que Vadinho a visse, mesmo de relance.

Vou lá dentro beber água, volto num minuto, Teodoro.

Era capaz do outro ter adormecido, a fadiga da longa travessia. Para não acordá-lo, foi pelo corredor na ponta dos pés. Queria apenas vê-lo por um instante, tocar-lhe a face se dormindo, mostrar-lhe (de longe) a transparente camisola, se desperto.

Chegou apenas a tempo de enxergá-lo, partindo através da porta, nu e com pressa. Ficou parada e gélida, uma dor no coração: ofendido, ei-lo de retorno, e ela para sempre só. Não mais seu rosto fino onde pousar os lábios, não mais se exibiria de camisola à sua frente (para que ele estendesse a mão e arrancasse rindo), nunca mais. Ofendido, ele partira.

Antes assim, talvez. Com certeza, antes assim. Era mulher direita como olhar para outro homem, mesmo aquele, tendo seu marido na cama a esperá-la, de pijama novo (presente de aniversário do casório)? Antes assim, Vadinho indo embora e para sempre. Já o vira, já o beijara, não desejava mais. Antes assim, repetia, antes assim.

Desprendeu-se dali, andou para o quarto. Por que tão logo de retorno? Por que de volta assim tão de repente, se, para vir, atravessara o espaço e o tempo?

Quem sabe, ela não foi de vez?

Quem sabe, saíra de passeio, para lançar uma olhadela na noite de Bahia, ver como andava o jogo, como o tinham cultivado em sua ausência – saíra apenas em inspecção, em ronda, do Palace ao carteado de Três Duques, do Abaixadinho à casa de Zezé Meningite, do Tabaris ao antro de Paranaguá Ventura


V


Da Terrível Batalha Entre O Espírito E A Matéria, Com

Acontecimentos Singulares E Pasmosas Circunstâncias,

Possíveis de Ocorrer Somente Na Cidade Da Bahia, E

Acredite Na Narrativa Quem Quiser.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 65 SOB O TEMA:

OS SACERDOTES (4ª)


As Viúvas, Sacerdotizas Cristãs

Nas primeiras comunidades cristãs falava-se de presbíteros mais do que de sacerdotes. “Presbítero” significa “ancião” e num mundo onde as pessoas não viviam tantos anos como hoje e a sabedoria era recebida da própria vida e transmitida pelos mais velhos, a velhice chegava muito rapidamente e estava relacionada, precisamente, com sabedoria (no tempo dos meus avós dizia-se que o diabo sabia muito não por ser inteligente mas por ser velho).

O teólogo José Maria Marin explica:

- A mulher viúva correspondia ao presbítero masculino. O ministério das viúvas correspondia, provavelmente, a uma forma autónoma de um certo presbiterado feminino que perduraria até ao Séc. IV. Falava-se da viuvez como de um grupo apostólico reconhecido pela comunidade distinto. Estas viúvas eram denominadas anciãs ou presbíteras, nomes que se davam aos dirigentes das primeiras comunidades cristãs.

Desempenhavam várias funções: pastoral domiciliária entre mulheres, juntamente com serviços caritativos próprios dos diáconos (palavra que vem do grego e significa “servo” ou “ministro”), o ministério da oração, administração do baptismo e a celebração da eucaristia. A Igreja do Ocidente no Concílio de Leodicea no ano 343, acabou com o papel das viúvas nas comunidades cristãs.

E acrescentou ainda o teólogo:

- Se Jesus não tivesse posto as mulheres ao mesmo nível, em todas as ordens, com os homens não se poderia explicar como as primeiras comunidades cristãs tivessem dado às mulheres este protagonismo ministerial. Até Paulo, que se mostra tão intransigentemente misógino quando afirma que “não tolera que as mulheres falem no Templo” nem permite que “orem de cabeça descoberta”, não tem outro remédio que não seja citá-las como apóstolos e ministros dizendo que é “um preceito de Jesus”.



José Maria Marin

Este teólogo laico e ex-sacerdote católico expressa no seu texto “Sacerdócio Cristão ou Ministério da Comunidade”, de uma forma consistente que Jesus não foi sacerdote e que, seguindo Jesus, nas primeiras comunidades cristãs, não havia sacerdotes e que o sacerdócio provem de uma tradição alheia aos evangelhos.

Explica Marin:

- A chamada “ordenação” sacerdotal ou ministerial é um costume assumido do Império Romano, no qual “ordo” significava acesso a uma classe social determinada… Para os ministros religiosos estabeleceu-se a “Ordem dos Clérigos” que não passava de uma “casta” a que se chegava por uma “carreira”. O “ordo”, os filhos poderosos, notáveis, situados numa burocracia estável que se
passou chamar “clero” que se considerava “sagrada” e que devia viver separada do resto
, d0s laicos, do resto do povo.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Michele Obama


Há tempos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saiu para jantar com sua esposa, Michelle, e foram a um restaurante não muito luxuoso, porque queriam fazer algo diferente e sair da rotina.
Estando sentados à mesa no restaurante, o dono pediu aos guarda-costas para se aproximar e cumprimentar a primeira dama, e assim o fez.
Quando o dono do restaurante se afastou, Obama perguntou a Michelle:

- Qual é o interesse deste homem em te cumprimentar?
Michele respondeu: Acontece, que na minha adolescência, este homem foi muito apaixonado por mim durante largo tempo.
- Obama disse então:

- Ah, quer dizer que se tivesses casado com ele, hoje serias dona deste restaurante?

- Michelle respondeu:
- Não, meu querido, se eu tivesse casado com ele, hoje ele seria o Presidente dos Estados Unidos.

MORRE LENTAMENTE...



"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!»

PABLO NERUDA

VÍDEO

Rolling Stones... uma relíquia de 1966

LUIZ AYRÃO - OS AMANTES

Luiz Gonzaga Kedi Ayrão, nasceu em 1942 no Rio de Janeiro e teve grandes
sucessos como o "Lencinho"; "Porta Aberta"; "Nova Canção"; "Aguia na Cabeça" e
os "Amantes", esta que estão aouvir, gravada em 1979, e que vendeu 2 milhões de cópias... Mas ele é também compositor e escritor e o Flamengo é o seu time do coração.


Rapidinha...



A Senhora telefona para a Pizaria e pede que lhe levem a casa uma piza.


Pergunta o empregado:


- A senhora pretende que a corte em 4 ou em 8 bocados?


- Em 4, se faz favor, eu sou lá capaz de comer 8 bocados!

DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 243


- Lá vem ele, Vadinho, vai-te embora… Fiquei contente, muito contente, nem sabes, de te ver… Foi bom demais.

Vadinho bem do seu, a la godaça.

- Vai embora, doido, ele já está entrando em casa, vai fechar a porta.

- Por que hei-de ir me diga?

- Ele chega vai te ver aqui, que é que eu vou dizer?

- Tola… ele não me vê, só quem me vê és tu, minha flor de perdição…

- Mas ele vai deitar na cama…

Vadinho fez um gesto de lástima impotente:

- Não posso impedir, mas, apertando um pouco cabe nós três…

Dessa vez ela se zangou deveras:

- Que é que tu pensa de mim ou tu não me conheces mais? Por que me trata como se eu fosse mulher-dama, meretriz? Como se atreve? Não me respeita? Tu bem sabe que sou mulher honesta…

- Não se zangue, meu bem… Mas foi você quem me chamou…

- Só queria te ver e conversar contigo…

- Mas se a gente nem conversou ainda…

- Tu volta amanhã e nós conversamos…

- Não posso estar indo e voltando… ou tu pensa que é uma viaginha de brinquedo, como ir daqui a Santo Amaro ou à Feira de Santana? Pensa que é só dizer: “eu vou ali já volto?” Meu bem, já que vim, eu me instalo de uma vez…

- Mas não aqui no quarto, aqui na cama, pelo amor de Deus. Veja, Vadinho, mesmo ele não te vendo, eu fico morta de sem jeito. Não tenho cara para isso – e fez a sua voz de choro, jamais ele tolerou vê-la chorar..

Está bem, vou dormir na sala, amanhã a gente resolve isso. Mas antes quero um beijo.

Ouviram o doutor no banheiro a se lavar, o ruído da água. Ela lhe estendeu a face pundunorosa.

- Não, meu bem, na boca se quiser que eu saia…

O doutor não tarda que fazer senão sujeitar-se à exigência do tirano, entregar-lhe os lábios?

- Ai, Vadinho, ai… - e mais não disse, lábios, língua e lágrimas (de pejo ou de alegria) mastigados na boca voraz e sábia,. Ai, esse sim, um beijo!

Ele saiu com sua nudez inteira, tão belo e másculo! Dourada penugem a lhe cobrir braços e pernas, mata de pelos loiros no peito, a cicatriz da navalhada no ombro esquerdo, o insolente
bigode e o olhar de frete. Saiu deixando o beijo a lhe queimar a boca (e as entranhas).

quarta-feira, outubro 13, 2010

VÍDEO

Lembram-se do Bucha e Estica? Em criança, ainda me diverti muito com os seus filmes... aqui os temos em plena forma.

PEDRO BARROSO - A PERNINHA DA MENINA
Autor, compositor e cantor, é um escândalo este artista do meu Ribatejo (Riachos) não aparecer mais na rádio e na televisão. Estreou-se no Programa Zip-Zip, recordam-se, e no ano passado fez 40 anos de vida artística. É também um poeta e publicou recentemente um livro de poemas "Das Mulheres e do Mundo". Há quem o considere o último dos trovadores mas, de certeza, é um cantor de emoções.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTRVISTA Nº 65 SOB O TEMA:

OS SACERDOTES (3)


Um Livro Polémico

O teólogo católico alemão, Eugen Drewermann no seu polémico livro “Clérigos”, analisa na sua qualidade de psicanalista, as características da “vocação” sacerdotal e da vocação de religiosos e religiosas para chegar a conclusões demolidoras das raízes patogénicas do “funcionariado” católico e, por extensão, das sociedades influenciadas desde há séculos pela moral católica.

Extenso, provocador e cheio de informações e reflexões, o propósito deste livro é libertador.

Diz Eugen Drewermann ao assinalar esses objectivos:

“A maneira mais simples de desempenhar esse halo de predilecção divina que parecem ter os clérigos é mostrar essa imagem de superioridade, com ares de super-terrestres tecida de repressões e de transferências psicológicas de natureza bem terrestre.”

É um livro que recomendamos pela lucidez e audácia.


Mulheres Com Tarefas Sacerdotais

Todas as culturas patriarcais consideraram a tarefa sacerdotal – mediação entre o humano e o divino – correspondendo privilegiadamente aos homens.

Ainda assim, nas religiões antigas houve sacerdotizas em alguns cultos greco-romanas e egípcias.

Actualmente, há culturas religiosas que incluem as mulheres como “xamãs” (que entram em transe durante os rituais religiosos). As religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo) excluíram totalmente as mulheres do sacerdócio.

Na história das religiões as mulheres sacerdotisas estiveram ligadas a cultos de fecundidade, a ritos relacionados com a vida vegetal e animal, a cerimónias centradas na dança e a música, em festas que celebram a sexualidade. Em troca, o sacerdócio masculino aparece ligado a uma religião de sacrifícios cruéis, sangrentos, impondo normas, restrições, repressões, a expiação de
pecados, a autoridade, as guerras, a violência e a crueldade.

DONA
FLOR

E SEUS
DOIS

MARIDOS

Episódio Nº 242



Sozinha, dona Flor deu as costas a tudo aquilo; os doces, as garrafas de bebida, a desarrumação das salas, os ecos das conversas na calçada, o fagote a um canto, mudo e grave. Andou para o quarto de dormir, abriu a porta e acendeu a luz.

- Você? – disse numa voz cálida mas sem surpresa, como se o estivesse esperando.

No leito de ferro, nu, como dona Flor o vira na tarde daquele domingo de carnaval quando os homens do necrotério trouxeram o corpo e o entregaram, estava Vadinho deitado, a la godaça, e sorrindo lhe acenou com a mão. Sorriu-lhe em resposta dona Flor, quem pode resistir à graça do perdido, àquela face de inocência e de cinismo, aos olhos de frete? Nem uma santa da igreja, quanto mais ela, dona Flor, simples criatura.

- Meu bem… - aquela voz querida de preguiça e lenta.

- Por que veio logo hoje? – perguntou dona Flor.

- Porque você me chamou. E hoje me chamou tanto e tanto que eu vim… - como se dissesse ter sido o seu apelo tão insistente e intenso a ponto de fundir os limites do possível e do impossível . – Pois aqui estou, meu bem, cheguei indagorinha… - e semilevantando-se, lhe tomou a mão.

Puxando-a para si ele a beijou. Na face porque ela fugia com a boca.

- Na boca, não. Não pode, seu maluco.

- E por que não?

Sentara-se dona Flor na borda do leito, Vadinho novamente se estendeu a la vontê, abrindo um pouco as pernas e exibindo tudo, aquelas proibidas (e Formosas) indecências. Dona Flor se enternecia com cada detalhe desse corpo: durante quase três anos ela não o vira e ele permanecia igual como se não tivesse havido o tempo.

- Tu está o mesmo, não mudou nem um tiquinho. Eu, engordei.

- Tu está tão bonita, tu nem sabe… Tu parece uma cebola, carnuda e sumarenta, boa de morder… Quem tem razão é o salafra do Vivaldo… Bota cada olho em teu pandeiro, aquele fístula…

- Tira a mão daí, Vadinho, e deixa de mentira… Seu Vivaldo nunca me olhou, sempre foi respeitador… Vai, tira a mão…

- Por que, meu bem…? Tira a mão, por quê?

- Você se esquece, Vadinho, que sou mulher casada e que sou séria? Só quem pode botar a mão em mim é meu marido…

Vadinho pinicou o olho num deboche:

- E eu o que é que eu sou, meu bem? Sou teu marido, já se esqueceu? E sou o primeiro, tenho prioridade…

Aquele era um problema novo, nele não pensara dona Flor e não soube contestar:

- Tu inventa cada coisa… Não deixa margem para a gente discutir…

Na rua, de volta, soaram os passos firmes do doutor Teodoro.

terça-feira, outubro 12, 2010

VÍDEO

Tarado atrai vítima e tenta...(cuidado com as pessoas mais sensíveis...)

RETALHOS DE CETIM - BENITO DI PALMA
Uma das canções mais emblemáticas da MPB. Benito Di Palma, autor e intérprete costumava, antes de se apresentar em cada show, falar ao público, em palavras improvisadas, da família e da sua importância na vida das pessoas e fazia-o revelando uma grande sabedoria e propriedade. A letra deste samba comprova bem essa sua sensibilidade e ternura a roçar os limites da pieguice nessa fronteira difícil de estabelecer que só os grandes poetas sabem encontrar.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 65 SOB O TEMA:
OS SACERDOTES (2)




O LEGADO LAICO DE JESUS DA NAZARÉ


Converter Jesus num sacerdote e desviar a linguagem simbólica que é empregue na Carta aos Hebreus para transmitir a ideia de que os sacerdotes são “outros Cristos” é trair a mensagem de Jesus.

Jesus nunca relacionou nenhum sacerdote com o seu movimento. E mais ainda: questionou mesmo a essência do sacerdócio – que é isso de ser mediador consagrado entre Deus e os seres humanos, actuando em tempos, lugares e ritos sagrados – ao afirmar que não necessitamos de mediadores porque Deus vive dentro de nós e não em nenhum templo. Ao recusar os sacrifícios e propor o próximo como única caminho para entrar na relação com Deus e ao não respeitar o sábado como dia sagrado.

Que Jesus fora um laico e desafiara os sacerdotes e os contradisse foi determinante para o seu assassinato. Por isso, ser crítico do sacerdócio é dar continuidade a um legado laico de Jesus da Nazaré.

“A Igreja há-de ter e sempre teve os seus dirigentes mas esses dirigentes não têm nada a ver com o facto “religioso” do sacerdócio”, explica o teólogo espanhol José Inácio Gonzalez. Os sacerdotes e os bispos, tal como os conhecemos, não foram nem sequer imaginados por Jesus. Surgiram pela evolução histórica como estruturas de poder de uma Igreja oficial que estava a
nascer.

DONA FLOR

E SEUS DOIS

MARIDOS
EPISÓDIO Nº 241


Curiosa a expressão do seu olhar… Quando a vira antes com aquele mesmo olhar perdido, como se olhasse para seu próprio coração? Seu Vivaldo busca na memória e a reconhece: era aquele mesmo olhar do velório do finado. Com idêntica expressão, distante, recebia então os pêsames como hoje os parabéns, os olhos fitando mais além do tempo, como se não existissem em seu redor nem lágrimas de luto nem risos de festejo, apenas solidão. Sua beleza, deu-se conta seu Vivaldo, vinha também de dentro dela, numa dimensão que lhe escapava.

Na sala onde as mulheres se reuniam, o tema da actual vida feliz de dona Flor mais uma vez se impôs. Várias senhoras presentes, as da orquestra e as da farmacopeia, pouco sabiam daquele desastroso primeiro casamento e do marido vil.

As vizinhas e as xeretas outra coisa não desejavam senão contar e comparar: contaram e compararam a locé de parler. Para elas não havia diversão melhor: nem as anedotas picantes que faziam os homens (e as sem vergonha como Maria Antónia) rir às gargalhadas na outra sala, nem ficar em torno a Marilda a pedir-lhe velhos sambas, velhas valsas, em hora da saudade, como dona Norma, dona Maria de Carmo, dona Amélia, e os rapazolas (todos eles por Marilda apaixonados), nada se podia comparar com o prazer do falatório. O primeiro casamento, fiquem sabendo, caríssimas amigas, fora o inferno em vida.

Essa felicidade do segundo matrimónio faz-se ainda maior e mais preciosa, tem mais valor, por comparação e por contraste com o erro do primeiro, uma provação, um desastre, uma desgraça! Quanto sofrera a pobre mártir nas mãos do monstro recoberto de vícios e ruindades, um Satanás: chegara até a lhe bater.

- Meu Deus! – dona Sebastiana, aflita, punha a mão no peito vasto.

Como sofrera! Tanto quanto pode sofrer uma dedicada esposa, em humilhação na rua da amargura, trabalhando para sustentar a casa e ainda a jogatina do devasso, sendo o jogo, como é público e notório, o pior dos vícios e o mais caro. Se agora é feliz, bem desgraçado fora!

Da copa dona Flor escuta essas memórias da sua vida, os olhos na distante bruma. Com dona Gisa no círculo de anedotas, com dona Norma na roda das serestas, ninguém abriu a boca para defendê-lo, ao falecido.

Por volta da meia-noite, despediam-se os últimos convidados. Dona Sebastiana, ainda na emoção da narrativa daquele martirológio a durar sete anos – como suportara, coitadinha? – tocou a face de dona Flor num desvelo e lhe disse:

- Ainda bem que agora mudou tudo e você tem o que merece…

Marilda, ofuscando com sua luz de estrela os jovens estudantes, partiu a cantarolar um tango canção de serenata, aquele: “noite alta, céu risonho, a quietude é quase um sonho…”, o de dona Flor, enterrado no carrego do defunto.

Doutor Teodoro, um sorriso de satisfação, foi levar à porta os convivas derradeiros, um grupo ruidoso, envolvido em discussão interminável sobre os efeitos da música no tratamento de certas enfermidades. Discordavam doutor Venceslau Veiga e doutor Sílvio Ferreira. Para não perder o finzinho do debate, o dono da casa acompanhou os amigos até
ao bonde. Já não se ouvia o canto
de Marilda.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Então, e o
Orçamento…pá?


Mais uma vez a qualidade dos nossos políticos… homens de feira, “vendedores de banha da cobra” ao bom estilo dos treinadores de futebol que são peritos na venda de ilusões, de esperanças, de vitórias que apenas duram um dia, um fim de semana, um lapso… porque a vida está a transformar-se nisso mesmo, num momento.

Como será amanhã?... e para o mês que vem?... e para o próximo ano? Vamos ter orçamento ou vamos viver de duodécimos?

- Os portugueses dizem maioritariamente que não querem as “medidas” mas querem aprovado o orçamento que traz as medidas… coitados, estão baralhados, encurralados. Não querem as “medidas” porque lhes vão fazer doer mas querem o orçamento porque sem ele as próximas “medidas” serão ainda muito piores…

Mas o partido, PPD/PSD, para qual todos se voltam: Presidente da República, Presidente da Comissão Europeia, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e, provavelmente, também o senhor Cardeal Patriarca, está hesitante, temeroso. O PS encostou-o à parede, fez o mal (não todo) e agora aponta-lhe o dedo e desafia-o com aquele ar inocente de menino que não fez mal nenhum:

- “Vá… atreve-te… chumba o orçamento… tens todos os portugueses sensatos e com sentido da responsabilidade a olharem para ti… Sem orçamento aprovado eu não governo… estou a visar-te, já sabes…”

É assim, o futuro dos portugueses jogado numa disputa de cachopos… não parece…?

Mas por onde é que andam os homens sérios, competentes e responsáveis deste país? Ficaram os vendedores de ilusões, os treinadores que passam mensagens de vitórias, que criam e alimentam expectativas que nos incendeiam os corações com promessas de melhores dias como se houvesse milagres, passes de mágica…

O poder, neste país e neste momento, por força de erros, imprudências e demagogias acumuladas ao longo de anos é um presente envenenado, uma herança indesejável. O que se fez nos últimos anos foram retoques de maquiagem para tentar iludir a realidade, para manter as pessoas numa criminosa sensação de que tudo vai mais ou menos bem neste pedaço da Europa onde a “terra acaba e o mar começa…”

Desculpem, mas falar, agora, de política em Portugal é algo de doloroso. O montante da dívida a que se chegou é tal (7% de juros sobre o total da nossa dívida externa daria qualquer coisa como 10 mil milhões de euros por ano… só para juros! …) que deveria ser considerada “crime público” e responsabilizados criminalmente todos aqueles que para ela contribuíram… (mais uma ficção, ainda por cima com a Justiça que temos…)

Regressemos, por isso, a dona Flor.

FÉRIAS



Estamos de regresso. Obrigado pelas visitas que fizeram ao Memórias Futuras durante a minha ausência. Seguem as histórias...

AMÁLIA ROGRIGUES - MALMEQUER PEQUENINO
Nasci a ouvir a Amália na rádio, na década de 40, na minha Lisboa de outros tempos. Foi um previlégio tê-la tido na minha infância num bairro vizinho do meu... Ouçam só a beleza e simplicidade deste verso: ..."um rouxinol fez o ninho no beiral do meu telhado para aprender, coitadinho, comigo a cantar o fado..."

DONA FLOR
E SEUS

DOIS MARIDOS



Episódio Nº 240


Em compensação vejam dona Macedo (& Cia.), exemplo do bom comportamento, na roda das mulheres, ponderada e discreta, dando atenção a Ramiro, um mocinho dos seus dezassete para dezoito anos, filhos do argentino da cerâmica. Se não fosse por ela, não teria o adolescente com quem se entreter, pois os outros jovens cercam Marilda e lhe pedem sambas, valsas, tangos e rancheiras, enquanto ele só deseja contar de suas pescarias: “peguei um vermelho tinha cinco quilos!”

- Oh! - dizia ela em êxtase – “Cinco quilos? Que colosso! E que mais pescou? – Que nome colocar num pescador audaz? Óleo de Fígado de Bacalhau iria bem, e os olhos de Neusoca se iluminaram.

O argentino, ao chegar com a esposa e o filho, deparou na porta com seu Vivaldo da funerária Paraíso em Flor. Juntos foram felicitar os donos da casa e, de regresso à sala dos homens, o portenho Bernabó, com sua franqueza um tanto incivil, comentou a elegância de dona Flor, cujo vestido matava de inveja todas as mulheres presentes e, de quebra, o nervoso Miltinho, xibungo que fazia as vezes de arrumadeira – aliás excelente – em casa de dona Jacy, emprestado para jantar na festa. (“Dona Flor hoje está abusando, está de cachupeleta.”)

- Quem faz mulher bonita é dinheiro… - disse seu Hector Bernabó – Repare na elegância de dona Flor e como está formosa…

Seu Vivaldo reparou, gostava aliás de reparar nas mulheres e medir contornos, curvas, reentrâncias.

- Para dizer a verdade ela sempre foi elegante e graciosa, não tão bonita, é certo. Agora está mais mulher, um pancadão, mas não creio que seja do dinheiro… É da idade, meu caro, ela está na medida exacta. Maluco é quem gosta de meninota, nem juntando dez se pode comparar com uma sinhá na força da idade, arrebentando os colchetes…

- Mire os olhos dela… disse o argentino, pelo visto ele também um apreciador.

Olhos de quebranto, perdidos na distância, como se entregues a voluptuosos pensamentos. Seu Vivaldo quisera saber que pensamentos assim ternos inspirava o farmacêutico, a ponto de tornar tão cismarenta dona Flor. Ela ia de uma sala à outra, atendendo seus convivas, gentil e prazenteira, perfeita dona de casa. Realizava, no entanto, tudo aquilo maquinalmente.

Seu Vivaldo pôs a mão no braço do argentino: não é dinheiro que faz mulher bonita, seu Bernabó, é o trato, é o descanso do espírito, a felicidade. Aqueles olhos de quebranto e as ancas de requebro se deviam à alegre paz da sua vida.


INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 65 SOB O TEMA:


SACERDOTES (1)




Sacerdote: o sagrado, o separado


- Em todas as culturas – ocidentais, orientais, africanas, indo-americanas – em que existem sacerdotes considera-se que eles são os intermediários entre os humanos e a divindade a quem os sacerdotes aplacam ou satisfazem com determinados ritos, orações ou sacrifícios.

Em torno da cultura helenística, o sacerdote designava-se pela palavra “hiereus” que significa “santo”, “sagrado” e, por isso, “separado”, “segregado”, pertencente ao âmbito do divino. Em todas as culturas, o sacerdote é aquele que “sabe” das coisas de Deus e que tem o “poder” sobre o divino. Esse saber e esse poder dão-lhe direito a muitos privilégios sociais, políticos, económicos e culturais.

Uma Casta Poderosa

- No tempo de Jesus, a classe com mais influência social era a dos sacerdotes de Jerusalém, que serviam no Templo em cujo “santuário” o judaísmo localizava “a presença de Deus”. Nesse espaço só podiam entrar os sacerdotes. Ali realizavam-se os sacrifícios: queimando perfumes e matando animais. Como em todas as religiões, os sacerdotes eram considerados homens eleitos para estarem em contacto directo com o sagrado, o intermediário ante Deus, separados dos restantes e superiores. Ocupavam o cume de uma sociedade hierarquizada que descriminava a maioria. No tempo de Jesus os sacerdotes estavam divididos em 24 classes ou secções e em cada uma delas haviam 300 sacerdotes.

Os relatos dos Evangelhos mostra Jesus confrontando-se muitas vezes com sacerdotes, discutindo com eles, contrariando-os, discordando, recusando os seus argumentos religiosos. Também vemos nos Evangelhos sacerdotes afirmando que Jesus está Endemoniado, que não tinha autoridade para falar como fala, recusando a sua mensagem e as suas atitudes e, finalmente, denunciando-o e condenando-o à morte.

Jesus Não Foi Sacerdote

- Jesus não foi sacerdote, foi um laico. No tempo de Jesus só eram sacerdotes os homens da tribo de Lei, considerados herdeiros de Aaron, o irmão de Moisés. Jesus não foi sacerdote mas opôs-se à casta sacerdotal e foi vilipendiado pelos sacerdotes do seu tempo. Jesus foi um laico (do grego “laicos” que significa “alguém do povo”)

Só na Carta aos Hebreus, que se atribui a Paulo – ainda que não tenha sido escrita por ele mas por algum dos seus discípulos – se nomeia Jesus como sacerdote da “Nova Aliança” abolindo, assim, a “Antiga Aliança” e o sacerdócio levítico.



O MOTOCICLISTA
E O PASSARINHO




Um motociclista a 140 Km/h numa estrada não conseguiu desviar-se e chocou com um passarinho e... poof'…

Pelo retrovisor, ainda viu o bichinho dando várias piruetas no asfalto até ficar estendido.

Não contendo o remorso ecológico, ele parou a moto e voltou para socorrer o bichinho. O passarinho estava lá, inconsciente, quase morto. Foi tal a angústia do motociclista que recolheu a pequena ave, levou-a ao veterinário, foi tratou-a e medicou-a, comprou -lhe uma gaiolinha e levou -a para casa, tendo o cuidado de deixar um pouquinho de pão e água para o acidentado.

No dia seguinte, o passarinho recupera a consciência. Ao despertar, vendo-se PRESO, cercado por GRADES, com um pedaço de pão e a vasilha de água no canto, o bicho põe as asas na cabeça e grita:

- Puta que pariu, matei o motoqueiro!

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