Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, julho 26, 2014
Whitney Huston - I Will Always Love You
Ainda bem que a tecnologia nos permite reviver esta mulher, esta voz, esta canção...
QUADRILHA
João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Carlos Drumond de Andrade)
A REDE
Ricardo Salgado
tem como grande amigo
Proença de Carvalho
que é advogado de Sócrates
que tinha como ministro
Manuel Pinho
que era da Administração do BES
que era do Salgado
que tinha como quadro destacado
Rita Cabral, mulher de Marcelo R. de Sousa
que é conselheiro de Estado
nomeado por Cavaco Silva
que é amigo de Eduardo Catroga
que é "chairman" da EDP
que foi comprada pelos chineses
que têm como P.C. de Administração
António Mexia
que é amigo de Salgado
e começou a carreira na ESSI do Grupo BES
que está falido.
(Henrique Monteiro - do Expresso)
Deve ter sido emocionante, hein, Natário... |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 11
Entre as pedras do improvisado cemitério, o mato brotava
impetuoso,
cresciam arbustos, pés de mamoeiro, desabrochavam flores.
A
notícia da façanha, propagada e aumentada de boca em boca, atraía curiosos que
se desviavam da estrada real. A trilha aberta pelos animais começava a se
alargar ao passo dos homens, transformando-se em caminho.
Buscando encurtar o percurso, uma tropa de
burros carregados com sacos de cacau enveredara por ali. A primeira.
Venturinha fez questão de acometer até o
cimo da colina, o que lhe custou esforço: corpulento igual ao pai, gordo igual
à mãe.
Postou-se atrás do pé de mulungu então
em flor, sacou a pistola alemã, visou um camaleão, atirou, O estampido ressoou
nas quebradas da serra.
-
Deve ter sido emocionante, hein, Natário? Chego a me arrepiar.
Natário teria ouvido? O olhar perdia-se
além do horizonte e do tempo. Todo homem precisa construir sua casa para nela
viver com a mulher e os filhos, no sítio que melhor lhe apetecer.
Natário tinha mulher e quatro filhos.
-
O Velho devia mandar botar uma placa aqui
em cima, como se faz nos campos de batalha.
Para quê? Não bastava o nome na boca do
povo? O lugar da
tocaia grande. Com o tempo e os
habitantes, apenas Tocaia Grande.
O
PONTO DE PERNOITE
O DEUS DOS MARONITAS CONDUZ O MASCATE
FADUL ABDALA A UM SÍTIO PARADISÍACO
1
Os mamoeiros, nascidos sobre as covas no
improvisado cemitério, davam os primeiros frutos quando Fadul Abdala, tendo se perdido,
descobriu aquela boniteza de lugar.
Libanês de estatura agigantada, todo ele
desmedido — mãos e pés, o arcabouço do peito e a cabeçorra — ganhara nos
cabarés de Ilhéus e de Itabuna o apelido de Grão-Turco, mas nas estradas do
cacau era conhecido por Turco Fadul ou mais simplesmente seu Fadu, na voz dos alugados
que enxergavam nele a providência divina.
sexta-feira, julho 25, 2014
Esclareço já que não estou a referir-me aos pavões que podemos ver no zoológico ou àqueles que se passeiam vaidosos, dizemos nós, nos jardins dos palácios de uma Europa rica e pretensiosa como elementos vivos de decoração e exotismo.
Não, esses não se defrontam
com nenhum dilema, talvez tédio mas não dilema. A privação da liberdade talvez esteja na razão de ser do seu mau feitio que não terá sido compensada pelas paz e segurança dos jardins onde vivem.
Claro que o homem não costuma
questionar-se quando interfere na natureza seja ela vegetal ou animal.
Simplesmente serve-se a seu belo prazer, põe e dispõe e só agora, tarde demais
para muitas espécies para sempre desaparecidas, tomou consciência das
consequências dos seus actos para a sua própria sobrevivência no longo prazo.
Era, pois, muito difícil, que
aquela ave com uma cauda que chega a atingir os dois metros e meio de
comprimento, ornamentada com desenhos e cores lindíssimas, pudesse passar
despercebida e deixada em paz no seu ambiente natural, lá pelas florestas da
Índia, atordoando os ares com os seus gritos estridentes avisadores de intrusos
indesejados.
Quando os estudiosos dos
fenómenos do evolucionismo reflectiram sobre aquela cauda que “conduz” os
pavões direitinhos para a boca dos tigres, seu principal predador,
perguntaram-se como tinha sido possível a uma espécie evoluir desenvolvendo um
atributo, a sua longa cauda, que era precisamente a razão da sua morte precoce.
Aquelas penas compridíssimas
e pesadas constituem um enorme empecilho quando o pavão pretende levantar voo
fazendo lembrar um B52 com os porões carregados a devorar a pista até ao fim
para conseguir pôr-se no ar com a diferença que não leva um tigre a correr
atrás de si.
Mas os problemas não acabam no tempo de vôo porque mesmo que consiga elevar-se pousa, muitas vezes, num ramo que não pode ser um raminho dado o seu peso e, das duas uma, ou fica a uma altura considerável do
chão ou o tigre vai buscá-lo armando um salto, eles que são gatos enormes e,
como eles, adoram comer passarinhos puxando-o exactamente pelas penas do rabo.
Mas então, porquê? Não é a
vida, seja ela de quem for, o principal valor a preservar na natureza e, sendo assim, como é que essa mesma natureza desenvolve no processo evolutivo as características que se
transformam em vantagens acrescidas para o seu principal predador?
Se pudéssemos voltar ao tempo
de La Fontene, quando os animais falavam, e ter com o pavão uma “conversinha”
em particular o que ele nos contaria, certamente, seria o terrível dilema em
que a sua vida, progressivamente, se transformou e está na base da sua
permanente má disposição:
-“Ou corto as penas do rabo e
escapo ao tigre mas depois não consigo fazer amor porque as pavôas me acham horrível. O que escolher: o fim trágico ou uma vida solitária?
O pavão percebeu que a chave do seu problema estava na pavoa que insistia e persistia em
escolher para seu parceiro de sexo o pavão com a cauda maior e mais bonita e a
pressão predatória do tigre não foi suficiente para alterar o rumo evolutivo
ditado e imposto pelas fêmeas. Mandou ela... como é normal no reino animal.
No mundo dos humanos,
como seria de esperar, as coisas são mais complicadas e não é claro quem
escolhe quem mas a expressão popular de que ele ou ela “perderam a cabeça”
faz-me lembrar que entre nós também parece existir um “tigre” que nos persegue
em certas relações amorosas…
Ao princípio, antes de inventarem os livros de cheques, elas escolhiam para pais dos seus filhos os mais fortes, mais rápidos, mais habilidosos mas, tal como no caso dos pavões, são sempre elas que escolhem mesmo que isso nos custe a vida...
Sê sempre tu...
Uma senhora de meia-idade teve um ataque de coração e foi parar ao hospital.
Na mesa de operações, quase às portas da morte, vê Deus e pergunta:
- Já está na minha altura ?
Deus responde:
- Ainda não. Tens mais 43 anos, 2 meses e 8 dias de vida.
Depois de recuperar, a senhora decide ficar no Hospital e fazer uma
lipoaspiração, algumas cirurgias plásticas, um facelift,...
Como tinha ainda alguns anos de vida, achou que poderia ficar ainda bonita e gozar o resto dos seus dias.
Quando sai do Hospital, ao atravessar a rua, foi atropelada por uma ambulância e morreu. A senhora, furiosa, ao encontrar-se com Deus, pergunta-lhe:
- Então eu não tinha 40 anos de vida? Porque que é que não me desviaste do caminho da ambulância ?
Deus respondeu:
- Porra! Eras tu? Nem te conheci!!!!
Aquele é Natário, capanga do coronel Boaventura. |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 10
Venturinha conseguiu conter a língua, não arrotou demasiada grandeza nem se proclamou o valente dos valentes, não ameaçou céus e terras com a pistola alemã, arma de estimação, uma jóia.
Nem sequer quando se embebedou no cabaré e qui s agarrar a pulso a pernambucana Doralice,
rapariga do coronel
Hermenegildo Cabuçu, ausente na ocasião,
graças a Deus.
Natário o convenceu a desistir e o levou
embora.
No cartório, cujas molas o Coronel
azeitara com antecedência, não houve a menor dificuldade para o
registo das medições e a entrega das escrituras dos títulos de
propriedade que legitimavam a posse da imensa sesmaria do coronel Boaventura
Andrade e do pedaço de chão do capitão Natário da Fonseca.
Nas pensões e casas de putas a animação
permaneceu intensa, dia e noite. Os jagunços da Fazenda da Atalaia esbanjavam
dinheiro; crescia o prestígio do novo chefe político, era Deus nas alturas e o
coronel Boaventura na terra.
Ao ver Natário atravessar a Rua do
Umbuzeiro, Maria das Dores, sentada no batente da porta da rua,
apontou-o com o dedo e esclareceu Zezinha do Butiá, novata vinda de Lagarto:
- Aquele é Natário, capanga do coronel
Boaventura, cabra ruim, mais perverso não existe. Nem ele sabe a conta dos
crimes que já cometeu. Pois bem, tu pode não acreditar mas tem mulher que é maluca
por ele, Deus me livre e guarde. - Cuspiu com desprezo.
Mulata dengosa, de bunda redonda e peito
de rola, Zezinha do Butiá, apesar de recém-chegada, parecia bem informada:
-
Eu soube diferente. Que esse é o capitão Natário, endinheirado, danisco e bom
de coração. Diz que nunca maltratou mulher.
Suspirou, faceira, acompanhando Natário
com a vista.
Zezinha do Butiá estava, como se diz, na
flor da idade e da
formosura, os homens brigavam por ela.
Gritou para o molecote ocupado em comer terra:
-
Corre, Manu, atrás do moço que vai ali adiante. Pede a bênção a ele e diz que
eu estou esperando ele, pode vir na hora que qui ser.
Não carece trazer dinheiro.
Para uns, criminoso, cabra desalmado,
bandido sem entranhas; para outros, valente capitão, de natural bondoso, bem - querer
das damas.
Antes de deixar a fazenda para passar em
Ilhéus os últimos dias de férias com a mãe, dona Ernestina, padrão de todas as
virtudes, Venturinha qui s conhecer o
lugar onde se dera a ocorrência.
Desejava ver com os próprios olhos, saber
de ciência certa, para poder contar aos colegas de Faculdade e de farra, na
Capital, valorizando os detalhes. Natário o conduziu:
- Tu vai avistar uma amostra do céu.
quinta-feira, julho 24, 2014
Katia Guerreiro e o Barco Negro
Uma belíssima interpretação da Katia de uma das mais lindas canções portuguesas. Não se devem estabelecer comparações com a voz única de Amália Rodrigues que imortalizou esta canção.
O AZARADO
Um sujeito encontra um amigo que não via há muito tempo e inicia a conversa:
- Fonseca!!! Há quanto tempo! Tudo bem?
- Péssimo... - responde o outro.
- Mas como péssimo? Com aquele Ferrari que tu tens?
- Virou sucata num acidente... E o pior é que o seguro tinha acabado de vencer.
- Bem, vão-se os anéis, mas ficam os dedos. E o teu filho? Inteligente, o rapaz! Já está formado?
- Estava ao volante do Ferrari... Morreu.
O amigo tenta fugir daquele assunto tão trágico.
- E a tua filha, que mais parecia um modelo?
- Pois é! Estava junto com o irmão. Só a minha mulher não estava no carro.
- Graças a Deus! Como vai ela?
- Fugiu com o meu sócio.
- Bem... Pelo menos a empresa ficou só para ti.
- Ela fugiu com ele porque me roubaram tudo. Deixaram a firma falida. Estou devendo milhões!
- Puuuxa! Então vamos mudar de assunto. A tua equipa?
- Oh, não! Tu não me perguntes pelo Sporting!
- Pelo amor de Deus, Fonseca! Não tens nada de positivo???
- Sim, tenho... HIV.
do Vazio
Tens o hábito de juntar objectos inúteis no momento, acreditando que, um dia (não sabes quando), poderás precisar deles?
Tens o hábito de juntar dinheiro com medo que, no futuro,
possa fazer falta?
Tens o hábito de guardar roupas, sapatos, móveis,
utensílios domésticos e outros tipos de equipamentos que já não usas há muito
tempo?
E dentro de ti? Tens o hábito de guardar mágoas,
ressentimentos, raivas e medos?
Não faças isso. É anti prosperidade. É preciso criar
um espaço, um vazio, para que as coisas novas cheguem à tua vida.
É preciso eliminar o que é inútil em ti e na tua vida
para que a prosperidade venha.
É a força desse vazio que absorverá e atrairá tudo o
que desejas.
Enquanto estiveres material ou emocionalmente carregado
de coisas velhas e inúteis, não haverá espaço aberto para novas
oportunidades.
Os bens precisam de circular. Limpe as gavetas, os
roupeiros, o quartinho lá do fundo, a garagem.
Dê aquilo que não vai mais usar. A atitude de guardar
um monte de coisas inúteis amarra e atravanca a sua vida.
Claro que não são os objectos guardados que emperram a
sua vida, mas essa atitude de guardar.
Quando se guarda, considera-se a possibilidade da
falta, da carência. É acreditar que amanhã poderá faltar e você não terá meios
para satisfazer as suas necessidades.
Com essa postura está enviando para o cérebro e para a
sua vida duas mensagens:
- A primeira, é que não estás acreditando no amanhã;
- O segundo, é que não acreditas que o novo e o melhor
seja para ti, uma vez que te contentas em guardar as coisas velhas e inúteis.
Desfaz-te do que perdeu a cor e o brilho e deixa
entrar o novo em tua casa e dentro de ti.
“As pessoas são solitárias porque constroem paredes em
vez de pontes”.
“Não acrescente dias à tua vida mas vida aos teus
dias”
(Joseph Newton - Pensador)
Quando começamos a saber do seu historial à frente do país, bem assessorado pelo filho, também ele Teodoro como o pai, 42 anos, vice-presidente, com imunidade perante a justiça e seu natural sucessor, até o coração se nos estremece...
O Teodoro(zinho) tem um mandado de captura em França por acusações de branqueamento de capitais e desvio de fundos com acusações idênticas no Brasil que de nada servem porque a sua imunidade o protege. Entretanto, comprou um iate por 380 milhões de dólares.
Em tempos recuados houve portugueses por
aqui . Eles comerciavam por toda a
costa ocidental de África e há até uma ilha onde se fala um crioulo de origem
portuguesa mas a notícia da adesão à CPLP foi dada apenas em espanhol, francês
e inglês ficando de fora a língua de Camões.
Considero esta omissão um gesto que no
fundo devíamos agradecer pois, tratando-se de uma ditadura das mais corruptas e
sanguinárias de África – e há por lá muitas – evitaram que a língua portuguesa ficasse conspurcada com a notícia.
Vamos pois esquecer – cair na real –
como dizem os nossos amigos brasileiros – Se ele é rico, senta-se à nossa mesa,
se é muito rico reservamos-lhe mesmo um lugar de destaque... quem sabe, um dia,
não poderemos vir a beneficiar.
Nós somos pessoas de bem e em contacto
connosco os Srs. Teodoros até podem ficar menos maus.
Para já, mandaram
suspender uma execução de pena de morte e mesmo agora acabaram por meter
dinheiro no nosso Banif que estava tão precisado.
Vêm como já valeu a pena...
Parecia mais expedição de guerra... |
TOCAIA
GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 9
2
Encomendada no Rio de Janeiro, a patente
ainda não chegara mas isso não impedira que ao
desincumbir-se da missão de paz em Itabuna, durante todo o tempo e
em toda parte, Natário fosse tratado por capitão.
Atribuíram-lhe o título não apenas cabras e
alugados; também comerciantes, fazendeiros e doutores, funcionários da justiça,
a começar pelo Juiz de Direito. Com o respeito devido ao posto e à fama.
Na carta ao magistrado, redigida com a
ajuda de Venturinha,
o coronel Boaventura Andrade apregoara
os merecimentos de
seus representantes. Ia escrevendo e
lendo, Venturinha e Natário escutavam:
-
“... meu filho, estudante de Direito...”
O rapaz interrompia:
-
Estudante de Direito, não, meu pai. Estou cursando o último ano da Faculdade, em Dezembro me
formo, sou bacharelando.
-
“... digo bacharelando Boaventura
Andrade Filho...”
- Filho, não, meu pai. Bote Júnior, é
como eu assino, é
mais moderno.
-
Pra mim é filho e se acabou; já escrevi,
não vou riscar, não gosto dessas estrangeirices: tu não é bastardo de inglês ou
de
suíço! - Encerrava a discussão, prosseguia na escrita e
na leitura:
-
“... e o capitão Natário da Fonseca,
proprietário rural, meu
Braço - direito...”
Capitão e proprietário, o Coronel não se
mostrava ingrato nem mesqui nho. Na
oportunidade da medição das novas terras para posterior registo no cartório
competente, mandara colocar uns quantos alqueires em nome de Natário, o
bastante para algumas roças de cacau.
Não podia se comparar com a fortuna do
Coronel, um dos maiores senão o maior fazendeiro da região, mas era um bom
começo de vida.
Não fora mesqui nho,
tampouco generoso, pois a medição e o registo daquela imensidão de mata virgem
deram-se de fato na noite da tocaia grande e o verdadeiro escrivão tinha sido
Natário.
No cartório, em Itabuna, iriam apenas legalizar
o ato de conqui sta, o facto
consumado, obedecendo à sequência correcta, tão ao gosto do Coronel. Primeiro a
tocaia, depois o caxixe; melhor dito, primeiro a trampa depois a lei.
Parecia mais expedição de guerra do que
missão de paz: qui nze homens armados
da cabeça aos pés, comandados pelo negro Espiridião.
Em realidade, não faziam falta pois o
coronel Elias Daltro se retirara da liça e, ao que diziam, da política,
desobrigando velhos compromissos. Homens
e armas não passavam de demonstração de força do senhor da Atalaia, exibição de
riqueza e poderio.
Necessária, segundo ele, para garantir a paz
recém - negociada. Capitão para cá, Capitão para lá, uma
festança em Itabuna.
Correu tudo na maciota, o juiz parecia
uma seda, tratava Venturinha de colega, nas palmas das mãos. O advogadozinho, o
mesmo doutor Castro a quem Berilo deveria ter-se apresentado, esse daria pena
se não desse nojo, ia ser um intendente na medida justa e desejada.
quarta-feira, julho 23, 2014
O pénis... o tempo !!!
e a surdez...
|
QUE TRISTE FINAL DE CARREIRA...
FICA
SURDO, não é?
Não Sabia?...
Depois do que aconteceu com o BES e o
GES (Banco Espírito Santo e Grupo Espírito Santo) a tendência de muita gente
foi a de culpabilizar os Reguladores: Banco de Portugal e CMVM (Comissão de
Mercados de Valores Mobiliários) com aquele desabafo conhecido de que “eles
sabiam tudo mas não fizeram nada”...
Mas então, sabiam ou não sabiam?
-
Até podiam desconfiar mas não tinham como provar porque neste mundo da alta
finança não só não há santos como há peritos em esconder a realidade de forma
completamente legal.
Lembram-se do Sr. Bernard Madoff que
comandou um esquema de 65 biliões de dólares nos E.U., o maior de sempre, e que
foi condenado a 150 anos de prisão porque se “fechou em copas” assumindo ele a
totalidade da responsabilidade da trafulhice o que impediu a investigação de
outros culpados?
Mesmo assim, um dos seus dois filhos,
que trabalhavam com ele, tempos mais tarde, não aguentou a pressão e
suicidou-se.
Era tudo muito simples exactamente como
a nossa Dª Branca, aquela velhinha simpática de 73 anos que enganou as pessoas
durante 20 anos. Ganhava-se a confiança das pessoas de quem se recolhiam as
poupanças com as quais se pagavam juros generosos.
As pessoas podiam achar estranho de como
era possível receber juros tão altos mas a ganância, a ambição e a ignorância,
fazia-as imaginar negócios estrambólicos que permitiam esses juros em vez de
perceberem que estavam a ser enganadas.
Ainda me lembro, no caso da Dª Branca,
dizer-se que a velhinha transaccionava em armas e droga... e o Sr. Madoff
espalhou a informação de que era dotado de uma intuição extra-sensorial que lhe
permitia saber quando as acções subiam e desciam...
Ele e a D.ª Branca faziam exactamente o
mesmo: pagavam juros altos com o dinheiro que as pessoas lhe entregavam dada a confiança neles depositada e atraídos pelos altos juros, já se vê...
Para além
do mais, a D.ª Branca, era uma velhinha simpática, de cabelos brancos, pouco
instruída, que seria incapaz de enganar alguém... e Madoff porque era
considerado na alta-roda dos milionários, especialmente judeus, um autêntico
mago.
O Grupo Espírito Santo e o Banco
Espírito Santo, tudo pertencendo à mesma família, estabeleceram entre si uma
relação perversa, porque o Banco emprestava dinheiro às empresas do Grupo numa exposição
que segundo um estudo ascende a 1.240 milhões de euros.
O Grupo Espírito Santo era e é um
conglomerado de empresas, mais de 400, muitas delas sediadas no exterior,
nomeadamente no Luxemburgo, onde se encontravam as principais “cabeças” que
dominavam o império empresarial da família.
Os interesses da família estavam
dispersos através de uma cascata de participações de empresas, algumas das
quais não cotadas nem sujeitas ao controle dos supervisores.
A um especialista destes assuntos, o
Prof. de Economia João Duque, ouvi eu afirmar que algumas empresas tinham as
suas contas e relatórios tão bem apresentados que eram dignos de elogio,
simplesmente a tal cascata permitia que os pontos de partida não fossem
aqueles. Como dizia, eram como Bilhetes de Identidade autênticos mas que não
pertenciam àquela pessoa.
Portanto, nenhuma parecença com a Dª
Branca ou o Manoff, aqui a
sofisticação era de tal forma que a verdade só podia vir de dentro para fora
por denúncia, o que aconteceu com a ajuda da imprensa.
O primeiro inimigo de Ricardo Salgado e
o mais importante foi Pedro Queiroz Pereira, (PQP, que era corredor de
automóveis, lembram-se?) ambos a personificar o maior conflito familiar na
cúpula do capitalismo.
A guerra entre ambos, em que esteve em
causa o controle da Semapa foi vencido por Ricardo Salgado que ficou no comando
do Grupo da família e o segundo, o PQP, livrou-se do Grupo Espírito Santo de que era
accionista de topo.
Na sequência desta luta, Pedro Queiroz
Pereira criou uma equi pa de 16
pessoas que não fizeram outra coisa que não fosse esgravatar as contas de
Ricardo Salgado, - contas essas que nem aos accionistas eram mostradas - aceder a
escrituras, cruzar informações.
No fim deste trabalho construiu um
dossier que revelava todo o “buraco” do Grupo Espírito Santo e entregou-o no
Banco de Portugal.
Hoje, sabe-se, que Pedro Queiroz Pereira,
que ficou apenas a controlar o seu grupo familiar, viria a ser o verdadeiro
vencedor. O primo está falido, sem os amigos que o idolatravam, e em ruptura
com toda a família.
Não irá com certeza para o Fundo de
Desemprego mas, para quem ainda há meia dúzia de dias, era o DDT (dono disto
tudo) convenhamos que foi um grande trambolhão, mas eu condôo-me é dos
portugueses que virão a sofrer com o desemprego porque vai haver empresas a falir porque não recebem os seus créditos, tudo fruto das vigarices e
incompetências destes senhores que, mais uma vez, bons advogados, entre eles
Daniel Proença de Carvalho, se encarregarão de proteger.
Dá-me vontade, perante estas falências,
de perguntar quem é que afinal andou a viver acima das suas posses:
-
Os desgraçados dos portugueses culpados de todos os males que nos aconteceram,
ou as “tias da Comporta” no fausto do seu império e no luxo das suas falsas
riquezas?...