Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, agosto 20, 2011
AMÀLIA RODRIGUES - HAVEMOS DE IR A VIANA
As Festas d'Agonia em Viana do Castelo são precisamente este fim-de-semana e por isso fustifica-se "Ir a Viana". Àqueles que não puderem lá estar fisicamente sugiro uma "visita" acompanhados pela voz de Amália Rodrigues...(quem havia de ser?...)
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 184
15
Toda vestida de negro, semelhando bruxa de caricatura ou prostituta de bordel barato em noite de festa, Nina surge à porta do quarto, andando na ponta dos pés: para não incomodar, ou para se mostrar de imprevisto, surpreendendo um gesto, uma expressão, qualquer leve indício de alegria no rosto de Tereza, pois a sirigaita não poderá esconder indefinidamente o contentamento. Vai entrar na bolada, vai poder gozar a vida e, por Maios falsa e dissimulada que seja, há-de se denunciar.
Embora tão hipócrita, não conseguiu uma lágrima nos olhos secos, coisa fácil, ao alcance de qualquer. Na porta, Nina se debulha em pranto. O casal ia cumprir dois anos de emprego. Pela vontade do doutor há muito teriam sido despedidos, não tanto por Lula, um pobre de Deus, mas por Nina, de quem Emiliano não gostava:
- Essa moça não é boa bisca, Tereza.
- É ignorante, coitada, mas não é ruim.
O doutor dava de ombros sem insistir, sabendo o motivo real de Tereza para o desleixo e constantes mentiras da criatura: os meninos, Lazinho, de nove anos, Tequinha, de sete, cuidados por Tereza com desvelos maternais. Professora gratuita e apaixonada dos moleques da rua numa escolinha de brinquedos e risos, Tereza preenchera com estudo, aulas e crianças o tempo interminável das ausências do doutor. Lazinho e Tequinha, além da aula à tarde, com jogos e merenda farta, viviam boa parte do dia atrás da mestra improvisada, a ponto de irritar Nina, de mão fácil e pesada no castigo.
Quando o doutor estava, os pequenos vinham apenas lhe tomar a bênção, reduzidos ao pomar ou a brincar na rua com os colegas durante o recesso da escola. O tempo fazia-se curto para a alegria e a animação resultantes da presença do doutor; naquela festa não cabiam crianças e estando em companhia de Emiliano não necessitava Tereza de mais nada.
Mas, na ausência dele, os moleques da rua e sobretudo os dois da casa, eram os indispensáveis companheiros a fazer leve a pesada carga do tempo vago de amásia, impedindo-a de pensar no futuro mais distante se um dia a ausência se fizesse definitiva, se o usineiro dela se viesse a se cansar. Na morte não pensava, não lhe parecendo o doutor sujeito à morte, contingência dos demais, não dele.
Devido às crianças, Tereza suportava o desmazelo e a incómoda sensação de hostilidade por vezes evidente na criada; o doutor, com certo sentimento de culpa – filho não, Tereza, filho na rua, jamais! – fechava os olhos aos modos de Nina: invejosa, sonsa, oferecida a roçar no patrão os peitos flácidos, à menor oportunidade.
Pela manhã, ao sair do quarto, Emiliano Guedes enxergava Tereza no jardim, arrodilhada entre os canteiros, a brincar com as duas crianças, um quadro, fotografia para prémio em concurso de revista. Ai, porque tudo na vida tem de ser pela metade? Uma sombra no rosto do doutor. Ao vê-lo as crianças lhe pediam a bênção e se punham a correr para o pomar, ordens estritas.
Na porta do quarto, Nina faz cálculos difíceis: quanto tocará à amásia no testamento do velho milionário? (clik na imagem)
11ª ENTREVISTA COM JESUS
SOBRE O TEMA:
“A ANUNCIAÇÂO DE MARIA”
“A ANUNCIAÇÂO DE MARIA”
SACERDOTE – E o anjo do Senhor anunciou a Maria.
FIEIS - E concebeu pela graça do Espírito Santo.
SACERDOTE - Eis aqui a serva do Senhor.
FIEIS - Em mim segundo a tua palavra…
RAQUEL - Mais uma vez, as Emissoras Latinas da Basílica da Anunciação, em Nazaré. Estamos reunidos, como em dias anteriores, com o mesmo Jesus Cristo durante a sua segunda vinda à terra. O senhor está ouvindo o que os fiéis rezam e cantam?
JESUS - Sim, hoje muito cedo, ouvi várias vezes esta oração…
RAQUEL - São as palavras do anjo Gabriel quando visitou sua mãe Maria aqui neste lugar sagrado, faz dois mil anos. Se me permite… podemos começar a entrevista?
JESUS – Sim, vamos começar.
RAQUEL - Senhor Jesus Cristo, o senhor é filho de quem?
JESUS - De minha mãe, como todo o mundo.
RAQUEL - Sim, isso eu sei. O problema é com o pai. Eu quero que me responda sem qualquer ambiguidade: é filho de Deus, sim ou não.
JESUS - Sim, eu sou.
RAQUEL – Uff… Dá-me grande alívio ouvir essas palavras. E a muitos dos nossos ouvintes também.
JESUS – Mas isso já o sabias, Rachel. A vida é um presente de Deus. Somos todos filhos de Deus. Tu também.
RAQUEL – Vejamos, vejamos… talvez eu não expressado bem. Eu quis dizer… se o senhor nasceu pela graça do Espírito Santo.
JESUS – Claro, o Espírito de Deus sopra em todas as águas.
RAQUEL - Eu vou ser mais explícita. Foi o Espírito Santo que engravidou Maria?
JESUS – Que dizes? ... Deus não tem esperma. Deus não fecunda mulheres.
RAQUEL - Faço a pergunta de outra forma: como ficou grávida Maria? Por um prodígio ginecológico, por um fenómeno da partenogénese?
JESUS - Eu não entendo essas palavras.
RAQUEL – É como essas flores que se auto-fertilizam.
JESUS - Nazaré, significa flor na minha língua. Mas nunca ouvi dizer que as nazarenas se auto-fecundassem
RAQUEL – Não sei como, mas Deus fez um milagre prodigioso no ventre de sua mãe Maria.
JESUS - Sim, o milagre da vida. Toda a mãe é surpreendida com essa maravilha.
RAQUEL - Refiro-me ao milagre de uma mulher ser virgem e mãe ao mesmo tempo.
JESUS - Não procures três corcovas nos camelos, Raquel. Se Deus pode fazer as coisas facilmente porque o iria fazer de forma complicada, não te parece?
RAQUEL - O que quer dizer com essas palavras?
JESUS - Meu pai, José, conheceu minha mãe, Maria e eu nasci dessa união.
RAQUEL -Estou ouvindo bem ou...? Percebe que está dizendo uma heresia… talvez a maior de todas as heresias?
JESUS - Mas ninguém pode ser um herege de si mesmo!... não saberei eu como nasci!
RAQUEL - Mas então, por favor, onde está a virgindade da Virgem, onde está o anjo Gabriel, onde está a Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu ...?
JESUS - Sabe que mais, Raquel? Convido-te a provares umas tâmaras.
RAQUEL - O quê?
JESUS - Vamos lá, há um mercado aqui fora…
RAQUEL – Deixemos as piadas para outra altura…
JESUS – As piadas sim, mas não a fome. Anda comigo e continuamos a falar. Talvez fora deste Templo compreendas melhor... Vem e segue-me!
RAQUEL – Espera, eu tenho que fechar a entrevista…
De Nazaré, Raquel Perez, Emissoras Latinas.
FIEIS - E concebeu pela graça do Espírito Santo.
SACERDOTE - Eis aqui a serva do Senhor.
FIEIS - Em mim segundo a tua palavra…
RAQUEL - Mais uma vez, as Emissoras Latinas da Basílica da Anunciação, em Nazaré. Estamos reunidos, como em dias anteriores, com o mesmo Jesus Cristo durante a sua segunda vinda à terra. O senhor está ouvindo o que os fiéis rezam e cantam?
JESUS - Sim, hoje muito cedo, ouvi várias vezes esta oração…
RAQUEL - São as palavras do anjo Gabriel quando visitou sua mãe Maria aqui neste lugar sagrado, faz dois mil anos. Se me permite… podemos começar a entrevista?
JESUS – Sim, vamos começar.
RAQUEL - Senhor Jesus Cristo, o senhor é filho de quem?
JESUS - De minha mãe, como todo o mundo.
RAQUEL - Sim, isso eu sei. O problema é com o pai. Eu quero que me responda sem qualquer ambiguidade: é filho de Deus, sim ou não.
JESUS - Sim, eu sou.
RAQUEL – Uff… Dá-me grande alívio ouvir essas palavras. E a muitos dos nossos ouvintes também.
JESUS – Mas isso já o sabias, Rachel. A vida é um presente de Deus. Somos todos filhos de Deus. Tu também.
RAQUEL – Vejamos, vejamos… talvez eu não expressado bem. Eu quis dizer… se o senhor nasceu pela graça do Espírito Santo.
JESUS – Claro, o Espírito de Deus sopra em todas as águas.
RAQUEL - Eu vou ser mais explícita. Foi o Espírito Santo que engravidou Maria?
JESUS – Que dizes? ... Deus não tem esperma. Deus não fecunda mulheres.
RAQUEL - Faço a pergunta de outra forma: como ficou grávida Maria? Por um prodígio ginecológico, por um fenómeno da partenogénese?
JESUS - Eu não entendo essas palavras.
RAQUEL – É como essas flores que se auto-fertilizam.
JESUS - Nazaré, significa flor na minha língua. Mas nunca ouvi dizer que as nazarenas se auto-fecundassem
RAQUEL – Não sei como, mas Deus fez um milagre prodigioso no ventre de sua mãe Maria.
JESUS - Sim, o milagre da vida. Toda a mãe é surpreendida com essa maravilha.
RAQUEL - Refiro-me ao milagre de uma mulher ser virgem e mãe ao mesmo tempo.
JESUS - Não procures três corcovas nos camelos, Raquel. Se Deus pode fazer as coisas facilmente porque o iria fazer de forma complicada, não te parece?
RAQUEL - O que quer dizer com essas palavras?
JESUS - Meu pai, José, conheceu minha mãe, Maria e eu nasci dessa união.
RAQUEL -Estou ouvindo bem ou...? Percebe que está dizendo uma heresia… talvez a maior de todas as heresias?
JESUS - Mas ninguém pode ser um herege de si mesmo!... não saberei eu como nasci!
RAQUEL - Mas então, por favor, onde está a virgindade da Virgem, onde está o anjo Gabriel, onde está a Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu ...?
JESUS - Sabe que mais, Raquel? Convido-te a provares umas tâmaras.
RAQUEL - O quê?
JESUS - Vamos lá, há um mercado aqui fora…
RAQUEL – Deixemos as piadas para outra altura…
JESUS – As piadas sim, mas não a fome. Anda comigo e continuamos a falar. Talvez fora deste Templo compreendas melhor... Vem e segue-me!
RAQUEL – Espera, eu tenho que fechar a entrevista…
De Nazaré, Raquel Perez, Emissoras Latinas.
sexta-feira, agosto 19, 2011
BENITO DI PAULA - RETALHOS DE CETIM
Carnaval nem sempre é festa e alegria... também é mágoa, lamento, desilusão... Retalhos de Cetim é o exemplo mais flagrante nesta maravilhosa interpretação de Benito em comunhão com o auditório que o acompanha num coro sentido. É lindo de ouvir e de ver!
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 183
- O senhor mal me conhece, como pode fazer esse juízo de mim? – Tereza ergueu a voz com raiva, o queixo levantado, os olhos fulgurantes, mas logo baixou a cabeça e a voz e completou:
- Sei porque pensa assim, foi-me buscar na zona e sabe que, pertencendo ao capitão, andei com outro. – A voz fez-se um murmúrio:
- É verdade. Andei com outro mas eu não gostava do capitão, me pegou à força, nunca fui com ele por querer, só fui com o outro. – Voltou a voz crescer: - Se pensa assim de mim o melhor é eu ir embora agora mesmo, prefiro a zona do que viver debaixo da desconfiança, com medo do que possa suceder.
O doutor a tomou nos braços:
- Não seja tola. Eu não disse que duvido de você, que lhe creio capaz de falsidade, ao menos não foi isso que eu quis dizer. Disse que se você, um dia, cansar de mim, se interessar por outro, venha e me diga, assim procedem as pessoas correctas. Não pensei em lhe ofender nem tenho porquê. Só tenho motivos para achar você direita e estou contente.
Sem soltá-la dos braços, sorrindo, acrescentou:
- Também eu quero ser sincero, vou-lhe contar toda a verdade. Quando lhe perguntei o que tinha se passado, eu já sabia de tudo, não me pergunte como. Aqui tudo se sabe, Tereza, e tudo se comenta.
Naquela noite após o jantar, o doutor a convidou para sair com ele, acompanhá-la na caminhada até à ponte do rio Piauí, nunca o fizera antes.
Juntos na noite, o velho e a menina, mas nem o doutor parecia ter passado dos sessenta nem Tereza estar apenas chegando aos dezasseis, eram um homem e uma mulher enamorados de mãos dadas, dois amorosos sem pejo, vagando alegremente.
No caminho os raros passantes, gente do povo não reconheciam o doutor e a amásia, apenas um casal apaixonado. Longe do centro e do movimento, não despertavam maior curiosidade. Ainda assim, uma velha parou para vê-los passar:
- Boa noite meus amores, vão com Deus!
De volta ao chalé, depois de terem visto o rio, a represa, o porto das barcas, o doutor a deixou no quarto a se despir e foi buscar na geladeira a garrafa de champanhe que lá pusera a esfriar. Ao ouvir o papoco da rolha e ao vê-la elevando-se no ar, Tereza riu e bateu palmas, num encantamento de menina.
Emiliano serviu na mesma taça para os dois, juntos beberam, Tereza descobrindo o sabor do champanhe, para ela inédito.
Como pensar em outro homem, rico ou pobre, jovem ou maduro, bonito ou feio, se possuía o amante mais perfeito, o mais ardente e sábio? Cada dia lhe ensinando algo, o valor da lealdade e o arroubo do champanhe, a medida mais longa do prazer e a mais profunda.
- Enquanto o senhor me quiser nunca serei de outro. Nem mesmo na tontura do champanhe lhe diz você ou tu, mas na hora final, em mel se derramando, tímida, a medo pronuncia: ai, meu amor. (clik na imagem e aumente)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Tamerlão manda entregar um dos seus elefantes machos ao povo de Aksehir e pede-lhes que cuidem dele. Ora o elefante, para além dos danos, torna-se um fardo para o povo constituído por pessoas demasiado pobres para conseguirem comida decente para um animal de tão grande sustento.
Então, um grupo deles, vai a casa do Hodja e pede-lhe:
- “Por favor, peça a Tamerlão que leve o monstro”.
Diz Hodja: “Formem um comité. Vamos todos juntos. Eu serei o porta-voz”.
Formaram uma comissão de cerca de uns quinze cidadãos proeminentes de Akshehir, Hodja junta-se a eles e aí vão todos falar com o terrível Tamerlão.
Ao longo do caminho e sem que Hodja se aperceba, os membros do comité, com medo, vão desistindo e regressam às suas casas.
Pensando que a comissão estava atrás dele, Hodja continua decidido na direcção da tenda do Tamerlão e quando o enfrentou começou a fazer o apelo:
- “Senhor, o povo da nossa cidade… e vira-se para trás para os apresentar quando constata que está sozinho e nenhum deles tinha chegado à tenda mas como já tinha começado o discurso continua:
- “O povo da nossa cidade está muito feliz com o elefante… mas há um problema: o animal está sozinho e por isso infeliz. Gostaríamos que vossa majestade considerasse dar aos moradores da cidade um elefante fêmea como companheira”.
Tamerlão ficou feliz por ouvir aquele apelo. “Tudo bem”, diz ele. “Vou satisfazer esse pedido o mais rapidamente possível”
Hodja regressa à cidade e as pessoas reúnem-se à sua volta e perguntam: “por favor, diga-nos, o que aconteceu?”
“Eu tenho uma óptima notícia para vocês”. Para fazer companhia ao problema masculino, um problema feminino irá juntar-se em breve.
Agora vocês podem alegrar-se”.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTRVISTA Nº 10 SOBRE O TEMA:
“COMO ERA MARIA” (3º e último)
Um Livro Extraordinário
O nome dela é Maria. Um nome tão comum no seu tempo e na sua terra que ao grito de Maria era provável que uma em cada três mulheres respondessem… Sem importar a religião que professamos ou abjuramos, fechamos os nossos escritórios, e-mails, jornais, boletins meteorológicos, livros de história, aniversários, datas especiais, seja o que for, por causa do acontecimento que ocorreu no Médio Médio há dois mil anos: a data em que Maria deu à luz… Como é então possível que saibamos tão pouco dela?... Cada nova imagem de Maria coloca-a mais longe da Maria real…
É isto que pretende deste livro: restaurar o mundo de Maria e tecê-lo de novo inteiramente. Devolvê-la a si mesmo começando com o seu nome real. Restaurar a sua força e inteligência, e vê-lo como o ser multifacetado que foi antes de se tornar num ícone: uma camponesa, uma senadora, uma nacionalista, uma mãe, uma professora, uma líder. É sim, uma virgem, embora num sentido que há muito temos esquecido… Nela, não há nada de manso e dócil. Esta mulher emerge sendo muito mais do que até agora temos aceite que seja: uma mulher forte, capaz e sábia que de uma forma activa escolheu o seu papel na história e o viveu intensamente.
São estas algumas das ideias que aparecem na introdução do extraordinário livro da socióloga e jornalista política britânica, Lesley Hazleton "Maria, uma virgem de carne e osso” (Ediciones Martínez Roca, 2005), que tem como subtítulo, "Uma Investigação para descobrir a mulher que se esconde por de trás do mito”.
De fato, inúmeros livros de teologia têm romantizado Maria e poucos têm tentado descobrir a realidade que foi a vida daquela menina, jovem e mulher. Este é o mais audaz, interessante e documentado de todos quantos conhecemos.
É isto que pretende deste livro: restaurar o mundo de Maria e tecê-lo de novo inteiramente. Devolvê-la a si mesmo começando com o seu nome real. Restaurar a sua força e inteligência, e vê-lo como o ser multifacetado que foi antes de se tornar num ícone: uma camponesa, uma senadora, uma nacionalista, uma mãe, uma professora, uma líder. É sim, uma virgem, embora num sentido que há muito temos esquecido… Nela, não há nada de manso e dócil. Esta mulher emerge sendo muito mais do que até agora temos aceite que seja: uma mulher forte, capaz e sábia que de uma forma activa escolheu o seu papel na história e o viveu intensamente.
São estas algumas das ideias que aparecem na introdução do extraordinário livro da socióloga e jornalista política britânica, Lesley Hazleton "Maria, uma virgem de carne e osso” (Ediciones Martínez Roca, 2005), que tem como subtítulo, "Uma Investigação para descobrir a mulher que se esconde por de trás do mito”.
De fato, inúmeros livros de teologia têm romantizado Maria e poucos têm tentado descobrir a realidade que foi a vida daquela menina, jovem e mulher. Este é o mais audaz, interessante e documentado de todos quantos conhecemos.
quinta-feira, agosto 18, 2011
VÍDEO
Eles adoram o banho... à esquerda, a mãe inqieta por não poder participar. O comportamento dos pequenos elefantes é em tudo idêntico ao das crianças mas o deles ainda mais desassossegado...
PÁTIO DAS CANTIGAS - VINHO
Filme português de 1942 realizado por Francisco Ribeiro (Ribeirinho). A história tem lugar num bairro típico de Lisboa por ocasião da Festas Populares e contem um fabuloso jogo de equívocos e duplos sentidos que torna o filme inesquecível. Interpretado, entre outros, pela famosa dupla Vasco Santana/António Silva, imortais actores cómicos que o mundo não teve a sorte de apreciar como nós, posso afirmar que os lisboetas da minha geração amam este filme, amam estes actores, vêem estas cenas 20, 30, 50 vezes mas a última será sempre a mais deliciosa. Elas fazem parte do património da minha vida, da vida de todos os lisboetas e com certeza de todos os portugueses da minha geração
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 182
Um dos quartos fora dividido e transformado em dois banheiros, ligado um ao grande quarto de casal, o outro ao quarto de hóspedes ocupado por Lulu Santos quando vinha de Aracaju em companhia ou a chamado do doutor. A sala de visitas perdeu o ar solene e bolorento de peça a ser aberta apenas em dia de festa ou para receber visita de cerimónia; nela o doutor instalara estantes de livros, mesa de leitura e de trabalho, eletrola, discos e um pequeno bar. A alcova, junto à sala passou a gabinete de costura.
Preocupado em encher o tempo de Tereza, vazio durante as prolongadas e sucessivas ausências do amásio, ele lhe comprara máquina de costura, agulhas de tricô:
- Sabe cozer, Tereza?
- Saber mesmo não sei, mas na roça remendei muita roupa na máquina da falecida.
- Não quer aprender? Assim terá que fazer durante a minha ausência.
A Escola de Corte e Costura Nossa Senhora das Graças ficava numa pequena rua por trás do Parque Triste e, para lá chegar Tereza atravessava o centro da cidade. A professora, senhorita Salvalena (Salva do pai, lena da mãe Helena), mocetona de largas ancas e peito de bronze, potranca de trote largo, de muito pó-de-arroz, baton e ruge, arranjara horário no meio da tarde exclusivo para Tereza e recebera adiantado o pagamento do curso completo, quinze aulas. Na terceira Tereza desistiu, largou tesoura e metro, agulha e dedal pois a emérita professora desde a aula inicial insinuara a possibilidade de Tereza ganhar uns extras facilitando para alguns senhores ricos, da mesma laia do doutor, sócios das fábricas de tecidos, senhores todos grados e discretos, insinuações a se transformarem em proposta directas.
Local não era problema, podiam os encontros realizarem-se ali mesmo, na Escola, no quarto dos fundos, seguro e confortável ninho, cama óptima, colchão de molas, minha cara. O doutor Bráulio, sócio de uma das fábricas, tinha visto Tereza passar na rua e se dispunha…
Tereza tomou da bolsa e, sem se despedir, virou as costas e saiu. Salvalena, surpresa e insultada, pôs-se a resmungar com seus botões:
- Orgulhosa de merda… Quero ver no dia em que o doutor lhe der um pontapé na bunda… Aí vai vir atrás de mim para eu lhe arranjar freguês… - Um pensamento incómodo interrompeu o xingamento: teria de devolver o dinheiro das doze aulas ainda por leccionar? – Não devolvo nada, não é culpa minha se a tribufu metida a honesta largou o curso…
Ao regressar o doutor quis saber dos progressos obtidos por Tereza na Escola de Corte e Costura. Ah! largara as aulas; não levava jeito nem gosto, aprendera o suficiente para as necessidades e pronto. O doutor tinha o dom de adivinhar, quem podia sustentar o confronto daqueles olhos límpidos de verruma?
- Tereza, eu não gosto de mentiras, porque você está mentindo? Eu já lhe menti alguma vez? Conte a verdade, o que se passou.
- Ela veio me propor homem…
- O doutor Bráulio, eu sei. Ele apostou em Aracaju que havia de dormir com você e me pôr os chifres. Ouça, Tereza: não vai lhe faltar proposta, e se um dia por qualquer motivo se sentir na disposição de aceitar, me diga antes. Será melhor para mim e sobretudo para você. (clik na imagem)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À 10ª ENTREVISTA SOBRE O TEMA:
“COMO ERA MARIA” (2)
Uma Imagem Que Fere as Mulheres
Uma forte corrente de teólogas feministas questiona, agora, com grande clareza, os atributos com os quais foi apresentada Maria pela Igreja Católica.
Elizabeth Schüssler Fiorenza, uma das principais teólogas e biblistas a nível internacional, foi uma das primeiras mulheres a formar-se em teologia, doutorando-se na área da Bíblia. Criou-se na Alemanha mas desde 1970 que vive nos E.U.A. e ensina em várias universidades, Harvard, Cambridge, etc…um pouco por todo o mundo. Ela desenvolveu uma interpretação bíblica feminista, crítica e libertadora que apresenta com paixão e primor no seu livro “Caminhos de Sabedoria” publicado em 2001.
Ela aponta os danos provocados nas mulheres pela imagem transmitida pela Igreja católica de Maria, mãe de Jesus, tendo em vista manter nela um foco de adoração:
- A virgindade é enfatizada em detrimento do exercício da sexualidade;
- Associa-se, unilateralmente, o ideal da verdadeira feminilidade com a maternidade;
- Atribuem-lhes os valores religiosos de obediência, humildade, passividade e submissão como virtudes cardeais das mulheres.
Uma forte corrente de teólogas feministas questiona, agora, com grande clareza, os atributos com os quais foi apresentada Maria pela Igreja Católica.
Elizabeth Schüssler Fiorenza, uma das principais teólogas e biblistas a nível internacional, foi uma das primeiras mulheres a formar-se em teologia, doutorando-se na área da Bíblia. Criou-se na Alemanha mas desde 1970 que vive nos E.U.A. e ensina em várias universidades, Harvard, Cambridge, etc…um pouco por todo o mundo. Ela desenvolveu uma interpretação bíblica feminista, crítica e libertadora que apresenta com paixão e primor no seu livro “Caminhos de Sabedoria” publicado em 2001.
Ela aponta os danos provocados nas mulheres pela imagem transmitida pela Igreja católica de Maria, mãe de Jesus, tendo em vista manter nela um foco de adoração:
- A virgindade é enfatizada em detrimento do exercício da sexualidade;
- Associa-se, unilateralmente, o ideal da verdadeira feminilidade com a maternidade;
- Atribuem-lhes os valores religiosos de obediência, humildade, passividade e submissão como virtudes cardeais das mulheres.
quarta-feira, agosto 17, 2011
THE FEVERS - MAR DE ROSAS
Com músicas como esta não admira que o Grupo tenha sido considerado em 1968 o Melhor Conjunto Para Bailes, tendo mesmo lançado um LP chamado Os Reis do Baile.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 181
No dia seguinte, na hora do passeio, coube a ele perguntar:
- E minha flor, cadê? Não preciso dela para me lembrar de ti, mas é como se eu te levasse comigo.
Nas sucessivas despedidas, na renovada tristeza, quando ele ia tomar o automóvel e partir, Tereza beijava uma rosa e com alfinete a prendia à botoeira do paletó – na mão de Emiliano de novo o rebenque de prata.
O rebenque na mão, a rosa na botoeira, o beijo do adeus – a carícia do bigode, a ponta da língua a tocar-lhe os lábios – lá se vai o doutor à sua numerosa vida, longe de Tereza. Quando regressar à paz de Estância, hóspede de curta permanência, dividido entre tantas moradias, entre tantos compromissos, interesses e afectos, cabendo à Tereza o tempo de uma rosa desabrochar e fenecer, o tempo secreto e breve das amásias.
14
Do aprendizado dos vinhos licorosos e dos licores passara Tereza ao capítulo mais difícil dos vinhos de mesa, dos destilados fortes, dos amargos digestivos. Num dos quartos de fora da casa o doutor arrumara uma espécie de adega, exibida com vaidade a João Nascimento Filho e ao padre Vinícius, rótulos examinados com respeito, datas pronunciadas com devoção. Fiel à cerveja e à cachaça, Lulu Santos servia de alvo a zombarias: bárbaro sem a noção de gosto, para quem o uísque era o supra-sumo.
Tereza não fez grande carreira no labirinto das bebidas, permanecendo fiel às descobertas iniciais: o Porto, o Cointreau, o Moscatel, embora aceitando os amargos antes da comida. Vinhos de mesa, de preferência os adocicados, de buquê marcante a perfumar a boca.
O doutor exibia os nobres vinhos secos, os tintos ilustres, safras escolhidas, o padre e João Nascimento Filho reviravam os olhos, desfazendo-se vem exclamações, mas Tereza deu-se conta na continuidade dos jantares de que mestre Nascimento, com fama de conhecedor e de apurado gosto, também ele preferia os brancos menos secos, mais leves e de mais fácil paladar, apesar dos elogios aos secos e aos tintos e ao estalar da língua ao servir-se deles. Preferindo sobretudo os licorosos a qualquer outro aperitivo, Tereza nunca lhe traiu o segredo, nem deixou que ele percebesse a descoberta da intrujice snobe:
- O senhor me acompanha num cálice de Porto mesmo não sendo a hora certa, seu João? – Mais que depressa ele recusava o gim, o uísque, o bitter.
- Com prazer, Tereza. Isso de hora é requinte de fidalgo. Não tendo como mestre Nascimento Filho obrigações de fino gosto, e não sendo de mentir desnecessariamente, ela revelava ao doutor suas predilecções e Emiliano, sorrindo, lhe dizia: favo-de-mel Tereza.
Nas cálidas noites de Estância de amena viração, brisa dos rios, no céu de estrelas sem conta, a lua desmedida sobre as árvores, ficavam no jardim a bebericar, ela e o doutor. Ele nas fortes aguardentes, na Genebra, no Vodka, no conhaque, ela no vinho do Porto ou no Cointreau. Favo-de-mel, Tereza, teus doces lábios. Ai, meu senhor, seu beijo queima, chama de Conhaque, brasa de Genebra. Nessas horas, a distância a separá-los se tornava mínima até desaparecer na cama por completo. Na cama ou ali mesmo no balanço da rede à viração, sob as estrelas. Árdegos partiam para alcançar a lua.
A residência sofrera alterações para torná-la ainda mais confortável, estando o doutor habituado ao melhor e querendo habituar Tereza.
(clik na imagem e aumente)
- E minha flor, cadê? Não preciso dela para me lembrar de ti, mas é como se eu te levasse comigo.
Nas sucessivas despedidas, na renovada tristeza, quando ele ia tomar o automóvel e partir, Tereza beijava uma rosa e com alfinete a prendia à botoeira do paletó – na mão de Emiliano de novo o rebenque de prata.
O rebenque na mão, a rosa na botoeira, o beijo do adeus – a carícia do bigode, a ponta da língua a tocar-lhe os lábios – lá se vai o doutor à sua numerosa vida, longe de Tereza. Quando regressar à paz de Estância, hóspede de curta permanência, dividido entre tantas moradias, entre tantos compromissos, interesses e afectos, cabendo à Tereza o tempo de uma rosa desabrochar e fenecer, o tempo secreto e breve das amásias.
14
Do aprendizado dos vinhos licorosos e dos licores passara Tereza ao capítulo mais difícil dos vinhos de mesa, dos destilados fortes, dos amargos digestivos. Num dos quartos de fora da casa o doutor arrumara uma espécie de adega, exibida com vaidade a João Nascimento Filho e ao padre Vinícius, rótulos examinados com respeito, datas pronunciadas com devoção. Fiel à cerveja e à cachaça, Lulu Santos servia de alvo a zombarias: bárbaro sem a noção de gosto, para quem o uísque era o supra-sumo.
Tereza não fez grande carreira no labirinto das bebidas, permanecendo fiel às descobertas iniciais: o Porto, o Cointreau, o Moscatel, embora aceitando os amargos antes da comida. Vinhos de mesa, de preferência os adocicados, de buquê marcante a perfumar a boca.
O doutor exibia os nobres vinhos secos, os tintos ilustres, safras escolhidas, o padre e João Nascimento Filho reviravam os olhos, desfazendo-se vem exclamações, mas Tereza deu-se conta na continuidade dos jantares de que mestre Nascimento, com fama de conhecedor e de apurado gosto, também ele preferia os brancos menos secos, mais leves e de mais fácil paladar, apesar dos elogios aos secos e aos tintos e ao estalar da língua ao servir-se deles. Preferindo sobretudo os licorosos a qualquer outro aperitivo, Tereza nunca lhe traiu o segredo, nem deixou que ele percebesse a descoberta da intrujice snobe:
- O senhor me acompanha num cálice de Porto mesmo não sendo a hora certa, seu João? – Mais que depressa ele recusava o gim, o uísque, o bitter.
- Com prazer, Tereza. Isso de hora é requinte de fidalgo. Não tendo como mestre Nascimento Filho obrigações de fino gosto, e não sendo de mentir desnecessariamente, ela revelava ao doutor suas predilecções e Emiliano, sorrindo, lhe dizia: favo-de-mel Tereza.
Nas cálidas noites de Estância de amena viração, brisa dos rios, no céu de estrelas sem conta, a lua desmedida sobre as árvores, ficavam no jardim a bebericar, ela e o doutor. Ele nas fortes aguardentes, na Genebra, no Vodka, no conhaque, ela no vinho do Porto ou no Cointreau. Favo-de-mel, Tereza, teus doces lábios. Ai, meu senhor, seu beijo queima, chama de Conhaque, brasa de Genebra. Nessas horas, a distância a separá-los se tornava mínima até desaparecer na cama por completo. Na cama ou ali mesmo no balanço da rede à viração, sob as estrelas. Árdegos partiam para alcançar a lua.
A residência sofrera alterações para torná-la ainda mais confortável, estando o doutor habituado ao melhor e querendo habituar Tereza.
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HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja e a esposa estão à mesa a jantar. Ela serviu a sopa e a provou antes de Hodja o fazer. A sopa está tão quente que lhe queima a boca e ela fica com os olhos húmidos de lágrimas.
Pergunta Hodja:
- “Porque estás a chorar?”
- “Oh!”, responde ela: - “O meu pai adorava esta sopa. Acabei de me lembrar e é por isso que estou a chorar.”
- “Que ele descanse em paz”, disse Hodja. “Ele morreu. Não vale a pena chorares”.
Então, ele leva um pouco de sopa à boca e como se queima as lágrimas começam também a rolar pela sua cara. Diz-lhe a esposa:
- “Eu chorei porque me lembrei do meu pai. E tu, por que estás a chorar?”
- “Estou a chorar porque o teu pai era um grande canalha, está morto, e uma infeliz como tu ainda está viva”.
Pergunta Hodja:
- “Porque estás a chorar?”
- “Oh!”, responde ela: - “O meu pai adorava esta sopa. Acabei de me lembrar e é por isso que estou a chorar.”
- “Que ele descanse em paz”, disse Hodja. “Ele morreu. Não vale a pena chorares”.
Então, ele leva um pouco de sopa à boca e como se queima as lágrimas começam também a rolar pela sua cara. Diz-lhe a esposa:
- “Eu chorei porque me lembrei do meu pai. E tu, por que estás a chorar?”
- “Estou a chorar porque o teu pai era um grande canalha, está morto, e uma infeliz como tu ainda está viva”.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À 10ª ENTREVISTA SOBRE O TEMA:
"QUEM FOI MARIA"(1)
Relatos Esquecidos
O Evangelho de Marcos (3:20-21) e Lucas (8,19-21) têm sido bastante esquecidos na memória cristã e estão aí para nos lembrar o conflito que teve de existir entre Maria e Jesus, quando este começou a tornar-se um pregador itinerante e um líder popular. E para nos indicar que, tal como seu filho Jesus, Maria viveu um processo no qual tomou consciência de sua responsabilidade como a mãe daquele homem que as pessoas seguiam com tanta esperança e paixão.
O canto do Magnífico
No Evangelho de Lucas (1:46-55) aparece uma oração ou um cântico nos lábios de Maria: A minha alma enaltece o Senhor, pois ele derrubou os poderosos de seus tronos e levantou os humildes…, popularmente conhecido como o "Magnificat" de sua origem latina. Este canto é inspirado no canto de Ana, mãe de Samuel, o último juiz de Israel (1 Samuel 2:1-10) e outras expressões dos Salmos e dos profetas.
Entre as muitas igrejas e conventos construídos em memória de João Batista em Ain Karem - uma aldeia nas montanhas da Judeia, a cerca de 7 quilómetros de Jerusalém, onde a tradição situa a terra natal do profeta – destaca-se a igreja da Visitação. No claustro, são reproduzidas em mosaico e em várias línguas os versos do "Magnificat".
terça-feira, agosto 16, 2011
THE FEVERS - ONDE ESTÂO TEUS OLHOS NEGROS
Uma banda brasileira de Rock e Pop formada no Rio de Janeiro em 1964. Fez um enorme sucesso na 2ª metda da década de 60 e 70, consagrando-se nos Anos 80 com as músicas de abertura das telenovelas "Elas Por Elas" e "Guerra dos Sexos". Continua em actividade ainda nos dias de hoje.
LIÇÔES RADICAIS DA CRISE
Há duas heresias a que é preciso recorrer:
- Regular mais e mais os mercados, sobretudo os financeiros, proibindo muita da engenharia financeira que já regressou em força;
- Travar a globalização para países que não respeitem direitos sociais universalmente aceites, introduzindo taxas específicas para produtos oriundos desses Estados.
Os fundamentalistas do mercado darão urros de raiva e dor – e virão com a conversa de que o livre funcionamento dos mercados é a melhor forma de alocar recursos. A resposta é sim, desde que sejam regulados.
Há duas heresias a que é preciso recorrer:
- Regular mais e mais os mercados, sobretudo os financeiros, proibindo muita da engenharia financeira que já regressou em força;
- Travar a globalização para países que não respeitem direitos sociais universalmente aceites, introduzindo taxas específicas para produtos oriundos desses Estados.
Os fundamentalistas do mercado darão urros de raiva e dor – e virão com a conversa de que o livre funcionamento dos mercados é a melhor forma de alocar recursos. A resposta é sim, desde que sejam regulados.
Porque o que se tem visto – e as estatísticas comprovam-no sem margem para dúvidas – é que a desregulamentação e a globalização levaram a uma concentração cada vez maior da riqueza em cada vez menos empresas e pessoas. E se é verdade que milhões de pessoas saíram da pobreza, outros milhões continuam a morrer de fome no Corno de África e o mundo está lançado numa turbulência económica, social e política como não se via desde a II G.G. Mundial.
O mais chocante desta crise é a incapacidade dos Estados (mesmo os E.U.A) conseguirem intervir para colocar ordem nos mercados. O mundo deixou de estar nas mãos dos políticos e passou para as dos especuladores. É evidente que, se não se colocarem travões a esta tendência, a história só pode acabar mal.
Nicolau Santos
O mais chocante desta crise é a incapacidade dos Estados (mesmo os E.U.A) conseguirem intervir para colocar ordem nos mercados. O mundo deixou de estar nas mãos dos políticos e passou para as dos especuladores. É evidente que, se não se colocarem travões a esta tendência, a história só pode acabar mal.
Nicolau Santos
Obs. - Alguém, com dois dedos de testa, tem alguma dúvida que a realidade é esta?
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
GUERRA
Episódio Nº 180
Habitualmente o doutor usava fora de casa o rebenque de prata; não só no campo, montado a cavalo a percorrer canaviais, a examinar gado nos pastos, também nas cidades, na Bahia, em Aracaju, na direcção do Banco, na presidência da Eximportex S.A., ornamento, símbolo e arma.
Nas mãos do doutor, arma temível; na Bahia, vibrando o rebenque, pusera em fuga dois jovens malandros, iludidos com o grisalho noctívago, tomando por medo a pressa do doutor, e de dia, no centro da capital, fizera o desaforado escriba Haroldo Guedes engolir um artigo de jornal. Contratado por inimigos dos Guedes, o atrevido foliculário, pena de aluguer barato a desfazer reputações em tranquila impunidade, escrevera num semanário de cavação, extensa e violenta catilinária contra o poderoso clã.
Chefe de família, coube a Emiliano o grosso da pasquinada: “impenitente sedutor de ingénuas donzelas campesinas”, latifundiário sem alma, explorador de trabalho de colonos e meeiros, ladrão de terras”, “contrabandista contumaz de açúcar e aguardente, useiro e vezeiro em lesar os cofres públicos com a conivência criminosa dos fiscais do Estado”.
Os irmãos, Milton e Cristóvão, entravam na dança considerados de “incompetentes e incapazes” especializando-se Milton “na carolice, santo de pau oco” e Cristóvão “na cachaça, irrecuperável pau-d’água”, madeiras ruins, um e outro – sem esquecer o gracioso Xandô de “homófilas preferências sexuais”, ou seja o jovem o jovem Alexandre Guedes, filho de Milton, desterrado no Rio, proibido de aparecer na usina por ser doido por atletas trabalhadores negros”.
Um artigaço, lido e comentado, contendo “muita verdade se bem escrita com pus”, na opinião de informado político sertanejo em animada roda na porta do Palácio do Governo.
Apenas terminara a frase, olhando em torno, o deputado pôs a mão na boca leviana: subindo a Praça, o doutor, com o seu rebenque trabalhado em prata, a descê-la, no passo firme do sucesso, da evidência, o jornalista Pêra. Não houve tempo para a fuga, o glorioso autor engoliu o artigo a seco e lhe ficou na face a marca do rebenque.
Ali, em Estância, no entanto, o doutor ao sair para a caminhada diária após o jantar, em vez do rebenque levava uma flor na mão. O hábito se estabelecera no início da convivência quando a ternura nascente ampliava pouco a pouco a intimidade, dando-lhe nova dimensão, a princípio reduzida ao leito de carícias.
Naqueles idos, o usineiro ainda não se mostrava na rua em companhia de Tereza, sozinho nos passeios nocturnos à velha ponte, à represa, ao porto nas margens do rio Piauí, mantendo-a clandestina, escondida nas dobras da aparência, jamais vistos os dois juntos em público – “o doutor pelo menos respeita as famílias não é como outros que esfregam as raparigas na cara da gente”, elogiava dona Geninha Abib, dos Correios e Telégrafos, gorda e tenaz má-língua. Apenas os íntimos testemunhavam o crescer da afeição, da confiança, da familiaridade, do carinho a unir os amásios, cabedais de amor pacientemente conquistados.
Aconteceu certa noite quando, após beijá-la, ele lhe disse: até logo, Tereza, volto já, vou estender as pernas e fazer a digestão. Ela correu para o jardim e colhendo um botão de rosa, imensa gota de sangue de um vermelho escuro, espesso, ao doutor o entregou murmurando:
- Para se lembrar de mim na rua…
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10ª ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS SOB O TEMA:
“COMO ERA MARIA”
RAQUEL – Os nossos microfones continuam na Basílica da Anunciação em Nazaré, cobrindo em reportagem especial a segunda vinda de Jesus Cristo, nascido e criado aqui, como ele próprio nos disse. Recebemos muitos telefonemas de pessoas que ouviram a nossa última entrevista sobre a sua família e ficaram tão surpreendidos… quanto eu e pediram-me insistentemente uma nova entrevista sobre esta espinhosa questão.
JESUS - Eu não sei de onde vêem esses espinhos ... Mas, de qualquer maneira, Raquel, pergunta-me o que quiseres…
RAQUEL - Diga-nos, se foi aqui neste lugar, que sua mãe foi visitada pelo anjo e humildemente aceitou o seu destino?
JESUS - Por que dizes humildemente?
RAQUEL - Bem, sua mãe Maria é um exemplo universal de humildade, obediência, submissão à vontade de Deus…
JESUS - Eu não sei de que pessoa estás falando, porque a minha mãe era bem brava.
RAQUEL – Como brava?
JESUS – Tinha mau génio. E sabes como são as camponesas da minha terra... Maria nunca se deixou avassalar por ninguém. Não por José, nem mesmo para mim. Queres que eu te conte uma coisa?
RAQUEL – Sim, sim, o nosso público…
JESUS - Quando senti o chamamento de Deus, os problemas começaram lá em casa. Meus irmãos, já grandes, não entendiam e minha mãe ainda menos.
RAQUEL - Não pode ser, porque Maria conhecia a vontade de Deus relativamente a si desde o início.
JESUS - Ouve, Rachel. Uma vez eu estava em Cafarnaum, começando o nosso movimento, formando o primeiro grupo. A casa estava a abarrotar de pessoas e avisaram-me: Jesus, está lá fora alguém que te procura. Quem está me procurando? - Tua mãe e teus irmãos. - O que me querem? – Que deixes estas loucuras e regresses a Nazaré. A mais teimosa era a minha mãe.
RAQUEL - E o que o senhor fez?
JESUS - Desafiei-os. Levantei a voz para me fazer ouvir: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Os apoiantes do plano de Deus não querem que lhes estorvem o caminho.
RAQUEL – E como reagiram?
JESUS - Estavam furiosos mas então, gradualmente, ao longo do tempo, foram compreendendo. Mudaram. Meus irmãos e minha mãe acompanharam-me para todos os lugares. Também eles entraram na loucura do Reino de Deus.
RAQUEL - Sua mãe rezava muito, certo?
JESUS - Muito, não. Mas quando o fazia, fazia-o bem.
RAQUEL - Qual foi a sua oração favorita, a Ave Maria?
JESUS - O que dizes…? Não, era uma antiga oração que eu ouvia dizer muitas vezes: "Minha alma glorifica ao Senhor, porque ele derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Coroava aos pobres e aos ricos despedia-os de mãos vazias. Sim, recordo-me, assim rezava ela.
RAQUEL - Mas isso, em vez de oração, mais parece uma proclamação revolucionária…
JESUS - Como te disse, minha mãe era uma grande lutadora
RAQUEL - Está tudo muito bem mas ... o nosso público está pedindo para saber do anjo.
JESUS - Qual anjo?
RAQUEL - Gabriel. O único que anunciou a Maria a sua concepção virginal…
SACRISTÃO – Vamos, vamos, vocês dois aí… têm que sair. Vamos fechar a Basílica…
JESUS – Creio que já nos estão mandando embora daqui, Raquel.
RAQUEL - Como vamos para um intervalo comercial… fique atento!
Raquel Perez, de Nazaré.
JESUS - Eu não sei de onde vêem esses espinhos ... Mas, de qualquer maneira, Raquel, pergunta-me o que quiseres…
RAQUEL - Diga-nos, se foi aqui neste lugar, que sua mãe foi visitada pelo anjo e humildemente aceitou o seu destino?
JESUS - Por que dizes humildemente?
RAQUEL - Bem, sua mãe Maria é um exemplo universal de humildade, obediência, submissão à vontade de Deus…
JESUS - Eu não sei de que pessoa estás falando, porque a minha mãe era bem brava.
RAQUEL – Como brava?
JESUS – Tinha mau génio. E sabes como são as camponesas da minha terra... Maria nunca se deixou avassalar por ninguém. Não por José, nem mesmo para mim. Queres que eu te conte uma coisa?
RAQUEL – Sim, sim, o nosso público…
JESUS - Quando senti o chamamento de Deus, os problemas começaram lá em casa. Meus irmãos, já grandes, não entendiam e minha mãe ainda menos.
RAQUEL - Não pode ser, porque Maria conhecia a vontade de Deus relativamente a si desde o início.
JESUS - Ouve, Rachel. Uma vez eu estava em Cafarnaum, começando o nosso movimento, formando o primeiro grupo. A casa estava a abarrotar de pessoas e avisaram-me: Jesus, está lá fora alguém que te procura. Quem está me procurando? - Tua mãe e teus irmãos. - O que me querem? – Que deixes estas loucuras e regresses a Nazaré. A mais teimosa era a minha mãe.
RAQUEL - E o que o senhor fez?
JESUS - Desafiei-os. Levantei a voz para me fazer ouvir: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Os apoiantes do plano de Deus não querem que lhes estorvem o caminho.
RAQUEL – E como reagiram?
JESUS - Estavam furiosos mas então, gradualmente, ao longo do tempo, foram compreendendo. Mudaram. Meus irmãos e minha mãe acompanharam-me para todos os lugares. Também eles entraram na loucura do Reino de Deus.
RAQUEL - Sua mãe rezava muito, certo?
JESUS - Muito, não. Mas quando o fazia, fazia-o bem.
RAQUEL - Qual foi a sua oração favorita, a Ave Maria?
JESUS - O que dizes…? Não, era uma antiga oração que eu ouvia dizer muitas vezes: "Minha alma glorifica ao Senhor, porque ele derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Coroava aos pobres e aos ricos despedia-os de mãos vazias. Sim, recordo-me, assim rezava ela.
RAQUEL - Mas isso, em vez de oração, mais parece uma proclamação revolucionária…
JESUS - Como te disse, minha mãe era uma grande lutadora
RAQUEL - Está tudo muito bem mas ... o nosso público está pedindo para saber do anjo.
JESUS - Qual anjo?
RAQUEL - Gabriel. O único que anunciou a Maria a sua concepção virginal…
SACRISTÃO – Vamos, vamos, vocês dois aí… têm que sair. Vamos fechar a Basílica…
JESUS – Creio que já nos estão mandando embora daqui, Raquel.
RAQUEL - Como vamos para um intervalo comercial… fique atento!
Raquel Perez, de Nazaré.
segunda-feira, agosto 15, 2011
RITCHIE - CASANOVA
Notável, este Ritchie, (Richarde David Court) cantor e compositor inglês que desembarcou em S.Paulo em 1972 a convite de Rita Lee e Liminha, dos Mutantes. Passou para o Rio de Janeiro com a mulher, arquitecta e estilista, Leda Zucareli mas regressou a Londres. Só em 1982, de volta ao Brasil, procurou o letrista, Bernardo Vilhena e compôs o seu 1º trabalho a solo cantando, espantosamente, num português perfeito. Lindo de ouvir e o vídeo é excelente.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 179
De novo no jardim, no mesmo banco antigo, outrora de azulejos, beijando-a de leve nos lábios húmidos do vinho do Porto outra vez servido, uma gota para ajudar a digestão ele lhe disse:
- Você tem de aprender uma coisa antes de tudo, Tereza. Tem de metê-la nesta cabecinha de uma vez por todas – tocava-lhe os cabelos negros – e não esquecer em momento algum: aqui você é patroa e não criada, esta casa é sua, você é a dona. Se uma criada não dá conta do serviço, tome outra, quantas sejam necessárias, nunca mais a quero ver imunda a esfregar móveis, a carregar penicos.
Tereza ficou atrapalhada com a repreensão. Acostumara-se a ouvir gritos e ralhos, a levar tabefes, bolos de palmatória, surra de taca quando não dava conta do trabalho e alguma coisa não era executada a tempo e a horas – dormia na cama do capitão, mas nem por isso deixava de ser a última das cativas. Também na cadeia lhe ordenaram o asseio de três cubículos e da latrina. Na pensão de Gabi tão pouco ficava a dormir até à hora de almoço como a maioria, sendo uma criada a mais na faxina do casarão, a ajudar a velhíssima Pirro – um dia aquele rebotalho fora a famosa Pirro dos Coronéis, disputado michê de fazendeiros.
- Você é a dona da casa, não se esqueça disso. Não pode andar suja, desmazelada, mal vestida. Quero-lhe ver bonita…
Aliás, mesmo suja e coberta de trapos você é bonita, mas eu quero sua beleza realçada, quero-lhe ver limpa, elegante, uma senhora – Repetiu: - Uma senhora.
Uma senhora? Ah, nunca o serei… – pensa Tereza ao ouvi-lo, e o doutor parece ler o seu pensamento como se tivesse o dom de adivinhar.
Só não será se não quiser, se não tiver vontade. Se não for quem eu penso que você é.
- Vou-me esforçar…
- Não Tereza, não basta se esforçar.
Tereza o fitou e Emiliano viu-lhe nos olhos negros aquele fulgor de diamante:
- Não sei direito como é uma senhora, mas suja e esmolambada não me verá mais, isso lhe garanto.
- Quanto a essa empregada que lhe deixou trabalhando enquanto ela não fazia nada vou mandá-la embora…
- Mas ela não tem culpa, fui eu que quis fazer as coisas, tenho o costume e fui fazendo…
- Mesmo que não tenha culpa, já não serve, para ela você não será mais a patroa, lhe viu fazendo as vezes de criada, já não lhe terá respeito. Quero que todos a respeitem, você aqui é a dona da casa e acima de você só eu e mais ninguém.
13
Por um tempo maior, Tereza ficou sozinha no quarto com o defunto. Haviam-no deitado, as mãos cruzadas, a cabeça sobre o travesseiro. No jardim Tereza colhera uma rosa, recém-aberta, vermelha de sangue, e a pusera entre os dedos do doutor.
Ao saltar do automóvel, chegando da usina ou de Aracaju, o doutor depois do prolongado beijo de boas-vindas – a carícia do bigode, a ponta da língua – lhe dava a guardar o chapéu Chile e o rebenque de prata, enquanto o chofer e Alfredão levavam pastas de documentos, livros e embrulhos para a sala e a copa. (clik na imagem e aumente)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja começou a construir uma casa e os seus amigos, que tinham cada um a sua casa e eram carpinteiros e pedreiros, rodearam-no de conselhos. Hodja estava radiante. Um após outro, às vezes todos juntos, disseram-lhe o que fazer e Hodja seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava. Quando a construção terminou, ela não se parecia em nada com uma casa.
- “Que curioso” – disse Hodja – “e, contudo eu fiz exactamente aquilo que cada um de vocês me disseram para fazer!”.
- “Que curioso” – disse Hodja – “e, contudo eu fiz exactamente aquilo que cada um de vocês me disseram para fazer!”.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À 9ª ENTRVISTA SOB O TEMA:
“OS IRMÃOS DE JESUS” (3)
Jesus Histórico
A partir do Século XIX foi abundante a pesquisa histórica das fontes cristãs sobre o homem, Jesus de Nazaré, procurando distinguir entre as tradições que remontam ao Jesus histórico do que lhe é adicionado mais tarde do ponto de vista teológico e catequético desenvolvido pela primeiras comunidades cristãs, que construiram o Cristo da fé.
Entre as várias investigações que procuram chegar o mais possível ao Jesus histórico, estão as de John Dominic Crossan, "Jesus: a Vida Camponesa Judaica" (Editorial Crítica, 1994) e as de John P. Meier, "Jesus: Um Judeu Marginal" (Editorial Verbo Divino, 2001).
Mesmo Com Seus Nomes
Os quatro Evangelhos falam repetidamente de "irmãos" de Jesus, sempre usando a palavra grega "adelphos", que etimologicamente significa "mesmo ventre" (Mateus 12,46-47, Marcos 3,31-32, Lc 8 ,19-21, João 2.2).
No Evangelho de Mateus (13,53-58), mencionam-se, iclusivamente, os nomes dos quatro irmãos de Jesus: Santiago (James), José, Judas e Simão, e também fala de suas irmãs.
Em Lucas, 2.7, lemos que Jesus era o filho "primogénito" de Maria, não o filho "unigênito", o que sugere que Maria teve outros filhos.
A preocupação em negar que Maria teve outros filhos aparece no Século IV, quando San Epifanio disse que esses irmãos de Jesus eram filhos de um casamento anterior de José. Um século mais tarde, São Jerônimo, autor da Vulgata (tradução para o latim da Bíblia em grego) desenvolveu a tese, espalhada por todo o mundo católico, eles não eram irmãos, mas primos. No entanto, maioria das igrejas protestantes e evangélicas aceitam que Jesus tinha irmãos e irmãs.
A Família de Jesus
Em 2005, a rede de televisão britânica BBC, transmitiu um documentário interessante chamado "A Família de Jesus", onde o renomado genealogista Tony Burroughs, pesquisando a árvore genealógica de Jesus, reconstrói a sua família e destaca a influência dos irmãos e as irmãs na difusão da mensagem de Jesus entre o povo da Galileia e da Judéia.
A partir do Século XIX foi abundante a pesquisa histórica das fontes cristãs sobre o homem, Jesus de Nazaré, procurando distinguir entre as tradições que remontam ao Jesus histórico do que lhe é adicionado mais tarde do ponto de vista teológico e catequético desenvolvido pela primeiras comunidades cristãs, que construiram o Cristo da fé.
Entre as várias investigações que procuram chegar o mais possível ao Jesus histórico, estão as de John Dominic Crossan, "Jesus: a Vida Camponesa Judaica" (Editorial Crítica, 1994) e as de John P. Meier, "Jesus: Um Judeu Marginal" (Editorial Verbo Divino, 2001).
Mesmo Com Seus Nomes
Os quatro Evangelhos falam repetidamente de "irmãos" de Jesus, sempre usando a palavra grega "adelphos", que etimologicamente significa "mesmo ventre" (Mateus 12,46-47, Marcos 3,31-32, Lc 8 ,19-21, João 2.2).
No Evangelho de Mateus (13,53-58), mencionam-se, iclusivamente, os nomes dos quatro irmãos de Jesus: Santiago (James), José, Judas e Simão, e também fala de suas irmãs.
Em Lucas, 2.7, lemos que Jesus era o filho "primogénito" de Maria, não o filho "unigênito", o que sugere que Maria teve outros filhos.
A preocupação em negar que Maria teve outros filhos aparece no Século IV, quando San Epifanio disse que esses irmãos de Jesus eram filhos de um casamento anterior de José. Um século mais tarde, São Jerônimo, autor da Vulgata (tradução para o latim da Bíblia em grego) desenvolveu a tese, espalhada por todo o mundo católico, eles não eram irmãos, mas primos. No entanto, maioria das igrejas protestantes e evangélicas aceitam que Jesus tinha irmãos e irmãs.
A Família de Jesus
Em 2005, a rede de televisão britânica BBC, transmitiu um documentário interessante chamado "A Família de Jesus", onde o renomado genealogista Tony Burroughs, pesquisando a árvore genealógica de Jesus, reconstrói a sua família e destaca a influência dos irmãos e as irmãs na difusão da mensagem de Jesus entre o povo da Galileia e da Judéia.
domingo, agosto 14, 2011
HOJE É
DOMINGO
(Da minha Cidade de Santarém)
(Da minha Cidade de Santarém)
Nesta manhã de Domingo, à mesa do meu Café, parece que o mês de Agosto de um Verão arrependido perdeu finalmente a vergonha e aí o temos com temperaturas a rondar os 40 graus. Ainda bem, assim não desiludimos os veraneantes, muitos estrangeiros, esticados nas areias das nossas belas praias, sedentos de sol. Mais que nunca, dois nossos produtos por excelência, o sol e a praia têm que continuar a corresponder à fama que muito justamente conquistaram.
Pessoalmente, dispenso: o calor do sol incomoda-me e a temperatura das águas do mar, fria, está longe de ser convidativa como acontece com a das praias do nordeste brasileiro, concretamente a de João Pessoa, que conheço e onde já me banhei. Que diferença… a gente fica dentro dela conversando, “batendo papo”, reconfortados pela água tépida.
Mas da praia, gosto especialmente dos passeios à beira-mar, muito pela manhã, naquela zona da areia onde as ondas vêm morrer completamente. O convívio com a natureza, tal como o de uma mulher, requer intimidade, privacidade, isolamento, recato e aquele amontoado de pessoas alinhadas na areia, umas de costas, outras de barriga, fazendo da praia uma espécie de feira de assar corpos, tal como sardinhas em grelhador, sinceramente, não me atrai.
Fora desses ajuntamentos, gosto especialmente de espraiar o olhar pela linha do horizonte onde nada detém a nossa vista e deixar-me penetrar por aquela sensação de infinito do verde do mar que se casa com o do azul do céu e ficar assim, a olhar… só a olhar.
Ali naquele mar, um dia, a vida saiu a bisbilhotar o que se passava fora dele. Alguma dela, muito mais tarde, regressou ciosa do meio líquido, saiu-se bem e cresceu, não parou de crescer, tornaram-se campeões dos oceanos e hoje olham-nos incrédulos, inquiridores, quando lhes espetamos os arpões.
Esta é uma boa reflexão quando, na praia, descontraidamente, alongamos a vista por aquela imensidão esquecendo que também ela esconde os seus dramas, estes evitáveis e condenáveis, da nossa responsabilidade.
Tenho uma especial admiração pelas baleias, elefantes e árvores idosas e gigantes porque com o seu enorme tamanho constituíram-se em vencedores, assumiram a qualidade de monumentos vivos que admiramos respeitosamente. Disputaram com êxito o seu lugar na natureza, impuseram-se aos outros, ganharam-lhes em majestade… apenas o homem, invejoso e egoísta, logo que adquiriu a capacidade de os matar partiu para a sua eliminação com os mais fúteis e míseros pretextos e justificações… mas estes não são bons pensamentos para um passeio matinal numa praia à beira do mar num dia solarengo de um mês de Agosto.
Um Bom Domingo para todos… na praia ou onde quer que estejam.
Mas da praia, gosto especialmente dos passeios à beira-mar, muito pela manhã, naquela zona da areia onde as ondas vêm morrer completamente. O convívio com a natureza, tal como o de uma mulher, requer intimidade, privacidade, isolamento, recato e aquele amontoado de pessoas alinhadas na areia, umas de costas, outras de barriga, fazendo da praia uma espécie de feira de assar corpos, tal como sardinhas em grelhador, sinceramente, não me atrai.
Fora desses ajuntamentos, gosto especialmente de espraiar o olhar pela linha do horizonte onde nada detém a nossa vista e deixar-me penetrar por aquela sensação de infinito do verde do mar que se casa com o do azul do céu e ficar assim, a olhar… só a olhar.
Ali naquele mar, um dia, a vida saiu a bisbilhotar o que se passava fora dele. Alguma dela, muito mais tarde, regressou ciosa do meio líquido, saiu-se bem e cresceu, não parou de crescer, tornaram-se campeões dos oceanos e hoje olham-nos incrédulos, inquiridores, quando lhes espetamos os arpões.
Esta é uma boa reflexão quando, na praia, descontraidamente, alongamos a vista por aquela imensidão esquecendo que também ela esconde os seus dramas, estes evitáveis e condenáveis, da nossa responsabilidade.
Tenho uma especial admiração pelas baleias, elefantes e árvores idosas e gigantes porque com o seu enorme tamanho constituíram-se em vencedores, assumiram a qualidade de monumentos vivos que admiramos respeitosamente. Disputaram com êxito o seu lugar na natureza, impuseram-se aos outros, ganharam-lhes em majestade… apenas o homem, invejoso e egoísta, logo que adquiriu a capacidade de os matar partiu para a sua eliminação com os mais fúteis e míseros pretextos e justificações… mas estes não são bons pensamentos para um passeio matinal numa praia à beira do mar num dia solarengo de um mês de Agosto.
Um Bom Domingo para todos… na praia ou onde quer que estejam.
(Largo, onde no tempo do Sidónio Pais - 1918 - funcionava a Câmara Municipal)