sábado, dezembro 14, 2013

IMAGEM

O estuário do Rio Tejo em tons de prata...


Podia ser a história de uma vida qualquer magistralmente apresentada em sombras.

Onde tudo era sossego montou-se cá um burburinho...


A ESPIRAL

DO ÓDIO

E A SUA

ORIGEM 


Mas esta repartição do território não foi correcta e favoreceu descaradamente os judeus que sendo apenas 1/3 dos árabes ficaram com mais do dobro das terras.

Claro que este plano foi imediatamente aceite pelos judeus, liderados então pelo carismático David Bem Gurion e logo a partir daqui, ainda antes de ser declarada a independência de Israel em 1948, ataques organizados contra judeus civis montaram logo o cenário de guerra que prosseguiria após a independência pela invasão de Israel por uma liga constituída pela Síria, Líbano, Jordânia, Iraque e Egipto.

Depois desta guerra, que terminou em 1949 com a vitória dos israelitas e o alargamento do seu território que aumenta ainda mais de quatro vezes na sequencia da Guerra dos Seis Dias em 1967. Israel, a partir de então, passa também a controlar toda a cidade de Jerusalém.

Os ódios e os ressentimentos acumulados ao longo de uma convivência de 125 anos permanentemente conflituosa e agora geridos por movimentos religiosos fundamentalistas, caso do Hezbolah e do próprio Hamas, que tendo ganho o poder em eleições democráticas, governa agora a Palestina, fizeram recuar a solução ao ponto zero.

A convicção que nos fica é que com a intervenção da Síria e do Irão no apoio e incentivo àqueles Movimentos, a situação é hoje mais difícil e perigosa que alguma vez foi dado o aproveitamento deste conflito para o integrar em algo mais vasto e que tem a ver com o expansionismo dos regimes fundamentalistas islâmicos deixando todos os decisores políticos mundiais para já, sem saber bem o que fazer.

Os Mísseis que começaram a cair de um lado e outro vão continuar, provavelmente, cada vez mais longe, cada vez mais potentes…até quando?

Populações que estavam condenadas a entenderem-se para poderem viver, porque sem paz não se vive, no máximo sobrevive-se, persistem, mais uma vez, num conflito do qual não vai sair a paz como já não saiu das guerras anteriores não obstante a vitória dos exércitos israelitas.

Parece, de resto, que essas vitórias que expressam uma supremacia militar da parte de Israel que, de facto, existe, têm-nos “impedido” de fazer, oportunamente, as cedências justas que há muito poderiam ter conduzido à paz.

Em definitivo, a força não é a razão e a paz só é paz quando ambas as partes a entendem e a sentem como tal porque, normalmente, a paz imposta pelas armas dura apenas o tempo necessário para que tudo recomece novamente.

Assim tem sido entre israelitas e palestinianos… até quando?...

Cento e vinte sete anos de ódios que alimentaram diferenças que poderiam ter sido resolvidas se não houvesse o aguilhão religioso que separa, que tira as pessoas do racional, mesmo do humano.

O mesmo Deus com nomes diferentes, a mesma força da fé, o mesmo servilismo a dogmas, a mesma incapacidade de superar o irracional servida logo a partir do nascimento das crianças e alimentado ao longo das vidas.

O trilho que as religiões vão deixando na vida das sociedades...   

Como

Compreender

 o Cancro



Assim como as plantas e os animais que vivem em liberdade abandonam zonas actualmente ocupadas para colonizarem novas zonas, a adaptação final que garante o sucesso de um tumor é dispersar-se, enviando propágulos para colonizarem novas zonas do corpo.

Nesta altura, se não antes, o tumor interfere com funções vitais do organismo e a grande experiência evolutiva chega ao fim. A invasão tecidular e as metástases são responsáveis por 90% das mortes por cancro.

A evolução do cancro parece o cúmulo da estreiteza de vistas. Cada “avanço” mutacional que permite a uma linha celular evitar os seus “predadores” (o sistema imunitário), vencer os seus “competidores” (as células que funcionam normalmente) e colonizar outras zonas do corpo (metástases) fá-la aproximar-se mais da sua própria morte.

Mesmo se um tumor permanecer benigno, desaparecerá com a morte natural do organismo, dado não existir nenhum mecanismo que lhe permita passar de um corpo para outro.

A evolução dentro do organismo é incapaz de impedir esta inutilidade. Só a evolução entre organismos pode criar o desfecho de vistas largas de células que colaboram para o bem comum.

Temos sorte por a selecção actuar de forma tão vigorosa a este nível e durante tanto tempo que o cancro é uma doença rara que se manifesta sobretudo numa idade avançada.

Se conseguirmos extinguir-nos como espécie, será devido ao mesmo tipo de estreiteza de vistas que leva as células cancerosas a acelerarem a sua própria morte.

Fim


Tiago Rodrigues, português, investigador na Universidade de Cambridge lidera uma equipe que descobriu agora uma técnica de Ressonância Magnética que aumenta a sensibilidade deste equipamento mais de dez mil vezes.

Esta notícia que se espalhou à velocidade da luz mereceu o seguinte comentário a Castro Caldas, oncologista e investigador em Cambridge: “…é como se estivéssemos a ver o tumor a respirar”.

Quando se está a seguir um doente oncológico é agora possível, ao fim de 24 a 48 horas, perceber se o tratamento está a fazer efeito, se o tumor está a diminuir ou se será melhor outra opção terapêutica. Isto poupa sofrimento e dinheiro ao doente, abrindo-lhe, mais rapidamente, outras perspectivas de tratamento.

Antero Abrunhosa e Francisco Alves da Universidade de Coimbra produziram três novas moléculas, de nomes muito complicados, que podem fazer a diferença na detecção de vários tipos de cancro como o da próstata. Aguarda aprovação do Infarmed para poder ser utilizado.

O valor da inteligência portuguesa no mundo…

E se foram dando vivas à greve...
JUBIABÁ

Episódio Nº 189





E isso afectaria grandemente a greve dos operários da Circular e dos estivadores. Vencidos os padeiros a greve perdia um dos braços. Seria muito mais fácil lutar contra os restantes.

Começaram a chover os discursos no sindicato dos padeiros. Enquanto isso havia um discurso na Praça Castro Alves pedindo a liberdade do operário preso na véspera.

No meio do comício alguém falou do caso dos padeiros, no furo que as «Reunidas» pretendiam fazer na greve. O comício tomou ali um carácter mais violento e desceram todos para o sindicato dos padeiros.

Do sindicato dos estivadores já ia gente. O Gordo passou pelo dos operários da Circular para avisar.

No sindicato dos padeiros (a sala era pequena para tanta gente) falaram os representantes dos trabalhadores das padarias, dos estivadores, dos condutores de bonde, dos estudantes.

Falou também um operário de uma fábrica de sapatos que entraria também em greve geral mal a situação exigisse. Cada vez chegava mais gente ao sindicato.

Severino falou rouco, já quase sem voz. Foi lançado um manifesto concitando os operários à greve geral e ficou resolvido que iriam impedir o trabalho dos padeiros vindos de Feira de Sant’Ana.

As «Panificadoras Reunidas» eram três grandes padarias. Uma ficava na Baixa dos Sapateiros, a outra no Corredor da Vitória e a terceira numa rua do Centro.

Os grevistas se reuniram em três grandes grupos e foram para a frente das padarias. Apenas Severino e uns poucos foram entrar em entendimentos com os operários de algumas fábricas e com choferes de marinetis e de automóveis de praça.

Preparavam a greve geral. A Companhia Circular e a Companhia que explorava as docas, não queriam sequer entendimentos com os grevistas. Só tomariam conhecimento das suas propostas quando eles voltassem para o trabalho. Os donos das padarias procuravam furar a greve.

Foi fácil que os operários contratados para as Panificações do Corredor de Vitória e do centro da cidade trabalhassem. Eles tinham vindo com promessas formidáveis, mas de começo, Ruiz, o proprietário, se negara a pagar metade do trabalho adiantado como prometera.

Dissera que só no dia seguinte, o serviço feito, pagaria. Com apelos ao sentimento de solidariedade e com a certeza, que se lia no rosto dos grevistas, que não deixariam os outros trabalharem, os recém vindos consentiram em voltar para Feira de Sant’Ana num automóvel.

E se foram, dando vivas à greve.

Porém na «Reunidas» da Baixa dos Sapateiros a coisa foi diferente. Quando os grevistas chegaram a polícia já se encontrava guarnecendo a padaria. Investigadores se envolviam entre os operários, mão no revólver.

O grupo ficou parado na rua esperando que os contratados chegassem. Quando o camião que os trazia desembocou na rua, um operário se postou à sua frente impedindo-o de continuar a marcha. Imediatamente outro trepou num poste e começou um discurso mostrando aos padeiros de Feira de Sant’Ana qual a situação e o que os patrões queriam fazer

sexta-feira, dezembro 13, 2013

IMAGEM

Se você fosse de bicicleta até à costa e levasse uma máquina fotográfica tiraria um fotografia ao mar, à praia, ao recorte da linha que separa um e outro. Se fosse fotógrafo tiraria uma fotografia à bicicleta... Veja como a imagem ficou enriquecida... e lhe permitirá, daqui a muitos anos, recordar a sua velha bicicleta.


DULCE PONTES - AMOR A PORTUGAL

A música é linda... a voz, a melhor que temos... e dá um aperto no coração dos portugueses...


O primeiro massacre ocorre em 1929
A Espiral do Ódio


e As Suas Origens





ISRAEL, em hebraico, significa aquele que luta com Deus e de acordo com as Escrituras bíblicas a terra de Israel foi-lhes prometida por Deus pelo que os judeus a consideram sua desde há 3000 anos.

Nesta terra, que guarda lugares de especial importância para a Religião judaica, nomeadamente as ruínas do primeiro e segundo Templos, existiram durante mais de mil anos, de forma intermitente, estados e reinos judaicos.

Consta que foi uma fracassada revolta contra os Romanos que esteve na origem da expulsão dos Judeus e levou o Imperador Adriano, numa tentativa de os desligar da sua terra, a substituir o nome de Província da Judeia por Província Síria Palestina.

Os Muçulmanos, por sua vez, conquistaram a região em 638 D.C. e controlaram-na até ela ser integrada no Império Otomano em 1517.

Em 1896 nasce o Sionismo, movimento nacionalista liderado por Theodor Hertzl, que tem como objectivo a criação de um Estado judaico que desse garantias de segurança aos judeus que desde 1882 tinham começado a imigrar para a região onde criaram Universidades, Institutos de Tecnologia, Kibutzes e gozavam já de uma certa autonomia na então chamada Cisjordânia que se encontrava sob administração britânica.

O outro grupo que reclamava igualmente a constituição de um Estado na mesma região era constituído por árabes, nativos daquele local e refugiados de países vizinhos, na sua maioria muçulmanos.

As tensões entre árabes e judeus têm aqui a sua origem que aumentam à medida que, por força da imigração, as populações crescem.

O primeiro massacre ocorre em 1929 quando, a um falso pretexto do assassínio de dois árabes por judeus, são mortos 133 judeus e centenas de outros são feridos.

Em 1933, com a ascensão do nazismo, o número de imigrantes judeus quase que duplica e em 1939 a Administração britânica restringe a imigração de judeus mas perante a situação das vítimas do holocausto nazi e das pressões internas e externas, abre mão do seu Mandato e em 1947 a A.G. das Nações Unidas aprovou o plano para a partilha do território entre um Estado Judeu e outro Árabe levando em linha de conta os locais em que cada população se encontrava. (continua)

A minha próxima vida
Woody Allen


Na minha próxima vida quero vivê-la de trás pra frente.

Começar morto para despachar logo esse assunto.

Depois acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.

Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a aposentação e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.

Trabalhar durante 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo, e depois estar pronto para o secundário e para o primário, antes de virar criança e só brincar, sem responsabilidades.

Aí viro um bebê inocente até nascer.

Por fim, passo 9 meses flutuando num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto a disposição e espaço maior dia a dia, e depois - Voilà! - desapareço num orgasmo!

NÃO É JUSTO...


" Depois dos 40 anos, a única coisa que o médico deixa um homem comer com gordura, é a sua própria mulher ... "

Como compreender

 o cancro…
(Continuação)


Tendo-se adaptado para evitar os predadores, as populações mutantes têm de competir pelos recursos com as células normais das vizinhança, que continuam a desempenhar as suas funções.

Na maioria dos casos, a competição salda-se num empate. A população mutante permanece reduzida e com pouca importância para o organismo como um todo e nem ajuda nem prejudica.

Contudo, o relógio mutacional continua a trabalhar e outros mutantes surgem em algumas das populações que as tornam mais agressivas na competição com as células vizinhas.

Tal como algumas plantas se expandem produzindo uma toxina que elas conseguem aguentar mas as vizinhas não, as populações duplamente mutantes expandem-se agressivamente e tornam-se tumores incipientes.

Agora que os tumores incipientes evoluíram de modo a enfrentar os predadores e competidores, novos factores impedem a continuação do crescimento.

As células são alimentadas e os seus desperdícios retirados pelos vasos sanguíneos. A menos que um tumor incipiente consiga recrutar vasos sanguíneos da mesma maneira que os tecidos normais, não pode crescer para além de determinadas dimensões.

A maioria dos tumores incipientes pára aí, mas em alguns verificam-se mutações adicionais que superam este factor limitativo.

Isto pode parecer um passo grande e complicado, mas as instruções genéticas para recrutar vasos sanguíneos evoluíram há muito tempo como parte do desenvolvimento normal.

Tudo o que a mutação no tumor incipiente tem de fazer é activar essas instruções, o que é relativamente simples.

Desta maneira, os tumores adaptam-se aos desafios do seu meio ambiente, mutação a mutação, exactamente da mesma maneira que os organismos que vivem em liberdade, como as aves e os peixes, se adaptam ao seu ambiente, e os organismos da doença evoluem rapidamente dentro dos seus hospedeiros.

O facto de uma doença como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) ser um organismo separado, enquanto o tumor deriva das nossas próprias células, não faz qualquer diferença.

Em ambos os casos, eles sobrevivem dentro do nosso corpo, não contribuem para o nosso bem-estar e vão avançando a um ritmo constante como bombas relógio mutacionais.

O HIV é particularmente perigoso por avançar a um ritmo muito rápido. Não só tem um tempo de geração curto, como também a transcrição do seu código genético assemelha-se ao trabalho de um monge desleixado, que produz cópias do texto sem verificar se há erros.

Na realidade, este desleixo é adaptativo; apesar de produzir dezenas de mutações prejudiciais, também produz a mutação benéfica seguinte mais rapidamente do que produziria noutras circunstâncias.

As mutações em tumores têm o mesmo efeito quando começam a interferir com a maquinaria sofisticada  que regula as vidas das células normais, fazendo as células tumorais crescerem mais depressa e com mais erros.

Os factores ambientais que aumentam o ritmo da mutação também têm o mesmo efeito.

Em ambos os casos, a bomba-relógio mutacional começa a avançar mais depressa. O tumor torna-se um mosaico de populações celulares que diferem umas das outras, criando um novo campo de competição. Os clones mais agressivos expandem-se à custa de outros clones, tal como o mutante original se expandiu à custa das células normais.

(continua)

...a gente podia rebentar logo a cara destes amarelos
JUBIABÁ

Episódio Nº 188





 - Mas para quê tantos discursos quando a gente podia rebentar logo a cara destes amarelos?

- Eles não são amarelos… Eles não sabem de nada. Nós vamos explicar… - Severino sabe o que está dizendo.

António Balduíno cala. Aos poucos ele vai aprendendo que na greve não é um homem que manda. Na greve eles todos fazem um corpo só.

A greve é como um colar… mas não sente tristeza de não ser chefe da greve. Todos são chefes. Obedecem ao que está certo.

Aquela luta é diferente da que sustentou em toda a sua vida. Mas desta que resultou? Resultou ele escravo dos guindastes, olhando o mar como um caminho.

Na luta da greve, não. Eles iam perder um pouco da escravidão, ganhar mais alguma liberdade. Um dia fariam uma greve ainda maior e não seriam mais escravos.

Jubiabá também não sabe nada desta luta… Os homens que vão entregar os pães, não devem saber também.

Severino tem razão. Não adianta dar pancada. Adianta é convencer. E o negro segue o grupo para a “Padaria Galega” que fica na Baixa dos Sapateiros…

Os cesteiros vão saindo. Parecem figuras de carnaval com aqueles cestos na cabeça.

Severino começa a falar trepado num poste ao qual se agarra com uma das mãos. Explica aos homens que devem ser solidários com os seus irmãos que pedem aumento.

Que não devem servir aos interesses dos patrões. Que não devem entregar aquele pão, que não devem trair a classe a que pertencem.

 - Mas a gente não tem trabalho… diz um deles.

 - E por isso vai tomar o lugar dos outros? É justo que você vá tomar o lugar de um companheiro que está lutando pelo bem de todos? É uma traição…

Um cesteiro arreia o cesto do pão. Outros acompanham. A massa grita de entusiasmo. Mesmo os mais recalcitrantes, aquele que dera o aparte, um que tem família a sustentar, largam os cestos perante o entusiasmo da multidão.

Dois que querem sair para entregar os pães são impedidos pelos próprios companheiros. E entre os gritos de “viva a greve” vão todos para o sindicato dos padeiros.


Mas, pela tarde a coisa foi ficando feia para o lado dos padeiros. Foi o Gordo que tinha ido comer e se demorara muito quem trouxera a notícia.

O dono das “Panificações Reunidas” havia mandado buscar forneiros e amassadores em Feira de Sant’Ana. Tinha feito os homens virem de automóvel e no dia seguinte já haveria pão, pois agora mesmo de tarde os homens começariam a trabalhar.

Houve um começo de pânico entre os padeiros. Homens foram enviados ao sindicato dos operários da Circular e dos estivadores.

Se as “Reunidas” conseguissem botar pão na rua a greve dos padeiros podia dar-se como terminada. E os grevistas teriam perdido, o próprio emprego.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

IMAGEM

Um mau momento para saltar a corrente...



FRASE DO DIA

Sendo a velocidade da luz superior à velocidade do 

som, é perfeitamente natural que algumas pessoas 

pareçam brilhantes até abrirem a boca.

Que pensar desta arte? ou desta técnica artística?...

PETULA CLARK - DOWNTOWN

Inglesa, nascida em 1932, com 11 anos já cantava músicas patriótica para levantar a moral das tropas britânicas na 2ª G.G. e em 1950 era uma superstar em todo o Reino Unido.


                                

CONQUISTA DE SANTARÉM AOS MOUROS

Os Mouros tentaram duas vezes reconquistar o planalto de Santarém após terem sido derrotados por D. Afonso Henriques. A conquista tinha ocorrido na madrugada de 15 de Março de 1147, sob o comando de D. Afonso Henriques, numa estratégia de reconquista cristã rumo ao sul, encetada logo após a criação do Condado Portucalense.

Já com a nova designação de Santa Herene (antes Shantarîn), a povoação medieval e o seu castelo foram alvo de uma nova investida muçulmana em 1171. O ataque fracassou e as forças árabes foram derrotadas pelas tropas de Fernando II de Leão, genro de D. Afonso Henriques que se encontrava em Santarém na altura.


Dez anos mais tarde, em 1181, teve lugar um segundo assalto muçulmano mas os invasores tiveram de recuar perante a contra-ofensiva das tropas do Infante D. Sancho acantonadas na cidade.



Para compreender
o cancro….

(David Sloan Wilson – Prof. de Biologia e Antropologia na Universidade de Binghamton)




Para compreender o cancro, temos de pensar num organismo único com uma vasta população de células, todas com o mesmo conjunto de genes, excepto no que diz respeito às mutações que estão prestes a tornarem-se as protagonistas da nossa história.

A vida de qualquer célula particular é regulada desde o berço até à sepultura de modo a garantir que desempenha o papel adequado.

Os genes que realizam este milagre de coordenação são designados por nomes como “carataker” (zelador), “gatekeeper” (porteiro) e “landscaper” (vigilante da paisagem), como se o corpo fosse um domínio rural inflês meticulosamente gerido.

Até a morte é regulada por um processo chamado “apoptose”, que desagrega as células de um modo ordenado quando elas já não são necessárias ou já não conseguem desempenhar o seu papel de acordo com as regras, tudo fazendo lembrar um estado totalitário.

A divisão celular é, então, excepcionalmente bem supervisionada.

É feita uma nova cópia de ADN, como se um monge copiasse um texto sagrado. A cópia é revista e corrigida com uma tal exactidão que a taxa de erro final pode ser inferior a um em um milhão para qualquer letra do texto.

Mesmo assim, o texto na sua totalidade contém milhões de letras, pelo que muitas das cópias contém erros e, assim, as mutações (erros de cópia) ocorrem com a regularidade de um relógio em cada divisão celular.

Muitas mutações não têm efeito no funcionamento da célula e a maioria das que o têm são rapidamente detectadas e destruídas pelo sistema imunitário, que actua como uma força policial de uma eficácia implacável.

Batem à porta a meio da noite e levam os “desgraçados” dos mutantes.

Todavia, uma pequena fracção consegue escapar à polícia.

Estes podem parecer inimigos do estado ou heróicos combatentes pela liberdade, resistentes à tirania de estado, consoante a perspectiva pela qual se olhe.

Porém, uma maneira ainda melhor de pensar neles é como organismos-presas a evoluírem para evitar os predadores.

Tal como as aves na floresta apanham os insectos que mais sobressaem, deixando os que se confundem no meio ambiente circundante, também o sistema imunitário retira as células mutantes do corpo que mais se destacam, deixando as que não são detectadas para sobreviverem e crescerem em minúsculas populações.

É provável que, neste momento, haja centenas destas populações no seu corpo.
(continua)

A gente rebenta a cara deles...
JUBIABÁ

Episódio Nº 187




Passa o resto da noite na companhia do Gordo e de Joaquim pregando manifestos pela cidade, o manifesto que Severino redigiu e que explica os motivos da continuação da greve.

Todos os postes têm manifestos. Também nos muros do Ramos do Queiroz, da Baixa dos Sapateiros, pregaram manifestos.

Um grupo chefiado pelo negro Henrique foi para os lados do Rio Vermelho. Eles vão para a Estrada da Liberdade, outros seguem para a Calçada, outros estão na cidade baixa.

A cidade se enche de manifestos e todos sabem as razões por que os soldados continuam em greve. A companhia não é geralmente simpatizada e os pequenos comerciantes vêm de marineti para os seus negócios e olham os operários com simpatia.

A companhia fez espalhar o boato de que, se a greve vencesse, os preços das passagens nos bondes, as assinaturas da luz e telefone, subiriam.

Mas o golpe falha, apenas traz maior animosidade contra a companhia. O tempo continua claro conservando o bom humor da população. E este bom humor é aliado dos operários.



António Balduíno (quanta coisa ele aprendeu naquele dia e naquela noite) explica a greve ao Gordo e a Joaquim. E se espanta de Jubiabá não saber coisas da greve.

Jubiabá  sabia coisas de santos, histórias de escravidão, era livre mas nunca ensinara a greve ao povo escravo do morro. António Balduíno não compreendia.


Dos lados da Ladeira do Pelourinho vem um barulho, uma agitação. Homens passam correndo. Do sindicato ouvem o ruído de um tiro. Alguém entra e diz:

 - A polícia quer obrigar os padeiros a entregar pão.

Sai um grupo do sindicato. Mas o barulho já se desfez e no chão jazem cestos onde estavam pães envelhecidos que os donos das padarias querem obrigar os cesteiros a entregar.

Um cesteiro que está com um olho arroxeado de uma pancada explica:

 - Veio até soldado de Cavalaria. Mas a gente não entregou mesmo.

Um outro avisa que a “Padaria Galega” vai mandar entregar o pão dormido. Conta que eles foram contratar desempregados dando o duplo do salário. Demais garantiam o emprego para o resto da vida.

Um forneiro velho grita:

 - A gente não deve deixar.

Tem muita gente nas janelas da Ladeira do Pelourinho. E do Sindicato dos operários da Circular chegam a todo o momento novos grupos.

Vozes aplaudem o forneiro:

 - Vamos mostrar a eles que não se deve furar a greve…

António Balduíno convida:

 - A gente rebenta a cara deles.


Nada disso, diz Severino. Vamos lá e explicamos para eles. Que não devem servir de instrumento contra os operários como eles. Não é preciso barulho…   

quarta-feira, dezembro 11, 2013

IMAGEM 

Vamos a caminho... se não fosse a Merkel eu diria: quem sabe se não ficaremos melhor...



George Baker - Una Paloma Blanca

A inevitável Paloma Blanca

Juggler Alexander Kobikoc

Tanta perfeição num grau de dificuldade levado a este extremo parece quase magia...


O RBI

(Rendimento
Básico
Incondicional)




Caminhamos assim para um futuro que reduz ao mínimo a componente humana dos processos produtivos. Sendo que a questão não é tanto saber se vamos ou não promover a preguiça, mas o que vamos fazer numa sociedade sem trabalho.

Apesar do desalento e marasmo em que estamos, algumas ideias interessantes vão fazendo o seu caminho. Já tem muitos anos, séculos mesmo, mas só agora, graças à actual crise, se começa a falar seriamente do Rendimento Básico Incondicional. Existe aliás uma iniciativa europeia nesse sentido. 

O RBI é uma espécie de Rendimento Mínimo Garantido mas incondicional, ou seja, sem necessidade de avaliação prévia e inerente humilhação social. No essencial propõe que todo o cidadão, independentemente do género, idade ou condição económica, tem direito a um rendimento fixo concedido pela sociedade.


A ideia, ainda considerada utópica, não fosse aliás Thomas More um dos primeiros a falar do assunto, tem sido avaliada ao longo dos tempos por economistas, académicos, activistas e políticos. Sendo maioritariamente bem acolhida à esquerda, não é totalmente rejeitada à direita, mesmo junto dos mais declarados defensores do capitalismo. O presidente Nixon, por exemplo, chegou a encarar a sua implementação nos Estados Unidos. 

Os argumentos são conhecidos. Os que defendem fazem-no sobretudo com base num princípio de dignidade humana. Os opositores consideram que é uma forma de promover a preguiça. Há quem veja na medida um estímulo positivo à economia, garantindo liquidez e consumo, ou quem preveja uma baixa generalizada do valor da remuneração do trabalho.

 A quem afirma que o Estado não tem dinheiro para tal fantasia, responde-se com o crescente custo das prestações sociais, já hoje à beira da ruptura, a que se soma a vasta burocracia que gere o sistema e que consome muitos recursos, assim como incentivos, subsídios de toda a espécie, programas de fomento de emprego, etc...

De qualquer modo o debate fica-se amiúde pela ideologia ou pela moralidade.

Hoje estamos confrontados com uma nova realidade que tornará a medida inevitável. Às sucessivas crises do capitalismo, cada vez mais frequentes e nefastas, junta-se uma revolução tecnológica distinta de todas as anteriores.


No passado, cada novo avanço tecnológico dizimava sectores inteiros da actividade produtiva, mas gerava por sua vez novas actividades que davam emprego, riqueza e desenvolvimento humano.

Pense-se na primeira revolução industrial. Mas hoje já não é assim. Temos agora tecnologias que aumentam exponencialmente a produtividade, mas não geram trabalho humano.

A crescente automação aliada à capacidade das máquinas inteligentes para intervir directamente na criação e nos processos produtivos exigem cada vez menos a intervenção humana, o que sucede não só nas fábricas, mas praticamente em todos os sectores da actividade e mesmo nos mais tradicionais.

Veja-se o que acontece na agricultura, onde as máquinas e a engenharia genética ganham terreno à mão-de-obra intensiva dos já obsoletos camponeses. A agricultura dos nossos dias depende dos laboratórios e não mais das enxadas.

Caminhamos assim para um futuro que reduz ao mínimo a componente humana dos processos produtivos. Sendo que a questão não é tanto saber se vamos ou não promover a preguiça, mas o que vamos fazer numa sociedade sem trabalho.


Uma solução intermédia será reduzir o horário sem reduzir a remuneração. Só a estupidez do chamado neoliberalismo tem impedido este tipo de iniciativa. Mas chegará o dia em que mesmo isso não basta. Quando a maioria da população, considerada activa, estiver inactiva porque não encontra ocupação, teremos vastas hordas de famintos com todas as consequências inerentes.


 Teremos também uma economia da miséria incapaz de se desenvolver por diminuição drástica do consumo e da actividade económica. A quem se venderão os telemóveis?

Realidade que não deriva de um prognóstico excêntrico, mas da realidade já demonstrada em países como Portugal que seguem a receita da austeridade e do empobrecimento.

Por isso não olho para a ideia do RBI sob o ponto de vista da ideologia nem sequer da moral. Trata-se de uma questão de sobrevivência da própria sociedade e do modo como esta consegue responder aos novos desafios de uma evolução que não para. É uma questão de prudência.


Precisamos de novos modelos antes que os velhos, de tão gastos, nos lancem na catástrofe social.

Leonel Moura


Eu fico na greve até vencer...
JUBIABÁ

Episódio Nº 186




Um sujeito moreno pede para ser ouvido. Ele é contra a continuação da greve. Acha que se deve aceitar o aumento de cinquenta por cento. Já vai servindo.

Quem quer tudo de uma vez acaba perdendo tudo. O dr. Gustavo tinha razão. Qual é a força que o operário tem? Operário não tem força nenhuma. A polícia podia acabar com a greve na hora se quisesse…

 - Como? Como?

 - Ora se podia. Eles deviam se dar por felizes com o aumento.

Propõe que a assembleia aprove a terminação da greve e um voto de louvor ao doutor Gustavo.

 - Vozes gritam:

 - Vendido, vendido! Traidor, traidor!

Outros pedem que ouçam o orador. Vários operários, Mariano entre eles, estão quase concordando com o rapaz moreno. Cinquenta por cento já é alguma coisa. Depois podem perder tudo e é muito pior. Quando o rapaz desce, ganha alguns aplausos.

Mas António Balduíno grita mesmo do lugar onde está:

 - Gente, o olho da piedade de vocês já secou. Ficou somente o da ruindade? Vocês parece que nem se lembram da gente que apoiou vocês. Os estivadores, os trabalhadores da padaria.

Se vocês querem ser traídos, sejam. Cada um é dono da sua cabeça. Mas se vocês são tão burros que querem perder tudo para ganhar uma porcaria, eu garanto que rebento a cabeça daquele que passar aquela porta.

E eu fico na greve até vencer.

Severino sorri. Mas vários se impressionam com o discurso de Balduíno. O Gordo que nunca viu uma coisa assim está tremendo.

O negro que falou de tarde discursa novamente. Mostra que houve traição, que eles foram vendidos. Pedro Corumba fala também, cita exemplos das greves de São Paulo e do Rio quando confiaram em promessas de advogados que se diziam amigos do proletariado.

Mas a assistência está indecisa, os homens conversam entre si e os que aceitam a proposta conquistam adeptos.

O presidente vai pôr em votação. Aqueles que concordam com a continuação da greve que se levantem. Os que acham que devem aceitar a proposta da companhia, se conservem sentados.

Porém, antes que a votação seja feita, um jovem operário invade a sala e grita:

 - O companheiro Ademar foi preso quando saíu daqui de tarde. E a companhia está alugando gente para furar a greve.

Pára e toma fôlego:

 - E diz que a polícia vai obrigar os padeiros a entregar pão amanhã.

Então a assembleia se levanta toda e vota pela continuação da greve com os braços estendidos e os punhos fechados.


SEGUNDO DIA DA GREVE



Para que dormir nesta noite tão bonita? O negro António Balduíno não vai dormir.

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