Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, dezembro 14, 2013
DO ÓDIO
E A SUA
ORIGEM
Mas esta repartição do território não
foi correcta e favoreceu descaradamente os judeus que sendo apenas 1/3 dos
árabes ficaram com mais do dobro das terras.
Claro que este plano foi imediatamente aceite
pelos judeus, liderados então pelo carismático David Bem Gurion e logo a partir
daqui , ainda antes de ser declarada
a independência de Israel em 1948, ataques organizados contra judeus civis
montaram logo o cenário de guerra que prosseguiria após a independência pela
invasão de Israel por uma liga constituída pela Síria, Líbano, Jordânia, Iraque
e Egipto.
Depois desta guerra, que terminou em
1949 com a vitória dos israelitas e o alargamento do seu território que aumenta
ainda mais de quatro vezes na sequencia da Guerra dos Seis Dias em 1967.
Israel, a partir de então, passa também a controlar toda a cidade de Jerusalém.
Os ódios e os ressentimentos acumulados
ao longo de uma convivência de 125 anos permanentemente conflituosa e agora
geridos por movimentos religiosos fundamentalistas, caso do Hezbolah e do
próprio Hamas, que tendo ganho o poder em eleições democráticas, governa agora
a Palestina, fizeram recuar a solução ao ponto zero.
A convicção que nos fica é que com a
intervenção da Síria e do Irão no apoio e incentivo àqueles Movimentos, a
situação é hoje mais difícil e perigosa que alguma vez foi dado o
aproveitamento deste conflito para o integrar em algo mais vasto e que tem a
ver com o expansionismo dos regimes fundamentalistas islâmicos deixando todos
os decisores políticos mundiais para já, sem saber bem o que fazer.
Os Mísseis que começaram a cair de um
lado e outro vão continuar, provavelmente, cada vez mais longe, cada vez mais
potentes…até quando?
Populações que estavam condenadas a entenderem-se
para poderem viver, porque sem paz não se vive, no máximo sobrevive-se,
persistem, mais uma vez, num conflito do qual não vai sair a paz como já não
saiu das guerras anteriores não obstante a vitória dos exércitos israelitas.
Parece, de resto, que essas vitórias que
expressam uma supremacia militar da parte de Israel que, de facto, existe,
têm-nos “impedido” de fazer, oportunamente, as cedências
justas que há muito poderiam ter conduzido à paz.
Em definitivo, a força não é a razão e a
paz só é paz quando ambas as partes a entendem e a sentem como tal porque,
normalmente, a paz imposta pelas armas dura apenas o tempo necessário para que
tudo recomece novamente.
Assim tem sido entre israelitas e
palestinianos… até quando?...
Cento e vinte sete anos de ódios que
alimentaram diferenças que poderiam ter sido resolvidas se não houvesse o
aguilhão religioso que separa, que tira as pessoas do racional, mesmo do
humano.
O mesmo Deus com nomes diferentes, a
mesma força da fé, o mesmo servilismo a dogmas, a mesma incapacidade de superar o
irracional servida logo a partir do nascimento das crianças e alimentado
ao longo das vidas.
O trilho que as religiões vão deixando na vida das sociedades...
o Cancro
Assim como as plantas e os animais que vivem em liberdade abandonam zonas actualmente ocupadas para colonizarem novas zonas, a adaptação final que garante o sucesso de um tumor é dispersar-se, enviando propágulos para colonizarem novas zonas do corpo.
Nesta altura, se não antes, o tumor
interfere com funções vitais do organismo e a grande experiência evolutiva
chega ao fim. A invasão tecidular e as metástases são responsáveis por 90% das
mortes por cancro.
A evolução do cancro parece o cúmulo da
estreiteza de vistas. Cada “avanço” mutacional que permite a uma linha celular
evitar os seus “predadores” (o sistema imunitário), vencer os seus
“competidores” (as células que funcionam normalmente) e colonizar outras zonas
do corpo (metástases) fá-la aproximar-se mais da sua própria morte.
Mesmo se um tumor permanecer benigno,
desaparecerá com a morte natural do organismo, dado não existir nenhum
mecanismo que lhe permita passar de um corpo para outro.
A evolução dentro do organismo é incapaz
de impedir esta inutilidade. Só a evolução entre organismos pode criar o
desfecho de vistas largas de células que colaboram para o bem comum.
Temos sorte por a selecção actuar de
forma tão vigorosa a este nível e durante tanto tempo que o cancro é uma doença
rara que se manifesta sobretudo numa idade avançada.
Se conseguirmos extinguir-nos como
espécie, será devido ao mesmo tipo de estreiteza de vistas que leva as células
cancerosas a acelerarem a sua própria morte.
Fim
Tiago Rodrigues, português, investigador
na Universidade de Cambridge lidera uma equi pe
que descobriu agora uma técnica de Ressonância Magnética que aumenta a
sensibilidade deste equi pamento mais
de dez mil vezes.
Esta notícia que se espalhou à
velocidade da luz mereceu o seguinte comentário a Castro Caldas, oncologista e
investigador em Cambridge: “…é como se estivéssemos a
ver o tumor a respirar”.
Quando se está a seguir um
doente oncológico é agora possível, ao fim de 24 a 48 horas, perceber se o
tratamento está a fazer efeito, se o tumor está a diminuir ou se será melhor
outra opção terapêutica. Isto poupa sofrimento e dinheiro ao doente,
abrindo-lhe, mais rapidamente, outras perspectivas de tratamento.
Antero Abrunhosa e Francisco
Alves da Universidade de Coimbra produziram três novas moléculas, de nomes
muito complicados, que podem fazer a diferença na detecção de vários tipos de
cancro como o da próstata. Aguarda aprovação do Infarmed para poder ser
utilizado.
O valor da inteligência
portuguesa no mundo…
E se foram dando vivas à greve... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 189
E isso afectaria grandemente a greve dos
operários da Circular e dos estivadores. Vencidos os padeiros a greve perdia um
dos braços. Seria muito mais fácil lutar contra os restantes.
Começaram a chover os discursos no
sindicato dos padeiros. Enquanto isso havia um discurso na Praça Castro Alves
pedindo a liberdade do operário preso na véspera.
No meio do comício alguém falou do caso
dos padeiros, no furo que as «Reunidas» pretendiam fazer na greve. O comício
tomou ali um carácter mais violento e desceram todos para o sindicato dos
padeiros.
Do sindicato dos estivadores já ia
gente. O Gordo passou pelo dos operários da Circular para avisar.
No sindicato dos padeiros (a sala era
pequena para tanta gente) falaram os representantes dos trabalhadores das
padarias, dos estivadores, dos condutores de bonde, dos estudantes.
Falou também um operário de uma fábrica
de sapatos que entraria também em greve geral mal a situação exigisse. Cada vez
chegava mais gente ao sindicato.
Severino falou rouco, já quase sem voz.
Foi lançado um manifesto concitando os operários à greve geral e ficou
resolvido que iriam impedir o trabalho dos padeiros vindos de Feira de
Sant’Ana.
As «Panificadoras Reunidas» eram três
grandes padarias. Uma ficava na Baixa dos Sapateiros, a outra no Corredor da Vitória
e a terceira numa rua do Centro.
Os grevistas se reuniram em três grandes
grupos e foram para a frente das padarias. Apenas Severino e uns poucos foram
entrar em entendimentos com os operários de algumas fábricas e com choferes de
marinetis e de automóveis de praça.
Preparavam a greve geral. A Companhia
Circular e a Companhia que explorava as docas, não queriam sequer entendimentos
com os grevistas. Só tomariam conhecimento das suas propostas quando eles voltassem
para o trabalho. Os donos das padarias procuravam furar a greve.
Foi fácil que os operários contratados
para as Panificações do Corredor de Vitória e do centro da cidade trabalhassem.
Eles tinham vindo com promessas formidáveis, mas de começo, Ruiz, o
proprietário, se negara a pagar metade do trabalho adiantado como prometera.
Dissera que só no dia seguinte, o
serviço feito, pagaria. Com apelos ao sentimento de solidariedade e com a
certeza, que se lia no rosto dos grevistas, que não deixariam os outros
trabalharem, os recém vindos consentiram em voltar para Feira de Sant’Ana num
automóvel.
E se foram, dando vivas à greve.
Porém na «Reunidas» da Baixa dos
Sapateiros a coisa foi diferente. Quando os grevistas chegaram a polícia já se
encontrava guarnecendo a padaria. Investigadores se envolviam entre os
operários, mão no revólver.
O grupo
ficou parado na rua esperando que os contratados chegassem. Quando o camião que
os trazia desembocou na rua, um operário se postou à sua frente impedindo-o de continuar
a marcha. Imediatamente outro trepou num poste e começou um discurso mostrando
aos padeiros de Feira de Sant’Ana qual a situação e o que os patrões queriam
fazer
sexta-feira, dezembro 13, 2013
IMAGEM
Se você fosse de bicicleta até à costa e levasse uma máquina fotográfica tiraria um fotografia ao mar, à praia, ao recorte da linha que separa um e outro. Se fosse fotógrafo tiraria uma fotografia à bicicleta... Veja como a imagem ficou enriquecida... e lhe permitirá, daqui a muitos anos, recordar a sua velha bicicleta.
DULCE PONTES - AMOR A PORTUGAL
A música é linda... a voz, a melhor que temos... e dá um aperto no coração dos portugueses...
e As Suas Origens
ISRAEL, em hebraico, significa aquele que luta com Deus e de acordo com as Escrituras bíblicas a terra de Israel foi-lhes prometida por Deus pelo que os judeus a consideram sua desde há 3000 anos.
Nesta terra, que guarda lugares de especial importância para a Religião judaica, nomeadamente as ruínas do primeiro e segundo Templos, existiram durante mais de mil anos, de forma intermitente, estados e reinos judaicos.
Consta que foi uma fracassada revolta contra os Romanos que esteve na origem da expulsão dos Judeus e levou o Imperador Adriano, numa tentativa de os desligar da sua terra, a substituir o nome de Província da Judeia por Província Síria Palestina.
Os Muçulmanos, por sua vez, conqui staram a região em 638 D.C. e controlaram-na até ela ser integrada no Império Otomano em 1517.
Em 1896 nasce o Sionismo, movimento nacionalista liderado por Theodor Hertzl, que tem como objectivo a criação de um Estado judaico que desse garantias de segurança aos judeus que desde 1882 tinham começado a imigrar para a região onde criaram Universidades, Institutos de Tecnologia, Kibutzes e gozavam já de uma certa autonomia na então chamada Cisjordânia que se encontrava sob administração britânica.
O outro grupo que reclamava igualmente a constituição de um Estado na mesma região era constituído por árabes, nativos daquele local e refugiados de países vizinhos, na sua maioria muçulmanos.
As tensões entre árabes e judeus têm aqui a sua origem que aumentam à medida que, por força da imigração, as populações crescem.
O primeiro massacre ocorre em 1929 quando, a um falso pretexto do assassínio de dois árabes por judeus, são mortos 133 judeus e centenas de outros são feridos.
Em 1933, com a ascensão do nazismo, o número de imigrantes judeus quase que duplica e em 1939 a Administração britânica restringe a imigração de judeus mas perante a situação das vítimas do holocausto nazi e das pressões internas e externas, abre mão do seu Mandato e em 1947 a A.G. das Nações Unidas aprovou o plano para a partilha do território entre um Estado Judeu e outro Árabe levando em linha de conta os locais em que cada população se encontrava. (continua)
A minha próxima vida
Woody Allen
Woody Allen
Na minha próxima vida quero vivê-la de trás pra frente.
Começar morto para despachar logo esse assunto.
Depois acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a aposentação e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar durante 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo, e depois estar pronto para o secundário e para o primário, antes de virar criança e só brincar, sem responsabilidades.
Aí viro um bebê inocente até nascer.
Por fim, passo 9 meses flutuando num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto a disposição e espaço maior dia a dia, e depois - Voilà! - desapareço num orgasmo!
o cancro…
(Continuação)
Tendo-se adaptado para evitar
os predadores, as populações mutantes têm de competir pelos recursos com as
células normais das vizinhança, que continuam a desempenhar as suas funções.
Na maioria dos casos, a
competição salda-se num empate. A população mutante permanece reduzida e com pouca
importância para o organismo como um todo e nem ajuda nem prejudica.
Contudo, o relógio mutacional
continua a trabalhar e outros mutantes surgem em algumas das populações que as
tornam mais agressivas na competição com as células vizinhas.
Tal como algumas plantas se
expandem produzindo uma toxina que elas conseguem aguentar mas as vizinhas não,
as populações duplamente mutantes expandem-se agressivamente e tornam-se
tumores incipientes.
Agora que os tumores
incipientes evoluíram de modo a enfrentar os predadores e competidores, novos
factores impedem a continuação do crescimento.
As células são alimentadas e
os seus desperdícios retirados pelos vasos sanguíneos. A menos que um tumor
incipiente consiga recrutar vasos sanguíneos da mesma maneira que os tecidos
normais, não pode crescer para além de determinadas dimensões.
A maioria dos tumores
incipientes pára aí, mas em alguns verificam-se mutações adicionais que superam
este factor limitativo.
Isto pode parecer um passo
grande e complicado, mas as instruções genéticas para recrutar vasos sanguíneos
evoluíram há muito tempo como parte do desenvolvimento normal.
Tudo o que a mutação no tumor
incipiente tem de fazer é activar essas instruções, o que é relativamente
simples.
Desta maneira, os tumores adaptam-se
aos desafios do seu meio ambiente, mutação a mutação, exactamente da mesma
maneira que os organismos que vivem em liberdade, como as aves e os peixes, se
adaptam ao seu ambiente, e os organismos da doença evoluem rapidamente dentro
dos seus hospedeiros.
O facto de uma doença como o
vírus da imunodeficiência humana (HIV) ser um organismo separado, enquanto o
tumor deriva das nossas próprias células, não faz qualquer diferença.
Em ambos os casos, eles
sobrevivem dentro do nosso corpo, não contribuem para o nosso bem-estar e vão
avançando a um ritmo constante como bombas relógio mutacionais.
O HIV é particularmente
perigoso por avançar a um ritmo muito rápido. Não só tem um tempo de geração
curto, como também a transcrição do seu código genético assemelha-se ao
trabalho de um monge desleixado, que produz cópias do texto sem verificar se há
erros.
Na realidade, este desleixo é
adaptativo; apesar de produzir dezenas de mutações prejudiciais, também produz
a mutação benéfica seguinte mais rapidamente do que produziria noutras
circunstâncias.
As mutações em tumores têm o
mesmo efeito quando começam a interferir com a maqui naria
sofisticada que regula as vidas das
células normais, fazendo as células tumorais crescerem mais depressa e com mais
erros.
Os factores ambientais que
aumentam o ritmo da mutação também têm o mesmo efeito.
Em ambos os casos, a
bomba-relógio mutacional começa a avançar mais depressa. O tumor torna-se um
mosaico de populações celulares que diferem umas das outras, criando um novo
campo de competição. Os clones mais agressivos expandem-se à custa de outros
clones, tal como o mutante original se expandiu à custa das células normais.
(continua)
...a gente podia rebentar logo a cara destes amarelos |
JUBIABÁ
Episódio Nº 188
-
Mas para quê tantos discursos quando a gente podia rebentar logo a cara destes
amarelos?
- Eles não são amarelos… Eles não sabem
de nada. Nós vamos explicar… - Severino sabe o que está dizendo.
António Balduíno cala. Aos poucos ele
vai aprendendo que na greve não é um homem que manda. Na greve eles todos fazem
um corpo só.
A greve é como um colar… mas não sente
tristeza de não ser chefe da greve. Todos são chefes. Obedecem ao que está
certo.
Aquela luta é diferente da que sustentou
em toda a sua vida. Mas desta que resultou? Resultou ele escravo dos
guindastes, olhando o mar como um caminho.
Na luta da greve, não. Eles iam perder
um pouco da escravidão, ganhar mais alguma liberdade. Um dia fariam uma greve
ainda maior e não seriam mais escravos.
Jubiabá também não sabe nada desta luta…
Os homens que vão entregar os pães, não devem saber também.
Severino tem razão. Não adianta dar
pancada. Adianta é convencer. E o negro segue o grupo para a “Padaria Galega”
que fica na Baixa dos Sapateiros…
Os cesteiros vão saindo. Parecem figuras
de carnaval com aqueles cestos na cabeça.
Severino começa a falar trepado num
poste ao qual se agarra com uma das mãos. Explica aos homens que devem ser
solidários com os seus irmãos que pedem aumento.
Que não devem servir aos interesses dos
patrões. Que não devem entregar aquele pão, que não devem trair a classe a que
pertencem.
-
Mas a gente não tem trabalho… diz um deles.
-
E por isso vai tomar o lugar dos outros? É justo que você vá tomar o lugar de
um companheiro que está lutando pelo bem de todos? É uma traição…
Um cesteiro arreia o cesto do pão.
Outros acompanham. A massa grita de entusiasmo. Mesmo os mais recalcitrantes,
aquele que dera o aparte, um que tem família a sustentar, largam os cestos
perante o entusiasmo da multidão.
Dois que querem sair para entregar os
pães são impedidos pelos próprios companheiros. E entre os gritos de “viva a
greve” vão todos para o sindicato dos padeiros.
Mas, pela tarde a coisa foi ficando feia
para o lado dos padeiros. Foi o Gordo que tinha ido comer e se demorara muito
quem trouxera a notícia.
O dono das “Panificações Reunidas” havia
mandado buscar forneiros e amassadores em Feira de Sant’Ana. Tinha feito os
homens virem de automóvel e no dia seguinte já haveria pão, pois agora mesmo de
tarde os homens começariam a trabalhar.
Houve um começo de pânico entre os
padeiros. Homens foram enviados ao sindicato dos operários da Circular e dos
estivadores.
Se as “Reunidas” conseguissem botar pão
na rua a greve dos padeiros podia dar-se como terminada. E os grevistas teriam
perdido, o próprio emprego.
quinta-feira, dezembro 12, 2013
FRASE DO DIA
Sendo a velocidade da luz superior à velocidade do
som, é perfeitamente natural que algumas pessoas
pareçam brilhantes até abrirem a boca.
PETULA CLARK - DOWNTOWN
Inglesa, nascida em 1932, com 11 anos já cantava músicas patriótica para levantar a moral das tropas britânicas na 2ª G.G. e em 1950 era uma superstar em todo o Reino Unido.
CONQUISTA DE SANTARÉM AOS MOUROS
Os Mouros tentaram duas vezes reconquistar o planalto de Santarém após terem sido derrotados por D. Afonso Henriques. A conquista tinha ocorrido na madrugada de 15 de Março de 1147, sob o comando de D. Afonso Henriques, numa estratégia de reconquista cristã rumo ao sul, encetada logo após a criação do Condado Portucalense.
Já com a nova designação de Santa Herene (antes Shantarîn), a povoação medieval e o seu castelo foram alvo de uma nova investida muçulmana em 1171. O ataque fracassou e as forças árabes foram derrotadas pelas tropas de Fernando II de Leão, genro de D. Afonso Henriques que se encontrava em Santarém na altura.
Dez anos mais tarde, em 1181, teve lugar um segundo assalto muçulmano mas os invasores tiveram de recuar perante a contra-ofensiva das tropas do Infante D. Sancho acantonadas na cidade.
(David Sloan Wilson – Prof. de Biologia e Antropologia na Universidade de Binghamton)
Para compreender o cancro, temos de pensar num organismo único com uma vasta população de células, todas com o mesmo conjunto de genes, excepto no que diz respeito às mutações que estão prestes a tornarem-se as protagonistas da nossa história.
A vida de qualquer célula
particular é regulada desde o berço até à sepultura de modo a garantir que
desempenha o papel adequado.
Os genes que realizam este
milagre de coordenação são designados por nomes como “carataker” (zelador), “gatekeeper”
(porteiro) e “landscaper” (vigilante da paisagem), como se o corpo fosse um domínio
rural inflês meticulosamente gerido.
Até a morte é regulada por um
processo chamado “apoptose”, que desagrega as células de um modo ordenado
quando elas já não são necessárias ou já não conseguem desempenhar o seu papel
de acordo com as regras, tudo fazendo lembrar um estado totalitário.
A divisão celular é, então,
excepcionalmente bem supervisionada.
É feita uma nova cópia de
ADN, como se um monge copiasse um texto sagrado. A cópia é revista e corrigida
com uma tal exactidão que a taxa de erro final pode ser inferior a um em um
milhão para qualquer letra do texto.
Mesmo assim, o texto na sua
totalidade contém milhões de letras, pelo que muitas das cópias contém erros e,
assim, as mutações (erros de cópia) ocorrem com a regularidade de um relógio em
cada divisão celular.
Muitas mutações não têm
efeito no funcionamento da célula e a maioria das que o têm são rapidamente
detectadas e destruídas pelo sistema imunitário, que actua como uma força
policial de uma eficácia implacável.
Batem à porta a meio da noite
e levam os “desgraçados” dos mutantes.
Todavia, uma pequena fracção
consegue escapar à polícia.
Estes podem parecer inimigos
do estado ou heróicos combatentes pela liberdade, resistentes à tirania de
estado, consoante a perspectiva pela qual se olhe.
Porém, uma maneira ainda
melhor de pensar neles é como organismos-presas a evoluírem para evitar os
predadores.
Tal como as aves na floresta
apanham os insectos que mais sobressaem, deixando os que se confundem no meio
ambiente circundante, também o sistema imunitário retira as células mutantes do
corpo que mais se destacam, deixando as que não são detectadas para
sobreviverem e crescerem em minúsculas populações.
É provável que, neste
momento, haja centenas destas populações no seu corpo.
(continua)
A gente rebenta a cara deles... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 187
Passa o resto da noite na
companhia do Gordo e de Joaqui m
pregando manifestos pela cidade, o manifesto que Severino redigiu e que explica
os motivos da continuação da greve.
Todos os postes têm
manifestos. Também nos muros do Ramos do Queiroz, da Baixa dos Sapateiros,
pregaram manifestos.
Um grupo chefiado pelo
negro Henrique foi para os lados do Rio Vermelho. Eles vão para a Estrada da
Liberdade, outros seguem para a Calçada, outros estão na cidade baixa.
A cidade se enche de manifestos
e todos sabem as razões por que os soldados continuam em greve. A companhia não é
geralmente simpatizada e os pequenos comerciantes vêm de marineti para os seus
negócios e olham os operários com simpatia.
A companhia fez espalhar o
boato de que, se a greve vencesse, os preços das passagens nos bondes, as
assinaturas da luz e telefone, subiriam.
Mas o golpe falha, apenas
traz maior animosidade contra a companhia. O tempo continua claro conservando o
bom humor da população. E este bom humor é aliado dos operários.
António Balduíno (quanta
coisa ele aprendeu naquele dia e naquela noite) explica a greve ao Gordo e a
Joaqui m. E se espanta de Jubiabá não
saber coisas da greve.
Jubiabá sabia coisas de santos, histórias de
escravidão, era livre mas nunca ensinara a greve ao povo escravo do morro.
António Balduíno não compreendia.
Dos lados da Ladeira do
Pelourinho vem um barulho, uma agitação. Homens passam correndo. Do sindicato
ouvem o ruído de um tiro. Alguém entra e diz:
- A polícia quer obrigar os padeiros a
entregar pão.
Sai um grupo do sindicato.
Mas o barulho já se desfez e no chão jazem cestos onde estavam pães
envelhecidos que os donos das padarias querem obrigar os cesteiros a entregar.
Um cesteiro que está com
um olho arroxeado de uma pancada explica:
- Veio até soldado de Cavalaria. Mas a gente
não entregou mesmo.
Um outro avisa que a
“Padaria Galega” vai mandar entregar o pão dormido. Conta que eles foram
contratar desempregados dando o duplo do salário. Demais garantiam o emprego
para o resto da vida.
Um forneiro velho grita:
- A gente não deve deixar.
Tem muita gente nas
janelas da Ladeira do Pelourinho. E do Sindicato dos operários da Circular
chegam a todo o momento novos grupos.
Vozes aplaudem o forneiro:
- Vamos mostrar a eles que não se deve furar a
greve…
António Balduíno convida:
- A gente rebenta a cara deles.
Nada disso, diz Severino.
Vamos lá e explicamos para eles. Que não devem servir de instrumento contra os
operários como eles. Não é preciso barulho…
quarta-feira, dezembro 11, 2013
Juggler Alexander Kobikoc
Tanta perfeição num grau de dificuldade levado a este extremo parece quase magia...
(Rendimento
Básico
Básico
Incondicional)
Caminhamos
assim para um futuro que reduz ao mínimo a componente humana dos processos
produtivos. Sendo que a questão não é tanto saber se vamos ou não promover a
preguiça, mas o que vamos fazer numa sociedade sem trabalho.
Apesar do desalento e marasmo em que estamos, algumas ideias
interessantes vão fazendo o seu caminho. Já tem muitos anos, séculos mesmo, mas
só agora, graças à actual crise, se começa a falar seriamente do Rendimento
Básico Incondicional. Existe aliás uma iniciativa europeia nesse sentido.
O RBI é uma espécie de Rendimento Mínimo Garantido mas
incondicional, ou seja, sem necessidade de avaliação prévia e inerente
humilhação social. No essencial propõe que todo o cidadão, independentemente do
género, idade ou condição económica, tem direito a um rendimento fixo concedido
pela sociedade.
A ideia, ainda considerada utópica, não fosse aliás Thomas More um
dos primeiros a falar do assunto, tem sido avaliada ao longo dos tempos por
economistas, académicos, activistas e políticos. Sendo maioritariamente bem acolhida à esquerda, não é totalmente
rejeitada à direita, mesmo junto dos mais declarados defensores do capitalismo.
O presidente Nixon, por exemplo, chegou a encarar a sua implementação nos
Estados Unidos.
Os argumentos são conhecidos. Os que defendem fazem-no sobretudo
com base num princípio de dignidade humana. Os opositores consideram que é uma
forma de promover a preguiça. Há quem veja na medida um estímulo positivo à
economia, garantindo liqui dez e
consumo, ou quem preveja uma baixa generalizada do valor da remuneração do
trabalho.
A quem afirma que o Estado não tem dinheiro para tal fantasia,
responde-se com o crescente custo das prestações sociais, já hoje à beira da ruptura,
a que se soma a vasta burocracia que gere o sistema e que consome muitos
recursos, assim como incentivos, subsídios de toda a espécie, programas de
fomento de emprego, etc...
De qualquer modo o debate fica-se amiúde pela ideologia ou pela
moralidade.
Hoje estamos confrontados com uma nova realidade que tornará a
medida inevitável. Às sucessivas crises do capitalismo, cada vez mais
frequentes e nefastas, junta-se uma revolução tecnológica distinta de todas as
anteriores.
No passado, cada novo avanço tecnológico dizimava sectores
inteiros da actividade produtiva, mas gerava por sua vez novas actividades que
davam emprego, riqueza e desenvolvimento humano.
Pense-se na primeira revolução industrial. Mas hoje já não é
assim. Temos agora tecnologias que aumentam exponencialmente a produtividade,
mas não geram trabalho humano.
A crescente automação aliada à capacidade das máqui nas inteligentes para intervir directamente na
criação e nos processos produtivos exigem cada vez menos a intervenção humana,
o que sucede não só nas fábricas, mas praticamente em todos os sectores da actividade
e mesmo nos mais tradicionais.
A crescente automação aliada à capacidade das má
Veja-se o que acontece na agricultura, onde as máqui nas e a engenharia genética ganham terreno à mão-de-obra
intensiva dos já obsoletos camponeses. A agricultura dos nossos dias depende
dos laboratórios e não mais das enxadas.
Caminhamos assim para um futuro que reduz ao mínimo a componente
humana dos processos produtivos. Sendo que a questão não é tanto saber se vamos
ou não promover a preguiça, mas o que vamos fazer numa sociedade sem trabalho.
Uma solução intermédia será reduzir o horário sem reduzir a
remuneração. Só a estupidez do chamado neoliberalismo tem impedido este tipo de
iniciativa. Mas chegará o dia em que mesmo isso não basta. Quando a maioria da
população, considerada activa, estiver inactiva porque não encontra ocupação,
teremos vastas hordas de famintos com todas as consequências inerentes.
Teremos também uma economia
da miséria incapaz de se desenvolver por diminuição drástica do consumo e da actividade
económica. A quem se venderão os telemóveis?
Realidade que não deriva de um prognóstico excêntrico, mas da
realidade já demonstrada em países como Portugal que seguem a receita da
austeridade e do empobrecimento.
Por isso não olho para a ideia do RBI sob o ponto de vista da
ideologia nem sequer da moral. Trata-se de uma questão de sobrevivência da
própria sociedade e do modo como esta consegue responder aos novos desafios de
uma evolução que não para. É uma questão de prudência.
Precisamos de novos modelos antes que os velhos, de tão gastos,
nos lancem na catástrofe social.
Leonel Moura
Eu fico na greve até vencer... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 186
Um sujeito moreno pede
para ser ouvido. Ele é contra a continuação da greve. Acha que se deve aceitar
o aumento de cinquenta por cento. Já vai servindo.
Quem quer tudo de uma vez
acaba perdendo tudo. O dr. Gustavo tinha razão. Qual é a força que o operário
tem? Operário não tem força nenhuma. A polícia podia acabar com a greve na hora
se qui sesse…
- Como? Como?
- Ora se podia. Eles deviam se dar por felizes
com o aumento.
Propõe que a assembleia
aprove a terminação da greve e um voto de louvor ao doutor Gustavo.
- Vozes gritam:
- Vendido, vendido! Traidor, traidor!
Outros pedem que ouçam o
orador. Vários operários, Mariano entre eles, estão quase concordando com o
rapaz moreno. Cinquenta por cento já é alguma coisa. Depois podem perder tudo e
é muito pior. Quando o rapaz desce, ganha alguns aplausos.
Mas António Balduíno grita
mesmo do lugar onde está:
- Gente, o olho da piedade de vocês já secou.
Ficou somente o da ruindade? Vocês parece que nem se lembram da gente que
apoiou vocês. Os estivadores, os trabalhadores da padaria.
Se vocês querem ser
traídos, sejam. Cada um é dono da sua cabeça. Mas se vocês são tão burros que
querem perder tudo para ganhar uma porcaria, eu garanto que rebento a cabeça
daquele que passar aquela porta.
E eu fico na greve até
vencer.
Severino sorri. Mas vários
se impressionam com o discurso de Balduíno. O Gordo que nunca viu uma coisa
assim está tremendo.
O negro que falou de tarde
discursa novamente. Mostra que houve traição, que eles foram vendidos. Pedro
Corumba fala também, cita exemplos das greves de São Paulo e do Rio quando
confiaram em promessas de advogados que se diziam amigos do proletariado.
Mas a assistência está
indecisa, os homens conversam entre si e os que aceitam a proposta conqui stam adeptos.
O presidente vai pôr em votação. Aqueles
que concordam com a continuação da greve que se levantem. Os que acham que
devem aceitar a proposta da companhia, se conservem sentados.
Porém, antes que a votação
seja feita, um jovem operário invade a sala e grita:
- O companheiro Ademar foi preso quando saíu
daqui de tarde. E a companhia está
alugando gente para furar a greve.
Pára e toma fôlego:
- E diz que a polícia vai obrigar os padeiros
a entregar pão amanhã.
Então a assembleia se
levanta toda e vota pela continuação da greve com os braços estendidos e os
punhos fechados.
SEGUNDO DIA DA GREVE
Para que dormir nesta
noite tão bonita? O negro António Balduíno não vai dormir.