sábado, maio 23, 2015

Vila Nova de Poiares

Esta é uma das Câmaras mais endividadas do país. É patente a ostentenção de novo-riquismo e descaracterização da cidades. O actual presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares desde 2013 é do PS e diz agora  que o município está em «situação de rotura financeira» e deverá ter que recorrer a um «plano de ajustamento» que passará por despedimentos. O anterior, do PSD, esgotou os mandatos e por isso teve de ir embora. Com esta "obra feita" à custa de dívidas todos os presidentes de Câmara são eleitos até que o controle financeiro sobre as autarquias aumente.   Quem irá pagar todas estas loucuras somos nós de acordo com a teoria de quem vier atrás que pague as dívidas. Vejam o risco que nós corremos com 308 Câmaras em todo o país...




CAMADA DE NERVOS - Um dia menos positivo. 



Liz McClamon - Woman in Love

A vida é um instante no espaço
Quando o sonho acaba
Ela se torna um lugar mais solitário
Eu me despeço da manhã com um beijo
Mas no fundo você sabe
Nós nunca saberemos o porque
A estrada é estreita e longa
Quando olhos se encontram
E o sentimento é forte
Eu me afasto da parede
Eu tropeço e caio
Mas eu me entrego à você

O capitão Natário tem um louro que é um colosso.
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)




Episódio Nº 251














8

Vá-Tomar-no-Cu tornava-se poliglota. Além de repetir palavrões em árabe, cantava em italiano trechos de árias - “Ridi, pagliaccio”, “La dona è mobile”- tocadas no gramofone.

 A fama do papagaio varava mundo nas cangalhas das tropas de burro:

 - O capitão Natário tem um louro que é um colosso. Fala em turco, canta em língua de gringo, engraçado como quê.

O gramofone, presente do coronel Boaventura Andrade, era a grande atração, o luxo principal da casa do capitão Natário da Fonseca. Zilda dedicava-lhe tal estima a ponto de não permitir sequer a Edu, o filho mais velho, colocá-lo em funcionamento; apenas ela e Natário podiam fazê-lo.

 Uma vez na vida outra na morte, o Capitão rodava a manivela dando corda no aparelho para exibilo, com uma ponta de ufania, a visitas de alto coturno: o coronel Robustiano de Araújo, o compadre Lourenço, chefe da estação de Taquaras, seu Cícero Moura, comprador de cacau por conta de Koifman & Cia, exportadores.

Nas sobras de tempo, em geral nos fins de tarde, antes da comida vespertina, Zilda punha o gramofone a tocar, ficava a escutar, a mão no queixo, os olhos semicerrados: não entendia a língua em que cantavam mas os graves e os agudos - os agudos sobretudo - a empolgavam.

 Por vezes Coroca aparecia para fazer-lhe companhia, comentar os acontecimentos do arraial, ouvir música; possuíam apenas três cilindros, vindos com a máquina.

Também acontecia Vanjé chegar trazendo algum agrado — batata-doce, abóbora, aipim - para a cozinha do Capitão, elogiava o gramofone:

- Nem vendo se acredita...

Vanjé tornara-se íntima de Zilda, mantinha uma deferência especial para com o Capitão: jamais poderia esquecer o encontro na estrada. Ouvira contar coisas sobre ele, entravam por um ouvido, saíam pelo outro, para ela, tirante Deus, ninguém se comparava ao capitão Natário da Fonseca.

Convidara-o para padrinho do menino de Lia e Agnaldo quando um dia o batizassem. A madrinha - me desculpe, dona Zilda - só podia ser Jacinta Coroca que o aparara.

De começo a meninada, trazida por Edu e Peba, juntava-se ao pé do gramofone. Atentos e assombrados, querendo saber onde se escondiam a fulana e o sujeito que entoavam aquelas cantorias das estranjas. Cansaram-se porém rapidamente, as músicas eram sempre as mesmas; preferiam a mata com os passarinhos e os sagüins, armavam alçapões e arapucas.

O ÓBVIO...













Numa escola de Lisboa, onde há alunos de vários estratos sociais, durante uma aula de Português, a professora perguntou:

- Qual o significado da palavra ÓBVIO?

Cátia Vanessa, uma das alunas mais aplicadas da turma, sempre muito bem vestida, ar de menina bem, respondeu:

- Senhora professora, hoje acordei bem cedo, ao nascer do sol, depois de uma óptima noite de sono no conforto do meu quarto. Desci a enorme escadaria da minha vivenda e fui à copa onde tomei o pequeno-almoço. Depois de me deliciar com as mais apetitosas iguarias fui até a janela que dá para o jardim. Vi a porta da garagem aberta e que lá se encontrava guardado o FERRARI do meu pai. Pensei cá com os meus botões:

- É ÓBVIO que o papá foi trabalhar de Mercedes.

Luis Cláudio, aluno de família classe média, não quis ficar atrás e disse:

- Professora, hoje não dormi nada bem porque o meu colchão é um bocado duro, mas apesar disso ainda consegui dormir. Tinha ligado o despertador e por isso acordei a horas. Levantei-me cheio de sono, comi um pão torrado com manteiga e tomei café com leite. Quando sai para a escola vi o Fiat UNO do meu pai parado na garagem. Disse cá pra comigo:

- É ÓBVIO que o pai não devia ter gasolina e foi trabalhar de autocarro'.
Embalado na conversa, o pretinho lá da turma, também quis responder:

- Féssora, hoje eu quasi num dormiu porqui houve cunfusão lá nos meu rua, com tiro e tudo. Só acordei di manha porque estava a esmorrer di fome, mas num havia nada pra comer lá nos casa. Espreitei pela janela e vi minha vó com jornal dibaixo dus braço e aí eu espensei:

- É ÓBVIO qui vai cágá! Num sabi lê !.. 

Igreja Católica
IGREJA  CATÓLICA





FORÇA RETRÓGADA DA 

HUMANIDADE... 










Depois de tanto derramamento de sangue em nome de Deus e por rivalidades entre os vários nomes de Deus, a consciência da humanidade   foi orientada no sentido da tolerância, do respeito pela liberdade religiosa e a liberdade de praticar ou não uma religião, sendo que esta liberdade foi uma importante conquista da modernidade.

O estudante de religiões do mundo, o teólogo católico Hans Küng, lembra que na grande obra do Iluminismo "Nathan, o Sábio" (1779), do grande poeta alemão Gotthold Ephraim Lessing, mostrou, pela primeira vez, que a tolerância entre as diferentes confissões cristãs e entre as diferentes religiões, era indispensável para a paz entre as nações. No entanto, naqueles anos, o Papa Pio VI rejeitou a liberdade de religião, liberdade de consciência e liberdade de imprensa e o conteúdo do que chamou abominável filosofia dos direitos humanos.

De facto, a Igreja Católica foi a principal opositora aos princípios da igualdade, liberdade e fraternidade, auge da Revolução Francesa. Segundo Küng, no século XIX, marcado pela ideologia da Revolução Francesa, o Estado Papal foi o mais atrasado da Europa. 

O Papa rejeitou os Caminhos-de-Ferro, a iluminação a gás, as pontes suspensas… e também as vacinas, que foram proibidas no Vaticano em 1815, com base nestas palavras do Papa Leão XII:

- “Qualquer um que use a vacina não é mais um filho de Deus... A varíola é um julgamento de Deus e a vacina é um desafio ao céu.”

Com estas ideias e orientada desta maneira por estes Papas, restaram aos católicos doses superlativas de fé para não desertarem do rebanho que não pôde, no entanto, ao nível das suas consciências, furtar-se aos às perniciosas consequências de tais formas de pensar que têm sido herdadas de geração em geração dando lugar a atitudes, comportamentos e escândalos (veja-se a pedofilia) que envergonham até hoje toda uma população religiosa que se tinha como exemplo...

sexta-feira, maio 22, 2015

IMAGEM

Ejeculação rápida...



Mixordia de Temáticas - Cacharolete de miudezas


             

Queen - Love of my life

Os Queen venderam mais de trezentos milhões de discos ao redor do mundo, tendo lançado quinze álbuns inéditos, várias colectâneas e trabalhos em vídeo. Freddy Mercury passará à história como uma lenda das canções...


Ruben Alves

RUBEM ALVES

(Colunista da Folha de S. Paulo e  psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro)









"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente
tem coragem para aquilo que ele realmente conhece,
observou Nietzsche.
É o meu caso.
 Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe
acerca da hora em que a coragem chega:
Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos.
Tardiamente.
Na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer aquilo sobre o que me calei:

"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus
como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar:
a democracia é o governo do povo.

Não sei se foi bom negócio;
o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável,
é de uma imensa mediocridade.
Basta ver os programas de TV que o povo prefere. 
A Teologia da Libertação sacralizou o povo
como instrumento de libertação histórica.
Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha
para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso
que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras ideias.
Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias
pulava de perdão a perdão.
Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário
pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava.
Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse:
"Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa
numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado.
O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,
porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces;
a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola
com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos
sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões,
se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente:
judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa,
se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral"
observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo,
a razão é silenciada pelas emoções colectivas.

Indivíduos que, isoladamente,
são incapazes de fazer mal a uma borboleta,
se incorporados a um grupo tornam-se capazes
dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos,
são capazes de pôr fogo num índio adormecido
e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,
segundo a verdade e segundo os interesses da colectividade.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.

Mas uma das características do povo
é a facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens
e não pelo poder da razão.

Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista
que produz as imagens mais sedutoras.
O povo não pensa.
Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam
a ser assimilados à colectividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.
Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung,
o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares.
Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?

Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche,
de Saramago, de silêncio;
não gosto de churrasco, não gosto de rock,
não gosto de música sertaneja,
não gosto de futebol.

Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo,
eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos
e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno",
à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça,
é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança."


Ruben Alves



NOTA

Tem razão Ruben Alves sobre o risco que representam as massas. Quando o povo diz que "muita gente junta não se salva" reconhece exactamente esse perigo, mas trata-se de um risco que pode ser minorado (não eliminado, a liberdade terá sempre um preço...) pela educação e o desenvolvimento de um sentido crítico e de uma responsabilidade cívica.

A democracia é uma longa estrada que privilegia a liberdade dos cidadãos mas não os põe a salvo da manipulação. Dela, só cada um, através da sua formação como homens e essencialmente como cidadãos, se podem defender.

 Há quem preferisse à democracia uma tirania de Jesus Cristo, ou seja, de um tirano bom que nos deixasse a salvo das massas mas decidindo sempre bem porque era bom. Pois... mas isso não é deste mundo.



HOMENS...









Um homem estava em coma há algum tempo. 
A sua esposa estava à cabeceira dele, dia e noite.
Até que um dia o homem acorda, faz um sinal à mulher para se aproximar  e sussurra-lhe :
- Durante todos estes anos estiveste ao meu lado. Quando me aposentei, ficaste comigo.  Quando a minha empresa faliu, só ficaste tu para me apoiar. Quando perdemos a casa ficaste comigo.
E desde que fiquei com todos estes problemas de saúde, nunca me abandonaste. 
- Sabes uma coisa ?

Os olhos da mulher encheram-se de lágrimas :

- Diz-me lá amorzinho

- ACHO QUE ME DÁS AZAR !!!!

Dêcá o pé, meu louro.
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 250


















O Capitão punha-o de costas na palma da mão e lhe coçava a cabeça e a barriga, Vá-Tomar-no-Cu fechava os olhos, deleitado, entregue. Devia ser fêmea para assim se deixar manusear, garantia Zilda.

Fêmea e fiel, pois apenas a Natário permitia tais intimidades; bicava, feroz, qualquer outra pessoa que a quisesse agradar e a insultava: Ladrão! Filho da puta! Vá tomar no cu! Quase arranca o dedo do negro Tição que tentara fazer amizade: decá o pé, meu louro.

O contundente vocabulário da maracanã resultava de prolongada vivência na fumacenta sala de jogo de uma espelunca no Beco da Mula em Itabuna, a freqüentada Pensão das Nuvens.

Misto de tasca onde serviam cachaça, conhaque e rabos-de-galo, de puteiro - em cubículos no sótão oficiavam raparigas – sobretudo antro de jogatina, esse complexo recreativo era explorado por Luiz Preto, um paladino, por vezes incompreendido e injustiçado, do ócio com dignidade.

 O Capitão salvara-lhe a vida por ocasião de um fecha-e-quebra de baralho. Encontrava-se por acaso no local a convite de uma quenga, sua conhecida de tempos passados: de hoje não lhe vejo, Natário, dissera a dengosa ao encontrá-lo na rua.

De reminiscência em reminiscência, acabaram nos altos da Pensão das Nuvens para comemorar o encontro e matar saudades a golpes de estrovenga.

Natário abotoava as calças, iniciando as despedidas, quando a barulheira de mesas e cadeiras viradas e os gritos entusiásticos de um papagaio - Ladrão de merda! Xibungo! -chamaram-lhe a atenção.

 A dama, ainda nua, não se alterou, xingos e desordens aconteciam com bastante freqüência no influído comungatório.

Mas como o cu-de-boi prosseguisse com ameaças de morte - vou te arrancar as tripas, cachorro! - e tendo o Capitão reconhecido a voz de Lalau, jagunço que já servira às suas ordens, cidadão de peito e de palavra, precipitou-se a tempo de impedir o envio de Luiz Preto para a terra dos pés juntos: o punhal de Lalau alumiava na fumaceira.

Restabelecida a ordem, arrumadas mesas e cadeiras, reiniciada a batota, Natário demorou-se a provocar a maracanã e chegou a desatar numa gaitada - coisa tão rara em seu proceder - ao ouvir o louro ordenar-lhe: vá tomar no cu, enquanto piscava o olho e sacudia alegremente as asas verdes e vermelhas.

Grato, Luiz Preto mandou deixar a ave na pensão de tia Senhorinha onde o Capitão se hospedava em Itabuna: presente de um ressuscitado.

Na Fazenda da Atalaia, Vá-Tomar-no-Cu aprendera a assobiar para os cachorros, a pipiar para as galinhas, a imitar a voz do negro Espiridião: paz e saúde, comadre Zilda! Em Tocaia Grande, o Turco Fadul ensinara-lhe palavrões em árabe: manhúk, ru-h inták, ibam, charmuta: a maracanã os repetia com límpida pronúncia das montanhas do Líbano.

Na mesa farta do almoço, em casa do Capitão, Fadul, conviva frequente, ria a morrer com os xingos, em português e em árabe, de Vá-Tomar-no-Cu. Nunca conseguiu, porém, por mais tentasse, coçar-lhe a cabeça, muito menos a barriga. Privilégios do capitão Natário da Fonseca.

quinta-feira, maio 21, 2015




Se não perceberes, há as traduções no Porto Editora ou no Língua à Moda do Porto.
 






É um clássico!



O Tono tinha acabado de comprar o seu Fiat 600 e entusiasmado com o 'bicho' desafia a Vanessa Solange - sua namorada - a dar uma volta.


- Banessa, bais ber como isto anda!...


- Ai, amuore!!!....Que locura! Se isso anda assinhe eu juro que me poanho toda nua e te salto em cima!


- Num digas isso, carago, que eu fico já desorientado!


- E o Tono mete a primeira, segunda, terceira... e já ia a mais de 120!...


- A Vanessa Solange, doida com aquilo, começa a despir-se... Tira a roupinha toda e salta para cima do Tono                                 


- Banessa!! Banessa!!... Num beijo nada, carago... Assim num cunsigo bere nada...! O Tono ainda tenta controlar o seu Fiat, mas faz uns piões... umas derrapagens.. e... espeta-se contra uma árvore.

- Ele fica preso no carro enquanto que a Vanessa Solange é projectada.


- Banessa??? Tás beimnhe, amuore?


- Toue!...E tue, Tono?


- Toue bemnhe, mas estou preaso, carago!


- Olha, bai buscare ajuda! Tem aquelas boambas ali atrás, tens de lá ire!

- Mas ó amuoare, toue toda nua!! E agoara?

- Tens dire, carago!! E depreissa! Uolha, pega aí na sapatilha e põe à frente da mijôna...


- E a Vanessa Solange lá vai, com a sapatilha a tapar a 'coisa', correndo a buscar ajuda.


- Chega à bomba e estava lá um senhor a abastecer o carro...


- Ó sinhoare!!! Tenhe de me ajudare.


- Ele olha para ela... toda nua com um sapatilha à frente a tapar...

- Tenhe de me ajudare!!! O meu namorado ficou preaso!!!


- Ó menina, não sei se consigo...! O rapaz está muuuuuito para dentro! Só tem uma sapatilha de fora!!!...


IMAGEM

Ele deseja, tanto como qualquer outro homem, que o vento ajude a revelar segredos...



Agasalho - Camada de Nervos



Um tremendo talento... com 12 anos


Os papagaios eram três, vistosos e faladores.
TOCAIA GRANDE
 (Jorge Amado)

Episódio Nº 249



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Algumas casas de tijolo e telha, quantidade de barracos, contínuo vaivém de gente e de animais. Deixaram de existir as horas ociosas durante as quais, após a partida dos tropeiros, o árabe, o negro e as raparigas descansavam da noite e da madrugada trabalhosas e se reuniam para cavaquear, ouvir histórias, cantar modinhas.

Não que houvessem abandonado por completo os costumes de dantes, de quando Tocaia Grande era recente posto de pernoite ou ínfimo arruado vegetando na pasmaceira e no abandono.

Ainda se encontravam para mandriar nos locais costumeiros mas o faziam com menor freqüência, se bem com maior número de participantes. Grupos festeiros juntavam-se aos domingos na feira, no Bidê das Damas, em frente à tenda do ferreiro, na barbearia de Dodô Peroba e, como sempre, na venda de Fadul.

Sucediam-se dançarás no embalo de violões e harmónicas gaitas e cavaquinhos. O número exato das choupanas na Baixa dos Sapateiros só Deus sabia. Deus e Durvalino, o popular caixeiro Leva-e-Traz.

7

Multiplicaram-se igualmente os animais domésticos, criados nas posses, na outra margem, ou soltos na rua. Pela manhã e à noite prosseguia o tráfego dos comboios de burros; durante o dia os passantes deparavam com varas de porcos fuçando na lama, bandos de galinhas ciscando nos matos e de guinés passando em disparada.

O capitão Natário da Fonseca, por ocasião da chegada dos sergipanos, trouxera da Atalaia uma dúzia de ovos de tou-fraco que mandara para Vanjé. Postos a chocar sob uma galinha caipira, nasceram dez pintainhos e desses dez a turba multa indomesticável que se espalhava de um e de outro lado do rio, propriedade teórica da roceira, de fato bem comum dos habitantes. Galinhas-d’angola, de carne preta, boas de panela, pitéus especiais.

Além dos descendentes dos arroubos de Alma Penada e Oferecida, outros cães vieram nas bagagens dos novos moradores e procriaram uma voraz população de magros vira-latas.

 Com Zilda mudou-se para Tocaia Grande copiosa bicharada. Além de cachorros e gatos, de aves de criação — galinhas, capotes, patos e perus - viam-se, no quintal ao fundo, no terreiro em frente à moradia, mutuns e jacus domesticados, a ema de Pega, o casal de seriemas gritando seu grito rouco, matando cobras, o ouriçocacheiro de Lúcia, a menina mais velha. Sem falar nos periquitos e papagaios, nos passarinhos, as gaiolas penduradas na varanda e no alpendre

Os papagaios eram três, vistosos e faladores, dois relegados à cozinha e ao quintal, mas o terceiro - maracanã irrequieta e loquaz -,  dono de extenso vocabulário pornográfico, vivia solto, na varanda onde ficava seu poleiro no qual pouco permanecia: o bicho de estimação do dono da casa.

Atendia pelo nome de Vá-Tomar-no-Cu, sua expressão favorita, que ele repetia a dois por três, com ou sem motivo.

Andava de um lado a outro no balaústre da varanda gritando palavrões, assobiando para chamar os cachorros, rindo um riso estrídulo e trocista quando os via chegar correndo para atender à convocação. Proclamava orgulhoso a patente e o nome do senhor e cativo amigo: capitão Natário da Fonseca!

Incidentes no Marquês de Pombal em Lisboa
Não sejamos

 ingénuos...












O Benfica procurava a Glória e a Câmara de Lisboa Votos para o PS dos 6 milhões de benfiquistas.

Sou insuspeito, apesar de não ser do Benfica, sou do Partido Socialista e vou votar no António Costa em Outubro ou lá quando for, porque ele é, para mim, o político mais capaz e honesto no actual panorama político português.

Estou pois à vontade para afirmar que a festa do Benfica com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa no Largo do Marquês de Pombal de Lisboa para comemorar o seu bi-campeonato e cujas imagens correram mundo para desgosto nosso, tiveram como remota intenção agradar aos “seis milhões” de benfiquistas o que, até aqui, é compreensível mas correndo riscos que pessoas experientes e responsáveis não deveriam ter aceite, tanto mais que tinham em seu poder um parecer negativo da Polícia de Segurança pública.

Diz o Presidente da Câmara de Lisboa, pessoa com quem eu até simpatizo, que os incidentes e distúrbios violentos nada tiveram a ver com a festa e que poderiam ter acontecido em qualquer outro evento daqueles que juntam muita gente à sua volta como, por exemplo, um concerto musical.

Mais uma vez me permito discordar porque não são bem situações iguais: nunca vi espectadores de um concerto musical entrarem para o recinto do espectáculo escoltados pela polícia de intervenção como acontece nos jogos de futebol...

Diz o povo e é verdade que “muita gente junta não se salva”, mas se toda essa gente junta integrar claques de futebol regadas a cerveja e droga, ao fim de muitas horas as probabilidades de acontecerem distúrbios como os que vimos na televisão, são muito altas.

O Benfica levou a dele à avante, fez do Marquês de Pombal a sua casa, a Câmara de Lisboa, oportunisticamente pretendeu aproveitar-se para conquistar votos para o partido mas o que restou foi uma triste recordação como se já não bastasse o que se tinha passado nas instalações do Estádio do Guimarães da responsabilidade de adeptos do Benfica.

Diz o Prof. Viriato Soromenho Marques que aconteceu um fenómeno de “túnel do tempo” pois as criaturas que devoraram as cadeiras, destruíram as casas de banho e um bar pilhando uma loja de produtos desportivos, só poderiam ser visigodos das hordas de Alarico que saquearam Roma em 410.

Não sejamos ingénuos, o futebol foi escolhido como espectáculo de massas que despoleta paixões para refúgio de gangs que fazem da desordem e da violência o seu hobby de eleição.

Nunca quiseram saber do futebol para nada, precisam dele para vestirem uma camisola e integrarem um grupo que dá algum sentido às suas vidas frustradas servindo também de base para negócios de droga.

A festa do Benfica comemorativa do bi-campeonato na Praça do Marquês de Pombal  teve um grande mérito: foi a última.

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